Capítulo 3

Helena fica conversando com a tia, não mais sobre Fernando e sim sobre o aniversário das meninas, até que Helena decide perguntar algo.

— A senhora deu o endereço daqui para Murilo? Pois ele pensa que eu moro no Sul.

— Não se preocupe, disse a ele que não sabia de cabeça, e que depois eu o daria. Ele pediu o seu telefone e não tive como negar, acho que você já fugiu muito desse seu amigo.

— Não foi dificil, vim embora quando ele estava as voltas com a viagem dele para Londres, eu sabia que não teria tempo de se preocupar comigo. A minha preocupação é que se ele ver Aurora saberá o que aconteceu entre mim e o tio dele.

— Sabe muito bem que ele mesmo as voltas com a viagem me ligava todos os dias por não conseguir falar com você. Mas em relação ao tio dele, eu acho que antes mesmo de Murilo ver Aurora, você deveria procurar Fernando e lhe contar as consequências de uma noite, isso é se foi mesmo só uma noite. — Soraia fala fazendo cara feia

— Para tia, já disse que foi apenas uma noite, e mesmo assim aconteceu por minha culpa, pois só faltei o esperar nua na cama dele.

— E ainda tem coragem de dizer essas coisas para mim. Se o seu pai souber que a filhinha dele vivia dando em cima de um homem da idade dele ele infarta. Ah! Com certeza ele infarta.

— Fernando não tem a idade de papai, ele é 4 anos mais novo.

— E você é 15 anos mais nova que ele, era por isso que ele fugia de você para não ser acusado de pedofilia. E pensar que eu te deixava dormir na casa dele, ele pode pensar que eu sabia da sua sem-vergonhice.

— Não era sem-vergonhice, eu apenas dizia a ele o que sentia.

— Deixe de bobagem, uma moleca de 16 anos sabe lá o que é amar alguém, pensei que quando me falava que ia se casar com ele era apenas devaneio.

— Eu sempre soube que o amava. Desde o dia que o conheci me apaixonei por ele, tão lindo, tão perfeito. Eu estava com 15 anos, mas soube na mesma hora que ele era perfeito para mim. — Helena fala como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— E ele 30 anos, e ainda se acha certa. Mas se diz que o ama, o procure e diga que vocês tem duas filhas, pare de querer o castigar, pois sabe que ele se apaixonará por elas.

— Eu não vou fazer isso tia, ele vai pensar que engravidei de propósito. Por favor não insista nisso — Helana se levanta de onde estava sentada — Agora me deixe cuidar de Ágata, ela está toda suja de areia, e deve estar fazendo uma bagunça daquelas no quarto, isso é, se não já acordou Aurora.

Para surpresa de Helena, Ágata, dormia abraçada a irmã já de banho tomado, provavelmente o avô cuidou dela, e isso a fez parar na porta e olhar para as suas filhas, pensando no que a tia disse sobre o seu pai. Ele sempre estaria ao seu lado, lhe ajudando a cuidar das suas bebês. Ela as amava tanto e o seu coração se aperta ao saber do cuidado que Aurora sempre teria que ter para que pudesse viver mais.

Helena agradecia aos céus por seu pai ter boas condições financeiras, pois os remédios que ela usava não eram baratos e ela pensou quantas crianças sofriam daquele mesmo problema sem recursos para o devido tratamento.

— Ágata dormindo, deve estar realmente cansada — Soraia fala rindo ao se aproximar de Helena.

A noite, Helena estava pondo as filhas para dormir quando o seu telefone toca "Murilo" apesar de não ligar mais para ele, ainda o tinha em seus contatos, mesmo ela tendo trocado de número.

— Ágata, deixe a sua irmã dormir, ela está cansada, a mamãe já vem lhe contar uma história. — Ágata apenas lhe confirma com a cabeça, deitada em sua caminha.

Assim que sai do quarto Helena atende ao telefone.

— Alô!

— Pelo amor de Deus! O que aconteceu com você que me abandonou? Mas sinto muito te dizer, de agora em diante não irá conseguir mais se livrar de mim — Helena apenas sorri, ela também sentia saudade do amigo.

— Oi Murilo, como você está? Como conseguiu o meu número? — Pergunta fingindo não saber.

— Tia Soraia. Confesso que até pensei que ela estivesse em conluio com você para que eu não a encontrasse.

— Deixe de bobagem, eu apenas troquei de número e acabei perdendo o seu contato.

— Como você está? Confesso que morro de saudade de nossas conversas e também das nossas bagunças.

— Eu estou bem, e você? Como foi estudar em Londres?

— Confesso que muito melhor do que eu pensei, foram dias de muito aprendizado.

— Fico feliz.

— Assim que voltei procurei por sua tia, foi quando ela me disse que você não havia voltado para o Rio de Janeiro, e que não mais pretendia voltar. Estranhei ela dizer que estava sem o seu número de telefone, mas não desisti, até que ela me deu, mas confesso que percebi uma certa resistência.

— Meu pai estava muito sozinho, por isso optei por continuar por aqui mesmo.

— E a faculdade?

— Terminei a distância. — Eles ficaram em silêncio por um tempo.

— Não vai me perguntar pelo meu tio?

— Não há motivos, já que ele só sabia me evitar.

— Me admiro você ter desistido dele, depois de passar anos o perseguindo — Murilo fala rindo — Confesso que até achava engraçado vocês dois, principalmente o jeito que ele tentava se esquivar das suas investidas.

— Murilo, eu preciso desligar agora, podemos conversar depois? — Helena não queria falar sobre Fernando.

— Tudo bem, me ligue quando quiser, agora você já tem o meu número, quero contar e saber das novidades. — Murilo responde animado — E acredite, se não me ligar eu te ligo.

— Eu te ligo, pode deixar — Helena promete, não queria que ele ligasse numa hora imprópria.

— Beijos irmãzinha.

— Beijos Murilo — Helena encerra a ligação com uma imensa vontade de chorar, ela adorava Murilo, sempre foi o seu melhor amigo, aquele a quem confiava os seus segredos, o único que ele não pôde saber foi ela ter transado com o tio dele e ter engravidado.

— Mamãe!!!— Alguém a chama e ela volta a atenção a Ágata que a chamava do quarto.

Ágata era a mais nova, nasceu com seis minutos de diferença, nasceu saudável e só em olhar se percebia a diferença entre as duas. Ágata não apenas nasceu maior que a irmã como ainda era a maior, quem as olhasse pensava ter idades diferentes, devido a diferenca do tamanho entre elas.

Aurora era a mais frágil, quando nasceu passou 15 dias internada, era tão pequena e delicada que dava nervoso em dar banho, além disso, Aurora precisava fazer dietas, tomava medicações forte e não podia fazer as mesmas atividades que a irmã, mesmo assim era uma criança feliz e era também muito inteligente, aos dois anos falava tudo, com melhor pronúncia que a irmã, adorava cantar, e as vezes Helena chorava quando a via cantando e suspirava por sentir falta de ar, nessa hora Helena continuava a canção e a filha só sorria.

As vezes Aurora perguntava o motivo das lágrimas da mamãe dela, e a mãe apenas dizia ser por ela cantar lindamente, e que isso a deixava emocionada com a canção, mas que não se preocupasse, pois eram lágrimas de felicidade.

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