Uma batida na porta soou atrás de mim. Virei-me, e lá estava um homem de meia-idade, segurando a minha mala.
— Sou Gordon. Marido da Jude.
— Ah, sim. Entre.
Ele entrou e colocou a mala junto ao pequeno armário feito em madeira maciça.
— Sou Emily.
— Seja bem-vinda a Shadows River. — Sorriu, simpático.
Rapidamente, abri a bolsa e apanhei na carteira uma nota de cinco dólares, estendendo-a para ele.
— Não, por favor. Aqui não aceitamos gorjetas. Já está pagando por todo esse serviço.
— Ah, claro. Desculpe. — Guardei novamente o dinheiro.
— Então você vai reformar a mansão Whitewood. É uma bela casa. O avô da minha esposa trabalhava lá quando aconteceu o incêndio. Era o zelador. Foi ele quem avistou as chamas e pediu por ajuda.
— É lamentável o que aconteceu. Deve ter abalado toda a cidade.
— Ah, sim. Mais de cinquenta pessoas estavam lá. E todos por aqui adoravam o senhor Whitewood. Ele era jovem, mas ainda assim fez coisas incríveis pela cidade, como construir a escola, por exemplo. Era um homem muito bom.
— Sabe onde posso encontrar documentos e um pouco sobre a história da casa?
— Papelada importante, certamente na prefeitura. História, nos jornais antigos arquivados na biblioteca.
— Obrigada. Eu sempre procuro saber a história para tentar conservar e restaurar a originalidade do lugar. Vou até a casa amanhã. Espero não me perder no caminho.
— É só seguir a estrada entre as colinas até o final e dará de cara com a mansão. Só não fique lá até tarde.
Sorri.
— Já sei. Os gritos das assombrações?
Ele riu.
— Não é isso. No meio do caminho existe uma ponte que atravessa o rio das sombras. Nessa época do ano sempre chove ao entardecer. A água cobre a ponte e se isso acontecer e ainda estiver do outro lado, ficará ilhada até de manhã.
— Oh! Entendi.
— Até mais, Emily.
Ele se foi fechando a porta atrás de si.
Depois de um banho, fui até a prefeitura. Consegui algumas cópias de documentos e antigas plantas da casa. Sentada em um café, no centro da cidade, dei uma boa olhada em tudo. Após pagar a conta para a bruxinha atrás do balcão, segui até a biblioteca. O mago que me atendeu sabia muito sobre a casa e deu-me algumas cópias de jornais antigos que falavam sobre a mansão Whitewood desde a sua construção até a sua “queda”.
Já passava das quatro e eu resolvi dar uma volta pelas ruas da cidade. Entrei em algumas lojas de construção, serralheria e decoração. Tirei algumas fotos, fiz anotações e orçamentos. Mandei mensagem para o empreiteiro, avisando-o de que já estava na cidade e que nos encontraríamos no dia seguinte na casa, às oito.
Parei na calçada e observei um pouco mais as pessoas. Diante de uma loja que se chamava Caldeirão da Bruxa, uma senhorinha distribuía pirulito para as crianças que passavam por ali. Noah gostava muito do Halloween, enquanto o meu feriado preferido é o Natal. Ele iria adorar esse lugar.
Atravessando a rua, caminhei até lá. A mulher sorriu para mim e ofereceu-me um pirulito, que neguei com um aceno de cabeça. Empurrei a porta da loja, e o sino acima dela anunciou a minha chegada. Olhei ao meu redor e me senti dentro da toca de uma bruxa.
— Já estou indo! — anunciou uma voz distante.
Caminhei entre as prateleiras analisando curiosamente os inúmeros potes de vidro e as centenas de livros de magia.
— Posso te ajudar?
Virei-me para trás, e lá estava Candice.
— Não. Só estou curiosa.
Candice deu um passo para o lado, dando-me passagem pelo corredor.
— Você é dona desse lugar?
— Sim. Está na minha família há mais de dois século, neste mesmo endereço.
— Uau! Isso é muito tempo.
— Nós nos estabelecemos aqui em meados de mil seiscentos e noventa e três. Isso, sim, é muito tempo.
Olhei-a.
— Durante a caçada em Salém? — perguntei, curiosa.
— Sim. Enquanto os brancos medíocres queimavam mulheres inocentes, as verdadeiras bruxas fugiram. Bom, na verdade, nem todas.
— Está me dizendo que você é descendente de uma bruxa? Os turistas por aqui costumam cair nesse papo?
Com um olhar duro, ela aproximou-se a passos lentos.
— Mulheres foram queimadas por causa da estupidez dos homens. Isso não é história para divertir turista. E eu não sou descendente de bruxas, Emily. Sou uma bruxa. Uma que consegue sentir e ver coisas em outras pessoas. E eu sinto tanta escuridão em você. Sinto a dor de um espírito enlutado.
Olhei-a com um pouco de espanto, sentindo os meus ombros ficarem tensos.
— Não sei do que está falando. E não pagarei por isso. — Passei por ela, indo em direção à saída, mas Candice segurou o meu punho com força.
— Vejo a ponta de um fio flutuando na sua direção, esperando que você o pegue. Cuidado! A outra ponta vem de outro mundo.
— Me solte! — disse firmemente.
Candice me soltou, e eu caminhei apressadamente rumo à saída.
— Ainda vai voltar precisando da minha ajuda!
Parei e olhei-a por cima do ombro.
— Já ouviu falar em terapia? — Abri a porta, deixando a loja. — Maluca — murmurei baixinho.
Descendo pelas escadas, percebi que não havia muita movimentação lá embaixo. Passei pela sala de estar, pela de TV, e então cheguei à sala de jantar. Jude terminava de colocar a mesa. Ela olhou-me e sorriu.— Vejo que não sou a única a acordar cedo por aqui.— Nem me lembro da última vez que acordei depois das sete.— Eu me lembro. Antes do Benjamin.— Seu filho?— Sim. Sinto saudade de quando eu acordava com ele cantando no seu quarto.— Onde ele está agora?— Acho que indo se encontrar com você na mansão Whitewood. — Riu.— Ben Foster? O empreiteiro?Ela assentiu.— Sente-se. Vamos comer.Sentei-me, e ela acomodou-se à minha frente. Jude nos serviu chá e colocou uma rosquinha doce no meu prato. Ela disse ser o grande atrativo de todas as manhãs e que eu precisava comer antes que os outros descessem e acabassem com tudo.— Qual é a da Candice?— Ela mora aqui desde que a mãe faleceu. Antes morava no fim da rua, mas as dívidas apertaram e ela teve que vender a casa.— Ela é meio estra
Respirei fundo, sentindo-me satisfeita em ter aceitado a restauração, pela primeira vez desde que saí de Nova Iorque.— Bom… Por onde começamos? — ele perguntou.— Vamos começar de baixo para cima. Primeiro avaliamos os cômodos daqui, depois subimos a escada. Onde está a parte da casa que pegou fogo?— Ouvi dizer que foi isolada alguns meses depois.— Vamos começar encontrando-a, então.— Vou no meu carro pegar uma marreta e lanternas.Assenti e ele saiu.Senti-me estranhamente observada e uma fina corrente de ar frio passar arrepiando os meus braços. Olhei para trás, pensando que talvez encontraria alguém, mas não havia ninguém.— Voltei. Pegue isso. — Entregou-me uma lanterna.— Segundo a planta, o salão de festas fica na ala oeste. É o último cômodo.Ben tomou frente e eu fui logo atrás. Atravessamos salas e passamos por corredores, até darmos de cara com uma extensa parede. Ela não tinha quadros ou janelas. Havia sido pintada de vermelho e isso dava um ar fúnebre ao local.— Acho
A dois metros de distância, estava um homem. Ele olhava-me de um jeito que parecia surpreso que eu o tivesse ouvido. E eu o encarava de olhos arregalados, com o coração palpitando forte no peito, prestes a saltar pela minha boca.— Quem é você?— Jake.Engoli em seco.— O que faz aqui, Jake? Isso é uma propriedade privada.— Eu sei. Eu… trabalho aqui.— Trabalha aqui? — perguntei cheia de desconfiança.— Sim. Mantenho curiosos e possíveis infratores longe. — Sorriu.— Então… você é o zelador?— Isso aí.Aproximou-se, reduzindo pela metade a nossa distância.— Não me avisaram sobre você.— Sinto muito tê-la assustado — disse ele, curvando-se um pouco para frente, ao mesmo tempo que sobrepôs a sua mão direita sobre o peito, enquanto a outra era colocada para trás das costas. Um comportamento estranhamente cavalheiresco.— Tudo bem.— Então está aqui para restaurar esse lugar.— Isso aí.Jake é um homem bonito. Talvez um dos mais lindos que eu já tenha visto. Cabelos pretos e pele alva.
Voltei para cama e deitei-me sob os cobertores novamente. Respirando fundo, fechei os olhos. Então, não demorou muito para que eu dormisse e sonhasse profundamente. Mas não fora um sonho qualquer. Era um onde mãos firmes seguravam os meus punhos enquanto lábios rosados e carnudos beijavam o meu pescoço antes de escorregar a língua para o vale entre os meus seios. Suspiros ecoavam de corpos ofegantes e arrepiados. Braços me prendiam contra um peitoral nu. O meu nome foi sussurrado.— Olhe para mim, Emily — pedia a voz masculina. — Abra os olhos! — disse em um tom mais firme e alto.Os meus olhos imediatamente se abriram e o sonho acabou. Sentei-me assustada na cama com o quanto a última frase parecia ter sido dita por alguém dentro do quarto. Olhei para os lados, certificando-me de estar só. O meu coração batia um pouco apressado.Apanhei o celular na mesinha ao lado e olhei as horas. Eram sete e meia. Depois de um banho, desci para o café da manhã. Todos já estavam à mesa, comendo enq
Jake sabia mesmo como deixar uma mulher impactada e sem palavras. Porque eu não consegui dizer nada e muito menos me mover.Os seus dedos tocaram os meus punhos, fazendo certa pressão na pele. Roçaram onde a veia pulsava forte e desceram pela minha palma, entrelaçando-se nos meus. Engoli em seco, sentindo o nervosismo me prensar por dentro. Jake olhava para as nossas mãos com um sorriso doce e um tanto satisfeito.— É tão quente — sussurrou. — Faz muito tempo que não sinto mãos quentes tocarem as minhas.O seu sorriso se desfez. Jake soltou as minhas mãos e eu considerei impedi-lo, mas não fiz.— Vou levá-la à biblioteca — disse, sem me olhar.Ele seguiu fazendo o caminho de volta e eu o segui até a sala do chá. Jake abriu uma porta e então entramos na majestosa biblioteca.— Uau! — disse, parando para observar o espaço.Em duas das paredes, havia prateleiras que iam do chão ao teto, repletas de livros. Em frente à lareira, havia sofás e duas poltronas cobertos por panos que um dia fo
A passos apressados, caminhei em direção à saída. Ao fechar a porta atrás de mim, parei e respirei fundo. Os meus dedos tocaram os meus lábios, que ainda estavam desejosos por ele. As minhas mãos repousaram sobre o peito, sentindo o coração disparado. Os meus olhos se fecharam brevemente, enquanto eu respirava fundo tentando manter a calma. Era um tanto desesperador sentir o meu corpo se excitar novamente. O meu baixo ventre estava aceso, assim como os bicos dos meus seios. A pele abaixo da orelha estava arrepiada.Será que ainda é cedo demais? Ou será que é cedo demais para me entregar a um estranho?Caminhei rumo ao carro e entrei, fechando a porta. No bolso da jaqueta, apanhei o meu celular e liguei para Beth.— Eu ia te ligar, juro! — disse ela ao atender.— Oi. Como estão as coisas por aí?— Estão bem? E por aí? A mansão está tão mal quanto parece pela foto?— Sabe como é. Um pouco de madeira podre aqui e ali, mas começaremos a obra na próxima semana. Até lá, farei a curadoria do
Eu me entreguei a ele. Jake retirou a minha jaqueta, deixando-a no chão. As suas mãos entraram por debaixo da camiseta que usava, tocando os meus seios. Ele a retirou, e eu rapidamente me livrei do sutiã. Jake suspirou fundo, observando os meus seios. Ele pegou-me pela cintura e ergueu-me alto. Enlacei as minhas pernas ao seu redor, e ele prensou-me contra a pilastra à direita da escadaria.Os seus lábios úmidos desceram por meu pescoço indo em direção à minha clavícula, trançando um caminho até os meus mamilos entumecidos. Quando a sua boca quente os sugou, um de cada vez, gemi alto e manhosa, entranhando os dedos nos seus cabelos escuros e sedosos. Jake os mamou com lentidão e precisão, quase fazendo-me gozar.— Vou te possuir aqui mesmo, sobre os degraus da escada.— Onde quiser — disse cheia de tesão.Ele sentou-me em um dos degraus, e eu me escorei para trás. Jake retirou cada peça de roupa que ainda estava no meu corpo. Um sorrisinho diabolicamente sexy formou-se no seu rosto ap
Foram horas assim até que gozamos e ficamos exaustos. Eu tinha medo de admitir, mas talvez aquele tenha sido o melhor sexo da minha vida. Com a cabeça deitada no seu peito direito, eu assistia ao fogo crepitar com a sua lenha quase ao fim.— Sei onde está a porta — disse ele, quebrando o nosso silêncio confortável e duradouro.Olhei-o.— E você sabe o que tem lá dentro.— Sei.— Então me leve até lá.Respirando fundo, ele assentiu. Vestimo-nos e deixamos o quarto. Fomos para o outro lado do andar e paramos no meio do corredor leste, diante de um quadro gigantesco.— Está preparada? — ele perguntou.— Sim!Jake aproximou-se do quadro e apertou um botão camuflado na sua moldura talhada à mão. Um estalo foi ouvido. Então, puxou-o, abrindo-o como uma porta.— Ah. Meu. Deus! Isso é incrível!Acendi a lanterna do celular e entrei no cômodo.— Cuidado onde pisa — alertou-me, vindo logo atrás de mim.Percorri a lanterna pelo espaço, observando-o. Não tinha janelas e nem outra saída. Mas havia