Dois Irmãos & Uma Mulher Para Amar
Dois Irmãos & Uma Mulher Para Amar
Por: Ninha Cardoso
Capítulo 1

Parte 1...

Marlene entrou no quarto e parou ao ver a amiga fechando uma mala pequena.

— Você já separou tudo o que vai levar? - Marlene perguntou — Essa mala aí não está um tanto pequena?

— Já sim - Anete fechou o notebook — E não vai ser muita coisa de início, porque não sei se vou demorar mesmo por lá - respondeu melancólica.

— Mas já não acertou tudo com sua irmã, criatura? - Marlene cruzou os braços — Como não sabe se vai demorar? E nossas conversas?

— Já falei sim - ela deu de ombros — Mas eu não quero ficar incomodando. Não conheço direito o lugar, ainda vou ter que ver se cabe no nosso plano. Espero que sim - mexeu os ombros indecisa — Mas tem o marido dela também, que a gente não se vê faz tempo... 

— Mas isso não é problema... A Anita não falou que vamos amar ficar lá? - se aproximou dela.

— Só que ela é suspeita, né - Anete levantou — Ela já mora em Andaluz faz muito tempo, já tem a vida organizada, os amigos, a casa... Fica suspeita de falar. É claro que pra ela está tudo muito bem por lá.

— Verdade - Merlene deu uma risadinha — Mas eu acho que depois de tudo o que conversamos, vai dar muito certo essa mudança - disse animada — Não vejo a hora de ir também. Estou correndo com as coisas aqui pra não ter que voltar tão cedo, caso precise resolver algo que esqueci.

— Sabe que você está mais animada do que eu até? - ela torceu a boca.

— Ah, mas é porque você anda meio sem graça da vida - lhe deu um abraço leve — Mas isso vai mudar, vai ver. O pior já passou.

— Será que vai mudar mesmo? - ela ergueu a sobrancelha — Eu ainda fico meio temerosa.

— Ai, amiga, você já se livrou do traste do seu ex, agora tem que ficar mais animada com as coisas. Vai ser bom viajar - tentou animá-la — Vai fazer novas coisas, conhecer gente nova...

— Eu sei, mas às vezes é bem difícil - suspirou — Fiz tantos planos e foi tudo pra nada.

Anete abaixou a cabeça, pensando em tudo que havia planejado viver ao lado do homem que ela achava que a amava, mas que demonstrou que estava enganada.

— Faz de novo, ué... Qual o problema? - Merlene balançou o corpo — Eu também não estava enfiada em um problema gigante e você me ajudou?

— Acho que você é mais animada e esperançosa do que eu - ela torceu a boca.

— Sou mesmo, mas eu me forço a ser assim e você também tem que fazer igual. Se a gente ficar pra baixo, esses idiotas vão ter vencido e não vou dar esse gostinho a eles.

Merlene sentia raiva só de pensar em tudo o que elas tinham passado antes. E mais ainda a amiga, que vinha sofrendo calada há bastante tempo.

— Também não quero dar... Mas você sabe que eu fico com o pé atrás...

— Então se anima. Você tem uma irmã maravilhosa e um cunhado show que vão te dar uma força. Tudo vai dar certo - segurou as mãos dela — Tem que se abrir para novas possibilidades, mudar o pensamento, ir por outros caminhos...

— Espero mesmo que as coisas saiam assim, como você imagina. Estou precisando de novidade.

— Vai sair, sim -  ela sorriu — Você vai na frente. E eu vou logo atrás. Fico só esperando seu chamado e enquanto isso, adianto aqui.

A animação de Marlene era boa de se ver, mas ela não conseguia se animar tão rápido quanto a amiga. Sabia que seria ótimo sair dali e procurar um novo lugar para recomeçar, mas falar sempre era mais fácil do que fazer. Anete tinha um jeito mais calmo de fazer as coisas e quando ficava sobrecarregada, ela tinha tendência a se fechar.

Anete sentia que suas forças estavam mais fracas. Depois de tanta decepção e problemas, queria algo diferente que desse uma guinada em sua vida e a tirasse de sua zona de conforto. Queria esquecer o passado. Queria mudar e ser uma nova pessoa, uma mulher mais aberta às coisas novas da vida.

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Enquanto isso, em outro lugar...

Uma garçonete passou entre as mesas ocupadas com cowboys de todos os tipos. Era comum que eles se reunissem a partir do fim de tarde, para conversarem, jogarem e beberem. Entre outras atividades para adultos, que ocorriam no bar.

Na entrada havia uma placa com um grande aviso, mostrando que ali não era um ambiente para menores de idade e nem para pessoas sensiveis. A cidade de Andaluz era pequena, a maioria das pessoas já sabiam bem o que rolava dentro de suas paredes.

E a maioria dos habitantes frequentavam o bar, mais de uma vez por semana. Era até um ponto turístico de Andaluz, que atraía turistas e curiosos.

Em uma mesa perto da grande janela aberta para o jardim da frente, um grupo de amigos estava disputando a sorte em mais uma rodada de apostas. 

Os irmãos Felipe e Pedro estavam com cara de cansados, mas estavam tão arrumados que chamavam a atenção de um grupo de mulheres, sentadas perto deles. Todas eram turista e tinham ido para um encontro que estava marcado no clube Desejos & Liberdade.

Elas olhavam para a mesa com curiosidade. Os irmãos eram fazendeiros, porém eram os donos de suas próprias empresas, o que lhes pedia vez ou outra, que fossem até a capital e até fizessem viagens mais longas, para cuidar dos negócios.

Tinham chegado de uma viagem ao município vizinho, onde participaram de uma reunião para diversificar seu ramo de negócio. Estavam parecendo mais com um CEO de uma cidade grande, do que como cowboys que eram e gostavam mais.

— Mais uma, seus tontos... - Rubens disse animado, rindo e jogando as cartas de baralho com força em cima da mesa — Bati!

Pedro olhou para o irmão Felipe fazendo uma careta. Jogou as cartas também.

— Parece que hoje você está com sorte pesada.

— Verdade, eu estou mesmo – ele gargalhou.

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