O tempo passou e a vida não saiu mais dos trilhos na aldeia, Erin e Antony se casaram e tiveram dois curumins(menino) e uma curumara(menina). Kaue e eu tivemos mais duas meninas e um menino. Irai também se casou, ela teve apenas um filho. Hoje Kaue não é mais o pagé da aldeia, ele está velho para isso. Nosso filho é o pagé agora. Eu estou aqui, deitada na minha rede, ele está ao meu lado segurando a minha mão. Seus cabelos que um dia foram da cor de carvão, hoje são brancos como as nuvens do céu. Mas ele continua tão lindo como antes. Suas mãos calejadas das lidas na terra e das obrigações como pagé, acariciam o meu rosto doente. Sinto que minha hora já vem, mas não quero deixá - lo. Passam dias e dias e Kaue não desgruda de mim. Sei que ele sofre, pois tem medo do inevitável.Vivemos muitos anos, sempre juntos. Desde aquele dia em que ele me olhou, quando cheguei aqui perdida em meus sentimentos, até o dia de hoje, em que estou aqui, no fim da minha vida de alegrias e tris
Nossa que amor, não? Olha esse seria o amor dos meus sonhos, viver eternamente ao lado da pessoa que eu amo. R mais, que o amor dure esse tempo todo. Sei que fugi um pouco do tema polêmico, que é o desmatamento, mas acho que dá para ter uma noção do que se faz para conseguir terras para desmatar, gente não podemos ficar calados! Todos os dias não só indios, mais donos de terras que trabalharam para conquistar o tão sonhado pedaço de chão são espulsos ou mortos por grileiros* que querem suas terras, não podemos nos acovardar, quando soubermos de casos assim devemos denunciar! Essas pessoas não merecem perder o pouco que tem para milionários que só querem saber de mais dinheiro, devastando a natureza e as nossas florestas. Elas são o pulmão do mundo gente! Temos por obrigação preservar.
Agradeço primeiramente a Deus pela inspiração que tem me dado, agradeço a paciência mais uma vez da minha amiga Marcia, agradeço a minha inteligentissima amiga Sandy que é coautora dessa obra, já que ela foi quem fez as capas não só dessa, como da minha outra obra! Agradeço também ao chato do meu gerente que aturou eu falando o tempo inteiro sobre o livro e ao meu amigo Rafa Mic que me ajudou muito e sempre me apoia! Ele me fez chorar gente! Agradeço também o apoio da minha amiga Maria e do meu chefe Eduardo que me liberou para tentar publicar meus livros. Faço questão que essas pessoas estejam sentadas na primeira fila quando eu for lançar os livros.
Quem diria há alguns anos, que o que aconteceu me traria aqui, para viver em um lugar que eu jamais viveria? Foi tudo tão rápido que eu sequer consigo explicar com detalhes.Eu arrumava a minha mala e Antony entra no meu quarto com tudo.- Ai garoto, que susto.- Mamãe disse que já vamos, desça logo.- Disse pulando de um pé só.Esse garoto parece ligado no 220, não para quieto.- Já estou indo, e pare de pular, se você se esborrachar no chão eu vou rir muito.- Chata!-Disse me dando língua.- Vai, garoto saia daqui.Antony é meu irmão caçula, ele tem sete anos, mas é muito inteligente, somos em três irmãos, tem também Isadora que tem vinte e um, ela vai se casar em três meses, essa será a nossa última viagem juntas, e é claro tem eu que tenho dezessete a
Ao chegar na aldeia, Antony tratou de se enturmar, eu, já me senti deslocada, não me encaixava ali. Havia uma grande casa feita de galhos de árvores e palha que minha avó disse que se chamava oca.- E então querida? O que acha?Eu nunca havia entendido como minha avó podia morar no meio do nada. Eu nunca havia ido até uma aldeia até esse dia.-Eu achei que estariam todos...Nus?- Ja me viu nua menina?- Ah...Não? É que... Eu...Não.-Já entendi, a gente não vive mais nu há muitas gerações e além disso...Nesse momento parei de ouvir o que minha avó dizia, ele passou, com seus cabelos cor de carvão, sua pele ambar, seus olhos tão negros quanto seus cabelos. Seu corpo esguio. Ele pegava algo nas mãos, um saco talvez, vovó estava na frente e quando ele forçava para cima para colocar sobre os ombros largos e entregar ao outro, os músculos de seus braços e costas oscilavam. Ele vestia apenas uma bermuda e quando ele abaixou para pegar outro saco que
Quando acordei avistei Irai e Kaue ao meu lado, minha avó não apareceu. Antony também não estava lá.- O que houve?- Você teve uma torção no pé e uma luxação nas costas.- Quanto tempo eu dormi?- Mais ou menos quatro horas, já é noite.- Disse Kaue, que parecia não ter saido do meu lado.Eu tentei me levantar, mas fui impedida por Irai.- Você deve descansar, vai estar melhor em alguns dias.Eu olhei na direção da minha perna e notei que ela havia sido imobilizada com uma espécie de torniquete, mas a dor já havia cedido.Eu nunca fui muito fã de celular e tecnologia, sempre gostei mais de um bom livro, mas ali naquele lugar, sem energia elétrica, sem nada, vi como essas coisas me faziam falta, ainda mais sem poder me mexer. Estava quase morrendo de tédio. A falta que não senti da minha família, nas últimas semanas passei a sentir, queria que Isa estivesse aqui pra me zoar dizendo que ela podia sai
Ela caminhava ao meu lado, seus cabelos escuros esvoaçando ao vento, como ela é linda. Usava apenas uma túnica de seda branca, que lhe descia pelas curvas tornando-a ainda mais bonita, se é que isso é possivel...- Acorda Kaue. - Nossa é incrível como toda vez que eu estou tendo um sonho bom você me acorda!- Estava sonhando com ela não é? - Para de falar besteira, menina.- Não mente pra mim, se tem vergonha por que me contou sobre os sonhos?- Nem eu sei.- Mas contou, agora diga, estava sonhando com ela ou não? - Você me conhece melhor que eu mesmo não é?Irai só arqueou as sobrancelhas.-Sim, eu estava sonhando com ela e você me atrapalhou de novo!- Você quem me pediu pra te chamar, e tem mais, a neta da Ceci chega hoje.-Imagi
-Ficou louco?- Mas...da outra vez..- Da outra vez você me pegou de surpresa.- Não é verdade. Você correspondeu.- Eu...Você não entende!- Não entendo o que? Que você está fugindo do que sente por mim?- Eu não quero te fazer sofrer.- E acha que já não está fazendo?- Eu vou embora daqui há alguns meses, quando fizer dezoito anos eu vou ter que te deixar. - Você não tem que fazer nada, você vai porque quer.- Eu vou porque aqui não é meu mundo.-Não? Então porque tanto empenho em salvar do desmatamento um mundo ao qual você não pertence? - Eu...Não sei.-Sabe sim, você faz parte dele mesmo que não queira, você tem sangue de indio, seu pai veio daqui. De todo jeito, se não puder ficar aqui, eu vou aonde você for.- Não faria isso.- Faria sim, vem comigo, preciso te mostrar uma coisa. Kaue me levou até a oca e passou a revirar um cesto, tirou de lá um tipo de pasta, feita com folha de palmeira e me entregou
Quando saímos da minha cidade, era fim de ano, então eu já tinha terminhado o colégio, agora pensava em qual faculdade eu ingressaria, sempre me interessei muito por medicina, mesmo porque minha mãe era médica. Mas agora, olhando essa infinidade de plantas, animais e rios tornei-me uma admiradora acidua da biologia...- Olhe, essas são as plantas que te falei, você pode usá-las como repelente. O cheiro afasta os insetos e também tem ação cicatrizante. - Disse Kaue, me mostrando uma planta que não me recordo o nome. Desde que tomei coragem para dizer a ele que o amava, estamos mais próximos, ele tem me ensinado a falar tupi, não que eu tenha aprendido alguma coisa, e tem me falado sobre as plantas e como algumas tem propriedades medicinais.- E esse aqui? O que é? - Eu disse apontando para uma frutinha que se parece com um olho. Quando ele me respondeu mal pude acreditar que eu não conhecia aquela fruta.- É guaran