Marina,Me afasto dele, dando uns passos para trás. Seu semblante está sério, parece que ele não está jogando verde, parece que ele está afirmando com convicção.— Como sabe disso?— Minha mãe desconfiou e fez o exame. Para eles, nossa mentira era isso: que eu não queria compromisso, não queria ser responsável pelo Dante e acabei mentindo que o filho não era meu. Mas nem eu sabia disso. NÃO TINHA IDEIA QUE ELE É O MEU FILHO! — Ele grita as últimas palavras, e eu me assusto de medo.— Não vai tirar o meu filho de mim. Ele não tem seu nome na certidão de nascimento, nada mostra que ele é seu filho.— Isso, a certidão de nascimento. Você e aquela prostituta, registraram ele como um casal de lésbicas. Por isso que até hoje você não quis se deitar comigo, não é? Porque gosta de mulher! — Me aproximo dele para dar um tapa em sua cara, e dou, fazendo um barulho bem alto, que ardeu até a minha mão, ele vira o rosto e olha para mim com mais raiva ainda.— Registramos ele assim porque ele não t
Ethan,O pior não foi ouvir todo o sermão do meu pai, mas sim, ler naqueles papéis que o Dante é meu filho com a prostituta que a camisinha estourou. Eu nem me lembrava disso. Naquela noite, só transei com aquela mulher para fazer ciúmes à dançarina que tinha me deixado louco, mas depois ela jogou um balde de gelo em mim.Mas, agora, estou novamente nas mãos do meu pai, que por obrigação, quer que eu me case com a Marina para assumir o Dante. Eles já descobriram tudo: que ela era dançarina, mas que nunca se prostituiu. Queria saber como o meu tio descobre todas essas coisas.Depois que os meus pais foram embora, me dediquei a beber. Até porque, eu preciso falar com ela, pois meu pai deixou bem claro: "Ou se casa, ou perde tudo".Me senti uma criança, novamente preso nas correntes opressoras dele. Não queria me prender em um relacionamento, ainda mais com ela, que sei agora, que mentiu para mim, e que essa mentira pode custar a minha vida, me levando à falência.Perdi toda a minha libe
Ethan,Seguimos para a casa dela, e assim que chegamos, ela vai correndo para o banheiro. Vou para o quarto e fico sentado na cama ao lado do Dante, que está dormindo. Alguns minutos depois, ela sai só de toalha, com os cabelos molhados. Olho para ela de baixo para cima, mas quando meus olhos se encontram com os dela, eu viro o rosto para o lado.Antes, ela era tudo de bom, pois era algo que eu não poderia ter, como se fosse uma coisa proibida. Mas agora ela será a minha esposa por obrigação. Não posso ver mais ela desse jeito. Ela volta para o banheiro com uma peça de roupa na mão, e com alguns minutos ela sai usando um vestido creme, que combina perfeitamente com ela. Droga, desencanta, Ethan. Larga de ser besta.Ela se senta do outro lado da cama e dá um beijo na cabeça do Dante. Fala com ele enquanto passa as mãos pelas faixas do corpo dele.— Vamos fazer o casamento só no civil, não quero festas. — Ela fala, e eu dou de ombros, pois para mim tanto faz.— Não me importo com isso.
Ethan,Me surpreendi com sua pergunta, mas acho compreensível. Ela queria saber dos pais dela. Concordo com a cabeça, pois o tio Edson encontra tudo. Consegui marcar o nosso casamento para daqui 15 dias, seria tão bom se tudo fosse diferente, se eu quem pedisse a mão dela por vontade própria e não por obrigação.Nós dois parecendo dois estranhos agora, o que não é mentira. No começo nosso relacionamento foi de mentirinha, apenas aquela dança dela que era a única coisa que nos unia de verdade. Mas agora, o que nos une é o Dante.O dia do casamento chega. Minha família toda veio para cá, para Sidney. O Dante já retirou as faixas do corpo. Ele pode ficar no colo, mas não pode ficar andando por causa da perna que ainda não está 100% recuperada. Minha mãe e a Elô ficam com a Marina e o dante, já os homens ficaram tudo comigo.— Até que enfim, o mulherengo vai se casar. Isso prova que o mundo pode ser um lugar bom, significa que o mundo pode mudar. — Eros fala, e eu sorrio para ele sem graç
Marina, A festa acaba, e todos vamos embora para a casa do Ethan. No meio do caminho, ele me fala que a mãe dele já levou as minhas coisas e as coisas do Dante para a casa dele. Apenas concordo com a cabeça, já que não tenho outra opção a não ser morar com ele. Todos entram na casa, e eu pondero do lado de fora, com o Dante em meus braços. Fico imaginando como será a minha vida daqui para frente. Sei que não vou mais me preocupar com as dívidas, ou o que vamos comer, ou como vou comprar as coisas do meu filho, mas ainda sim, me sinto presa. — Vamos entrar? — Ethan pergunta atrás de mim, e eu apenas solto um suspiro longo e seguimos para dentro da casa. — Pode ficar à vontade, a casa agora é sua também. Sem dizer nada, subo as escadas, e ele me aponta onde fica o quarto do Dante. Ele abre a porta, e eu me deparo com um quarto dos sonhos de qualquer mãe de menino. Tudo em azul e branco, com pelúcias de enfeite na parede com nichos. Me aproximo do bercinho e coloco ele deitado. Puxo o
Marina,Começo contando para ela quando a Luma começou a sentir as dores até a hora que saímos do hospital e ela ficou sem ar.— Negligência médica. Você tem o nome da médica tudo certinho?— Eu tenho tudo. O advogado me entregou todos os papéis. Peraí, só tenho que ver onde colocaram eles, porque trouxeram as coisas da minha casa para cá. — Me levanto para ir ao quarto perguntar para o Ethan, mas ele não está aqui. Procuro pela minha caixa, onde está a pasta com o documento, mas eu não encontro.Saio do quarto, e dou de cara com ele. Pergunto sobre os meus documentos, e ele diz que a mãe dele colocou no escritório. Vou até lá, pego a caixa e pego o documento. Volto para a sala e entrego para a tia dele.— Certo. Você ganhou a primeira instância, e agora o processo está parado. Mas sabe o motivo?— Não tenho certeza, mas acho que o processo está parado por falta de pagamento do hospital. Foi a última coisa que o meu advogado me disse.— Vou resolver isso para você. Pode ficar tranquil
Marina,Espero todos irem para a piscina, e digo que vou me trocar para ir também. Esses papéis só podem estar ou no escritório dele ou no quarto. Começo pelo escritório. Vou primeiro nas gavetas, abro uma por uma, mas nada de encontrar. Olho nas prateleiras, e procuro alguma pasta em meio a tantos livros que tem aqui. Pego a cadeira dele, e subo para olhar as prateleiras de cima, mas levo um susto com a voz do Ethan.— Tá procurando o que aí? — Me desequilíbrio e acabo quase caindo no chão. Se não fosse ele me segurar no ar. — O que você está fazendo?— Obrigada por me segurar. — Me levanto do colo dele e me ajeito.— Me responde, Marina.— Eu estava procurando os papéis que o seu tio te entregou sobre mim. Preciso ver se tem uma coisa ali.— Eles não existem mais. Mas o que você quer procurar? — Conto para ele sobre o que o Edson me falou, e ele nega com a cabeça. — Não tinha seus pais no dossiê, só tinha do orfanato para frente.— Será que os meus pais são de algum lugar ruim? Band
Ethan,As palavras dela me doeram. A única coisa que eu não quero é mostrar para meu pai que ele está certo, que o casamento seria o melhor para mim. Mas ao olhar para Marina hoje, só de biquíni, ela seria minha escolha mil vezes. Ela sai da piscina, e eu fico olhando para ela. Ela vai direto até minha mãe, se senta ao seu lado, pega uma toalha, se seca e pega o Dante no colo.— Vai acabar perdendo-a se não parar de maltratá-la só para atingir seu pai — tia Suellen fala ao meu ouvido. — Se quer fingir que não gostou da obrigação de seu pai, arrume outro jeito de mostrar, mas pare de maltratá-la.— Eu não queria esse casamento, tia.— Eu sei. Sei que você queria continuar só na curtição, mas olha a mulher que está ao seu lado, Ethan? Bonita, boa mãe, dedicada, ela é a mulher perfeita, e você sabe disso.— Perfeita? Devo lembrá-la de que ela mentiu sobre meu filho?— Ela te explicou a razão dela? — Meio que concordo com a cabeça. — Eu não quero defendê-la, mas pense: ela era pobre, danç