- Oi.
- Oi.- Eu queria...- Queria o que? Você tentou matar a minha irmã e a minha avó, desconfio que eu não tenha assunto algum a tratar com você.Ela saiu contando os passos e se apoiou numa árvore de costas para mim.
- Não seja tão duro com ela.
- Ela tentou te matar, vovó.- Mas não matou, e de todo jeito, ela se arrependeu.- Eu realmente não consigo acreditar noDeixei Antony no hotel e pedi a Kaue que tomasse conta dele, por mais que soubesse que Erin está melhor, não se sabe o que se pode acontecer.Esse portão me causa calafrios, me traz lembranças há muito tempo guardadas, passei pelo imenso portão e caminhei na direção do lugar onde jaziam os meus entes queridos, doeu ver novamente aqueles túmulos, antes eram três, mas desde a última vez em que estive aqui passou a ser quatro.Minha mãe, meu pai, minha irmã e meu filho jaziam ali. Eu trouxe flores, mais para aliviar a miyjha dor do que para trazer vida aos túmulos. Lágrimas teimavam em molhar a minha face machucando ainda mais as feridas que não haviam cicatrizado, me sentei entre os quatro túmulos e passei a chorar mais e mais. As feridas antigas, agora tornavam-se chagas incuráveis. Passei um tempo ali, não sei ao certo quanto, tinha que tirar essa dor de dentro de mim, ela não me permitia ser feliz de verdade, jamais vou esquecer a minha familia, mas prefiro me l
Um sono profundo havia tomado conta de mim, meus olhos pesavam toneladas, não consegui mantê-los abertos, a dor era lacinante, finalmente cedi a dor e ao sono, mergulhei na escuridão. No início ouvia as vozes, mas ai veio a luz, eu a segui e deixei de ouvir as vozes. Ainda doía, mas o sono já havia passado. Havia um jardim bonito através da luz, fui andando por ele, observei a paisagem, era linda, havia diferentes tipos de flores e árvores frutíferas que eu nunca antes havia visto, era uma fruta marronzinha que exalava um perfume maravilhoso. Não consegui alcançar, por mais que tentasse parecia impossível alcançar. Enfim, desisti e continuei caminhando, ouvia o riso de crianças ao longe, até via algumas passando correndo de relance, mas quando me virava para olhar, haviam sumido. Eu estava só, uma pária, sem ninguém, avistei uma grande cerca ao longe e passei a seģuir no seu encalço. Parecia que haviam horas que eu estava caminhando e não chegava nunca, po
Quando o médico de Erin disse que ela não poderia viajar meu sangue gelou nas veias, eu não queria ficar aqui, aqui não era mais o meu lugar.Calma Marina, são só três meses.Sim, só três meses, mas e se algo acontecesse?Quem diria que para mim, que nasci aqui seria mais dificil que para Kaue que já se encarregou de arrumar uma casa para que ficassemos, alegando que ficaria muito caro passar três meses em um hotel. E que para uma pessoa no estado de Erin não era bom. A mãe dela se prontificou a recebê-la em sua casa, mas como ela mora no terceiro andar de um prédio de cinco e o prédio não tem elevador, e Erin precisaria se deslocar diariamente para o hospital, acabamos optando pela casa mesmo.A casa tinha apenas um quarto e um escritório. Erin ficou no quarto com Antony, Kaue e eu, compramos um colchão inflável e ficamos com o escritório.A nossa rotina passou a ser de casa para o hospital e vice- versa. Em uma segunda- feira, um mês depois
O tempo passou e a vida não saiu mais dos trilhos na aldeia, Erin e Antony se casaram e tiveram dois curumins(menino) e uma curumara(menina). Kaue e eu tivemos mais duas meninas e um menino. Irai também se casou, ela teve apenas um filho. Hoje Kaue não é mais o pagé da aldeia, ele está velho para isso. Nosso filho é o pagé agora. Eu estou aqui, deitada na minha rede, ele está ao meu lado segurando a minha mão. Seus cabelos que um dia foram da cor de carvão, hoje são brancos como as nuvens do céu. Mas ele continua tão lindo como antes. Suas mãos calejadas das lidas na terra e das obrigações como pagé, acariciam o meu rosto doente. Sinto que minha hora já vem, mas não quero deixá - lo. Passam dias e dias e Kaue não desgruda de mim. Sei que ele sofre, pois tem medo do inevitável.Vivemos muitos anos, sempre juntos. Desde aquele dia em que ele me olhou, quando cheguei aqui perdida em meus sentimentos, até o dia de hoje, em que estou aqui, no fim da minha vida de alegrias e tris
Nossa que amor, não? Olha esse seria o amor dos meus sonhos, viver eternamente ao lado da pessoa que eu amo. R mais, que o amor dure esse tempo todo. Sei que fugi um pouco do tema polêmico, que é o desmatamento, mas acho que dá para ter uma noção do que se faz para conseguir terras para desmatar, gente não podemos ficar calados! Todos os dias não só indios, mais donos de terras que trabalharam para conquistar o tão sonhado pedaço de chão são espulsos ou mortos por grileiros* que querem suas terras, não podemos nos acovardar, quando soubermos de casos assim devemos denunciar! Essas pessoas não merecem perder o pouco que tem para milionários que só querem saber de mais dinheiro, devastando a natureza e as nossas florestas. Elas são o pulmão do mundo gente! Temos por obrigação preservar.
Agradeço primeiramente a Deus pela inspiração que tem me dado, agradeço a paciência mais uma vez da minha amiga Marcia, agradeço a minha inteligentissima amiga Sandy que é coautora dessa obra, já que ela foi quem fez as capas não só dessa, como da minha outra obra! Agradeço também ao chato do meu gerente que aturou eu falando o tempo inteiro sobre o livro e ao meu amigo Rafa Mic que me ajudou muito e sempre me apoia! Ele me fez chorar gente! Agradeço também o apoio da minha amiga Maria e do meu chefe Eduardo que me liberou para tentar publicar meus livros. Faço questão que essas pessoas estejam sentadas na primeira fila quando eu for lançar os livros.
Quem diria há alguns anos, que o que aconteceu me traria aqui, para viver em um lugar que eu jamais viveria? Foi tudo tão rápido que eu sequer consigo explicar com detalhes.Eu arrumava a minha mala e Antony entra no meu quarto com tudo.- Ai garoto, que susto.- Mamãe disse que já vamos, desça logo.- Disse pulando de um pé só.Esse garoto parece ligado no 220, não para quieto.- Já estou indo, e pare de pular, se você se esborrachar no chão eu vou rir muito.- Chata!-Disse me dando língua.- Vai, garoto saia daqui.Antony é meu irmão caçula, ele tem sete anos, mas é muito inteligente, somos em três irmãos, tem também Isadora que tem vinte e um, ela vai se casar em três meses, essa será a nossa última viagem juntas, e é claro tem eu que tenho dezessete a
Ao chegar na aldeia, Antony tratou de se enturmar, eu, já me senti deslocada, não me encaixava ali. Havia uma grande casa feita de galhos de árvores e palha que minha avó disse que se chamava oca.- E então querida? O que acha?Eu nunca havia entendido como minha avó podia morar no meio do nada. Eu nunca havia ido até uma aldeia até esse dia.-Eu achei que estariam todos...Nus?- Ja me viu nua menina?- Ah...Não? É que... Eu...Não.-Já entendi, a gente não vive mais nu há muitas gerações e além disso...Nesse momento parei de ouvir o que minha avó dizia, ele passou, com seus cabelos cor de carvão, sua pele ambar, seus olhos tão negros quanto seus cabelos. Seu corpo esguio. Ele pegava algo nas mãos, um saco talvez, vovó estava na frente e quando ele forçava para cima para colocar sobre os ombros largos e entregar ao outro, os músculos de seus braços e costas oscilavam. Ele vestia apenas uma bermuda e quando ele abaixou para pegar outro saco que