Capítulo - 5

Já em seu quarto, Ana pensa em sua vida, e no sonho que tinha de um dia encontrar alguém que a amasse de verdade, mas o medo de se entregar novamente a faz querer viver só. Podia dizer ser feliz, ela tinha onde morar, tinha um bom salário, e era cercada de pessoas que gostavam dela, isso já era o suficiente para se sentir feliz, mesmo que a sua felicidade não fosse completa.

Ana sentia como se lhe faltasse algo, era como se tivessem lhe arrancando uma parte do seu interior, deixando no lugar apenas dor, uma dor que não conseguia arrancar de dentro dela, por mais que tentasse.

Não podia dizer que não tinha família, afinal ela tinha, mãe, pai e três irmãos, mas era até dificil dizer que eles eram uma família. Eram individualistas e estavam longe de ser uma familia de verdade, nunca existiu amizade entre eles e muito menos respeito, a única que demonstrava se preocupar com ela era a sua mãe, Elizabeth, por isso, Ana fazia questão de sempre ligar para ela.

Ao se deitar ela pensa no gigante lindo, há muito tempo não olhava para um homem, mas não tinha como um homem daquele passar despercebido, ainda mais por ele fazer questão de chamar a sua atenção. Um moreno de quase dois metros, era difícil não se notar, quanto mais com um sorriso cativante e com aqueles olhos escuros a fitando.

Ana suspira, pensando naqueles braços cheios de músculos e tatuagens que a fez querer ver mais de perto os desenhos ali feitos, ela logo se recrimina, não podia esquecer o que lhe aconteceu depois de acreditar em doces palavras e em um sorriso bonito. Braços fortes não lhe traziam boas lembranças, pelo contrário, pensa desanimada

Quando já estava quase dormindo, ela sorri, ao se lembrar do momento em que Luiz foi se despedir dela, ela ri dela mesma por pensar que ele pediu o seu telefone por interesse, mas ao ouvir o motivo ela não ficou surpresa, quem era ela para despertar o interesse de alguém, quanto mais alguém tão bonito quanto ele.

Nunca em toda a sua vida ficou tão sem graça na frente de alguém, se sentiu um bicho do mato, sua vontade foi se esconder, ou fazer como o avestruz, enfiar a cabeça em um buraco.

Ela se levanta por não estar conseguindo dormir e vai até um espelho que tinha em seu quarto. Fica se encarando como se ali, naquele espelho, fosse uma outra pessoa, ela se olha nos olhos, os achando sem vida, olha o seu rosto se atentando aos detalhes, nariz reto, feito uma bruxa, pele morena como se estivesse suja, olha o seu cabelo trançado e o solta, a fazendo lembrar de uma vassoura. Sua magreza não permitia notar as suas curvas delicadas e sua altura parecia a de um anão, sem que perceba as lágrimas correm por seu rosto, pois era assim que se via, talvez por tanto ouvir tais coisas.

Nenhum homem se interessaria por ela, nenhum homem veria nela algo de bom, pois ela não tinha, sua vontade é quebrar aquele espelho a sua frente, mas ao invés disso, ela volta para a cama. Ana se encolhe, abraçando o próprio corpo e chora com as lembranças que lhe vem, queria conseguir dormir, mas o sono não vinha, só lhe restava permanecer acordada sentindo a mesma dor que sentiu por anos.

Ao acordar pela manhã, se sente cansada, mais uma vez teve pesadelos e isso a deixava esgotada. Ela se levanta e arruma a sua cama, ainda era cedo e as gêmeas provavelmente dormiam, por isso ela toma um banho devagar, lavando a cabeca como se aquilo a livrasse dos seus traumas. O melhor que podia fazer era continuar como estava, Aurora e Ágata estavam com dois anos e teria muitos anos pela frente para cuidar delas, pensa determinada.

...

Luiz pela manhã, pensa em ligar para Ana, mas decidiu dar mais um dia para ela, ele sorri pegando a carteira e a chave do carro para sair de casa, ia visitar os seus pais, ele não era muito de visitá-los, mas estava de folga e a mãe dele pediu que ele fosse se juntar a eles pois, o irmão dele, Carlos Henrique, iria almoçar com eles e levaria a namorada para os apresentar e como eram muito ligados ele decidiu ir.

Quando ele chega na casa dos pais o seu irmão já havia chegado, ele apresenta a namorada, uma linda loira, ela era advogada, assim como Carlos Henrique, e se conheceram em uma audiência da vida. Eles pareciam se combinar e Luiz fica feliz pelo irmão que parecia estar apaixonado pois, era a primeira vez que levava uma mulher para apresentar a família.

Érica era muito espontânea e engraçada e Luiz ri disso, pois o irmão estava pagando a língua, já que vivia o criticando por sempre fazer graça de tudo e ali estava ele com uma namorada que implicava com ele e parecia os conhecer há anos.

Carlos Henrique estava com 28 anos, mas sempre disse que não tinha pretensão de se casar, mas para ter assumido Érica como namorada, provavelmente tinha mudado de opinião, Luiz pensa rindo.

— Acho que dessa vez vai dar casamento — Comenta abraçando o irmão.

— Só não faça como o seu irmão, pense bem antes de mudar o seu estado civil — Luiz Henrique, pai de Luiz se junta a eles.

— Lameto dizer, mas pretendo me casar de novo. — Luiz fala com naturalidade.

— O que!!!??? — Carlos e Luiz Henrique perguntam ao mesmo tempo, sem acreditar no que acabaram de ouvir e Luiz apenas ri da cara dos dois.

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