8

POV CATARINA

Eu estava ali, na beira da piscina, refletindo. O acolhimento do tio Nestor me ajudou a colocar a cabeça no lugar. Fora isso, pensava nas vezes em que a minha mãe me acalmou, dizendo para viver um problema de cada vez. Eu deveria seguir os conselhos dela. Um leão por dia.

— Obrigada, mãe. Esteja onde estiver — falei, olhando pro céu.

— Oi, fofinha. Acho que deixou algo cair na água! — Era a voz de Nathalia.

Ela e Leila se aproximaram sem que eu tivesse notado.

— Não sei… caiu? — perguntei, olhando pra água azul.

Mas tudo que vi foi meu reflexo tremendo nas ondinhas.

— Ah, me enganei… mas acho que vai cair.

Nisso, Nathalia me empurrou. Ela não teria feito isso se tivesse gente por perto. Além do mais, Leila ficou na frente, tapando a visão de quem pudesse ver de dentro da casa.

Dei um leve grito e bati os braços no ar, mas não foi o suficiente para recuperar o equilíbrio. Caí na água, afundando.

Eu não sabia nadar.

POV JOSÉ EDUARDO

Eu ainda estava completamente enfurecido, e só de pensar que, por alguns instantes, cheguei a ter pena daquela menina, meu sangue fervia.

— Calma, cara. Ela nem deve ser tão ruim assim — disse Pedro.

— Não? Qual foi, cara? Ela é dissimulada. Ficou lá no canto da cozinha choramingando. Tenho certeza de que sabia que meu pai ia aparecer.

— Tu tá viajando, José.

— Não tô. Você que se encanta com qualquer rabo de saia por aí.

— Ah, aí tu me pega. Ela é bonita, pô. Bonita mesmo!

Eu não queria concordar, mas Pedro tinha razão.

— Já vi melhores — falei, sem muita convicção.

— Escuta, viu a Leila e a Nathalia por aí?

— Não, não vi. Devem estar em algum canto fofocando — falei.

Nesse instante, ouvi o barulho de alguém caindo na água e uma gritaria. Era do lado de fora, na área da piscina.

— A moça caiu na água, a sobrinha do Nestor! — disse uma senhora amiga do meu pai.

— Caramba, o que foi que aconteceu? — indaguei, esticando o pescoço para ver.

— A menina caiu na água — repetiu a senhora. — Vamos lá verificar.

Assim que saímos, estavam Nathalia e Leila à beira da piscina pedindo ajuda, apontando para Catarina, que se debatia na água. Ela subia e descia, havia caído na parte funda. Não dava pé nem pra mim, imagina pra ela.

— Eu vou lá, eu resgato ela! — disse Pedro.

Mas, por alguma razão, eu tomei a frente.

— Não precisa. Deixa que eu vou! Espera aí!

Tirei os sapatos e saltei na piscina, indo até onde ela estava.

Assim que me aproximei, vi o rosto encharcado de Catarina. Ela se debatia em desespero e, assim que puxei seu braço, ela se agarrou em mim com força, começando a chorar.

— Calma, calma. Eu vou te levar pra lá. Já está segura.

— P-p-por fav-vor, m-me tira d-daqui — dizia, soluçando, fazendo pausas pra retomar o fôlego.

Catarina prendeu-se nas minhas costas, e de novo eu senti algo estranho. Algo que não sentia há muito tempo.

— Ah, pobrezinha. Ela caiu na água porque se desequilibrou, né, Leila? — disse Nathalia, tentando parecer preocupada.

— É… foi sim. Coitadinha. Mas que bom que está a salvo — disse Leila, numa atuação fraca.

Ignorei as duas, passando por elas com Catarina ainda agarrada a mim.

A verdade é que eu gostei da sensação de protegê-la. De salvá-la.

Não, José Eduardo. Não seja idiota. Essa garota é uma estranha que está colocando seu pai contra você.

Porém, ao retirá-la da água e perceber que Catarina continuava abraçada a mim mesmo já fora de perigo, algo mais despertou: o desejo de cuidar dela.

Catarina parecia frágil, com o corpo úmido e gelado.

— Está a salvo agora — falei.

Mas, antes que ela pudesse responder, Catarina desabou, perdendo a consciência nos meus braços.

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