Quando a noite chega Luiz precisa ir embora, ele tinha um outro compromisso e não podia ficar com os amigos, mas antes de ir queria encontrar uma oportunidade de falar com a jovem tímida de sorriso bonito. Não só o sorriso, ele a achou toda linda, tinha uma beleza inocente que o encantou. Luiz já podia se imaginar a escondendo em seus braços, como gostava de fazer e sempre era recriminado por suas ex.
Luiz sorri com os próprios pensamentos, Ana era tipo mignon e isso o atraia, ela tinha os cabelos longos e cacheados, os seus olhos eram castanhos escuros e tinha um jeitinho tímido que a deixava encantadora.Nem sempre a beleza estava em uma bela roupa ou em uma boa maquiagem, mas sim na simplicidade, não que ele não gostasse de mulheres bem vestidas e arrumadas, mas isso não era tudo, assim Luiz pensava. As mulheres com quem costumava sair eram sempre lindas e vaidosas, assim como as suas ex esposas que apesar de lindas se tornaram insuportáveis depois do casamento, com críticas e crises de ciúmes, o fazendo as vezes nem querer ir para casa, preferindo ficar na rua até tarde bebendo com os amigos.Uma delas de tudo reclamava, talvez por isso não tenham ficado casados nem um ano, já que ele a ignorava para não brigarem e isso a fez pedir a separação.Ana parecia ser diferente, em relação a vaidade. Ao chegar percebeu que ela estava vestida com um maiô simples e ao trocar de roupa, vestiu um short jeans e uma t-shirt estampada. Mesmo se vestindo com simplicidade, mesmo tendo os cabelos presos em um coque frouxo e sem usar sequer um batom, conseguia ter uma beleza ímpar, ele já podia se imaginar soltando e cheirando aqueles longos e lindos cabelos.Só podia estar delirando, pensa rindo dele mesmo, tinha a conhecido há poucas horas e já estava enfeitiçado por sua beleza.Ana estava sentada na beirada da piscina com os pés na água quando Luiz se aproxima dela novamente, ficando de cócoras ao seu lado, por não estar esperando, Ana se assusta ao vê-lo tão perto.Luiz nem acreditou na oportunidade que surgiu quando a viu ali sozinha. Ele tinha ido buscar o seu celular que havia ficado na área externa e a viu ali sentada. Ela estava distraída, brincando com os pés na água e ele sorriu ao ver a cena.— Olá! — Ana o olha sem jeito, mas não responde — Parece que você não gosta muito de falar, mas não se preocupe, eu falo por nós dois — Fala rindo — Será que você me daria o seu número de telefone? — O olhar que Ana lança para ele, o faz encontrar de imediato uma desculpa – Quero comprar o presente de aniversário das gêmeas e queria te pedir ajuda, não quero perguntar aos pais, sabe como é que é — Luiz continua rindo, mas Ana não parece estar disposta a dar o seu número e muito menos lhe sorrir — Prometo que não vou te incomodar, você já pode ir pensando no presente e quando eu te ligar você me diz o que eu posso comprar para elas, o que acha?— Tudo bem, o meu número é... — Ana pensa um pouco e, sem muita certeza, dá o seu número de telefone, o fazendo sorrir ainda mais e Ana pôde ver como ele era bonito, muito bonito.— Te ligo! — Luiz se levanta e ela o olha — Foi um prazer te conhecer. Nos falamos depois, até outro dia.Ana não responde, mas sorri para ele, era um sorriso tímido, mas não deixava de ser um sorriso, Luiz pensa, se sentindo feliz, ainda sem acreditar que ela lhe olhou e sorriu para ele pois, ela não parecia gostar muito de sorrir, isso é, pelo menos para ele, já que com as meninas ela sorria o tempo todo, como ele ficou observando.Ana fica olhando ele se afastar, com um sorriso bobo, pensando como seria bom se os homens fossem honestos e não fossem capazes de esconder quem eles realmente eram.Luiz era um moreno de quase dois metros, tinha um sorriso lindo e um jeito de conquistador, o que Ana não gostou, não iria mais cair nas lábias de ninguém, antes só do que mal acompanhada, pensa voltando a olhar para a água que molhavam os seus pés. Ela já tinha ajudado Helena a cuidar das gêmeas, e quando se reuniram na sala, ela fugiu para a área externa novamente, ela se sentia a vontade morando ali, eles nunca a criticavam quando ela fugia para ficar sozinha, mas Helena sempre a procurava para conversar com ela.— Vem Ana, hoje teremos rodízio de pizza. — Helena se aproxima a chamando.— Daqui a pouco eu entro, você precisa de ajuda com as meninas.— Elas estão com o pai, não se preocupe. Vim te chamar porque não gosto que fique muito tempo sozinha. — Ana se levanta, depois de secar os pés com uma toalha.— Então vamos, não quero que se preocupe comigo — Responde sorrindo.— Outra coisa, Luiz te achou bonita — Elas estavam entrando em casa de braços dados.— Duvido muito — Ana responde com o seu sorriso de sempre, sem acreditar no que Helena disse.— Até quando vai se achar feia Ana? Você é linda e tem um sorriso encantador.— Não exagera Helena — Ana solta uma risada — Não acredito que aquilo tudo me achou bonita.— Hummmm... aquilo tudo? — Helena ri do jeito que Ana fala, lhe dando um esbarrão de propósito — Luiz é gente fina, mas preciso ter uma conversa com ele antes.— Não fale sobre o meu passado, por favor. — Ana pede, deixando o sorriso morrer.— Calma, não é nada disso. Sei pelo que você passou e é por isso que eu não quero que Luiz se aproxime de você por curtição. — Ana sorri um sorriso triste.— Obrigada Helena por ser essa amiga, sempre se preocupando comigo, mas acredite, eu não desejo me envolver com ninguém.— Ana, você tem o direito de ser feliz, tem o direito de ser amada.— Mas não vai ser com aquele gigante lindo, sou muito feia para ele.— Nunca mais diga isso, nunca mais. Tudo bem? Você é linda — Ana apenas confirma com a cabeça, sem acreditar no que Helena dizia.Já em seu quarto, Ana pensa em sua vida, e no sonho que tinha de um dia encontrar alguém que a amasse de verdade, mas o medo de se entregar novamente a faz querer viver só. Podia dizer ser feliz, ela tinha onde morar, tinha um bom salário, e era cercada de pessoas que gostavam dela, isso já era o suficiente para se sentir feliz, mesmo que a sua felicidade não fosse completa.Ana sentia como se lhe faltasse algo, era como se tivessem lhe arrancando uma parte do seu interior, deixando no lugar apenas dor, uma dor que não conseguia arrancar de dentro dela, por mais que tentasse.Não podia dizer que não tinha família, afinal ela tinha, mãe, pai e três irmãos, mas era até dificil dizer que eles eram uma família. Eram individualistas e estavam longe de ser uma familia de verdade, nunca existiu amizade entre eles e muito menos respeito, a única que demonstrava se preocupar com ela era a sua mãe, Elizabeth, por isso, Ana fazia questão de sempre ligar para ela.Ao se deitar ela pensa no gigant
Ana estava em seu quarto se preparando para dormir quando o seu telefone toca, era um número desconhecido e isso a faz não querer atender, sempre que um número novo ligava para ela, sentia o pânico a invadir e nunca dizia alô ao atender, preferia ouvir primeiro quem estava do outro lado da linha.— Alô! Ana? — Ela não consegue reconhecer a voz e permanece em silencio — Ana, você está me ouvindo? Aqui quem fala é Luiz, amigo de Fernando e Helena. — Alô! — Responde ainda receosa.— Está tudo bem? — Luiz pergunta preocupado— Sim, está tudo bem — Responde sem muita convicção.Luiz estranha a atitude de Ana, mas não iria fazer perguntas, mesmo estando curioso para saber o motivo dela não dizer "Alô" ao atender a ligação, preferindo ficar em silêncio, ouvindo primeiro, como se quisesse saber primeiro quem era, talvez por pensar ser outra pessoa.— E, então? Pensou no presente que eu posso dar as meninas?— Sim, eu pensei — Ana diz a ele o que havia pensado, mas Luiz não queria encerrar a
Ana pensa ser zoação e apenas fica o olhando esperando que ele diga ser brincadeira— Então, vamos ao cinema? — Luiz pergunta mais uma vez sorrindo para ela — Costumo ser assim, direto.— Está... falando serio? Eu... no... cinema... com você?— Ana pergunta gaguejando, olhando para ele com a cabeça levantada, devido a diferença de altura entre eles. Ela sente raiva dela mesma por gaguejar tanto.— Isso mesmo, eu e você. Você não tem namorado, tem?— Não... não é isso... é que, é... eu não posso.— Faz o seguinte, pense primeiro, depois eu te ligo para saber a resposta. — Ele pisca para ela enquanto dá a sugestão.Ana continua sem acreditar que ele esteja falando sério. Eles ficam calados, e ela volta a atenção para as crianças, mas percebe o olhar dele sobre ela, no entanto, não consegue encará-lo. A verdade é que já nem prestava atenção nas crianças e em mais nada, tudo o que queria fazer era fugir dali, com certeza ele estava a reparando, talvez até sentisse pena de um ser tão insign
Ana ao fugir para o seu quarto se senta na cama e recosta na cabeceira, abraçando os joelhos, ela fecha os olhos e lembranças do passado invade a sua memória, ela chora tampando os ouvidos, não queria mais ouvir aquelas palavras. "Sua horrorosa, parece mais um espantalho com esse cabelo de vassoura, sua ridícula..."— Sai da minha cabeça, sai!!!! — Ela pede de olhos fechados, mas ao invés das palavras deixarem de ecoar, olhos claros aparecem diante dela, a fazendo abrir os olhos para que aquele olhar desapareça.Ana se deita na cama e ali ela fica, até adormecer de tanto chorar com as lembranças do seu passado tenebroso.O que as palavras e atitudes podiam fazer na vida de alguém? Talvez torná-la forte, talvez torná-la frágil ou as vezes matá-la por dentro....Luiz decide esperar alguns dias, antes de ligar para Ana novamente, era incrível como ela povoava os seus pensamentos, queria saber um pouco mais sobre ela, mas queria saber por ela, não queria invadir a sua privacidade, buscan
Era um dia como um outro qualquer e Ana estava assistindo filme com Murilo quando Fernando chega em casa, ele pede a ela que o ajude a arrumar uma bagagem para Helena e as meninas, ele queria fazer uma surpresa para a esposa e iriam viajar e assim, Ana ganharia alguns dias de folga. Com certeza ter alguns dias de folga seria uma notícia boa para qualquer pessoa, mas Ana ao saber que não teria as suas garotinhas para cuidar, fica pensando no que faria esses dias. O que fazer o dia inteiro? Pensa desanimada.Ao acordar na manhã seguinte pensa ser uma boa oportunidade para ela conhecer mais um pouco a cidade do Rio de Janeiro, inclusive atravessar a ponte Rio Niterói, assim como andar de barcas, coisa que já tinha pensado em fazer mas, ainda não tinha tido coragem. Só em pensar nessas coisas, que para muitos eram coisas bobas, a deixava eufórica pois, para ela seria uma aventura, já que estava acostumada a ficar em casa.Na primeira tarde de folga ela decide ir em Copacabana, estava ner
Ana respira fundo e atende a ligação, mas finge não saber quem é.— Alô!— Oi Ana, como você está?Luiz fica feliz por ela atender a sua ligação, esteve muito ocupado e aproveitou para dar um tempo a ela, mas quando Fernando lhe contou que iria viajar com Helena e as meninas, decidiu não esperar mais pois, Ana estaria livre.— Quem está falando? — Ele era capaz de apostar que ela havia reconhecido a sua voz, mas estava decidido a ver aquilo como timidez.— Penso que reconheceu a minha voz, mas tudo bem, sou um cara legal. Sou aquele que não consegue te esquecer. Luiz. — Ele sabia que ela não responderia — Ainda está ocupada? — Ela fica sem graça e não sabe o que dizer, mas decide falar a verdade— Eu não estou em casa — Ela não estava mentindo, já que ainda não tinha entrado em casa.— Aproveitando a folga? — Um pouco — O que responderia se ele a chamasse para sair? Pensa, mas logo tenta se desiludir.— Ótimo! Eu posso me aproveitar dessa sua folga?— O que? Como assim? Me desculpe,
Ana e Luiz vão andando lado a lado sem dizer nada. Ela se sente uma boba, e palavras que ouviu por muitas vezes vem a sua mente, "você nem bonita é, além de pobre, é feia e fedida..." o que ela estava fazendo ali, se pergunta, mas também não tem coragem de voltar, já estava se achando patética por não conseguir nem mesmo conversar, se voltasse feito uma sem noção, se sentiria ainda pior.— Me desculpe! — Ela consegue dizer depois de já estarem fora do condomínio.— Não sei por qual motivo pede desculpas, mas está desculpada — Luiz tenta brincar, mas ela continua séria, ele podia sentir a tensão no ar, era como se ela estivesse lutando com ela mesma para estar ali — E então, estava pensando, que tal uma pizza? Aqui tem ótimas pizzarias. — Ana apenas confirma com a cabeça.Eles vão até uma pizzaria que tinha rodízio, Luiz tinha um apetite muito grande para se contentar com uma pizza apenas, a pizzaria podia ter lucro com Ana que pelo jeito, pouco comia, mas com ele certamente teriam um
Luiz fica satisfeito, por ela contar sobre o seu dia, podia ver a animação com que ela contava, parecia uma criança contando sobre um dia no parque de diversões. Ele deu a ela toda a atenção necessária, mostrando que se interessava e se importava com o que ela contava.— Acho que falei demais, deve me achar uma boba— Ana fala deixando o sorriso morrer e se sentindo uma idiota por falar tantas bobagens.— Adorei saber tudo o que me contou, e estou até pensando em qualquer dia fazer uma travessia de barca, mas com você, é claro. O que acha? — Ela ri — Estou falando sério, podemos também fazer outros passeios se você quiser. — Luiz percebe que Ana não tinha experiência nenhuma com o mundo, parecia que ela vivia isolada, mas estava curioso para saber mais sobre essa pequena com idade de mulher e atitude de uma criança inocente.— Pode ser — A resposta não veio de imediato, mas o deixou feliz.Eles vão embora andando, o condomínio onde Fernando morava não era longe e em alguns minutos cheg