Início / Romance / Doce Provocação / O início da dança.
O início da dança.

Marina,

Fui abandonada ainda criança em um orfanato. Não me lembro muito, tinha apenas cinco anos de idade. Tudo que eu sei foi o que as freiras me contaram. Mas o bom é que dentro desse orfanato, conheci uma pessoa muito especial. Não sabia que nossa amizade seria tão intensa, mas foi e é até hoje.

Crescemos juntas como duas irmãs inseparáveis. Ninguém queria nos adotar, já que éramos grandes, mas não sentíamos falta de ter pais, pois uma supria a necessidade da outra. Até mesmo quando as freiras brigavam com a gente, estávamos unidas.

Luma é mais velha que eu por dois meses, então ela completou 18 anos primeiro e saiu do orfanato. Sempre vinha me visitar. Disse que encontrou um emprego, e já tinha casa para nós duas morarmos. E assim que completei os meus 18 anos, ela veio me buscar e fomos morar juntas, pois não tinha nada que faria a gente se separar.

— Má, só não se assuste, pois sem faculdade, não consegui um trabalho em nenhuma empresa. Menti para as freiras, para não brigarem comigo. Mas foi o que eu encontrei.

— Do que está falando, Lu?

— Olha, não fique brava, mas virei garota de programa. Assim estou ganhando dinheiro.

— Mas, Lu, isso... Isso não é errado?

— Errado é passar fome. Olha, não vou fazer você fazer o mesmo que eu. Pode procurar um emprego digno, se conseguir, sorte sua. — Fico pensando. A gente sempre prometeu ficar uma do lado da outra, nunca largar. Se eu conseguir outro emprego, pode ser que nossa amizade esfrie.

— Onde é o seu trabalho? — Ela pega na minha mão, e subimos no ônibus. Ela vai me contando tudo, como é, como foi o primeiro homem dela, o que tem que fazer para não engravidar e nem pegar uma doença. Esse tipo de conversa nunca tivemos antes.

— Chegamos! — Descemos do ônibus, virando uma esquina e dou de cara com um clube com a fachada na cor lilás. Tem alguns letreiros, mas como está de dia, estão apagados.

Entramos no clube. Está vazio, só algumas mulheres limpando o grande salão.

— Posso trabalhar como faxineira aqui. Lembra que no orfanato eu era a melhor em limpar tudo?

— Não tem faxineira. Toda semana é escalada as meninas que trabalham à noite para fazer a limpeza. Mas, se você não quiser ter relação com homens, posso falar com o chefe e você pode ser dançarina. Elas ficam no pole dance, às vezes dançam particular para os homens ricos, mas não se prostituem, só se quiser ter um extra.

— Sou boa na dança também. Lembra que dançávamos no orfanato?

— Bom, a dança aqui é diferente, mas eu vou te ensinar. As meninas me ensinaram, e eu vou passar tudo para você. Vem, o chefe deve estar na sala dele. — Subimos as escadas até uma única sala no andar de cima. Ela b**e na porta, e ele manda a gente entrar. Vejo uma mesa, e atrás dela está ele sentado. Atrás dele, uma grande parede de vidro, onde dá para perceber que dá para ver o salão.

— Essa é a sua irmã, Luma? — Ela concorda com a cabeça. — Ela é bonita, vai ter bastante clientes. Ela também é virgem?

— Então, senhor, é sobre isso que queria conversar com você. A minha irmã não quer fazer programas, mas ela quer ser dançarina da boate. Posso ensinar tudo para ela, se o senhor a contratar.

— Que desperdício, ganharia muito dinheiro, moça. Tem certeza que não quer?

— Tenho sim! — Já estou suja só de entrar nesse lugar. Imagino até as freiras entrando aqui, e puxando as nossas orelhas para fora e brigando com a gente.

— Tudo bem, pode começar na sexta. Está contratada. Luma, não esquece de ensinar tudo para ela, e se algum dia quiser fazer programa, venha conversar comigo primeiro, pois posso te dar um bom dinheiro pela sua virgindade, igual fiz com a Luma.

Concordo com a cabeça, mas acho que não farei isso nunca. Ele manda eu assinar um contrato de admissão, e saímos da sala dele, para irmos para casa. Chegamos, e ela já vai falando.

— Com o dinheiro que ele me deu, eu pude pagar cinco meses de aluguel da casa, comprar os móveis e muitas roupas para nós. Temos bastante comida também, não vai faltar nada para nós duas. — Sorrio, e ela me leva até o meu quarto, e me mostra o dela. Manda eu descansar, pois amanhã mesmo começaremos as minhas aulas de dança.

(...)

Nunca pensei que fosse tão difícil dançar em uma barra de ferro. A gente acha fácil só de ver, mas é muito difícil. Nos primeiros dias, eu dançava apenas no palco, do jeito que Luma me ensinou, e com um mês, eu comecei a me entender com a barra de ferro. Viramos grandes amigos, o poste e eu, e nada mais me impedia de dançar.

Meu primeiro cliente na dança particular foi bem tensa. Errei alguns passos, mas depois dele, eu virei uma profissional do pole dance. Até que um dia, senti olhos em cima de mim. Normalmente, eu não gosto de ter essa sensação, mesmo estando no palco, onde todos podem me ver. Procurei pelo salão, e vi um homem olhando para mim de uma forma que nem piscava.

Ele se aproxima, me chama para dançar para ele, e eu faço, dando o melhor. Ele é lindo, atraente e tem um porte de sedução e ao mesmo tempo de seriedade. E quando ele não gostou da minha resposta por não fazer programa, jogou o dinheiro no chão e saiu.

O que Luma e eu ganhamos aqui na boate é o suficiente para nós sustentar, não preciso dessa humilhação que ele fez comigo. Pego a nota, falo com a Luma e mando ela entregar para ele. Ela vai, e com alguns minutos, os dois sobem para o quarto. O mais incrível é que ele foi olhando para mim, como se estivesse tentando me fazer ciúmes. Coitado, é mais fácil eu sentir ciúmes da Lu do que dele.

(...)

Alguns minutos depois, ela passa correndo até o gerente. Fico preocupada, já que ele parece estar desesperada. Desço do palco, e só escuto ele falar.

"Vai embora, procura uma farmácia e toma a pílula do dia seguinte, não estrague a sua carreira agora, Luma."

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App