O escritório de Ethan era um contraste gritante com o caos animado da cozinha. Aqui, tudo era organizado, impecável, dominado pelo aroma amadeirado do móvel escuro e pelo leve cheiro de couro da poltrona em que ele estava sentado. Ou melhor, em que nós estávamos.
Meu corpo estava no colo dele.Não foi algo planejado. Foi natural, como se já tivéssemos feito isso inúmeras vezes. Como se pertencesse a esse lugar, a esse momento.Mas eu não pertencia.Meu coração disparava com a intimidade repentina, martelando tão forte que eu tinha certeza de que Ethan e Alec podiam ouvir. Eu tentava parecer calma, fingir que a posição não me afetava, que o braço de Ethan ao redor da minha cintura não estava queimando minha pele através do tecido da blusa. Mas cada célula do meu corpo estava consciente dele. Da forma como sua respiração era lenta e controlada. Do calor sólido e constante que ele emanava.E ele não parecia minimamente afetado.Alec, por sua vez, ergueu uma sobrO silêncio que ele deixou para trás foi quase sufocante. Eu tentei recuperar o controle da minha respiração, tentei ignorar o fato de que meu corpo ainda estava tenso contra Ethan, mas ele não facilitava em nada. Ele parecia confortável demais comigo ali, como se eu pertencesse àquele espaço, como se não houvesse nada de errado em me segurar daquele jeito. Mas havia. Havia algo profundamente errado no jeito que meu coração disparava toda vez que ele se movia. Meu coração ainda estava disparado, cada batida ecoando dentro de mim como um tambor frenético. Eu podia sentir o calor irradiando do corpo de Ethan contra o meu, cada parte dele encaixada em mim de um jeito que parecia natural demais. E então ele se moveu. Um movimento pequeno, quase imperceptível, mas que fez meu corpo inteiro travar. Ele inclinou a cabeça e respirou fundo, o nariz roçando a curva do meu pescoço. Minha pele arrepiou no m
O silêncio entre nós estava carregado de algo novo, algo quente e perigoso que eu ainda tentava processar. Minha pele ainda formigava onde Ethan tinha me tocado, e a ideia de ceder completamente a ele me deixava tonta. Engoli em seco, tentando recuperar o controle da situação, e soltei a primeira coisa que veio à minha mente: — Você deveria pelo menos me pagar um jantar antes de querer me devorar desse jeito. Ethan piscou, surpreso por um segundo, e então uma risada grave escapou dele. O som era rouco, cheio de diversão e algo mais profundo que fez um arrepio subir por minha coluna. — Justo — ele disse, os olhos brilhando com diversão e desejo. — Onde você quer ir? Eu congelei. Onde eu queria ir? Minha mente ficou completamente em branco. Eu não fazia ideia de quais restaurantes eram chiques ou apropriados para um encontro. Durante toda a minha vida, minhas refeições sempr
Eu me olhei no espelho e soltei um suspiro pesado, sentindo uma mistura de ansiedade e expectativa se instalar no meu peito. Diante de mim, espalhados sobre a cama, estavam três vestidos deslumbrantes — cada um mais bonito que o outro.Ethan realmente não tinha limites quando decidia algo.Atrás de mim, o som suave das agulhas de tricô se chocando enchia o quarto. Minha avó estava sentada confortavelmente na poltrona perto da janela, absorta no trabalho, completamente alheia ao dilema existencial que eu estava enfrentando.Toquei o primeiro vestido, um longo de cetim preto com um corte impecável, tão clássico e elegante que eu poderia facilmente passar por uma estrela de cinema dos anos dourados de Hollywood.O segundo era um vermelho intenso, justo no corpo e com um decote generoso. Algo que eu nunca teria coragem de comprar para mim mesma, mas que, sem dúvida, gritaria mulher fatal se eu decidisse usá-lo.E então, havia o terceiro. Azul-marinho, com alças finas
O homem já era um perigo de jeans e camiseta, mas agora? Agora ele parecia ter saído diretamente de um comercial de perfume caro. O cabelo perfeitamente alinhado, os olhos escuros me avaliando de cima a baixo, e aquele meio sorriso presunçoso que sempre me deixava sem fôlego.Ethan encostou no batente da porta, cruzando os braços, o olhar deslizando lentamente sobre mim antes de se prender no vestido que eu tinha escolhido.— Bom saber que você realmente tem bom gosto.Levantei o queixo, tentando manter a compostura.— Eu sempre tive bom gosto, obrigada — retruquei, fingindo indiferença.Ele sorriu mais amplo, aquele sorriso torto e afiado que me deixava com vontade de socá-lo… ou beijá-lo.— Se tivesse mesmo bom gosto, não seria tão teimosa.Revirei os olhos, cruzando os braços.— Achei que você ia dizer algo como "se tivesse bom gosto, teria me beijado antes".A risada dele foi baixa, profunda, cheia de um perigo insinuante.— Eu não sou tão
O restaurante era ainda mais luxuoso do que eu imaginava. Assim que entrei, senti um leve frio na barriga, como se tivesse acabado de pisar em um mundo que não me pertencia.Lustres imensos de cristal pendiam do teto alto, suas luzes douradas se refletindo nas taças perfeitamente alinhadas sobre as mesas cobertas de linho branco impecável. O aroma sofisticado de especiarias e ervas frescas pairava no ar, misturado ao cheiro amadeirado dos móveis polidos e ao som suave de um piano tocando ao fundo.Os garçons, vestidos impecavelmente com uniformes pretos, se moviam de forma elegante entre as mesas, servindo pratos que pareciam verdadeiras obras de arte. A cada passo que eu dava sobre o carpete macio, sentia como se estivesse em um daqueles filmes clássicos em que mulheres de vestidos deslumbrantes e homens de terno trocavam olhares cheios de segredos.E, de certa forma, era exatamente isso que acontecia ali. Algumas pessoas ergueram os olhos quando passamos, seus olhares
O jantar continuou em um ritmo agradável, quase íntimo. As luzes suaves do restaurante lançavam sombras douradas sobre a mesa, refletindo nos talheres de prata e na taça de vinho meio vazia diante de mim. O aroma das especiarias ainda pairava no ar, misturando-se ao cheiro amadeirado da mobília e ao leve perfume que vinha de Ethan.A conversa fluía de maneira natural, intercalada por provocações sutis e olhares que duravam um pouco mais do que deveriam. Ethan era um bom conversador, disso eu já sabia, mas o que mais me intrigava era a forma como ele parecia prestar atenção em tudo. Como se cada palavra minha fosse analisada, cada gesto registrado e arquivado para ser usado contra mim no momento certo.E, para piorar, eu não conseguia parar de olhá-lo.Cada vez que nossos olhos se encontravam, ele arqueava a sobrancelha daquele jeito provocativo, como se me desafiasse a manter a compostura. E toda vez que desviava o olhar, sentia seu sorriso satisfeito de canto, como se s
— O quê? Eu só estou constatando um fato.— Você é impossível!— E você é adorável quando está constrangida.Revirei os olhos, mas minha pele ainda estava quente.Algumas mesas ao redor estavam vazias, e o pianista já tocava uma melodia mais lenta, como se sinalizasse o fim da noite.Ethan chamou o garçom e pediu a conta, sem sequer me dar a chance de protestar.— Eu poderia ter pago metade — reclamei, cruzando os braços.Ele arqueou a sobrancelha, divertido.— Você poderia, mas não vai.— Você gosta de bancar o cavalheiro?Ele sorriu de canto.— Gosto de bancar o homem que leva você para jantar.Mordi o lábio, tentando esconder um sorriso.Quando saímos do restaurante, a brisa noturna soprou contra minha pele, trazendo um alívio refrescante para o calor que parecia me consumir desde o início da noite. Mas, diferente do que eu esperava, a noite estava úmida e carregada, e o cheiro de terra molhada no ar denunciava o que viria a seg
A chuva continuava caindo quando o carro parou em frente à mansão. O motorista não disse nada quando abri a porta e saí carregando Lila nos braços. Ela estava encharcada, grudada em mim, o vestido leve colado ao corpo, as pernas firmemente encaixadas de cada lado da minha cintura.— Ethan… — A voz dela era um sussurro perto do meu ouvido, hesitante, como se não soubesse se deveria se agarrar a mim ou se soltar.Eu sabia que deveria colocá-la no chão. Mas não fiz isso.— Você está tremendo — murmurei, ajustando meus braços para segurá-la melhor. Ela era tão pequena que parecia pesar quase nada.Seus olhos subiram até os meus, brilhando sob a fraca iluminação da entrada. Seus cílios estavam úmidos, as bochechas coradas pelo frio ou… por algo mais.— Você também.Ela não estava errada. Meu corpo estava quente, mas minha pele formigava com os resquícios do frio da chuva. Ou talvez fosse só o efeito dela em mim.Dei um passo para dentro da mansão, sentindo o c