Era um lindo sábado, desde cedo o sol brilhava em sua plenitude. Ana ao acordar, faz a sua higiene, veste uma roupa confortável e segue para o quarto de suas garotinhas. Depois de cuidar delas, ela volta para o seu quarto e cuida de suas coisas, arrumando e limpando tudo, não achava justo outra pessoa limpar o seu quarto.
Quando Helena e Fernando estavam em casa era sempre assim pois, eles faziam questão de ficar com as filhas, a liberando dos cuidados com elas. A tarde decidiram ficar todos na piscina e nessa hora Ana ajudou a tomar conta delas.Ana ainda se sentia envergonhada na frente de Fernando, por mais que ele a tratasse bem e a deixasse a vontade, já em relação a Murilo o sobrinho dele que também morava na casa, se sentia mais a vontade, eles até assistiam filmes juntos, geralmente na companhia das gêmeas.Ana estava com Aurora e Ágata na piscina, quando Aurora pede para ir ao banheiro. Ana sai e veste um short por cima do maiô que vestia e seca um pouco Aurora antes de levá-la ao banheiro, enquanto faz isso ela vê alguém falando com Fernando e Helena.Ana o achou tão bonito que fica o olhando sem se dar conta disso, mas em um dado momento ele também a olha, a deixando sem graça, ela desvia o olhar, sentindo o rosto queimar, não sabia quem ele era, mas com certeza era amigo de Fernando pela forma entusiasmada com que os dois conversavam.— Ágata, se comporte. Fique no raso até eu voltar. — ela pede, achava difícil a mais mais nova das gêmeas obedecer, mas não custava falar.Antes de levar Aurora ao banheiro, Ana vai em direção a Helena, com a intenção de avisar onde estava indo, assim eles poderiam observar Ágata que iria continuar na piscina com boias nos braços. Ao se aproximar percebe que o amigo de Fernando a olha novamente.— Helena, vou levar Aurora ao banheiro.— Boa Tarde! Me chamo Luiz e você é? — A pergunta dele a faz se sentir ainda mais envergonhada, fazendo com que sinta o seu rosto queimar novamente.— Ana. Muito prazer — responde sem o olhar.— O prazer é todo meu, Ana — Luiz responde, brincando com Aurora em seguida, e ela dá graças a Deus quando Aurora diz estar apertada, assim, ela pôde fugir do olhar do tal Luiz, que não fazia questão de disfarçar que a olhava.Luiz era amigo de Fernando e Helena, ele estava devendo uma visita ao casal para conhecer as filhas deles, ele e Fernando se conheciam desde muito jovens e Fernando tinha sido padrinho dos dois casamentos fracacassados pelos quais Luiz tinha passado. Logo que ele chegou na casa de Fernando, o seu olhar é atraido por uma jovem que estava na piscina, ela tinha o sorriso mais lindo que ele já tinha visto, era espontâneo e ingênuo.Ele cumprimenta o amigo e continua olhando aquela jovem que não devia ter mais de 20 anos, mas idade para ele não era problema, aos 36 anos teria um relacionamento sem nenhum problema com uma jovem de 20, pensa já com vontade de se aproximar daquela jovem de sorriso bonito.Ele percebe o olhar dela em direção a ele e lhe sorri, mas acredita que ela nem percebeu, pois quando os seus olhares se encontraram ela desviou o olhar, mas não demorou a se aproximar, segurando pela mão uma pequena cópia do seu amigo Fernando. A criança tinha os olhos verdes iguais aos do pai, ele ainda não conhecia as filhas do amigo, mas olhar aquela menininha ali o olhando era ter certeza que era uma das filhas do amigo, mas o seu olhar logo volta para quem está com ela.— Helena, vou levar Aurora ao banheiro. — Era nítido que ela estava envergonhada, mas timidez não fazia parte da vida de Luiz, por isso logo se apresenta.— Boa Tarde! Me chamo Luiz e você é? — A pergunta a faz ficar com o rosto corado, provando a ele que era mais tímida do que imaginou.— Ana. Muito prazer — Ele sorri ao ver que ela nem para ele olha.— O prazer é todo meu, Ana.Luiz faz questão de frisar o prazer, mas decide não insistir com a conversa, ao invés disso, resolve brincar com Aurora, pois pelo tamanho e a semelhança com o pai, aquela era Aurora. Ele fica olhando as duas se afastarem sem conseguir tirar os olhos da jovem tímida. Aquela jovem despertou algo bom dentro dele.— Vocês estão de parabéns, as meninas são lindas, mas quem é a belezinha? — Pergunta interessado.— Tira o olho Luiz, Ana é para casar — Helena logo lhe puxa a orelha.— E quem disse que eu não quero me casar. — Responde rindo — Estou cansado de estar solteiro. Gosto de ter uma mulher em casa me esperando.— Deve ser por isso que se divorciou duas vezes — Fernando fala rindo do amigo.— Foram elas que se divorciaram de mim, preferiam ser divorciadas do que viúvas, assim disseram — Responde desanimado — Vida de policial não é fácil, saímos de casa, mas nunca podemos garantir que iremos voltar.Luiz aos 36 anos já tinha se divorciado duas vezes, e depois do segundo divórcio decidiu esquecer a história de casamento, mas não porque os divórcios o tenha deixado traumatizado, mas por querer se casar novamente quando encontrasse a pessoa certa, que o aceitasse como era, sem viver o criticando por ser brincalhão e por ser policial, mesmo que tenham se casado com um.Quando a noite chega Luiz precisa ir embora, ele tinha um outro compromisso e não podia ficar com os amigos, mas antes de ir queria encontrar uma oportunidade de falar com a jovem tímida de sorriso bonito. Não só o sorriso, ele a achou toda linda, tinha uma beleza inocente que o encantou. Luiz já podia se imaginar a escondendo em seus braços, como gostava de fazer e sempre era recriminado por suas ex.Luiz sorri com os próprios pensamentos, Ana era tipo mignon e isso o atraia, ela tinha os cabelos longos e cacheados, os seus olhos eram castanhos escuros e tinha um jeitinho tímido que a deixava encantadora.Nem sempre a beleza estava em uma bela roupa ou em uma boa maquiagem, mas sim na simplicidade, não que ele não gostasse de mulheres bem vestidas e arrumadas, mas isso não era tudo, assim Luiz pensava. As mulheres com quem costumava sair eram sempre lindas e vaidosas, assim como as suas ex esposas que apesar de lindas se tornaram insuportáveis depois do casamento, com críticas e cris
Já em seu quarto, Ana pensa em sua vida, e no sonho que tinha de um dia encontrar alguém que a amasse de verdade, mas o medo de se entregar novamente a faz querer viver só. Podia dizer ser feliz, ela tinha onde morar, tinha um bom salário, e era cercada de pessoas que gostavam dela, isso já era o suficiente para se sentir feliz, mesmo que a sua felicidade não fosse completa.Ana sentia como se lhe faltasse algo, era como se tivessem lhe arrancando uma parte do seu interior, deixando no lugar apenas dor, uma dor que não conseguia arrancar de dentro dela, por mais que tentasse.Não podia dizer que não tinha família, afinal ela tinha, mãe, pai e três irmãos, mas era até dificil dizer que eles eram uma família. Eram individualistas e estavam longe de ser uma familia de verdade, nunca existiu amizade entre eles e muito menos respeito, a única que demonstrava se preocupar com ela era a sua mãe, Elizabeth, por isso, Ana fazia questão de sempre ligar para ela.Ao se deitar ela pensa no gigant
Ana estava em seu quarto se preparando para dormir quando o seu telefone toca, era um número desconhecido e isso a faz não querer atender, sempre que um número novo ligava para ela, sentia o pânico a invadir e nunca dizia alô ao atender, preferia ouvir primeiro quem estava do outro lado da linha.— Alô! Ana? — Ela não consegue reconhecer a voz e permanece em silencio — Ana, você está me ouvindo? Aqui quem fala é Luiz, amigo de Fernando e Helena. — Alô! — Responde ainda receosa.— Está tudo bem? — Luiz pergunta preocupado— Sim, está tudo bem — Responde sem muita convicção.Luiz estranha a atitude de Ana, mas não iria fazer perguntas, mesmo estando curioso para saber o motivo dela não dizer "Alô" ao atender a ligação, preferindo ficar em silêncio, ouvindo primeiro, como se quisesse saber primeiro quem era, talvez por pensar ser outra pessoa.— E, então? Pensou no presente que eu posso dar as meninas?— Sim, eu pensei — Ana diz a ele o que havia pensado, mas Luiz não queria encerrar a
Ana pensa ser zoação e apenas fica o olhando esperando que ele diga ser brincadeira— Então, vamos ao cinema? — Luiz pergunta mais uma vez sorrindo para ela — Costumo ser assim, direto.— Está... falando serio? Eu... no... cinema... com você?— Ana pergunta gaguejando, olhando para ele com a cabeça levantada, devido a diferença de altura entre eles. Ela sente raiva dela mesma por gaguejar tanto.— Isso mesmo, eu e você. Você não tem namorado, tem?— Não... não é isso... é que, é... eu não posso.— Faz o seguinte, pense primeiro, depois eu te ligo para saber a resposta. — Ele pisca para ela enquanto dá a sugestão.Ana continua sem acreditar que ele esteja falando sério. Eles ficam calados, e ela volta a atenção para as crianças, mas percebe o olhar dele sobre ela, no entanto, não consegue encará-lo. A verdade é que já nem prestava atenção nas crianças e em mais nada, tudo o que queria fazer era fugir dali, com certeza ele estava a reparando, talvez até sentisse pena de um ser tão insign
Ana ao fugir para o seu quarto se senta na cama e recosta na cabeceira, abraçando os joelhos, ela fecha os olhos e lembranças do passado invade a sua memória, ela chora tampando os ouvidos, não queria mais ouvir aquelas palavras. "Sua horrorosa, parece mais um espantalho com esse cabelo de vassoura, sua ridícula..."— Sai da minha cabeça, sai!!!! — Ela pede de olhos fechados, mas ao invés das palavras deixarem de ecoar, olhos claros aparecem diante dela, a fazendo abrir os olhos para que aquele olhar desapareça.Ana se deita na cama e ali ela fica, até adormecer de tanto chorar com as lembranças do seu passado tenebroso.O que as palavras e atitudes podiam fazer na vida de alguém? Talvez torná-la forte, talvez torná-la frágil ou as vezes matá-la por dentro....Luiz decide esperar alguns dias, antes de ligar para Ana novamente, era incrível como ela povoava os seus pensamentos, queria saber um pouco mais sobre ela, mas queria saber por ela, não queria invadir a sua privacidade, buscan
Era um dia como um outro qualquer e Ana estava assistindo filme com Murilo quando Fernando chega em casa, ele pede a ela que o ajude a arrumar uma bagagem para Helena e as meninas, ele queria fazer uma surpresa para a esposa e iriam viajar e assim, Ana ganharia alguns dias de folga. Com certeza ter alguns dias de folga seria uma notícia boa para qualquer pessoa, mas Ana ao saber que não teria as suas garotinhas para cuidar, fica pensando no que faria esses dias. O que fazer o dia inteiro? Pensa desanimada.Ao acordar na manhã seguinte pensa ser uma boa oportunidade para ela conhecer mais um pouco a cidade do Rio de Janeiro, inclusive atravessar a ponte Rio Niterói, assim como andar de barcas, coisa que já tinha pensado em fazer mas, ainda não tinha tido coragem. Só em pensar nessas coisas, que para muitos eram coisas bobas, a deixava eufórica pois, para ela seria uma aventura, já que estava acostumada a ficar em casa.Na primeira tarde de folga ela decide ir em Copacabana, estava ner
Ana respira fundo e atende a ligação, mas finge não saber quem é.— Alô!— Oi Ana, como você está?Luiz fica feliz por ela atender a sua ligação, esteve muito ocupado e aproveitou para dar um tempo a ela, mas quando Fernando lhe contou que iria viajar com Helena e as meninas, decidiu não esperar mais pois, Ana estaria livre.— Quem está falando? — Ele era capaz de apostar que ela havia reconhecido a sua voz, mas estava decidido a ver aquilo como timidez.— Penso que reconheceu a minha voz, mas tudo bem, sou um cara legal. Sou aquele que não consegue te esquecer. Luiz. — Ele sabia que ela não responderia — Ainda está ocupada? — Ela fica sem graça e não sabe o que dizer, mas decide falar a verdade— Eu não estou em casa — Ela não estava mentindo, já que ainda não tinha entrado em casa.— Aproveitando a folga? — Um pouco — O que responderia se ele a chamasse para sair? Pensa, mas logo tenta se desiludir.— Ótimo! Eu posso me aproveitar dessa sua folga?— O que? Como assim? Me desculpe,
Ana e Luiz vão andando lado a lado sem dizer nada. Ela se sente uma boba, e palavras que ouviu por muitas vezes vem a sua mente, "você nem bonita é, além de pobre, é feia e fedida..." o que ela estava fazendo ali, se pergunta, mas também não tem coragem de voltar, já estava se achando patética por não conseguir nem mesmo conversar, se voltasse feito uma sem noção, se sentiria ainda pior.— Me desculpe! — Ela consegue dizer depois de já estarem fora do condomínio.— Não sei por qual motivo pede desculpas, mas está desculpada — Luiz tenta brincar, mas ela continua séria, ele podia sentir a tensão no ar, era como se ela estivesse lutando com ela mesma para estar ali — E então, estava pensando, que tal uma pizza? Aqui tem ótimas pizzarias. — Ana apenas confirma com a cabeça.Eles vão até uma pizzaria que tinha rodízio, Luiz tinha um apetite muito grande para se contentar com uma pizza apenas, a pizzaria podia ter lucro com Ana que pelo jeito, pouco comia, mas com ele certamente teriam um