Marina,Fecho os meus olhos, já esperando o pior. Ouço o carro parando, mas vejo ele indo embora em seguida. Sinto braços tocando em mim, e começo a gritar.— Me solta, não me machuca, por favor...— Calma, Marina, sou eu. — Olho para trás e começo a chorar. Ele me levanta, e eu o abraço bem forte. Mas, depois me lembro que isso foi por culpa dele que me largou sozinha no restaurante, e o empurro.— Você é um covarde. Me deixou sozinha naquele fim de mundo, sabendo que eu não poderia ir para casa dali.— Eu sei, me desculpa. Por isso voltei. Vi você correndo e vi o carro que estava te seguindo. Peguei a placa e vou denunciar. Vem, deixa eu te levar para casa. Me desculpa.Entro no carro, não por ter perdoado ele, mas porque não quero passar por isso de novo. Seguimos em silêncio. Eu nem olho para ele, mas fico imaginando tudo que poderia ter acontecido comigo se ele não tivesse chegado naquela hora.Ele para o carro de frente para minha casa, e sem olhar para ele, eu desço correndo e
Marina— Posso te beijar? — Ele fala com a postura, o nariz roçando em meus lábios. Empurro ele, e seus olhos se perdem nos meus.— Não. Você foi um mimadinho ontem, e quase acontece o pior comigo. Você me tirou de casa e me largou na rua, como muitos fazem quando abandonam um cachorro. Eu só vim trabalhar hoje, porque você exigiu para ser eu, e a minha patroa não queria me dar outro emprego. Então, vim praticamente obrigada para cá.Ele fecha os olhos, puxa o ar lentamente e depois solta com tudo. Repete mais uma vez, e eu aproveito a deixa para me abaixar e sair do seu aperto. Pego o carrinho, e ele olha para trás, me vendo indo embora, sem falar nada.Esse cara deve ter sérios problemas mentais. Uma pessoa normal não reage dessa forma. Como que ontem ele sai do restaurante todo irritado, e depois fica fazendo essas cenas, tentando me seduzir? Ou é loucura só para me levar para a cama, ou é distúrbio psicológico.Nem consegui limpar o chão da sala dele. Só falta ele fazer reclamar c
Ethan,Depois que eu terminei os estudos, fui obrigado pelo meu pai a fazer faculdade de administração, pois ele sempre me disse que eu ocuparia o seu lugar na empresa aqui na Califórnia. Mas a verdade é que eu não gosto muito dessas coisas de obrigação.Gosto mesmo é de curtir a minha vida, mas ele sempre tenta me segurar para não passar dos limites. Muitas vezes eu fugia de casa só para ir para as baladas, e como dinheiro compra tudo, conseguia entrar em qualquer uma. Mas, meu pai parecia ter colocado um rastreador em mim, e sempre me buscava e me levava para casa.Não gosto desse controle que ele está querendo ter sobre mim. A vida é minha, e eu devo fazer as minhas escolhas. Mas, percebi que eu só ia ter a minha liberdade mesmo, quando eu terminasse a faculdade que ele tanto queria. Pensei que, depois de formado, e trabalhando na empresa, ele me deixaria em paz, e eu poderia conciliar trabalho com diversão.Tentaram até trazer algumas mulheres aqui, para fazer um casamento, mas ne
Ethan,Ela vem ao meu chamado, e se abaixa para me ouvir.— Dança para mim, em particular?— Aí sai mais caro, chefe.— Eu pago! Pago o preço que você pedir. — Ela sorrir e aponta para o lado. Vou até lá e falo com a gerência. Pago 100 dólares para ela dançar para mim por 10 minutos. Ela desde do palco e eu vou atrás dela. Coloco a mão na frente, como se estiver pegando na cintura dela, medindo para ver se meus pensamentos realmente estava certos. Ela abre a porta e manda eu entrar e me sentar na cadeira. Ela vai até o aparelho eletrônico, coloca uma música e começa a dançar no pole dance.As luzes começam a piscar num tom avermelhado, mas eu fico focado nela, pois é tudo que me interessa. Levo o copo da bebida até a minha boca, dou um gole para molhar a minha garganta, que começa a secar com tanto desejo que estou por ela. A dançarina parece desafiar a gravidade quando sobe no poste e dança lá em cima.Ela roda e vai descendo, e, ao pisar no chão, começa a fazer movimentos sensuais.
Marina,Fui abandonada ainda criança em um orfanato. Não me lembro muito, tinha apenas cinco anos de idade. Tudo que eu sei foi o que as freiras me contaram. Mas o bom é que dentro desse orfanato, conheci uma pessoa muito especial. Não sabia que nossa amizade seria tão intensa, mas foi e é até hoje.Crescemos juntas como duas irmãs inseparáveis. Ninguém queria nos adotar, já que éramos grandes, mas não sentíamos falta de ter pais, pois uma supria a necessidade da outra. Até mesmo quando as freiras brigavam com a gente, estávamos unidas.Luma é mais velha que eu por dois meses, então ela completou 18 anos primeiro e saiu do orfanato. Sempre vinha me visitar. Disse que encontrou um emprego, e já tinha casa para nós duas morarmos. E assim que completei os meus 18 anos, ela veio me buscar e fomos morar juntas, pois não tinha nada que faria a gente se separar.— Má, só não se assuste, pois sem faculdade, não consegui um trabalho em nenhuma empresa. Menti para as freiras, para não brigarem
Marina,Corro até ela e a chamo. Ela olha para trás. Vejo o quanto preocupada ela está.— O que está acontecendo?— Aquele cara lá... Má, estourou a camisinha.— Mas você não toma o remédio?— E se não funcionar? Imagina eu, sendo mãe? Mãe prostituta? Que futuro essa criança vai ter? — Ela passa a mão nos cabelos, e fica pensativa. — Apesar que é meu sonho ser mãe. Aliás, de todas as mulheres, né?— Nem de todas. Se fosse, nós duas não teríamos sido largadas em um orfanato. — Abaixo a minha cabeça, e ela se aproxima de mim e me abraça forte. Ela nunca falou dos pais dela. Não sei se é porque ela é forte e eles realmente não fazem falta na vida dela, ou ela não fala para não me deixar mais deprimida.— Vamos fazer assim. Vou confiar no remédio. Se tiver que acontecer, vai, e nós duas seremos as melhores mães do mundo. Tudo bem? Só que vamos trabalhar bastante, para que eu não tenha que vir grávida e nem pese nas nossas contas.Concordo com ela, e ela parece aliviada. Voltamos à rotina
Marina,Todos os meses venho até o túmulo da Luma visitá-la. Mesmo depois desse tempo todo, minha ficha ainda não caiu. Sempre fomos nós duas em tudo. Agora me sinto tão sozinha. Mesmo com o Dante, não tenho ninguém para conversar, para desabafar, para contar os meus segredos.Luma teve uma tromboembolismo pulmonar, um pequeno coágulo no começo, que foi aumentando depois. Processei o hospital, mas ainda está em andamento o processo. Ganhei a primeira instância, mas eles recorreram e estou esperando.A Karen, a esposa do vizinho que nos ajudou a levar a Luma para o hospital, fica com o Dante para que eu possa trabalhar na boate. Ainda sou apenas dançarina, o que está sendo um pouco apertado para mim, já que não ganho muito. Coloco a rosa sobre o túmulo dela, com lágrimas, me despeço da minha amiga.— Depois eu volto com mais fofoca... — Paro de falar para chorar. — Eu sinto tanto a sua falta, preciso muito de você. Não está sendo fácil, amiga, e se não fosse pelo Dante, eu me juntava a
Ethan,Saio da boate e vou direto para minha casa. Não estou satisfeito, pois eu queria a dançarina, e não a amiga dela. Pensei que ela sentiria até ciúmes, mas não, ela nem ligou por eu levar outra para o quarto. O pior de tudo foi a camisinha ter estourado, mas, como ela disse que toma remédio, eu não preciso me preocupar.Pela manhã, faço a minha higiene matinal e vou direto para a empresa. Preciso valer a minha estadia aqui, para não ter que voltar para a Califórnia. Mas, acho que alguns aqui nem sabiam da minha chegada, já que estão me olhando espantados. Entro na minha sala, e tem um homem sentado nela. Ergo uma sobrancelha, e cruzo os braços.— Em que posso ajudar? — Ele me pergunta, como se não soubesse quem sou eu. Seu olhar me deixa irritado, pois parece até que eu não sou ninguém.— Pode, pode me ajudar se retirando da minha cadeira. Sou Ethan Forth, e sou o CEO da empresa. — Ele arregala os olhos e se levanta. Passo por ele, bato a mão na cadeira e me sento.— Eu não sabia