O som do copo de vidro caindo no chão e se estilhaçando quebrou o silêncio, despertando os dois.Alana, assustada, levantou o olhar. Ayla estava com os olhos arregalados e a boca aberta, encarando fixamente as pernas avermelhadas de Alana, como se estivesse em transe.— Ayla? — Chamou Alana, com a voz baixa e suave.— Ah! — Ayla gritou de repente, cobrindo os ouvidos com as mãos, como se tivesse visto algo aterrorizante. Ela começou a recuar, tomada pelo pânico.— Socorro! Socorro! — Ayla gritava, atormentada, mas logo começou a rir histericamente. — Saiam daqui! Saiam! Vão embora! Socorro! Alana, não!Ela pronunciava palavras desconexas, como se estivesse diante de demônios invisíveis.Murilo, com o rosto carregado de preocupação, franziu as sobrancelhas e se apressou em se aproximar de Ayla, tentando segurá-la:— Ayla, sou eu!Mas a voz de Murilo pareceu despertar em Ayla as lembranças mais aterrorizantes de sua mente. Ela começou a se debater descontroladamente, com lágrimas e muco
Isadora se jogou nos braços de Diego, chorando desesperada:— Irmão! Por favor, me tira daqui! Eu não quero ficar neste lugar! Não tem ninguém para conversar aqui!Luana olhou para a filha com o coração apertado:— Isadora, eu e seu irmão estamos muito preocupados com você. Assim que soubemos do que aconteceu, fomos falar com aquela desgraçada, mas ela não quis te soltar de jeito nenhum! E aquele Murilo? Parece que ele decidiu proteger a Alana a qualquer custo. Mas, sinceramente, o que você tinha na cabeça? Como pôde ser tão imprudente a ponto de mexer com alguém da família Coelho?— Mãe! Eu sei que errei! Eu sei disso! Mas, por favor, me tira daqui! Amanhã todos os jornais vão falar sobre como fui levada pela polícia! Você sabe o quanto isso será humilhante? Eu não vou suportar! Irmão, você vai me ajudar, não vai? — Isadora chorava descontroladamente, enquanto segurava a roupa de Luana com uma mão e a manga de Diego com a outra.Por mais que ela chorasse e implorasse, Diego a olhava c
Murilo pensou por um momento antes de responder.— Não, ela nunca foi queimada antes.— Murilo, se Ayla acordar e tiver outra crise, vou providenciar para que ela seja levada diretamente ao hospital. Claro, continuarei ajudando no tratamento dela. — Declarou Alana com seriedade. Murilo assentiu. Ele sabia que podia confiar nela. Depois de tudo o que havia acontecido, Alana já estava exausta. Ela se largou no sofá, respirando com dificuldade. Além da dor na área queimada, uma pontada incômoda começou a surgir em seu abdômen. Era como se uma lâmina estivesse sendo torcida dentro dela. Alana segurou o estômago, encolhendo-se de dor, e Murilo percebeu imediatamente que algo estava errado. — Alana, o que está acontecendo? — Perguntou Murilo, preocupado. — Meu estômago... — Respondeu Alana, com a voz fraca, enquanto o suor escorria por sua testa. Ela estava tão esgotada que mal conseguia falar. — Você tomou o chá de hortelã?— O de hoje, ainda não.Murilo, já acostumado com a rotin
Meia hora antes, Alana tinha tentado ir até a cozinha para preparar algo para comer, mas a dor em sua perna era insuportável. Sem alternativa, ela acabou ligando para Luiza pedindo ajuda.Enquanto descansava, Alana contou para Luiza tudo o que havia acontecido no concurso, desde o momento em que Isadora jogou café quente nela até o episódio na enfermaria, quando Diego apareceu para confrontá-la.Luiza ouviu tudo com uma expressão de indignação crescente.— Que bando de desgraçados! Essa vaca da Isadora, eu nunca fui com a cara dela! Quando você ainda era cunhada dela, ela já vivia te tratando como uma empregada, como se você fosse a babá dela! E agora que você já se separou daquele traste do Diego, ela ainda quer arranjar confusão com você? Essa mulher é podre até o último fio de cabelo! — Acho que ela queria usar esta competição para provar que é melhor do que eu. Mas roubar as questões foi longe demais. Isso é crime. — Explicou Alana com calma. — Crime? Eu chamo isso de pura burr
— Assine.A voz fria e grave soou acima de sua cabeça, enquanto uma folha de papel era colocada diante dela. Era um contrato de divórcio. Alana Alves ficou levemente atônita, levantando os olhos para encarar Diego Arruda. Um sorriso amargo surgiu em seus lábios.Então era isso... Não era à toa que, mais cedo, ele havia feito algo completamente inusitado: ligou para ela pela manhã, dizendo que voltaria para casa à noite porque precisava conversar.Ela passou o dia inteiro ansiosa, cheia de expectativas. Pensou que, talvez, depois de três anos de casamento, ele finalmente estivesse disposto a abrir seu coração para ela. Mas, no fim, o que ele tinha a dizer era isso. O ponto final em um casamento que, para ela, já durava uma eternidade, mas, para ele, nunca havia começado de verdade.Alana pegou os papéis sem dizer nada. Seus dedos apertaram levemente as folhas, enquanto ela permanecia em silêncio. Depois de um momento, sua voz saiu rouca:— Tem mesmo que ser assim?Diego franziu as sobra
Alana ouviu a conversa do lado de fora do escritório e abaixou os olhos. Durante todos esses anos como parte da família Arruda, ela sempre se esforçou ao máximo para cuidar de Luana, sua sogra, e de Isadora, a irmã caçula de Diego.Quando Isadora sofreu aquele acidente de carro e precisou passar por uma cirurgia delicada, foi Alana quem ficou noites inteiras no hospital, cuidando dela. Para Luana, ela sempre teve paciência e respeito, tratando-a com o máximo de atenção. Mas, no fim das contas, tudo isso não fez a menor diferença. Não importava o quanto se dedicasse, o desprezo dos Arruda por ela nunca mudou.Pouco depois, o celular tocou. Era Luiza Duarte, a voz dela soava um pouco cansada:— Alana, você realmente não vai? Eu me lembro que você adorava caçar ao ar livre. Sem falar que é sempre uma boa desculpa para dirigir como louca.Alana ficou um instante em silêncio, surpresa. Algumas lembranças vieram à tona, como se alguém tivesse puxado uma corda esquecida em sua mente.Antes de
Sob o olhar atônito de Isadora, Alana segurou a mala com firmeza e saiu sem olhar para trás.Assim que deixou os Arruda, avistou Luiza abaixando o vidro do carro. Ela inclinou a cabeça para fora e, com um sorriso radiante, mandou-lhe um beijo no ar:— Amor, entra logo no carro! Hoje você vai comemorar comigo.Embora tivesse falado em comemoração, Luiza sabia bem que o coração de Alana ainda estava pesado por causa do divórcio. Por isso, resolveu levá-la a um restaurante com temática musical, onde pudessem conversar e descontrair. Ao descobrir o motivo da separação, Luiza não conseguiu conter a indignação:— Foi por causa da Telma de novo? Mas que coisa absurda! O que o Diego viu nela, afinal?Alana mexia lentamente o café com a colher, a voz saindo preguiçosa:— Não sei…Alana nunca chegou a conhecer Telma, a mulher que parecia ser a eterna "primeira-amor" no coração de Diego. Quando Telma foi para o exterior, Alana ainda não fazia parte da vida dele. Tudo o que sabia vinha de rumores:
Alana parou os passos. Sua expressão permanecia tranquila, mas ela não estendeu a mão para retribuir o cumprimento. O rosto de Telma ficou levemente rígido.Ao lado, Diego abriu a boca para quebrar o silêncio, com a voz baixa e grave:— O vovô ficou sabendo da gente. Ele pediu para você ir jantar hoje à noite. Seu celular estava desligado, então vim te buscar.— Entendi. — Alana olhou para o celular e confirmou que estava desligado. Assentiu com a cabeça. — Vou carregar a bateria. Daqui a pouco eu vou.O subtexto era claro: ela não planejava ir junto com eles.Diego franziu as sobrancelhas:— Que tal eu esperar você aqui em baixo?Alana interrompeu-o com um sorriso leve:— Não precisa. Eu vou sozinha.Diante do silêncio dele, Alana desviou o olhar para Telma e lançou calmamente:— E amanhã, às nove da manhã, se você estiver livre, podemos ir buscar o certificado de divórcio.Por algum motivo, Diego sentiu uma inquietação crescer em seu peito:— Está com tanta pressa assim?Alana assen