Capítulo 04

— Steph, vem comer alguma coisa. – Jarbas me chamou, mas eu neguei. 

— Quero apenas um suco de laranja com mel. – Respondi e fechei os olhos.

Um tempo depois, Carol se aproximou e me entregou o copo. Ela disse que eu precisava comer algo, mas mais uma vez disse que não estava com fome. Tomei o suco e entreguei o copo de volta a ela. Peguei meu celular para enviar uma mensagem para João, mas ele disse que não podia falar no momento, pois estava em reunião. Pensei em ligar para minha amiga, mas ela estava tão feliz com a oportunidade que não queria incomodá-la. Felizmente, tenho Jarbas e Carol comigo, senão me sentiria ainda mais sozinha. Olhava para o teto quando Manuella chegou, jogou a bolsa na cama e antes de sair se virou para mim, surpresa.

— O que você está fazendo aqui? – Ela perguntou, fazendo careta.

— Pelo que sei, agora moro aqui – respondi, mas Manuella saiu batendo a porta do quarto e logo ouvi sua voz alta brigando com seus pais.

Levantei-me e fui para a sala, onde ela estava brigando com eles, dizendo que eu não deveria ficar em sua casa e que eu deveria ir para outro lugar.

— Não me interessa se ela não tem lugar para ficar, eu não quero dividir o meu quarto com ela. – Manu me olhava com os olhos faiscando de ódio. 

— Filha, pare de ser teimosa. Steph perdeu tudo e não tem para onde ir. Ela ficará o quanto for necessário – Jarbas disse pacientemente.

— Vocês sempre agem como se fossem os pais dela. Se ela perdeu tudo, como vai pagar vocês? – Manuella perguntou revoltada. 

— Manuella, chega com isso agora. Steph vai ficar aqui e já está decidido – Carol encerrou a discussão.

Manuella saiu pisando duro e eu dei de ombros, voltando para o quarto. Na manhã seguinte, fui tomar banho. Assim que abri a água, soltei um grito. Jarbas e Carol correram para me ajudar, mas começaram a rir.

— Parem de rir, como vocês não têm água quente? – Perguntei.

— Princesinha, anda logo. Eu tenho que tomar banho para ir trabalhar – Manuella me disse, revirando os olhos. Saí do banheiro, recusando-me a tomar banho frio.

— Não temos água quente aqui. Se quiser, posso esquentar um pouco de água e você toma banho de caneca – Carol sugeriu, e olhei para ela chocada.

— Você quer que eu tome banho de caneca? Eu? 

— Bem-vinda à vida comum de uma pessoa comum – Manuella saiu do banheiro, secando o cabelo.

Me sentei no sofá e, como eu precisava ir para a companhia de dança, tive que escolher entre tomar banho quente de caneca ou tomar banho gelado no chuveiro. Optei por tomar banho frio no chuveiro, pois me recusava a jogar água com um caneco.

Depois de pronta, peguei minha roupa de ensaio e a sapatilha. Jarbas perguntou se eu tinha certeza de que iria para o ensaio. Minha vontade era de ficar na cama e chorar, mas tenho um recital em breve e preciso ensaiar. Ele se ofereceu para me levar em seu carro. Embora esteja acostumada a andar em carros diferentes, neste momento não tenho opção.

Enquanto Jarbas me deixava, ele foi procurar emprego, já que não tenho como pagar por nada no momento. Ele me disse que precisamos encontrar um bom advogado para tentar recuperar meu dinheiro. Agradeci a ele e fui para o ensaio. Ao chegar lá, Jully cochichou algo com seu grupo e começaram a rir na minha direção. Aquilo me irritou profundamente. Ensaiamos com afinco, e a professora Lyia parabenizou meu esforço.

Assim que o ensaio acabou, saí da companhia, mas ao colocar o pé na rua, os flashes das câmeras me cegaram e os repórteres me cercaram, pedindo para dar uma entrevista. Perguntaram como me sentia ao descobrir que não tinha mais dinheiro. Eles me cercaram, e eu tive uma crise nervosa, começando a chorar. Jarbas apareceu ao meu lado, mandou todos os repórteres se afastarem e me levou para o carro, partindo rapidamente.

— Desculpe, Steph. Eu deveria ter ficado ao seu lado – Jarbas pedia desculpas, mas eu só abraçava meu joelho, chorando.

Quando meus pais faleceram, eu estava voltando da escola e os repórteres me cercaram, perguntando como me sentia com a morte deles, quando eu sequer sabia sobre o acidente. Jarbas me olhava pelo retrovisor e perguntava se eu estava bem, e eu dizia que sim. Chegamos à casa dele, e fui direto para o quarto, cobrindo-me dos pés à cabeça. Carol tentou conversar comigo, mas eu não queria falar com ninguém. Peguei meu celular para falar com João, mas o que encontrei foram várias manchetes sobre minha ruína. E para piorar, João anunciou o noivado com July. Como assim? Ele nem teve a decência de terminar comigo. As lágrimas inundaram meus olhos, e as deixei cair livremente. Minha vida está desmoronando toda de uma vez, ainda bem que ainda tenho a dança para me dar conforto. 

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