Angela me olhava aterrorizada, com as mãos estendidas em frente ao corpo tentando manter alguma distancia entre nossos corpos, mesmo que a um segundo atrás ela estivesse com o corpo aconchegado contra o meu, tão relaxada depois de ter sido salva, que eu conseguia sentir cada curva dela.
Não foi difícil encontrar a mulher de branco caída no chao, sendo pisoteada por todos os outros a sua volta. Um minuto antes de entrarmos ali ela era a salvação deles de uma guerra ou da total ruína, Angela estava ali para se casar pela famiglia e eles mostraram quanto valor isso tinha a eles: nenhum!
Até mesmo o desgraçado do noivo dela não foi capaz de protegê-la, Filippo a empurrou no chão antes de correr por sua vida e eu vi tudo isso muito claramente.
— O que querem? O que vão fazer comigo? — ela perguntou afobada, com a voz quase perdendo o folego enquanto olhava para o meu irmão Nero e Frank no banco ao meu lado. — Tenho certeza que papai pagará qualquer valor para me ter de volta intacta. Por favor, não me machuquem!
Os olhos doces e castanhos voltaram para mim e eu quis sorrir diante da ironia que eram aquelas palavras.
— Até onde eu sei eram os seus que a estavam pisoteando naquela igreja, nós fomos os mocinhos, te salvamos! — falei erguendo uma sobrancelha e ganhando um olhar de revolta dela.
— Tudo estava indo bem até vocês jogarem bombas lá dentro e atacarem a todos! — ela bradou de volta, mostrando que talvez não fosse apenas a princesinha que todos pensavam ser.
— Claro, você só estava sendo entregue em casamento a um escroto que já fodeu metade da cidade. — Nero resmungou ao meu lado, parecendo entediado com o assunto, mas quando vi o olhar horrorizado dela tive que dar uma cotovelada nele para que controlasse. — O que? Estou dizendo apenas a verdade, ela como noiva dele não deveria estar tão surpresa com o babaca. Ontem mesmo ele ficou até duas da manhã comendo as putas no bordel do pai.
Angela arfou em choque encarando meu irmão com a boca aberta, isso finalmente pareceu calar o idiota. Ele podia estar certo sobre isso, Filippo não prestava, nem mesmo para os padrões da máfia. Mas eu duvidava que Angela estivesse tão familiarizada com esse tipo de linguaja baixo, saber sobre sexo já devia ser algo improvável para alguém como ela.
Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ela se recuperou erguendo o queixo de forma altiva.
— Como se vocês fossem santos imaculados, todos vocês são farinha do mesmo saco! Todos vocês acham que nós mulheres somos propriedades, fantoches, que podem fazer o que quiserem! — ela gritou com toda a sua fúria e eu tive certeza de que aquilo vinha sendo guardado dentro dela por muito tempo.
O silencio reinou dentro do carro, todos ficamos ali paralisados a encarando, enquanto na minha mente só pensava o que ela teria sofrido nas mãos do pai, o que Angela teria visto e pior, o que Filippo poderia ter feito com ela.
— Queria que minha mulher pensasse desse jeito. — Frank foi o primeiro a falar, quebrando o gelo e nos fazendo rir.
— Minha irmã nunca vai pensar assim, ela pode ser uma Rossi agora, mas tem sangue Falcone naquelas veias! — Nero afirmou, e eu tinha que concordar, Melissa sempre foi a mais cabeça dura de nós três, não é atoa que se casou antes de nós dois.
— Deus me ajude quando a nossa filha nascer, que ela não tenha o gênio da mãe! — ele disse erguendo as mãos para o céu.
Angela encarou os dois parecendo interessada de mais na conversa, quase como se não acreditasse nas palavras deles. Então ela balançou a cabeça em negação e deu uma risada sarcástica, aumentando a cada segundo até chamar a atenção dos outros.
— Nós prezamos pelas nossas mulheres, Angel. — ela semicerrou os olhos me enfrentando. — Podemos ser sanguinários com nossos inimigos e com traidores, impiedosos e duros com nossos homens, mas nossas mulheres são sagradas. Não as forçamos a nada e é por isso que se casam de bom grado e escolhem sempre homens que vão honrar a Camorra. Bem diferente do marido escolhido para você.
— O que você sabe sobre Filippo? Não sabe nada sobre ele, nem sobre a forma como meu pai trata as mulheres ou a famiglia!
— Sei bem mais do que você, Angel...
— Não me chame assim! — ela rosnou trincando os dentes e franzindo a testa.
— Seu pai tem mais amantes do que um dono de puteiro! E Filippo é tão podre quanto ele! — gritei cansado de tentar manter a calma enquanto ela se negava a enxergar o óbvio. — Nenhum dos dois presta, nenhum dos homens da famiglia cuida direito de suas mulheres e do que elas fazem por eles! Do contrário não a teriam deixado caída no chão sendo machucada, a teriam protegido primeiro e depois pensado em suas próprias vidas, dariam suas vidas protegendo você, que os estava livrando de uma guerra e trazendo mais aliados a eles!
Ela me encarou com os olhos arregalados parecendo chocada com tudo o que eu disse, nem mesmo Frank ou Nero abriram a boca nesse momento, vendo que minha paciência tinha se acabado.
— Você se acha superior... a eles, mas acabou de me sequestrar... e já estava dizendo que sou sua futura esposa. — ela falou com a voz falhando, quase como se estivesse com medo de mim, o mesmo medo que vi em seus olhos quando percebeu quem eu era.
— Sim, você é minha futura esposa, mas porque eu tenho certeza de que você vai querer se casar comigo quando ver o que sua vida pode se tornar.
— E eu tenho certeza de que você vai abusar de mim como fez com as outras mulheres que fugiram da Cosa Nostra. — ela disse tão baixo que eu quase não fui capaz de escutar, Nero e Frank também se aproximaram querendo ouvir.
— O que? — sim eu sabia das mulheres que fugiram e todas elas foram abrigadas e colocadas em segurança onde queriam. — Do que está falando?
— Você... você as estuprou e torturou... até que elas te dessem todas as informações que queriam... e então as matou sem nenhuma piedade. — o queixo dela tremeu e ela olhou com pavor para os dois homens ao meu lado, enquanto eu ainda estava atordoado processando o que ela tinha dito. — É isso o que vão fazer comigo, não é?
O carro parou e Angela olhou para fora parecendo ainda mais aterrorizada. Assim que meu motorista desceu do carro e abriu a porta, a mulher saiu correndo disparada.
— Senhor perdão, quer que eu vá atrás dela? — ele disse enquanto encarávamos ela correr no caminho de cascalho, segurando o vestido de noiva de qualquer jeito.
— Não, eu mesmo vou atrás dela.
— Parece que não vou ser o único a ter uma mulher de fibra por muito tempo. — ouvi Frank falar enquanto eu começava a correr atrás da maluca.
Ela não ia longe, não com os saltos que ela estava usando e mesmo que não estivesse com eles, ainda haviam os portões e os seguranças. Não tinha ideia o que Angela tinha pensado que ia conseguir ao sair correndo.
Eu estava quase alcançando quando a criatura complicada se virou para trás me procurando e dando de cara comigo a distancia de um braço dela. O pequeno anjo tropeçou na renda do vestido e estava prestes a cair no chão quando eu a agarrei pela cintura, girando seu corpo junto ao meu, caindo nos cascalhos com minhas costas, evitando que ela se machucasse.
Seu corpo ficou por cima do meu, meus braços apertados em torno de sua cintura a mantinham presa ali. O olhar surpreso dela encontrou o meu e mesmo com os cabelos no rosto eu conseguia ver as bochechas vermelhas pela corrida, os lábios entre abertos com a respiração descompassada.
Porra, ela era linda e agora parecia uma anjinha excitada e pronta para ser fodida. Caralho, eu não podia pensar nisso agora, não antes de ter finalmente casado com ela e poder esfregar isso na cara de seu pai.
— Pronta para deixar de ser maluca e conversar como uma pessoa normal?
Ficar naquele carro rodeada daqueles homens só me fazia lembrar do meu encontro com Filippo na noite que fomos oficialmente apresentados como noivos. Mesmo que por um segundo eu quase tivesse esquecido de toda a maldade que eles podiam fazer, apenas por ouvir eles falando que uma suposta mulher não era uma submissa completa.Mas era claro que aquilo era só uma distração, uma forma de me deixar cair fácil nas garras da Camorra, e eles terem falado mal do meu pai e de Filippo era uma prova disso, queriam me fazer passar para o lado deles, mas isso não ia acontecer! Por isso quando a porta do carro foi aberta eu corri.Não que eu acreditasse que meu pai e seus aliados prestassem ou fossem boas pessoas, eu sabia bem quem Giovanni Mancini era, ele me vendeu sem nem pensar duas vezes.Duvidava muito que não fossem me confundir com uma prostituta vestida como uma, afinal meu pai tinha me feito usar aquele vestidinho apertado e decotado para mostrar a Filippo o que ele ganharia com o casament
Eu não tinha ideia do que aquelas minhas palavras implicavam, mas estava falando sério, eu queria Angela ao meu lado, se tornando o terror dos nossos inimigos, colocaríamos fogo juntos no mundo se ela quisesse.Mas ela ergueu o corpo, apoiando as mãos em meu peito e se levantando, afastando-se de mim no mesmo instante. Da posição que eu estava consegui ver as longas pernas dela, pareciam tão macias e eu me perguntei se seriam tão macias quanto pareciam.— Deixe de ser indecente! — ela gritou assim que notou meu olhar tratou de empurrar o vestido de volta ao lugar, tentando fazer seu melhor trabalho em se cobrir com o vestido rasgado e amassado.Ela não tinha ideia do que era ser indecente, mas eu ia adorar levá-la na descoberta do mundo da perversidade, ensinar a ela cada coisa promiscua e indecente.— Não acho que seja errado olhar para minha futura esposa. — falei me levantando e batendo todos os cascalhos grudados em meu corpo, vendo o estrago que tinha causado em minha roupa, não
Mêses atrásEu estava diante de Giovanni Mancini, o Capo da Cosa Nostra, muito atento a qualquer movimento dele, afinal sabia que ele era capaz de muitas coisas.A última vez que nossa gente tinha se encontrado foi há dois anos, quando selamos nossa trégua para focarmos nos nossos inimigos em comum, na época meu pai ainda era o Capo da Camorra, agora esse titulo era meu e o assunto é ainda mais urgente.— Os russos estão fazendo alianças, se casando e unindo as organizações. Não podemos ficar apenas os atacando para na próxima semana enviarem mais de seus homens para cá. — falei calmo e direto, meus dedos entrelaçados sobre a mesa, demonstrando uma tranquilidade que eu não sentia, afinal ainda éramos inimigos mesmo em trégua.— Concordo com você. Soube que eles estão fazendo laços com os carteis e estão com planos de se juntar aos japoneses, não podemos deixar isso acontecer ou será uma guerra ainda mais sangrenta.Ao menos ele era sensato, eu sabia que Giovanni era implacável, não se
Quando meu pai me disse que eu ia casar com Filippo para que nós tornássemos aliados e assim pudéssemos ganhar a guerra contra os russos eu não discuti, aquela era a primeira vez que meu pai falava qualquer coisa sobre os assuntos da máfia comigo.Mulheres não deveriam saber dessas coisas, não podíamos aprender a lutar, ou ir para a faculdade. Nossa função era apenas casar, ser uma esposa atenciosa e obediente, submissa a todos as vontades do marido.Era isso que éramos ensinadas desde pequenas. Essa era a forma de garantirem que não nos envolveríamos nos negócios da famiglia, nos portaríamos como bela esposas e mães obedientes.Mas desde que eu tinha encontrado com Marco Falcone algo me impulsionava a fazer as perguntas que estavam em minha cabeça. Pela primeira vez eu não me sentia forçada a guardar meus pensamentos para mim mesma.Ele me desafiava até mesmo com o olhar e as palavras dele não saíam da minha cabeça: Você pode ser a própria Diaba da Camorra ao meu lado. Aquelas palavr
Os lábios carnudos se moldaram aos meus se rendendo tão facilmente ao meu toque, eu segurava o rosto dela, mas queria mesmo estar tocando suas curvas. Maldita a hora em que prometi que me comportaria e ganharia sua confiança.Mordi o lábio inferior de Angela, querendo que ela abrisse a boca e me deixasse deslizar minha língua ali, mostrando como logo faria por todo seu corpo. O gemido que ouvi escapar dela me deixou ainda mais excitado, meu pau se apertou dentro da calça social e eu me amaldiçoei por ser levado por tão pouco com aquela garota.— Abra a boca Angel, me deixe mostra como faz. — meu pedido fez seu corpo inteiro endurecer.Mas que porra? Eu estava tentando não assustá-la, mas já parecia que ela tinha sido aterrorizada.— Para Filippo! Por favor.O nome dele deixou os lábios dela com verdadeiro medo e as feições dela estavam tomadas por nojo, bem diferente da mulher que tinha me pedido para ensiná-la a beijar.Mas agora meu pensamento estava correndo para outro lugar, imagi
Eu fiquei ali parada no banheiro sem entender porque Marco saiu rapidamente, praticamente fugindo de mim. Em um segundo o homem parecia não ser capaz de me deixar em paz, eu cheguei até a pensar que ele ficaria ali enquanto eu tomava banho.Mas no minuto seguinte ele saiu correndo, como se eu fosse seu pior inimigo. O que tinha dado nele pra sair assim?Minhas perguntas ficaram em segundo plano, pois quando virei me deparei com meu real estado no espelho. O cabelo que antes estava em penteado perfeito, agora estava bagunçado e jogado em todas as direções, meu vestido sujo e rasgado, minha maquiagem completamente arruinada.— Como é que ele quis me beijar eu estando desse jeito? — falei comigo mesma no espelho enquanto arrancava todos os grampos que ainda restavam no meu cabelo.Eu estava horrível, como um homem como Marco iria se interessar por mim? Só podia mesmo estar interessado em atingir meu pai ou Filippo. Isso ficou óbvio quando conversávamos no escritório.Marco sabia que não
Eu precisei sair do banheiro no momento em que ela perguntou sobre minha cicatriz. Eu tinha um monte delas, mas aquela em particular significava muito para mim, foi onde se deu início a minha fama de demônio da Camorra.A última coisa que eu queria naquele momento era falar sobre aquilo com ela, contar como me tornei um assassino tão novo. Eu precisava ganhar a confiança dela, já bastava todas as coisas que o pai dela havia contado fora de contexto.Mas não consegui me manter longe, mesmo que a porra do mundo estivesse pegando fogo lá fora, todos em busca de descobrirem quem tinha invadido o grande casamento da Coisa Nostra, eu só queria manter meus olhos no anjo que seria minha perdição.Eu entrei no quarto dela e assumi o lugar da minha irmã, penteando os cabelos dela. Precisava me manter perto dela o tempo todo, porque quanto antes Angela tomasse sua decisão melhor seria, tudo se resolveria bem mais rápido.— Me conte o que está acontecendo. — ela falou, mesmo que eu estivesse sent
Eu estava contra a parede, as pernas em volta do quadril de Marco sentindo todo meu corpo ser pressionado entre a parede e seu corpo, mas mesmo assim não parecia ser suficiente.Sentia uma necessidade dentro de mim clamando, implorando por mais. Mas ao mesmo tempo uma voz dentro de mim gritava me lembrando de que não tinha sido criada assim.— O que estamos fazendo? — minha voz saiu falhada quando desviei os lábios dele, recuperando meu fôlego novamente.— Quer que eu pare pequeno anjo? — ele questionou segurando meu olhar e fazendo a onda de calor se alastrar por meu corpo. — É só dizer uma palavra que eu paro.Eu não sabia o que responder, uma parte de mim gritava para continuar e descobrir até onde ele poderia me levar, o que ele me faria sentir com aqueles toques, com a boca.Porém minha parte racional gritava para por um fim naquilo e me afastar, dizendo que eu deveria me dar o respeito como minha mãe tinha me ensinado.Mas no final eu me peguei acenando de maneira negativa para