Eu me olhei no espelho e soltei um suspiro pesado, sentindo uma mistura de ansiedade e expectativa se instalar no meu peito. Diante de mim, espalhados sobre a cama, estavam três vestidos deslumbrantes — cada um mais bonito que o outro.
Ethan realmente não tinha limites quando decidia algo.Atrás de mim, o som suave das agulhas de tricô se chocando enchia o quarto. Minha avó estava sentada confortavelmente na poltrona perto da janela, absorta no trabalho, completamente alheia ao dilema existencial que eu estava enfrentando.Toquei o primeiro vestido, um longo de cetim preto com um corte impecável, tão clássico e elegante que eu poderia facilmente passar por uma estrela de cinema dos anos dourados de Hollywood.O segundo era um vermelho intenso, justo no corpo e com um decote generoso. Algo que eu nunca teria coragem de comprar para mim mesma, mas que, sem dúvida, gritaria mulher fatal se eu decidisse usá-lo.E então, havia o terceiro. Azul-marinho, com alças finasO homem já era um perigo de jeans e camiseta, mas agora? Agora ele parecia ter saído diretamente de um comercial de perfume caro. O cabelo perfeitamente alinhado, os olhos escuros me avaliando de cima a baixo, e aquele meio sorriso presunçoso que sempre me deixava sem fôlego.Ethan encostou no batente da porta, cruzando os braços, o olhar deslizando lentamente sobre mim antes de se prender no vestido que eu tinha escolhido.— Bom saber que você realmente tem bom gosto.Levantei o queixo, tentando manter a compostura.— Eu sempre tive bom gosto, obrigada — retruquei, fingindo indiferença.Ele sorriu mais amplo, aquele sorriso torto e afiado que me deixava com vontade de socá-lo… ou beijá-lo.— Se tivesse mesmo bom gosto, não seria tão teimosa.Revirei os olhos, cruzando os braços.— Achei que você ia dizer algo como "se tivesse bom gosto, teria me beijado antes".A risada dele foi baixa, profunda, cheia de um perigo insinuante.— Eu não sou tão
O restaurante era ainda mais luxuoso do que eu imaginava. Assim que entrei, senti um leve frio na barriga, como se tivesse acabado de pisar em um mundo que não me pertencia.Lustres imensos de cristal pendiam do teto alto, suas luzes douradas se refletindo nas taças perfeitamente alinhadas sobre as mesas cobertas de linho branco impecável. O aroma sofisticado de especiarias e ervas frescas pairava no ar, misturado ao cheiro amadeirado dos móveis polidos e ao som suave de um piano tocando ao fundo.Os garçons, vestidos impecavelmente com uniformes pretos, se moviam de forma elegante entre as mesas, servindo pratos que pareciam verdadeiras obras de arte. A cada passo que eu dava sobre o carpete macio, sentia como se estivesse em um daqueles filmes clássicos em que mulheres de vestidos deslumbrantes e homens de terno trocavam olhares cheios de segredos.E, de certa forma, era exatamente isso que acontecia ali. Algumas pessoas ergueram os olhos quando passamos, seus olhares
O jantar continuou em um ritmo agradável, quase íntimo. As luzes suaves do restaurante lançavam sombras douradas sobre a mesa, refletindo nos talheres de prata e na taça de vinho meio vazia diante de mim. O aroma das especiarias ainda pairava no ar, misturando-se ao cheiro amadeirado da mobília e ao leve perfume que vinha de Ethan.A conversa fluía de maneira natural, intercalada por provocações sutis e olhares que duravam um pouco mais do que deveriam. Ethan era um bom conversador, disso eu já sabia, mas o que mais me intrigava era a forma como ele parecia prestar atenção em tudo. Como se cada palavra minha fosse analisada, cada gesto registrado e arquivado para ser usado contra mim no momento certo.E, para piorar, eu não conseguia parar de olhá-lo.Cada vez que nossos olhos se encontravam, ele arqueava a sobrancelha daquele jeito provocativo, como se me desafiasse a manter a compostura. E toda vez que desviava o olhar, sentia seu sorriso satisfeito de canto, como se s
— O quê? Eu só estou constatando um fato.— Você é impossível!— E você é adorável quando está constrangida.Revirei os olhos, mas minha pele ainda estava quente.Algumas mesas ao redor estavam vazias, e o pianista já tocava uma melodia mais lenta, como se sinalizasse o fim da noite.Ethan chamou o garçom e pediu a conta, sem sequer me dar a chance de protestar.— Eu poderia ter pago metade — reclamei, cruzando os braços.Ele arqueou a sobrancelha, divertido.— Você poderia, mas não vai.— Você gosta de bancar o cavalheiro?Ele sorriu de canto.— Gosto de bancar o homem que leva você para jantar.Mordi o lábio, tentando esconder um sorriso.Quando saímos do restaurante, a brisa noturna soprou contra minha pele, trazendo um alívio refrescante para o calor que parecia me consumir desde o início da noite. Mas, diferente do que eu esperava, a noite estava úmida e carregada, e o cheiro de terra molhada no ar denunciava o que viria a seg
A chuva continuava caindo quando o carro parou em frente à mansão. O motorista não disse nada quando abri a porta e saí carregando Lila nos braços. Ela estava encharcada, grudada em mim, o vestido leve colado ao corpo, as pernas firmemente encaixadas de cada lado da minha cintura.— Ethan… — A voz dela era um sussurro perto do meu ouvido, hesitante, como se não soubesse se deveria se agarrar a mim ou se soltar.Eu sabia que deveria colocá-la no chão. Mas não fiz isso.— Você está tremendo — murmurei, ajustando meus braços para segurá-la melhor. Ela era tão pequena que parecia pesar quase nada.Seus olhos subiram até os meus, brilhando sob a fraca iluminação da entrada. Seus cílios estavam úmidos, as bochechas coradas pelo frio ou… por algo mais.— Você também.Ela não estava errada. Meu corpo estava quente, mas minha pele formigava com os resquícios do frio da chuva. Ou talvez fosse só o efeito dela em mim.Dei um passo para dentro da mansão, sentindo o c
Lila mal teve tempo de reagir antes que eu a jogasse contra o colchão, o corpo afundando nos lençóis macios. Ela arfou, surpresa, os cabelos espalhando-se como uma moldura escura ao redor do rosto.Fiquei parado por um instante, observando-a.Encharcada, a respiração acelerada, os lábios inchados do beijo.Tão absurdamente linda que chegava a ser torturante.Ela mordeu o lábio, hesitante.— Ethan…Me inclinei sobre ela, apoiando as mãos ao lado do seu rosto.— Ainda dá tempo de sair correndo, cardinal — murmurei, minha voz baixa, carregada de promessas.Lila olhou nos meus olhos. E então, sem dizer nada, deslizou as mãos pela minha nuca e puxou minha boca de volta para a dela.Meus pensamentos ficaram turvos no instante em que os lábios dela tocaram os meus novamente. O beijo não era mais hesitante — era feroz, desesperado, como se ela estivesse decidindo naquele exato momento que não ia correr.Minhas mãos deslizaram pelo seu corpo sem pressa
A luz suave da manhã filtrava-se pelas cortinas entreabertas, aquecendo minha pele enquanto piscava para afastar o sono. Meu corpo estava relaxado, satisfeito de uma forma que eu nunca havia experimentado antes.Virei a cabeça no travesseiro e encontrei Lila ali, adormecida ao meu lado. Seu rosto sereno, os cabelos espalhados sobre os lençóis, os lábios levemente entreabertos. Ela parecia tão pequena e frágil daquele jeito, mas eu sabia que havia uma força dentro dela que poucas pessoas viam.Passei um dedo de leve pelo ombro nu dela, apenas para sentir o calor de sua pele mais uma vez. Meu peito apertou ao perceber como ela parecia certa ali, como se esse fosse o único lugar onde deveria estar.Eu poderia ficar ali a manhã inteira, observando-a dormir, mas o cheiro de café invadiu o quarto, e meu estômago deu sinais de vida. Com cuidado, deslizei para fora da cama, vesti uma calça e saí sem fazer barulho.Desci as escadas em direção à cozinha, onde o aroma do café r
Lila pegou um pedaço de croissant e o levou à boca, mastigando devagar enquanto me observava com aquele olhar curioso dela. Eu ainda estava distraído, absorvendo a conversa com Colin, mas quando percebi que ela estava me analisando, sorri de canto. — O que foi? — Nada — ela respondeu, bebendo um gole de café. — Só estou tentando me acostumar com isso. — Com o quê? — Com você. Com essa vida toda… — Ela gesticulou ao redor, como se estivesse se referindo à mansão, ao café da manhã servido em porcelana cara, à cozinha espaçosa iluminada pela luz dourada da manhã. Abaixei os talheres, tentando entender o que ela realmente queria dizer. — Está se arrependendo? Lila negou com um pequeno sorriso. — Não. Só estou me acostumando com a ideia de que minha vida mudou completamente. — E isso te assusta? Ela hesitou por um segundo antes de balançar a cabeça. — Na verdade, não. Acho que o