Parte 2...— Ali está o carro - Felipe apontou.— Parece que já estão trocando o pneu - Pedro disse.— Eu disse a Anita que não iria demorar - Norberto fez a curva para entrar na estrada onde estavam paradas, de cara feia já.— Aquela é a irmã dela? - Felipe esticou a cabeça para fora do carro, querendo ver melhor. Ficou curioso.— Nossa... - Pedro disse.— Nossa mesmo - ele completou a fala do irmão — É muito bonita. Gostei do cabelo.— Você disse que ela normal, comum - Pedro se esticou para o lado — Não me parece comum daqui. Você precisa de óculos.— Ela é bonita, mas é sem sal - Norberto deu de ombros.— Isso porque você é apaixonado pela irmã, mas ela é muito bonita, sim - Pedro afirmou.—
Parte 3... Durante o trajeto de volta à cidade ela quase não falou, apenas respondeu às perguntas deles. Norberto havia dito que ela era fria, mas eles não estavam achando isso. Havia algo que a incomodava e eles ainda não sabiam o que era. Ainda. Felipe prestava atenção à estrada e de vez em quando prestava atenção nela. Muito bonita se espremendo na porta para não ter contato com ele quando passava as marchas. Ela tinha uma barreira, mas dava para perceber que tinha rachaduras nessa muralha e ele iria descobrir seus pontos e derrubá-la. Ele viu o olhar de surpresa que ela deu ao tocar sua mão e de Pedro. Não tinha sido assim tão fria. Só queria esconder. Ela por certo deve ter se assustado ao reagir assim aos dois. Dificilmente uma mulher se atrai por dois irmãos ao mesmo tempo e ela estava atraída por eles, com certeza. E era bom como um doce de morango sentir isso. Se era só influencia da conversa que tiveram antes ele não sabia, mas iria testar. Não imaginou que a conheceria
Parte 4...Anete não queria continuar aquela conversa, era estranho demais como estava reagindo e tinha quase certeza de que eles perceberam.Felipe deu um sorriso e manobrou o carro de volta à pista. Para alívio dela o supermercado se fez mostrar logo com seu outdoor e conseguiu relaxar os dedos apertados.Sua calcinha continuava molhada e pensar que ambos poderiam se interessar por ela a deixava com um sentimento bom, mas que não sabia definir. E isso não era certo.Quando ele parou o carro no estacionamento ela abriu a porta rápido, mas Pedro segurou seu braço.— Entende o que dissemos? – apertou o olho mirando-a.— Não tenho que entender nada. Não tenho nenhuma vontade de me envolver com alguém – respirou fundo — E se assim fosse, quer dizer então que todas as mulheres daqui aceitam ser espancadas?— Não é espancar, você confundiu as coisas.— Pois é – Felipe riu — Você sabe o que é um Dom? – ela franziu a testa — O Dom, seja homem ou mulher, é alguém que assume o controle em uma
Parte 1...— Só seu marido pode lhe dizer o que fazer, mas os outros podem se intrometer em uma situação delicada ou difícil.— Bem, isso não me interessa. Não tenho ninguém.— Ah, mas terá - Pedro tocou sua mão.— E tem outra coisa – Felipe segurou seu braço — Você está na casa de Norberto, então ele é responsável por sua segurança e bem estar. Se for necessário ele pode lhe castigar.— O que? – fechou o cenho.— Isso mesmo. Você desobedeceu sobre o pneu e se ele quiser ele pode lhe dar umas palmadas nesse bumbum empinado.— Não pode não – ficou vermelha.— Uma vez em Roma, aja como um romano – Pedro sorriu.— Se dê por feliz que sua irmã o distraiu. Eu não gostaria qu
Parte 2...Quando eles entraram em casa, Anita veio alegre receber os pacotes e os chamou para dentro.— Fiquem com a gente. O Norberto está preparando uns bifes grelhados deliciosos. Sei que gostam.— Nunca rejeitei uma boa comida - Felipe disse rindo e entrou atrás de Anete, com a mão em suas costas e correndo o dedo de leve para que o sentisse.Ela estava gostando desse toque, embora isso ainda a incomodasse um pouco, porque estava ressabiada com todos os homens.— Anete, eu preparei uma jarra de caipirinha pra você - a irmã disse.— Seria bom nesse calor - ela pouco bebia, mas adorava caipirinha.Entrou na cozinha e pegou o copo que a irmã ofereceu e tomou um pouco para se resfriar do calor e das novidades. Realmente, assim como Anita lhe disse, as coisas ali pareciam que aconteciam de uma forma diferente e em seu momento particular. Nada a ver com o mo
Parte 3...Não deu certeza de se mudar de vez e ela queria a irmã alegre de antes, não essa pessoa desanimada de agora. Ela só falava do trabalho, de como as coisas estavam indo bem na loja, então essa parte não estava ruim. Também sempre tecia elogios sobre a amiga, que era uma boa companheira. Queria saber mais.Disse ao marido que faria isso e ele não gostou muito do modo de enfiar bebida goela adentro, como forma de libertar sua língua, mas acabou cedendo. Ele sabia que ela tinha que ajudar a irmã e faria de tudo. Só disse a ela que não exagerasse.— Então é assim que seu cabelo está sempre maravilhoso? - ela se referiu aos produtos da loja — Ainda bem que você trouxe alguns pra mim, também quero mudar meu cabelo e quero novos produtos. Acho que anda um pouco ressecado. Sabe que os rapazes adorariam enfiar os dedos e
Parte 4...Anita ficou nervosa com o que ela disse.—O que disse? Como assim maltratada? O que ele te fez? - elevou a voz de propósito para que os três ouvissem.— Luiz mudou logo depois que foi morar comigo - ela disse sem ânimo — Ele exigia tudo e não fazia nada. Quando queria algo de mim era sempre um amor, geralmente era sexo ou dinheiro, depois ficava um tempo frio comigo ou até mesmo grosseiro - ela revelou — Ele não me amava, não assim como o Norberto te ama. Eu vi a diferença logo que cheguei aqui. Vocês estão sempre juntos, ele te trata com respeito, com carinho. Vi o modo como te olha. Eu nunca tive isso com Luiz.Antes ela não queria ver que Luiz era sim uma pessoa ruim, de hábitos ruins. Deixou que sua paixão inicial intereferisse e não viu os sinais que estavam claros. Ele sempre reclamava das pessoas e en
Parte 5...— Não quero que fique mal por causa disso. Eu não estou mais com ele há mais de oito meses, só que ele continuou me perseguindo, prometendo que ia mudar – esfregou o rosto com as mãos — Não acredito mais, cansei.— Sinto muito. E não deve acreditar mesmo. Se não mudou até hoje, não muda mais.— Aprendi a fazer um monte de coisas sozinha porque não podia contar com ele. Limpava a casa inteira, pagava as contas, mentia quando os cobradores apareciam atrás dele – puxou o ar e soltou devagar — Até trocar uma simples lâmpada tinha que fazer sozinha.— Até troca pneu sozinha – ela brincou para diminuir a tristeza dela.— Isso também – deu uma risadinha sem graça — Luiz inventava muitas desculpas e eu aceitava... Antes. O que ele mais diz