Depois de um voo de quase duas horas de Nova Iorque para Richmond, dirigi por oito horas até Shadows River. Esse, sem dúvida, foi um dos caminhos mais lindos que eu havia feito de carro. De fato, era como estar dentro de uma paisagem de conto de fadas, ou um quadro a óleo. As colinas, os pinheiros, as árvores frondosas.
Logo que entrei na cidade, percebi como as pessoas por ali levavam a sério o Halloween. Ainda estávamos no começo de outubro, mas já havia decoração instalada em cada poste, abóboras à frente das lojas e pessoas fantasiadas. Havia ido para Salem e achava que ali era o lugar em que as pessoas mais amavam o Dia das Bruxas, mas estava enganada. Os amantes da noite do terror deviam conhecer Shadows River.
O GPS me guiou até a hospedaria onde ficaria pelos próximos três meses. Estacionei o carro diante da casa e observei-a por alguns instantes. Era linda, provavelmente construída no início do século XX e muito bem conservada. Desci e apanhei a mala na traseira do carro. Percorri o caminho de pedras até a varanda, mas antes que eu pisasse no primeiro degrau, a porta da casa foi aberta e uma mulher sorridente surgiu. Cabelos loiro-claro, olhos azuis e pele madura. Cinquenta anos, eu diria.
— Você deve ser a Emily Park! — falou cheia de empolgação.
— Sim, sou eu. — Estendi a minha mão na sua direção.
— Muito prazer. — Apertou a minha palma. — Sou Jude. Só Jude. Venha, vamos entrar.
Ela tomou a alça da mala e levou-a para dentro, fechando a porta logo que entrei. Segui-a até um balcão à frente. Ela passou para detrás dele e apanhou um caderno enorme e uma chave no armário atrás de si. A escada ao lado rangeu, chamando a minha atenção. Uma mulher negra com longas tranças descia os degraus usando um vestido vitoriano de cor verde e vermelha, com os seios quase saltando para fora do corpete.
— Olá! — disse ela, parando e encarando-me com olhos estreitos.
— Oi. — Tornei a olhar para Jude.
— Só assinar aqui — disse ela, virando o caderno para mim.
Apanhei a caneta da sua mão e assinei sobre a linha à frente do meu nome. Ainda me sentia observada pela mulher de pé na escada. Lentamente, virei o meu rosto para ela, que agora sorria para mim.
— Você é a garota que vai restaurar a mansão Whitewood, eu presumo — disse ela.
— Eu mesma.
Ela terminou de descer os degraus e aproximou-se.
— Nunca permaneça lá depois do entardecer. Os gritos deles vão te enlouquecer — falou baixinho.
— O quê? — perguntei, confusa.
— Deixe-a em paz, Candice — bradou Jude, com um tom insatisfeito.
— Depois não diga que eu não lhe avisei — falou a mulher, saindo em seguida.
Olhei para Jude com o cenho franzido e um pouco assustada.
— Está tudo bem. — Riu. — As pessoas por aqui gostam de dizer que a mansão Whitewood é mal-assombrada.
— Entendi. — Sorri. — Em toda cidade pequena, tem uma história assim.
— É trágico o que aconteceu lá, mas não acredito em assombração.
— O que aconteceu?
— Há cem anos, o senhor Whitewood e sua esposa davam um baile de Halloween. Mas a noite acabou mal, de forma bem triste. Houve um incêndio, e todos no salão de festa morreram. As únicas sobreviventes naquela casa foram Kate, a filha do casal que dormia no terceiro andar, e Anne, a babá da criança. Alguns dizem que os portões do inferno se abriram lá naquela noite. As más línguas propagam que a família Whitewood cultuava Satanás, e que todas as almas presentes eram uma oferenda. Por isso, ninguém conseguiu sair de lá, mesmo que tivesse quatro portas por onde fugir.
— E no que você acredita?
— Em crime premeditado. Acredito que as portas foram trancadas por fora e que o incêndio foi criminoso. Mas isso nunca foi possível provar.
Suspirei fundo, pensando em qual estado estaria uma casa que havia sido incendiada. Isso não havia sido falado para mim. Dependendo do como estivesse a sua estrutura, a restauração levaria mais tempo e dinheiro. Eu teria que conversar com Beth.
— Acho que vou ter bastante trabalho com essa casa, então.
— Com certeza. — Sorriu, entregando-me a chave do quarto. — O café da manhã é servido até às dez. Não sirvo almoço, mas tem um excelente restaurante a duas quadras daqui. O jantar é das sete às oito. Comemos todos juntos à mesa, na sala de jantar. Não gosto de atrasos.
— Okay. Entendido. — Sorri de volta. — Obrigada.
Apanhei a mala.
— Pode deixar. Não precisa fazer tanto esforço, Gordon leva para você em instantes.
Assenti.
Apenas com a minha bolsa e a chave na mão, subi a escada para o segundo andar. O quarto era o último no longo corredor. Ao entrar, me deparei com uma decoração impecável inspirada nos anos setenta. O carpete bordô havia chamado muito a minha atenção.
Uma batida na porta soou atrás de mim. Virei-me, e lá estava um homem de meia-idade, segurando a minha mala.— Sou Gordon. Marido da Jude.— Ah, sim. Entre.Ele entrou e colocou a mala junto ao pequeno armário feito em madeira maciça.— Sou Emily.— Seja bem-vinda a Shadows River. — Sorriu, simpático.Rapidamente, abri a bolsa e apanhei na carteira uma nota de cinco dólares, estendendo-a para ele.— Não, por favor. Aqui não aceitamos gorjetas. Já está pagando por todo esse serviço.— Ah, claro. Desculpe. — Guardei novamente o dinheiro.— Então você vai reformar a mansão Whitewood. É uma bela casa. O avô da minha esposa trabalhava lá quando aconteceu o incêndio. Era o zelador. Foi ele quem avistou as chamas e pediu por ajuda.— É lamentável o que aconteceu. Deve ter abalado toda a cidade.— Ah, sim. Mais de cinquenta pessoas estavam lá. E todos por aqui adoravam o senhor Whitewood. Ele era jovem, mas ainda assim fez coisas incríveis pela cidade, como construir a escola, por exemplo. Er
Descendo pelas escadas, percebi que não havia muita movimentação lá embaixo. Passei pela sala de estar, pela de TV, e então cheguei à sala de jantar. Jude terminava de colocar a mesa. Ela olhou-me e sorriu.— Vejo que não sou a única a acordar cedo por aqui.— Nem me lembro da última vez que acordei depois das sete.— Eu me lembro. Antes do Benjamin.— Seu filho?— Sim. Sinto saudade de quando eu acordava com ele cantando no seu quarto.— Onde ele está agora?— Acho que indo se encontrar com você na mansão Whitewood. — Riu.— Ben Foster? O empreiteiro?Ela assentiu.— Sente-se. Vamos comer.Sentei-me, e ela acomodou-se à minha frente. Jude nos serviu chá e colocou uma rosquinha doce no meu prato. Ela disse ser o grande atrativo de todas as manhãs e que eu precisava comer antes que os outros descessem e acabassem com tudo.— Qual é a da Candice?— Ela mora aqui desde que a mãe faleceu. Antes morava no fim da rua, mas as dívidas apertaram e ela teve que vender a casa.— Ela é meio estra
Respirei fundo, sentindo-me satisfeita em ter aceitado a restauração, pela primeira vez desde que saí de Nova Iorque.— Bom… Por onde começamos? — ele perguntou.— Vamos começar de baixo para cima. Primeiro avaliamos os cômodos daqui, depois subimos a escada. Onde está a parte da casa que pegou fogo?— Ouvi dizer que foi isolada alguns meses depois.— Vamos começar encontrando-a, então.— Vou no meu carro pegar uma marreta e lanternas.Assenti e ele saiu.Senti-me estranhamente observada e uma fina corrente de ar frio passar arrepiando os meus braços. Olhei para trás, pensando que talvez encontraria alguém, mas não havia ninguém.— Voltei. Pegue isso. — Entregou-me uma lanterna.— Segundo a planta, o salão de festas fica na ala oeste. É o último cômodo.Ben tomou frente e eu fui logo atrás. Atravessamos salas e passamos por corredores, até darmos de cara com uma extensa parede. Ela não tinha quadros ou janelas. Havia sido pintada de vermelho e isso dava um ar fúnebre ao local.— Acho
A dois metros de distância, estava um homem. Ele olhava-me de um jeito que parecia surpreso que eu o tivesse ouvido. E eu o encarava de olhos arregalados, com o coração palpitando forte no peito, prestes a saltar pela minha boca.— Quem é você?— Jake.Engoli em seco.— O que faz aqui, Jake? Isso é uma propriedade privada.— Eu sei. Eu… trabalho aqui.— Trabalha aqui? — perguntei cheia de desconfiança.— Sim. Mantenho curiosos e possíveis infratores longe. — Sorriu.— Então… você é o zelador?— Isso aí.Aproximou-se, reduzindo pela metade a nossa distância.— Não me avisaram sobre você.— Sinto muito tê-la assustado — disse ele, curvando-se um pouco para frente, ao mesmo tempo que sobrepôs a sua mão direita sobre o peito, enquanto a outra era colocada para trás das costas. Um comportamento estranhamente cavalheiresco.— Tudo bem.— Então está aqui para restaurar esse lugar.— Isso aí.Jake é um homem bonito. Talvez um dos mais lindos que eu já tenha visto. Cabelos pretos e pele alva.
Voltei para cama e deitei-me sob os cobertores novamente. Respirando fundo, fechei os olhos. Então, não demorou muito para que eu dormisse e sonhasse profundamente. Mas não fora um sonho qualquer. Era um onde mãos firmes seguravam os meus punhos enquanto lábios rosados e carnudos beijavam o meu pescoço antes de escorregar a língua para o vale entre os meus seios. Suspiros ecoavam de corpos ofegantes e arrepiados. Braços me prendiam contra um peitoral nu. O meu nome foi sussurrado.— Olhe para mim, Emily — pedia a voz masculina. — Abra os olhos! — disse em um tom mais firme e alto.Os meus olhos imediatamente se abriram e o sonho acabou. Sentei-me assustada na cama com o quanto a última frase parecia ter sido dita por alguém dentro do quarto. Olhei para os lados, certificando-me de estar só. O meu coração batia um pouco apressado.Apanhei o celular na mesinha ao lado e olhei as horas. Eram sete e meia. Depois de um banho, desci para o café da manhã. Todos já estavam à mesa, comendo enq
Jake sabia mesmo como deixar uma mulher impactada e sem palavras. Porque eu não consegui dizer nada e muito menos me mover.Os seus dedos tocaram os meus punhos, fazendo certa pressão na pele. Roçaram onde a veia pulsava forte e desceram pela minha palma, entrelaçando-se nos meus. Engoli em seco, sentindo o nervosismo me prensar por dentro. Jake olhava para as nossas mãos com um sorriso doce e um tanto satisfeito.— É tão quente — sussurrou. — Faz muito tempo que não sinto mãos quentes tocarem as minhas.O seu sorriso se desfez. Jake soltou as minhas mãos e eu considerei impedi-lo, mas não fiz.— Vou levá-la à biblioteca — disse, sem me olhar.Ele seguiu fazendo o caminho de volta e eu o segui até a sala do chá. Jake abriu uma porta e então entramos na majestosa biblioteca.— Uau! — disse, parando para observar o espaço.Em duas das paredes, havia prateleiras que iam do chão ao teto, repletas de livros. Em frente à lareira, havia sofás e duas poltronas cobertos por panos que um dia fo
A passos apressados, caminhei em direção à saída. Ao fechar a porta atrás de mim, parei e respirei fundo. Os meus dedos tocaram os meus lábios, que ainda estavam desejosos por ele. As minhas mãos repousaram sobre o peito, sentindo o coração disparado. Os meus olhos se fecharam brevemente, enquanto eu respirava fundo tentando manter a calma. Era um tanto desesperador sentir o meu corpo se excitar novamente. O meu baixo ventre estava aceso, assim como os bicos dos meus seios. A pele abaixo da orelha estava arrepiada.Será que ainda é cedo demais? Ou será que é cedo demais para me entregar a um estranho?Caminhei rumo ao carro e entrei, fechando a porta. No bolso da jaqueta, apanhei o meu celular e liguei para Beth.— Eu ia te ligar, juro! — disse ela ao atender.— Oi. Como estão as coisas por aí?— Estão bem? E por aí? A mansão está tão mal quanto parece pela foto?— Sabe como é. Um pouco de madeira podre aqui e ali, mas começaremos a obra na próxima semana. Até lá, farei a curadoria do
Eu me entreguei a ele. Jake retirou a minha jaqueta, deixando-a no chão. As suas mãos entraram por debaixo da camiseta que usava, tocando os meus seios. Ele a retirou, e eu rapidamente me livrei do sutiã. Jake suspirou fundo, observando os meus seios. Ele pegou-me pela cintura e ergueu-me alto. Enlacei as minhas pernas ao seu redor, e ele prensou-me contra a pilastra à direita da escadaria.Os seus lábios úmidos desceram por meu pescoço indo em direção à minha clavícula, trançando um caminho até os meus mamilos entumecidos. Quando a sua boca quente os sugou, um de cada vez, gemi alto e manhosa, entranhando os dedos nos seus cabelos escuros e sedosos. Jake os mamou com lentidão e precisão, quase fazendo-me gozar.— Vou te possuir aqui mesmo, sobre os degraus da escada.— Onde quiser — disse cheia de tesão.Ele sentou-me em um dos degraus, e eu me escorei para trás. Jake retirou cada peça de roupa que ainda estava no meu corpo. Um sorrisinho diabolicamente sexy formou-se no seu rosto ap