6- Não mordo!

Bruno olhou para ela levantando uma sobrancelha, ele era para ela apenas o carinha que organizou uma semana de estudos? Ao passo que o outro era seu amigo?

Pedro também não ficou contente ao ouvi-la dizer "amigo", na verdade, ele queria ser bem mais que amigo.

Pedro acompanhava Ana há tempos, mas não se declarava, pois tinha medo de que, se caso ela o rejeitasse, até a amizade ficasse arruinada.

Pedro era um belo rapaz, um pouco mais baixo que Bruno, era do tipo que gostava de academia e jogar bola, era divertido e também muito protetor.

Conheceu Ana há uns três anos, ele era veterano e ela a caloura, se conheceram por intermédio de Julia, que se tornou amiga de Ana, desde o momento que iniciaram o curso juntas.

Quando Ana entrou para a faculdade, era apenas uma garotinha vinda do interior, longe da família se aventurando na capital.

Porém, tinha algo mais, ela trazia em seus olhos uma certa fragilidade. por trás do sorriso tímido havia uma insegurança e até mesmo uma tristeza.

Mais tarde, soube-se que ela havia perdido seu pai e que daí, então, começou a ter problemas com sua mãe por conta do padrasto. Assim os amigos adotaram e a mimaram, pois era uma garota muito doce e leal.

Ana sentiu uma certa tensão no ar.

- Bom, obrigada Pedro, mas Bruno já havia me oferecido uma carona, então fica para próxima.

Ela disse, tentando ser o mais natural possível, fingindo não ter notado a tensão entre os dois, um com ar de descontentamento e o outro com ar de satisfação.

- Você tem certeza? Pedro insistiu.

- Sim! Obrigada, nos vemos amanhã.

- Então está bem, quando chegar em casa me mande uma mensagem, ok? Disse ele, relutante.

- Está certo!

Ela sorriu e se despediu.

Pedro se afastou, tentando disfarçar sua insatisfação.

Ana e Bruno entraram no carro em silencio. Ela não cogitou a hipótese de olhar para ele, pois sentia que os olhos dele estavam nela como se quisessem ver o que ela estava pensando.

Ele olhou para ela.

- Coloque o cinto, por favor.

- Ah! Esqueci, desculpe.

- Percebi, está triste porque não foi com seu amigo? Ou está com medo de mim? E ele continuou:

-Eu não mordo! Bom a não ser que você peça.

Ele disse sorrindo, com tom malicioso.

Ana não pode evitar de imaginar a cena e neste momento sentiu seu rosto corar. "Ele é muito safado", ela pensou.

Ele riu de vê-la corar e olhar para as mãos sem jeito, não era possível que ainda existia garotas assim!

- Não seja bobo!

Ela disse sem jeito, e ficou a olhar as luzes pela janela do carro, tentando não pensar no que ele tinha dito.

Bruno deu mais uma olhada nela e decidiu não incomodar mais, dirigindo diretamente para o centro.

- Onde você mora?

- Jardim Europa, no prédio Muller.

Ela disse olhando para ele, enquanto ele dirigia atentamente olhando para o trânsito.

- É mesmo? Moro bem próximo, no prédio Boulevard, fica a uns três quarteirões do seu.

- É verdade, passo em frente de vez em quando.

- Mesmo? Qualquer hora chega lá para tomar um café!

Ele disse de forma divertida.

- Está bem!

Ela respondeu sem a pretensão de fazê-lo.

Ele ficou feliz, embora não acreditasse que ela faria a visita, mas ele a cobraria com certeza.

O clima dentro do carro havia melhorado e conversaram sobre algumas coisas em comum então, chegaram ao prédio de Ana.

Ele parou o carro, Ana desafivelou o cinto e agradeceu a carona.

- Obrigada, e boa noite.

Ela saiu do carro e olhou pela janela.

- Tudo bem, quando precisar pode me chamar, boa noite durma bem!

- Obrigada, tenha uma boa noite de sono também!

Então, ela entrou para o prédio e quando já havia entrado na portaria, olhou para trás e Bruno ainda estava lá, olhando para ela, ele só seguiu depois que ela sumiu de vista.

Ele estava feliz, embora fosse somente uma carona, ele a conquistaria! Estava certo disso.

Ana suspirou ao entrar no elevador, ela estava tensa, mas não sabia porquê.

Bruno entrou em casa e se jogou no sofá, ficou repassando alguns momentos da noite, sem perceber seus lábios sorriam.

O perfume dela lhe causava um certo comichão no baixo ventre, quando se lembrou do momento que a segurou em seus braços mais cedo, ele sorriu involuntariamente.

Também se sentiu um pouco incomodado, quando pensou em Pedro cercando Ana. Ele, como homem, sabia do verdadeiro interesse de Pedro.

Era obvio que ele não estava somente atrás de sua amizade, ele queria algo mais, mas Bruno estava disposto a lutar por ela e ele não costumava perder.

Ana tomou seu banho e comeu alguma coisa e caiu na cama, logo adormeceu estava exausta.

Bruno, já na cama, mandou-lhe uma mensagem “este é meu telefone, guarde-o e me ligue sempre que precisar, sonhe comigo”.

Porém, ela não viu a mensagem, já havia dormido. Bruno ficou esperando resposta, mas deduziu tempos depois que ela certamente já estaria dormindo.

A noite passou num piscar de olhos, ambos levantaram cedo, tomaram seu café e cada um foi para seus afazeres. Ana foi para o escritório e Bruno para a faculdade.

Ana saiu a pé para pegar o ônibus e teve uma sensação estranha, como se estivesse sendo seguida.

A verdade é que ninguém notou, mas a mesma garota, Bianca, que viu Bruno beijando Ana, também tinha os visto no estacionamento e os seguiu e viu quando Bruno deixou Ana em casa.

Ela nem conseguiu dormir, e amanheceu na porta do prédio de Ana queria saber tudo sobre ela. "Conhecendo-a poderei desmascara-la para Bruno, ao mesmo tempo preciso estar mais próxima de Bruno, estar onde ele estiver" ela pensou.

Ana havia descido do ônibus e estava caminhando pela calça o sinal fechou quando ela colocou os pés na faixa de pedestres um carro em alta velocidade quase a acertou.

Ana se desequilibrou e caiu, um homem de meia idade viu e correu até ela.

- Você esta bem?

- Estou, obrigada. Ela disse segurando na mão do estranho tentando se levantar.

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