Marina,
— O senhor é muito atirado, e é o tipo de homem que eu devo correr. — Ele fica sem entender, e para me olhando com uma expressão de desentendido. — Sei que deve falar isso para todas as mulheres. Então, peço que volte a se sentar na cadeira para que eu possa trabalhar. — Eu não preciso dizer isso a mulher nenhuma, já que todas se jogam em cima de mim. Porque você é diferente? — Eu sei que o trabalho aqui não é digno, mas não quero me sujar mais do que isso. Você pode ficar pelado, pode bater punheta ou fazer o que quiser, desde que fique em seu lugar. Não sou garota de programa, mesmo trabalhando aqui. Sou uma dançarina de pole dance, e isso é tudo. Ele levanta as mãos em forma de rendição, e volta a se sentar na cadeira. Fecha a calça e coloca uma perna em cima da outra. Seguro na barra de ferro, e volto a dançar. Algumas horas depois, minhas pernas começam a doer, mas vai valer a pena o dinheiro que vou ganhar dele. Vou poder pagar o meu aluguel, pagar a Karen e comprar algumas coisas para o meu bebê. O problema é na hora que eu vou subir e travar as minhas pernas no poste. Parece que falhou, e eu caí de costas no chão. — Você está bem? — Ouço a sua voz, e sinto as mãos dele me ajudando a me sentar. — Chega, vamos parar, não precisa mais dançar. — Não, você pagou, e eu preciso do dinheiro. Vou só beber um copo de água, e eu continuo... — Não! Vamos ficar aqui conversando, não precisa mais dançar, vem. — Ele me pega no colo e me leva até a cadeira e me senta. Sai da sala e volta com alguns minutos com uma garrafa de água na mão e me entrega. — Como é o seu nome? — Marina. — Porque começou a dançar em uma boate? Bebo a água tentando não falar do meu passado, até porque, eu acredito que não precisamos ter esse tipo de conversa. Eu sou a dançarina e ele um cliente. — Só quero passar o tempo, afinal, ainda temos mais de três horas para ficarmos aqui. — Fui abandonada em um orfanato com cinco anos de idade. Depois que sai de lá, esse foi o único emprego que encontrei. — Mas você trabalha na empresa, porque está aqui? — Eu tenho uma razão muito forte para trabalhar nos dois empregos. E já disse, não trabalho na sua empresa, e sim na agência. Eu posso estar lá amanhã e depois estar em outro lugar. Vou aonde a minha patroa me mandar. Ele me olha com tanta intensidade, que chega a fazer o meu corpo todo arrepiar. Abaixo a minha cabeça, pois não consigo sustentar o olhar dele. Eu nem queria encontrá-lo novamente. Saí de sua casa correndo para não dar de cara com ele. Limpei a sua sala, tentando não mostrar o meu rosto, mas acho que chamei muito a sua atenção. — Posso saber que razão é essa? — Não posso contar para ele sobre o Dante. É filho dele, se ele souber, vai tirar ele de mim e levar para bem longe. Não posso deixar isso acontecer. — Já estou melhor, vou voltar a dançar para o senhor. — Tento me levantar, mas ele me segura e faz eu me sentar novamente. — Fica sentada. Olha, não sei quanto você ganha na agência, mas posso te contratar na empresa diretamente. Sei que vocês só ganham uma porcentagem, por isso, sempre pago a mais pelos trabalhos. Se trabalhar direto na empresa, terá um bom salário e talvez não precise mais vir para cá. — Obrigada, senhor, mas eu não posso aceitar. Tanto aqui na boate como na agência, eu faço o meu horário de trabalho. Se eu não quiser trabalhar amanhã, eu não venho. Se eu precisar, eu venho. Não sou presa a nenhum dos dois, entende? — Não quer ter um trabalho só? Não te entendo. — Tenho uma prioridade, mas agradeço a oferta, senhor. — Ele morde o interior do lado esquerdo debaixo da boca, o que o deixa mais lindo do que já é. O celular dele começa a tocar. Ele se levanta e pede para eu esperar um pouco. — Oi pai... Não, eu não... Não pai, não gastei com mulheres... Não, eu gostei com... — Ele olha para mim e sorri. — Gastei com a minha namorada... Sim, vou apresentar para vocês. Não se preocupe. Ok, vou esperar. Até mais. — Ele desliga o telefone e olha para mim sorrindo. — Vou precisar da sua ajuda. — Com o que? — Preciso que finja ser a minha namorada, por pelo menos um dia. — Ergo uma sobrancelha para ele e nego com a cabeça. — Vamos fazer o seguinte. Quanto você recebe por semana nos dois empregos? — Uns mil ou dois mil dólares, depende. — Minto, pois quem me dera receber tudo isso em uma semana. — Te contrato para ser a minha namorada por uma semana, te dou 25 mil agora e 25 no final do contrato. — Abro a boca e fecho sem entender. — Não vai precisar ir todos os dias, só quando eu te convidar, pois meus pais estão vindo para cá, e querem descobrir se eu estou falando a verdade. — Não é melhor o senhor namorar alguém de verdade do que fazer isso? — Seria, mas levaria muito tempo. Fora que meus pais são espertos, e eu preciso de alguém como você, que saiba fingir bem até mesmo quando algo está incomodando, ou machucando. — Ele passa a mão na minha perna. — Vamos lá, minha proposta não é tão ruim, é? Penso em tudo que ele falou, e 50 mil dólares me fariam a mulher mais rica desse mundo. Exagerei, eu sei. — Topa? Pensa que vai ficar de folga desses dois trabalhos enquanto trabalha para mim. — Tem condições. Não vou dormir na sua casa, não vou dormir na sua cama, e não pode me tocar na frente dos seus pais. — Vou ter que te tocar e te beijar, ou eles não vão acreditar. Mas sobre não dormir, eu estou de acordo, a não ser que você queira. — Ele estende a mão para mim, e eu fico pensando. Fecho ou não fecho esse acordo com ele?Marina,Olho para a mão dele que está estendida, esperando para que eu toque. Penso, penso, até que resolvo aceitar. Levanto a minha mão e toco na dele.— Eu vou te respeitar, você vai decidir as regras, pode deixar.— Assim eu espero. — Ele se levanta e pega na minha mão, fazendo eu me levantar também. Segura em minha cintura, e me dá um beijo no rosto.— Vamos embora, não precisa ficar mais aqui presa.— Tem certeza? Você pagou...— Eu sei, mas você se machucou, vamos embora. Espera, me dá seu número de celular primeiro. — Ele me dá o celular dele, e eu anoto o meu número e entrego para ele. Ele segura na minha mão, e vai me levando devagar até a saída da sala. Beija a minha mão, e vai embora. Fico sem entender muito bem tudo que aconteceu aqui dentro.Fui apenas para dançar para ele a noite toda, e saí com uma proposta de ser sua namorada de mentirinha. Já ouvi falar que todo rico é doido, mas esse, passou dos limites. Subo no palco, e continuo o meu trabalho, afinal, não posso ir
Ethan,Está com ela no momento que o meu pai me ligou, foi perfeito. Se fosse combinado, não teria dado tão certo. Bom, vou juntar o útil ao agradável. Vou tirar meu pai da minha cola, e de prêmio, vou conhecer melhor a Marina e tê-la sempre ao meu lado, sempre que eu quiser.Chego em casa, tomo um banho, e me deito para dormir um pouco. Depois de conversar com ela, estou até com o corpo mais relaxado. Mal fecho os meus olhos e já sou despertado com o meu celular tocando. Atento sem abrir os olhos.— Estaremos saindo daqui de madrugada para ir na sua casa conhecer a sua namorada. — Meu pai fala sério na linha. — Mas se você estiver mentindo, se prepare, pois vou bloquear a metade do dinheiro que você tem no banco, isso se eu não tirar logo tudo.— Pai, o senhor é muito controlador. Porque não deixa eu viver a minha vida do jeito que eu quero? — Ele fica mudo na linha por um tempo, mas quebra o silêncio quando eu o chamo.— Eu já fui como você, já fiz tudo isso que você está fazendo. E
Marina,A mãe dele é um amor, tão fofinha, parece até um docinho em forma de pessoa. Mas o pai dele, parece mais um carrasco. Não me lembro dos meus pais, não sei se eram desse jeito comigo antes de me deixarem no orfanato, mas se eu tivesse um pai desse, eu faria a mesma coisa que o Ethan, sumiria no mundo.— Me responda, Marina.— O senhor está equivocado, Ethan não me pagou nada. — Me sinto mal por estar mentindo, mas eu já fiz um acordo com o Ethan. Não posso quebrar assim. Fora que eu não sei o que esse pai vai fazer com ele, caso descubra a verdade. — Ethan, eu vou embora. Depois você me liga e a gente conversa.— Não precisa ir embora... — A mãe dele fala, se levantando do sofá e ficando na minha frente. — James vai parar com essas coisas, não vai, James?Olho para ele, que levanta as mãos em forma de rendição, mas para falar a verdade, eu não estou confortável aqui. Não deveria ter aceitado esse acordo. Deveria ter negado, e ter ficado com o meu filho em casa.— Mesmo assim, a
Marina,Ao chegarmos, ele desce primeiro e abre a porta para mim, pega a bolsa e me conduz até a porta de entrada. Ele a abre, e me leva até a sala, onde os dois estão sentados. Eles olham para mim, e os olhos da mãe dele seguem direto para o Dante.— Quem é esse pequeno? — Ela se levanta e se aproxima mais de nós.— Ele é meu filho. — Ela olha para trás, para o pai do Ethan, e volta a olhar para mim.Ela estende a mão pedindo para pegar ele no colo, e mesmo apreensiva, eu deixo, já que o Dante logo sorri, se arreganhando para ela.— Nossa, ele é igualzinho ao Ethan quando era bebê. — Meu coração para de bater. Eu preciso sair daqui, ir para bem longe com o meu filho. O pai dele se levanta e se aproxima de nós dois, e olha bem para o Dante.— É seu filho, Ethan?— Não, mas considero como se fosse, já que é filho da minha namorada. — Fecho os meus olhos e sinto o suor escorrendo na lateral da minha testa. Parece que tudo está desmoronando sobre a minha cabeça. — Mas a semelhança é apen
Ethan,Ela olha de um lado para o outro antes de responder, mas eu não saio sem sua resposta. Preciso ver ela dançando, preciso dela como um sedento precisa de água.— Eu não sei, não quero transformar a minha casa em um bordel. Meu filho mora aqui, e eu não quero desrespeitá-lo.— Não vai, você diz que não faz programa, e não vai fazer. Você só vai dançar. Por favor, me deixe te ver pelo menos dançando, já que não posso te ver de outro jeito, e nem te tocar da forma que eu quero. — Seguro em seu queixo, e ela abaixa a cabeça sorrindo. — Eu pago essa dança, o valor que você pedir.— Tá, vou dançar. Me espera aqui sentado e não se mexa. — Me sento no sofá, e ela segue para o quarto. Tô doido para fumar, mas, não posso fazer isso aqui na casa dela. Um dia vou fazer ela dançar para mim na minha casa, assim vou me sentir mais à vontade.— Vou lá fora rapidinho fumar.Quando eu penso em me levantar, ela aparece com um sobretudo preto e um salto. Fico animado, mas ficaria mais se por debaix
Ethan,Quem me dera se o Dante fosse o meu filho, assim eu teria ido ao céu por ter a Marina em meus braços. Nego com a cabeça, e meu pai me olha desconfiado.— Sua mãe pegou uns fios de cabelo dele. Vai fazer o exame de DNA. Espero que não esteja mentindo para mim, Ethan.Essa culpa eu não vou carregar. Não tem a mínima condição do Dante ser meu filho. Vou até a sala de jantar, e tomamos café juntos.— Vamos voltar para a Califórnia ainda hoje, vamos fazer o exame lá.— Ah não, James. Vamos fazer aqui. Eu já separei tudo para levar ao laboratório.— Lá é melhor, docinho. Aqui pode haver manipulação. — Ele fala olhando para mim. Nego com a cabeça e termino de comer.Minha mãe pede para ir buscar a Marina e o Dante, para ficar aqui e levar eles até o aeroporto, pois ele acredita fielmente que o Dante seja meu filho. Não gosto de deixar minha mãe triste. Seria o primeiro neto dela, mas, não tem como. Ela vai se surpreender com o resultado.Sigo para a casa da Marina, e assim que ela abr
Marina,A noite chega. Estou arrumada, e o Dante já está com a Karen. Estou na sala esperando ele chegar para esse tal jantar. Ethan é tudo que uma mulher poderia querer. Ele é lindo, rico, e cavalheiro, mas eu não sei se me sinto segura com ele. Afinal, querendo ou não, ele está buscando uma mulher que trabalha em um bordel. Poderia fazer isso outras vezes.Essa obsessão dele por mim pode se virar logo para outra. Talvez só esteja no meu pé porque eu não o quis. Luma sempre me dizia que o homem fica doido quando não consegue algo, mas depois que consegue, acaba perdendo o interesse. E esse é o meu medo: de me entregar, ficar toda apaixonada, e ele simplesmente sumir, indo atrás de outra.A buzina toca, e eu saio de casa indo de encontro com ele. Ele desce, abre a porta para mim sorrindo.— Está muito linda. — Sorrio com vergonha e me sento no banco ao lado do motorista. — Espero que goste do jantar e da nossa conversa.— Sobre o que iremos conversar?— Calma. Será durante ou depois d
Marina,Fecho os meus olhos, já esperando o pior. Ouço o carro parando, mas vejo ele indo embora em seguida. Sinto braços tocando em mim, e começo a gritar.— Me solta, não me machuca, por favor...— Calma, Marina, sou eu. — Olho para trás e começo a chorar. Ele me levanta, e eu o abraço bem forte. Mas, depois me lembro que isso foi por culpa dele que me largou sozinha no restaurante, e o empurro.— Você é um covarde. Me deixou sozinha naquele fim de mundo, sabendo que eu não poderia ir para casa dali.— Eu sei, me desculpa. Por isso voltei. Vi você correndo e vi o carro que estava te seguindo. Peguei a placa e vou denunciar. Vem, deixa eu te levar para casa. Me desculpa.Entro no carro, não por ter perdoado ele, mas porque não quero passar por isso de novo. Seguimos em silêncio. Eu nem olho para ele, mas fico imaginando tudo que poderia ter acontecido comigo se ele não tivesse chegado naquela hora.Ele para o carro de frente para minha casa, e sem olhar para ele, eu desço correndo e