Eu teria rido… se não estivesse ocupada demais tentando não ser atingida por uma nuvem de farinha.
O bolo já estava no forno, mas minha avó não parecia satisfeita.— Agora, precisamos de um bom suco de laranja! — anunciou com entusiasmo, batendo as mãos.Eu soltei um suspiro discreto, sentindo o cansaço tomar conta de mim. Fazer o bolo já tinha sido uma missão caótica, e agora, espremedores de frutas surgiam na bancada como se estivéssemos prestes a iniciar outro ritual culinário.— Vovó… — tentei intervir, mas ela me ignorou completamente.Ethan, que até então estava ajudando a organizar os utensílios, inclinou-se para mim, sussurrando com um sorriso malicioso.— E eu achava que você era teimosa.Lancei-lhe um olhar de advertência.— Você não faz ideia.Ele riu baixinho e se afastou antes que eu pudesse dar um empurrão nele.Minha avó pegou uma laranja e tentou espremer com as próprias mãos, mas seus dedos frágeis não tinham força suficienteAlec, ainda visivelmente confuso, abriu a boca para protestar, mas minha avó, doce e frágil por fora, simplesmente o empurrou com firmeza para dentro da cozinha.— Vamos, vamos! Nada de ficar parado feito uma estátua! — ela exclamou, como se ele fosse um neto teimoso que precisava ser guiado.O olhar de Alec oscilou entre mim e Ethan, buscando alguma forma de escapar, mas Ethan, ao invés de ajudá-lo, apenas cruzou os braços e observou a cena com um sorriso divertido.— Eu não acredito nisso… — Alec murmurou, sem conseguir se desvencilhar da determinação de Abigail.— Acredite, meu caro irmão, — Ethan disse, pegando um copo de suco e se encostando preguiçosamente no balcão — você acaba de ser recrutado.Minha avó bateu a colher de pau contra o balcão para chamar a atenção de Alec.— Ora, rapaz, você parece forte! Pegue as torradas, veja se não estão queimando!Alec piscou algumas vezes, como se ainda processasse o fato de estar sendo comandado por uma senh
Minha avó, que até então estava ocupada com a massa do bolo, ergueu a cabeça e olhou para Alec com aquela expressão travessa que só ela conseguia fazer.— Então você é o irmão mais novo do Ethan, não é?Alec arqueou uma sobrancelha, claramente sem saber para onde aquela conversa estava indo.— Bom… na verdade sou o segundo mais novo. Então sou mais velho que ele.— Hm. — Abigail o avaliou como se estivesse analisando uma fruta no mercado. — Bonito, mas tem cara de quem se preocupa demais.Alec piscou, pego de surpresa.— O quê?Minha avó apenas sorriu, voltando sua atenção para a massa.— Deixe de ser tão sério, menino. Vai acabar com rugas antes da hora.Ethan soltou uma risada baixa enquanto Alec fechava a cara, mas antes que ele pudesse retrucar, minha avó bateu as mãos na bancada, animada.— Muito bem, já chega de enrolação! Precisamos de mais suco de laranja para acompanhar nosso café. Aquele que fizeram não foi suficiente!Ela se vir
Eu suspirei.Eu fechei os olhos por um segundo, tentando reunir toda a paciência que ainda restava dentro de mim. Quando os abri novamente, Ethan e Alec continuavam congelados no lugar, as mãos parcialmente erguidas, segurando as últimas laranjas como se ainda considerassem atirá-las.Os cozinheiros, por outro lado, pareciam estátuas de cera — imóveis, incrédulos, provavelmente reconsiderando suas escolhas de vida.Minha avó, indiferente ao caos ao redor, caminhava pela cozinha distraída, mexendo em potes e pratos como se estivesse tentando lembrar de algo importante.— Meu Deus, eu já vi muita coisa nessa vida, mas isso… — Um dos chefs murmurou, passando a mão pelo rosto.Soltei um suspiro profundo, sentindo a exaustão precoce do dia pesar sobre mim.— Ok, chega. Vocês dois, larguem as laranjas e parem com essa infantilidade imediatamente.Ethan e Alec se entreolharam, ainda parecendo duas crianças travessas que foram pegas no flagra.— Mas, Lila… —
O escritório de Ethan era um contraste gritante com o caos animado da cozinha. Aqui, tudo era organizado, impecável, dominado pelo aroma amadeirado do móvel escuro e pelo leve cheiro de couro da poltrona em que ele estava sentado. Ou melhor, em que nós estávamos.Meu corpo estava no colo dele.Não foi algo planejado. Foi natural, como se já tivéssemos feito isso inúmeras vezes. Como se pertencesse a esse lugar, a esse momento.Mas eu não pertencia.Meu coração disparava com a intimidade repentina, martelando tão forte que eu tinha certeza de que Ethan e Alec podiam ouvir. Eu tentava parecer calma, fingir que a posição não me afetava, que o braço de Ethan ao redor da minha cintura não estava queimando minha pele através do tecido da blusa. Mas cada célula do meu corpo estava consciente dele. Da forma como sua respiração era lenta e controlada. Do calor sólido e constante que ele emanava.E ele não parecia minimamente afetado.Alec, por sua vez, ergueu uma sobr
O silêncio que ele deixou para trás foi quase sufocante. Eu tentei recuperar o controle da minha respiração, tentei ignorar o fato de que meu corpo ainda estava tenso contra Ethan, mas ele não facilitava em nada. Ele parecia confortável demais comigo ali, como se eu pertencesse àquele espaço, como se não houvesse nada de errado em me segurar daquele jeito. Mas havia. Havia algo profundamente errado no jeito que meu coração disparava toda vez que ele se movia. Meu coração ainda estava disparado, cada batida ecoando dentro de mim como um tambor frenético. Eu podia sentir o calor irradiando do corpo de Ethan contra o meu, cada parte dele encaixada em mim de um jeito que parecia natural demais. E então ele se moveu. Um movimento pequeno, quase imperceptível, mas que fez meu corpo inteiro travar. Ele inclinou a cabeça e respirou fundo, o nariz roçando a curva do meu pescoço. Minha pele arrepiou no m
O silêncio entre nós estava carregado de algo novo, algo quente e perigoso que eu ainda tentava processar. Minha pele ainda formigava onde Ethan tinha me tocado, e a ideia de ceder completamente a ele me deixava tonta. Engoli em seco, tentando recuperar o controle da situação, e soltei a primeira coisa que veio à minha mente: — Você deveria pelo menos me pagar um jantar antes de querer me devorar desse jeito. Ethan piscou, surpreso por um segundo, e então uma risada grave escapou dele. O som era rouco, cheio de diversão e algo mais profundo que fez um arrepio subir por minha coluna. — Justo — ele disse, os olhos brilhando com diversão e desejo. — Onde você quer ir? Eu congelei. Onde eu queria ir? Minha mente ficou completamente em branco. Eu não fazia ideia de quais restaurantes eram chiques ou apropriados para um encontro. Durante toda a minha vida, minhas refeições sempr
Eu me olhei no espelho e soltei um suspiro pesado, sentindo uma mistura de ansiedade e expectativa se instalar no meu peito. Diante de mim, espalhados sobre a cama, estavam três vestidos deslumbrantes — cada um mais bonito que o outro.Ethan realmente não tinha limites quando decidia algo.Atrás de mim, o som suave das agulhas de tricô se chocando enchia o quarto. Minha avó estava sentada confortavelmente na poltrona perto da janela, absorta no trabalho, completamente alheia ao dilema existencial que eu estava enfrentando.Toquei o primeiro vestido, um longo de cetim preto com um corte impecável, tão clássico e elegante que eu poderia facilmente passar por uma estrela de cinema dos anos dourados de Hollywood.O segundo era um vermelho intenso, justo no corpo e com um decote generoso. Algo que eu nunca teria coragem de comprar para mim mesma, mas que, sem dúvida, gritaria mulher fatal se eu decidisse usá-lo.E então, havia o terceiro. Azul-marinho, com alças finas
O homem já era um perigo de jeans e camiseta, mas agora? Agora ele parecia ter saído diretamente de um comercial de perfume caro. O cabelo perfeitamente alinhado, os olhos escuros me avaliando de cima a baixo, e aquele meio sorriso presunçoso que sempre me deixava sem fôlego.Ethan encostou no batente da porta, cruzando os braços, o olhar deslizando lentamente sobre mim antes de se prender no vestido que eu tinha escolhido.— Bom saber que você realmente tem bom gosto.Levantei o queixo, tentando manter a compostura.— Eu sempre tive bom gosto, obrigada — retruquei, fingindo indiferença.Ele sorriu mais amplo, aquele sorriso torto e afiado que me deixava com vontade de socá-lo… ou beijá-lo.— Se tivesse mesmo bom gosto, não seria tão teimosa.Revirei os olhos, cruzando os braços.— Achei que você ia dizer algo como "se tivesse bom gosto, teria me beijado antes".A risada dele foi baixa, profunda, cheia de um perigo insinuante.— Eu não sou tão