Helena depois que Ágata dormiu, vai para sala e encontra o pai assistindo o noticiário.
— Dormiram?— Sim, Aurora está tão ansiosa com o aniversário amanhã, que estou começando a me preocupar.— Ela vai ficar bem, é que ela está crescendo e diferente de Ágata, ela é mais perspicaz — Bernardo olha para a filha — Desde que disse a elas que o pai estava viajando, ela quer conhecê-lo.Helena prefere não responder, sua história com Fernando começou quando ela passou para uma faculdade pública no Rio de Janeiro, desde então ela foi morar com Soraia. Helena estava com 15 anos, e nem acreditou quando viu sua aprovação pois, tinha acabado de terminar o ensino médio e fez a prova a nível de conhecimento. Ela sempre foi muito estudiosa e inteligente, o que a ajudou a passar na primeira tentativa para o curso de Nutrição.Nutrição sempre foi o que desejou cursar, mesmo que o pai e a tia achasse loucura, já que ela adorava fazer doces e bolos, engordando a todos que experimentassem as suas guloseimas. Mas ela dizia ser esse o motivo, pois não acreditava que alguém que precisasse fazer dieta precisasse fazer tantas restrições. O curso lhe ajudou a preparar doces e bolos com ingredientes diferenciados que lhe garantiam uma boa saúde.Quando começou os estudos só pensava nisso, em estudar, até conhecer Murilo, que a levou a conhecer Fernando, a sua perdição, aquele que entrou em seu coração e nos seus pensamentos, que a fazia suspirar quando o via e o fazia fugir quando ela se aproximava dele.Bernardo, o pai de Helena, a olha e sabe que algo a está incomodando.— Que carinha é essa, está preocupada? — Pergunta ao ver a filha lhe agarrar o braço.– Papai, eu atrapalho a sua vida? — A pergunta o deixa sem entender.— Do que está falando? Você jamais atrapalharia a minha vida.— Então por qual motivo o senhor não se casou novamente? — Ele apenas sorri, apoiando a cabeça na cabeça da filha que repousava sobre os seus ombros.— Sua tia já foi lhe falar besteira.— Tia Soraia sempre foi como uma mãe para mim, e ela jamais me diria algo que não fosse verdade.— Você não atrapalha a minha vida, não me casei pois não encontrei alguém a quem quisesse do meu lado.— Jura?— Eu juro. Mas quem sabe eu ainda encontre — Responde rindo.— Saiba que eu torço muito para que isso aconteça. O senhor ainda é jovem e muito bonito, tenho certeza que é muito paquerado — Helena também responde rindo.— Não exagere. — Eles ficam rindo — Helena, filha — O jeito que o pai a chama a faz olhar para ele — O que acha de procurar o pai das meninas, Aurora não para de falar dele. Você sabe a minha opinião sobre isso, não é por me negar a cuidar delas, mas por eu achar que o pai tem o direito de saber, e as meninas o direito de o conhecer — Eles ficam em silêncio por um tempo — Quem é ele, Helena? Eu o conheço?— O senhor não o conhece, mas acredite ele é um bom homem, responsável e honesto, e se soubesse das meninas já as teria colocado debaixo de suas asas, ele é assim, protetor.— Quanto mais o tempo passar mais ele irá ficar aborrecido quando souber das filhas.— Esquece o pai das meninas papai. Mas eu prometo que vou pensar sobre o assunto.— O que houve entre vocês, por que não deu certo?— Porque ele é um cego e idiota — Responde rindo — Mas vamos esquecer isso, agora eu vou dormir, amanhã preciso acordar cedo, tenho muita coisa para fazer — Ela se despede do pai e vai para o seu quarto, mas não consegue dormir, a ligação de Murirlo fez ela voltar a pensar em Fernando, o seu grande amor....Na manhã seguinte foi uma correria. Na casa trabalhava Ana que cuidava das meninas, e Selma que cuidava da casa e das refeições.— Helena, Ágata já quer vestir a roupa do aniversário e confesso, está difícil a convencer do contrário. — Ana chega pedindo ajuda da mãe.Helena deixa o que está fazendo e vai até o quarto das filhas, enquanto Aurora brincava com a sua boneca de pano, Ágata estava agarrada ao vestido da festa.— Filha, ainda não é hora de se arrumar, a mamãe ainda está arrumando as coisas para a festa, que tal me ajudar?— Mamãe, mamãe, eu não sujo eu.— Se diz: eu não me sujo. — Helena corrigi — Mesmo assim, não é para se vestir agora, só na hora da festa. Venha! Deixa eu colocar esse outro vestido em você — Mesmo com Ágata chorando ela a veste com um outro vestido a levando do quarto com ela gritando que queria o outro vestido — Coloque esses docinhos na bandeja — A ordem a faz parar de gritar, e ela se senta onde a mãe manda. Ali ela fica colocando os docinhos nas forminhas coloridas — Sem os comer, se não vai ficar com dor na barriga.Helena a repreende ao ver ela comendo mais do que os colocando nas formas, mesmo assim ela ainda comeu alguns, mas Helena fingia não ver, já que aqueles eram os especiais, para que Aurora também pudesse comer.— Tia, pode levar essas bandejas e colocar na mesa onde ficará o bolo?— Claro, são essas aqui?— Sim.— Está tudo tão lindo, fico chocada como a sua mãe pode deixar de vir no aniversário das netas.— Nem nos meus ela vinha. Ela nunca foi minha mãe, apenas me gerou, nada mais que isso. Você é a minha mamãe, a minha mamãe do coração. — Helena abraça a tia a enchendo de beijos.— Pare com isso Helena, você não é mais aquela moleca.— Mas a senhora ainda é a minha tia preferida.— Você só tem a mim de tia, não tente me enganar — Soraia responde rindo.— E quanto a papai, ele vai se casar de novo com uma mulher muito bonita, que o mereça.— Tem Camila, a velha paixão dele, e quanto a ser bonita, você acertou, ela deve ter seus trinta e pouco e é uma mulher muito bonita, mora sozinha e é advogada.— Aprovada, se tia Soraia gosta dela, eu também vou gostar.— Vocês estão invetando moda, já sou um velho com filha e netas — Bernardo chega rindo ao ouvir a conversa das duas.— Deixe de ser ridículo, Bernardo. Desde quando um quarentão é velho?— Papai ainda vai fazer quarenta, ele ainda é muito jovem — Soraia olha para Helena e sorri de lado, pois sabia o motivo de tanta veemência em alegar que o pai não era velho, era apenas por saber que Fernando e ele eram quase da mesma idade.— Sei... — Sorai segue levando as bandejas para a mesa. Helena preparou um bolo todo especial, para a sua pequena Aurora, ela merecia comer um pedaço, por isso ela fez com produtos selecionados, nada de açúcar, substituindo por mel puro, nada de trigo, substituiu por aveia, e assim ela fez um bolo decoraco com frutas, e tudo mais que Aurora pudesse comer. Para os convidados, havia bolo de creme embalados e já prontos para serem consumidos.A festa foi perfeita, com as meninas vestidas em seus vestidos brancos com laços rosas, elas estavam iguais, mas não havia como as confundir por serem diferentes no tamanho e na aparência.Helena estava no meio da festa com Aurora nos braços, quando o seu telefone toca, ela estava tão distraída com Aurora falando com sua voz doce que aceitou a chamada sem se dar conta de quem era.— Alô!— Mamãe, o papai vem versário? — Essa foi a pergunta que a pessoa do outro lado pôde ouvir..Helena estava decidida a conversar com Aurora, ela passou a festa inteira perguntando sobre o pai, onde ele estava, e porque não tinha chegado ainda. A desculpa da viagem não estava adiantando, era como se ela o conhecesse e sentisse saudade dele.— Alô! — Helena mais uma vez fala ao telefone, sem se dar conta de quem era.— Mamãe, mamãe — Aurora insiste e a pessoa do outro lado continua em silêncio.— Peraí meu amor, a mamãe está no telefone.— Helena, você tem um filho? — Murilo pergunta sem acreditar.— Murilo? — Helena sente as pernas tremerem e o coração disparar.— Mamãe, é o papai, é o meu papai? — Aurora parecia não querer ficar sem respostas.— Calma bebê, é um amigo da mamãe.— A vovó disse que eu pareço com o papai, é vedadi?— Murilo, eu realmente preciso desligar, me desculpe, depois conversamos.Helena encerra a ligação sem esperar Murilo responder, o seu coração está disparado, se fosse Ágata seria mais fácil a fazer calar, mas Aurora era diferente, quando ela queria sa
Fernando sai de casa disposto a descobrir o paradeiro de Helena, se ela estava se escondendo dele seria por pouco tempo. Iria descobrir onde ela estava e teriam uma conversa. Só havia uma pessoa que podia lhe ajudar, além dele saber do que havia acontecido entre ele e Helena, também sabia dos seus sentimentos por ela.— Luiz, onde você está?— Em meu apartamento, hoje tirei a noite para descansar um pouco já que estou de folga, mas se for para beber, tô dentro.— Logo estarei aí, preciso de um favor seu. Preciso descobrir algo e sei que você poderá me ajudará com isso.— O que o faz vir até aqui com tanta urgência? — Luiz pergunta assim que Fernando entra em seu apartamento transtornado.— Me descubra de onde é esse telefone, o dono da linha, o endereço e tudo o mais que puder.Luiz nunca viu o amigo tão nervoso, parecia querer tirar o pai da forca. Ele olha o número de telefone, sendo a única informação que tem para se conseguir informações sobre o dono da linha.— Posso saber pelo m
Com muita dificuldade Helena consegue dormir, mas é apenas um cochilo, acorda com a cabeça a mil, torcendo para que Fernando esqueça aquele assunto, e não volte a ligar para ela novamente. O que a fez querer contar para ele, foi unicamente para deixar a filha feliz. Ouvir Aurora perguntando pelo pai a festa inteira, a deixou com o coração destruido, mas quando pensava em falar com Fernando, o pavor a dominava. O seu pai estava certo quanto mais tempo passasse, mais aborrecido ele ficaria, mas agora lhe faltava coragem para lhe contar.Se ele soubesse a verdade, iria fazer questão de assumir as filhas, mas tomado pela raiva por ela as ter escondido, com certeza pediria a guarda das meninas, já que iria se casar e tinha muito mais recursos financeiros que ela para o tratamento de Aurora.Sem pensar direito ela liga para Murilo.— Helena, que bom que você ligou, pelo amor de Deus, me diga o que está acontecendo.— Murilo, eu conheci alguém e me relacionei com essa pessoa, Aurora é filha
Quando a dor de perder a sua mãe estava menor, ele perdeu a sua única irmã, Júlia. Ela era a mãe de Murilo e morava em outro estado, mas isso não impedia deles serem próximos, assim como a diferença de idade entre eles. Quando Fernando nasceu, Júlia estava com 10 anos, mas sempre foram muito ligados um ao outro, e ficaram ainda mais com a morte da mãe, quando Fernando passou visitar a irmã mais vezes e vice versa.Júlia sofreu um acidente de carro, um caminhão desgovernado atingiu o carro onde ela e o marido estavam e o impacto levou os dois a morte, deixando Murilo órfão aos 14 anos.A noticia destruiu Fernando, o seu coração doia tanto que parecia não ser capaz de continuar vivo, mas descobriu ser mais forte do que imaginou ser, afinal precisava ser, o seu sobrinho Murilo, a quem amava, precisava dele, pois só tinha ele para se tornar o seu tutor.Não foi fácil seguir em frente, ele tinha acabado de inaugurar a sua empresa de acessoria, e se não fosse os amigos que estiveram ao seu
Conforme o tempo foi passando, Fernando passou a se sentir atraido por Helena, mas não tinha coragem de reconhecer isso nem para ele mesmo, ficar com Helena seria loucura, ele conhecia Soraia, a tia dela, e ela lhe confiava a sobrinha em sua casa, e isso o fazia se sentir mal pelo sentimento que nascia dentro dele.Helena não lhe dava trégua, insistindo incansavelmente em dizer que gostava dele, e o que ele tentou evitar, lhe aconteceu. Helena passou a morar em seus pensamentos, sentia uma vontade louca de estar com ela de beijá-la, e tê-la em seus braços. Condenava a si mesmo por esses pensamentos, e passou a fugir ainda mais dela, com medo de ceder ao desejo que o consumia.Helena deixou de ser aquela menina magrinha que ele conheceu, e passou a ter as curvas desenhadas, ele pode vê-la se transformar em uma linda jovem, com curvas perfeitas e um rosto de chamar atenção de qualquer um que não fosse cego.Quando estavam a sós, coisa que ele costumava evitar, ela o provocava ainda mais
E assim Fernando lhe obedece. Deixando a camisinha de lado, ele entra nela com cuidado para não machucá-la, mas sem nenhuma proteção, ele também queria a sentir daquele jeito, queria se sentir engolido por ela, queria sentir o seu membro naquela gruta quente e úmida.Aquela noite foi especial para Helena, mas para ele também foi, para ambos foi a realização de um sonho, pois há muito tempo eles se desejavam. Estar com ela em sua cama o fazia querer tê-la sempre ali ao seu lado, mas ao vê-la dormindo ao seu lado, abraçada a ele, não conseguiu se livrar da culpa de ter tirado a sua virgindade, ele era um homem de 33 anos, era vivido e cheio de experiências, não podia dar esperanças a ela, teria que deixar claro que o que aconteceu entre eles foi apenas um momento, nada mais que isso, mesmo sabendo não ser verdadade.Quando Helena acorda pela manha ele a olha, e dá um beijo em sua testa, ele pouco havia dormido, e muito antes dela acordar ele já tinha despertado.— Você está bem? — Pergu
Fernando se recupera rápido, e com um sorriso amarelo ele a cumprimenta, tentamdo pensar em uma desculpa para estar ali.— Bom Dia Soraia — Fernando fica sem saber o que dizer, o que ele estava fazendo atrás de Helena, o arrependimento bate a sua porta e ele fica sem reação.— O que faz aqui? — Soraia pergunta novamente, pensando que Helena enfim, tenha decidido o procurar.— É que... É que... — Fernando não consegue encontrar nenhuma desculpa, até alguém aparecer na porta.— Vovó, a mamãe vai vota? Imã tá dodoi.— Aí meu Deus! — Soraia corre para ver Aurora, deixando Fernando ali parado.Soraia entra as presas e Fernando continua ali parado, vendo a senhora que lhe abriu a porta também lhe virar as costas correndo.— Oi tio — Ágata o cumprimenta sorrindo, Fernando olha para baixo e também lhe sorri, se abaixando em seguida à frente dela e lhe belisca a bochecha. Ele não resistiu, ela era muito fofa e tinha as bochechas rosadas que o deixou encantado.Fernando fica olhando a criança
Ao ouvir as palavras de Helena, Fernando paralisa e a médica ao ver a fisionomia de Helena e a de Fernando, entende o que está acontecendo e confirma com a cabeça. Fernando por sua vez, pensa que ele também irá precisar de um cardiologista, pois o seu coração está tão disparado que parece bater na garganta, tem a sensação de que a qualquer momento o seu coração irá sair pela boca.Não era assim que ele esperava descobrir ser o pai do filho de Helena, em um corredor de hospital com a filha entre a vida e a morte, parecia mais um pesadelo e não algo bom como pensou que seria. É difícil assimilar qualquer coisa naquele momento tem a sensação de não ser verdade o que acabou de ouvir, ou mesmo ser um sonho toda a realidade que está vivendo, era como se toda aquela situação fosse irreal.— Vamos — A médica os chama e os dois a seguem em silêncio.A distância até a UTIP parece ser de vários quilômetros, era como se Fernando estivesse participando de uma maratona sem ver a linha de chegada. A