Quando meu pai me disse que eu ia casar com Filippo para que nós tornássemos aliados e assim pudéssemos ganhar a guerra contra os russos eu não discuti, aquela era a primeira vez que meu pai falava qualquer coisa sobre os assuntos da máfia comigo.
Mulheres não deveriam saber dessas coisas, não podíamos aprender a lutar, ou ir para a faculdade. Nossa função era apenas casar, ser uma esposa atenciosa e obediente, submissa a todos as vontades do marido.
Era isso que éramos ensinadas desde pequenas. Essa era a forma de garantirem que não nos envolveríamos nos negócios da famiglia, nos portaríamos como bela esposas e mães obedientes.
Mas desde que eu tinha encontrado com Marco Falcone algo me impulsionava a fazer as perguntas que estavam em minha cabeça. Pela primeira vez eu não me sentia forçada a guardar meus pensamentos para mim mesma.
Ele me desafiava até mesmo com o olhar e as palavras dele não saíam da minha cabeça: Você pode ser a própria Diaba da Camorra ao meu lado. Aquelas palavras implicavam tanta coisa, eu sabia bem o que queria dizer “ao lado dele”, teria que me casar com Marco era a única forma. E por mais que eu tivesse noção de que meu pai odiaria isso, eu não pude evitar a ideia de me tornar algo além de uma esposa troféu.
— E o que acontece se você conseguir provar isso, se você me mostrar que fui feita para o Demônio da Camorra? — o questionei, sentindo meu coração disparar com o medo da resposta dele.
Há poucos minutos atrás eu achei que ele me pegaria, me jogaria sobre a mesa e tomaria minha virgindade como disse, mas ele me perguntou se era o que eu queria e eu neguei, mesmo que meu corpo estivesse pegando fogo naquele momento e que no meio das minhas pernas eu sentisse uma pulsação que nunca havia sentido antes.
— Você e eu seremos rei e rainha de tudo, governaremos com punho de ferro e seremos o pesadelo de qualquer um que ousar nos olhar torto. — ele disse sem pestanejar e apesar de ter gostado da resposta dele, não era aquilo que eu queria saber.
— O que eu quero saber é que tipo de Rainha vai querer que eu seja?
Marco franziu a testa, mas logo um sorriso surgiu em seus lábios e ele apoiou os cotovelos na mesa, ficando mais próximo de mim. Meu corpo gritava para que eu me aproximasse dele, para que deixasse ele me tocar novamente com aquelas mãos grandes e fortes, mas minha mente gritava para que eu ficasse o mais longe possível.
— Quero que seja o que quiser, se for da sua vontade ser submissa, ficar em casa organizando bailes e festas eventos, ou pode desejar sujar suas mãos, matando e torturando nossos inimigos, já disse que seria um prazer ensiná-la tudo o que sei. — ele falou com os olhos escuros com um brilho sombrio, assim como o sorriso.
Seus olhos desceram por meu corpo me lembrando que meu vestido estava aos trapos, eu estava suada e suja de sangue graças a ele, mas Marco não pareceu gostar menos do que via só por isso.
— Então eu vou poder aprender a lutar e atirar? Vou ter minhas próprias armas? — ele apenas assentiu enquanto eu falava, os concentrados em meu busto. — E quanto a voz? Eu vou ter poder de voz nas decisões da Camorra? — minha última pergunta atraiu minha atenção.
— Se é o que quer, sim. Vou ensiná-la a conquistar o respeito dos nossos soldados e dos lideres, e então vai ser como uma de nós Angel. — eu detestava aquele apelido na boca dele, mesmo que estivesse me chamando de anjo ele fazia soar erótico. — Já disse que não vemos as mulheres como parideiras ou uma boceta para conseguir um contrato, minha irmã é o exemplo disso, aos vinte anos ela escolheu Frank, meu sub-chefe, e mesmo contra nossos desejos se casou com ele. Melissa sabe atirar e lutar, foi treinada com nossos melhores soldados, mas ela prefere o mundo da moda.
A resposta dele me surpreendeu totalmente, tinha acabado de conhecer a irmã dele e ela parecia mesmo não se intimidar facilmente, mas eu só teria a certeza de tudo o que ele falava quando fosse comigo, quando Marco começasse a me treinar.
— Então eu vou treinar com seus melhores soldados? Quando posso começar?
Ele deu a volta na mesa rapidamente, se abaixando na minha frente pegando minha perna sem nenhuma cerimonia.
— Ei! — tentei protestar quando meu vestido rasgado subiu mostrando minhas coxas, mas as mãos dele continuaram a se mover, me livrando dos sapatos.
— Antes de aprender a lutar vai ter que desinchar isso aqui. — mantive meus olhos focados nele, vendo seus dedos deslizarem em minha pele, subindo por minha panturrilha me arrepiando por inteiro. — E eu vou ser o único a ensiná-la a lutar, não quero nenhum homem te tocando.
— Tocando no que é seu. — murmurei com tom de deboche e bufei virando o rosto. — Já está me tratando como sua propriedade igual aos outros.
Senti um toque diferente em minha perna e voltei meu olhar para ele, apenas pra ver os lábios dele sobre minha pele. Engoli em seco quando nossos olhos se encontraram e ele subiu ainda mais a boca, fazendo meu corpo todo entrar em combustão e a pulsação entre minhas pernas voltar.
— Você ainda não é minha, pequeno anjo. Não a ouvi gemendo e declarando que é minha. — Marco colocou a língua pra fora deslizando em mim e eu arfei quase engasgando. — Mas eu detestaria que qualquer outro que não está a sua altura lhe ensinasse.
Aquilo era uma loucura, tudo aquilo era uma loucura. Eu nem sabia como estava minha família, o que tinha acontecido depois do ataque no casamento, eu tinha sido sequestrada e levada até ali, não deveria estar sentido aquelas coisas por ele.
Mas não estava conseguindo controlar minhas emoções e nem mesmo meu pensamento. Então antes que eu me desse conta estava fazendo uma pergunta ainda mais estúpida a ele.
— E se eu pedir para que me ensine a beijar? — as palavras saíram da minha boca sem controle.
Marco se afastou da minha perna e se ergueu chegando perto de mais de mim. Com a mão direita ele afastou meus cabelos e envolveu minha nuca me prendendo no lugar.
— Eu diria que é um prazer ensiná-la. — Estávamos tão próximos que a respiração dele bateu contra a meu rosto fazendo minha respiração acelerar.
— Então me ensine Marco, me ensine a beijar!
Ele não esperou por outro pedido antes de puxar meu rosto mais perto e grudar nossos lábios me arrancando um suspiro, os lábios macios mais firmes se moveram sobre minha boca com maestria, cobrindo meus lábios completamente antes de mordiscar meu lábio inferior me fazendo soltar um gemido baixinho.
— Abra a boca Angel, me deixe mostra como faz. — ele pediu com a voz ainda mais rouca e pânico me invadiu, junto com a lembrança de Filippo invadindo minha boca com aqueles dedos nojentos enquanto se esfregava em mim e tentava passar as mãos em meu corpo.
A bile voltou a subir em minha garganta enquanto aquele escroto tomava meus pensamentos e eu levei as mãos ao peito o empurrando.
— Para Filippo! Por favor. — as palavras saíram da minha boca sem que eu processasse o que estava dizendo.
Abri meus olhos dando de cara com Marco me encarando com uma expressão feroz, o cenho marcado e os lábios apertados em uma linha reta. A respiração dele estava descompassada, mas agora eu duvidava que fosse efeito do rápido beijo.
— O que aquele verme fez com você? — ele rosnou a pergunta, me arrepiando dos pés a cabeça.
Os lábios carnudos se moldaram aos meus se rendendo tão facilmente ao meu toque, eu segurava o rosto dela, mas queria mesmo estar tocando suas curvas. Maldita a hora em que prometi que me comportaria e ganharia sua confiança.Mordi o lábio inferior de Angela, querendo que ela abrisse a boca e me deixasse deslizar minha língua ali, mostrando como logo faria por todo seu corpo. O gemido que ouvi escapar dela me deixou ainda mais excitado, meu pau se apertou dentro da calça social e eu me amaldiçoei por ser levado por tão pouco com aquela garota.— Abra a boca Angel, me deixe mostra como faz. — meu pedido fez seu corpo inteiro endurecer.Mas que porra? Eu estava tentando não assustá-la, mas já parecia que ela tinha sido aterrorizada.— Para Filippo! Por favor.O nome dele deixou os lábios dela com verdadeiro medo e as feições dela estavam tomadas por nojo, bem diferente da mulher que tinha me pedido para ensiná-la a beijar.Mas agora meu pensamento estava correndo para outro lugar, imagi
Eu fiquei ali parada no banheiro sem entender porque Marco saiu rapidamente, praticamente fugindo de mim. Em um segundo o homem parecia não ser capaz de me deixar em paz, eu cheguei até a pensar que ele ficaria ali enquanto eu tomava banho.Mas no minuto seguinte ele saiu correndo, como se eu fosse seu pior inimigo. O que tinha dado nele pra sair assim?Minhas perguntas ficaram em segundo plano, pois quando virei me deparei com meu real estado no espelho. O cabelo que antes estava em penteado perfeito, agora estava bagunçado e jogado em todas as direções, meu vestido sujo e rasgado, minha maquiagem completamente arruinada.— Como é que ele quis me beijar eu estando desse jeito? — falei comigo mesma no espelho enquanto arrancava todos os grampos que ainda restavam no meu cabelo.Eu estava horrível, como um homem como Marco iria se interessar por mim? Só podia mesmo estar interessado em atingir meu pai ou Filippo. Isso ficou óbvio quando conversávamos no escritório.Marco sabia que não
Eu precisei sair do banheiro no momento em que ela perguntou sobre minha cicatriz. Eu tinha um monte delas, mas aquela em particular significava muito para mim, foi onde se deu início a minha fama de demônio da Camorra.A última coisa que eu queria naquele momento era falar sobre aquilo com ela, contar como me tornei um assassino tão novo. Eu precisava ganhar a confiança dela, já bastava todas as coisas que o pai dela havia contado fora de contexto.Mas não consegui me manter longe, mesmo que a porra do mundo estivesse pegando fogo lá fora, todos em busca de descobrirem quem tinha invadido o grande casamento da Coisa Nostra, eu só queria manter meus olhos no anjo que seria minha perdição.Eu entrei no quarto dela e assumi o lugar da minha irmã, penteando os cabelos dela. Precisava me manter perto dela o tempo todo, porque quanto antes Angela tomasse sua decisão melhor seria, tudo se resolveria bem mais rápido.— Me conte o que está acontecendo. — ela falou, mesmo que eu estivesse sent
Eu estava contra a parede, as pernas em volta do quadril de Marco sentindo todo meu corpo ser pressionado entre a parede e seu corpo, mas mesmo assim não parecia ser suficiente.Sentia uma necessidade dentro de mim clamando, implorando por mais. Mas ao mesmo tempo uma voz dentro de mim gritava me lembrando de que não tinha sido criada assim.— O que estamos fazendo? — minha voz saiu falhada quando desviei os lábios dele, recuperando meu fôlego novamente.— Quer que eu pare pequeno anjo? — ele questionou segurando meu olhar e fazendo a onda de calor se alastrar por meu corpo. — É só dizer uma palavra que eu paro.Eu não sabia o que responder, uma parte de mim gritava para continuar e descobrir até onde ele poderia me levar, o que ele me faria sentir com aqueles toques, com a boca.Porém minha parte racional gritava para por um fim naquilo e me afastar, dizendo que eu deveria me dar o respeito como minha mãe tinha me ensinado.Mas no final eu me peguei acenando de maneira negativa para
Sair de perto dos beijos quentes e do corpo macio de Angela, para ir direito aos ataques daquele dia, era um verdadeiro inferno. Aquela era a última coisa que eu teria escolhido fazer, mas a culpa era minha se os ataques estavam acontecendo, eu teria que lidar com ele agora. — Como eles invadiram nosso armazém com tanta facilidade? — questionei encarando as imagens do vídeo onde os homens da Cosa Nostra invadiam um dos nossos armazéns de drogas, matando nossos homens e saqueando nossas mercadorias. — O pessoal estava reduzido, não havia nenhuma movimentação marcada para hoje. — Nero foi o corajoso a responder e eu bufei querendo socar cada um deles. — Eles levaram dois soldados e a meia tonelada de cocaína que estava lá. Porra! Aquilo não deveria estar acontecendo, não no meio do inferno que já estávamos enfrentando com os russos e com os japoneses. Não podíamos errar assim! — Será que preciso desenhar para vocês cada pequena coisa que temos que fazer? — bati os punhos na mesa. — D
— Ainda voto para atacarmos ele na próxima semana, precisamos de alguns dias ao menos antes de outro confronto.Já era quase manhã, o dia estava prestes a raiar e estávamos nós três a entrar no lugar da reunião, viemos como Mancini havia pedido, apenas os três e em paz. Eles só não sabiam do batalhão de homens que estavam disfarçados a uma distância segura.— Eu quero rir na cara dele, me deixe fazer isso. — murmurei enquanto adentrávamos o pátio, avistando o carro dele bem perto. — Mancini, resolveu querer conversar como homens?— Não brinque comigo Falcone! Você pegou a minha filha, sequestrou a minha menininha no dia do casamento dela! Que honra você tem?Eu quis rir ao ouvi-lo falar de forma tão afetiva da garota por quem ele não tinha o menos apego, mas me contive em manter a conversa apenas no que era necessário.— Quer mesmo falar de honra? Logo você que não respondeu a minha proposta depois de toda a conversa pacífica que tivemos. Além de não me responder você foi fazer a prop
— Foi meu pai não foi? Ele atacou vocês em retaliação por ter me sequestrado? Ou Filippo fez isso? — tentei tocar o abdômen machucado, onde estavam às marcas redondas e arroxeadas, mas ele se afastou agarrando meu pulso e me impedindo de tocá-lo.— Não ouse nunca mais falar o nome daquele verme fraco, ele jamais teria a capacidade de chegar tão perto de mim para me ferir, estaria morto muito antes. — encarei o olhar duro que ele tinha, mesmo misturado a dor Marco conseguia parecer assustador. — Eu e seu pai tivemos uma rápida conversa ontem a noite. Agora suba o doutor vai subir e ver seu pé nesse exato momento.Ele acenou com a mão para um homem que suturava um de seus homens que correu para onde estávamos.— Não vou a lugar nenhum. — ergui o queixo mostrando que não aceitaria suas ordens. — Esses homens precisam de mais cuidados do que eu, posso lidar com um joelho ralado.Marco semicerrou os olhos me dando uma longa olhada, como se aquilo fosse ser capaz de me intimidar, já estava
Eu ainda estava tentando processar como ela podia estar viva depois de todas as atrocidades que meu pai jurou que Marco havia cometido contra Giulia Romano.— Isso com certeza é o que nossos pais iriam querer, mas eu fui salva pelo senhor Falcone e tenho ajudado a Camorra desde então. — ela me respondeu com um sorriso estampado no rosto.— O que? Ajudando a Camorra? Como isso é possível?— Giulia entrou em contato comigo quando deixou a casa do pai, ela foi uma das que decidiram ficar e pouco tempo depois se apaixonou por Dante Marino, um dos meus soldados, e acabou de completar seu treinamento. — Marco falou ao meu lado deslizando os dedos preguiçosamente em minha nuca. — Ela se tornou uma boa informante, especialmente entregando os pontos vulneráveis no território do pai.Minha boca caiu aberta enquanto eu encarava a loira a minha frente exibir um sorriso orgulhoso.— Você virou uma informante, Giulia? Traiu a famiglia? — eu não queria ter soado tão grosseira, mas todas aquelas info