Helena estava decidida a conversar com Aurora, ela passou a festa inteira perguntando sobre o pai, onde ele estava, e porque não tinha chegado ainda. A desculpa da viagem não estava adiantando, era como se ela o conhecesse e sentisse saudade dele.
— Alô! — Helena mais uma vez fala ao telefone, sem se dar conta de quem era.— Mamãe, mamãe — Aurora insiste e a pessoa do outro lado continua em silêncio.— Peraí meu amor, a mamãe está no telefone.— Helena, você tem um filho? — Murilo pergunta sem acreditar.— Murilo? — Helena sente as pernas tremerem e o coração disparar.— Mamãe, é o papai, é o meu papai? — Aurora parecia não querer ficar sem respostas.— Calma bebê, é um amigo da mamãe.— A vovó disse que eu pareço com o papai, é vedadi?— Murilo, eu realmente preciso desligar, me desculpe, depois conversamos.Helena encerra a ligação sem esperar Murilo responder, o seu coração está disparado, se fosse Ágata seria mais fácil a fazer calar, mas Aurora era diferente, quando ela queria saber algo ela não desistia até ter uma resposta.Murilo permanece com o telefone na mão, sem reação até que alguém o tira do transe.— Conseguiu falar com Helena, ou ela continua fugindo? — Murilo vai até o seu tio que estava na sala.— Helena tem um filho, ou filha eu não sei — Fala olhando para o tio que estava assistindo futebol — Que estranho, por que tia Soraia nunca me falou sobre isso?— Como sabe que Helena tem um filho? — Fernando pergunta sentindo o coração disparar, que idade teria essa criança, se pergunta se indireitando no sofá.— Eu ouvi uma criança a chamando de mamãe — Murilo olha a data e após dizer em voz alta complementa — Hoje pelo que parece é a festa de aniversário, pois pelo que entendi, ela perguntava a Helena se o pai iria ao aniversário, e tinha barulho como se fosse uma festa.Fernando sente as batidas do coração acelerarem ainda mais, haveria possibilidade do filho de Helena ser dele, ou ela havia se casado, mas se a criança já estava falando devia ter mais de um ano.— Me dá o telefone de Helena — Murilo o olha, ele nunca quis muito contato com Helena, por qual motivo ele agora queria o contato dela? Se pergunta — Me dá o número do telefone dela, Murilo — Fernando precisava fazer uma pergunta a Helena, só esperava que a resposta não fosse a que estava pensando. — Por que eu devo lhe dar o número dela, você nunca fez questão de ter contato com ela.— Murilo, me dá a porcaria desse número, por favor. — Fernando se põe de pé.— Calma, por que tanto nervosismo? — Murilo pega o celular, mas não parecia estar com intenção de dar o número, e isso deixa Fernando ainda mais irritado — Preciso perguntar a ela primeiro se posso te dar...— Murilo... — Fernando passa as mãos no pescoço apertando a nuca que estava tensa — Por favor, eu te peço, me dá esse número, pois acredite, eu o terei — Fernando dá um passo a frente e Murilo levanta o seu celular achando ainda mais estranho a atitude do tio.— Peraí, eu vou dar, só não estou entendendo esse nervosismo todo.Fernando sobe para o seu quarto assim que anota o número de Helena, a dúvida que sempre o consumiu volta com força total, sempre suspeitou do sumiço repentino de Helena, mas não quis acreditar na possibilidade dela ter engravidado. Ele tenta ligar para ela, mas ela não atende, depois de várias tentativas e já quase perdendo a paciência, ele lhe passa uma mensagem...Helena estava levando as filhas para cantarem parabéns quando o seu telefone toca "Fernando" sem pensar direito rejeita a ligação. Com certeza Murilo deu o seu número para ele, mas o que ela menos queria era contato com ele, já havia feito a besteira de o seduzir, agora a última coisa que queria era ser acusada de ter engravidado de propósito, ela jamais usaria as meninas para o convencer a ficar com ela.Fernando insiste, mas ela continua rejeitando, e por fim desliga o telefone, com certeza ele desistiria, não tinham nada para se falarem.A festa não demora a acabar, e Helena depois de dar banho nas filhas as põe na cama com a ajuda do pai, que estava mimando Aurora por ela estar se sentindo muito cansada. Helena já estava deitada em sua cama quando decide ligar o seu telefone, iria ligar para Murilo e tentar encontrar uma desculpa para o que tinha acontecido. Mentiria, dizendo que engravidou depois de estar morando com o pai. Mas antes que pudesse ligar para o amigo recebe um aviso de mensagem."Espero que não tenha ido embora por estar grávida, se assim for, acredito que precisamos conversar, não abrirei mão de um filho meu"Ao ler a mensagem, Helena fica sem saber o que fazer, seria isso um sinal para contar a ele sobre as meninas, mas se Fernando ficasse com raiva e quisesse a guarda das filhas. Ela roe as unhas se sentindo desesperada.Fernando anda de um lado para o outro, dentro dele uma voz sempre disse que Helena tinha ido embora por ter engravidado depois da noite que passaram juntos mas se negou a acreditar, por pensar que se isso fosse verdade ela não lhe esconderia tal informação. Sabe que foi um irresponsável por não usar preservativo quando dormiram juntos, mas ela garantiu que tomaria a pílula do dia seguinte, não havia motivos para ele duvidar que ela não o fizesse, por isso preferiu acreditar que ela foi embora pelo que ele disse na manhã seguinte após ela acordar em sua cama.Ainda andava de um lado para o outro quando escuta uma notificação de mensagem e não se surpreende de ver ser de Helena "Me esquece, pois foi o que eu fiz em relação a você"Fernando troca de roupa as presas e desce as escadas a procura de Murilo, o encontra assistindo filme.— Onde Helena está morando? Me dá o endereço dela.— Eu nem imagindo o endereço, eu só sei que ela mora com o pai em Florianópolis, essa é a única informação que eu posso te dar.— Esse prefixo de telefone não é de Florianópolis — Fernando responde irritado — Pelo jeito ela nunca esteve com o pai, esse prefixo é de alguma cidade aqui do estado.— Mas ela me disse...— Com certeza ela mentiu, e se mentiu é porque esta escondendo algo, ela não queria que a procurasse.— Mas por quê? O que ela estaria escondendo? — Murilo estava sem entender nada.— Isso eu vou descobrir, tenha certeza disso.— Tio, o que está acontecendo? — Murilo dá pausa no filme e se aproxima do tio — Por que está tão nervoso? O que conteceu entre vocês dois?— Pergunte a ela, e aproveite pergunte quem é o pai da criança — Murilo o olha perplexo.— Por acaso vocês? Vocês dois... transaram? — Fernando não responde, nunca disse ao sobrinho o que aconteceu entre ele e Helena, e pelo jeito ela também não — Tio, o filho de Helena é seu, é isso?— Queira Deus que não, caso contrário ela ficara sem o filho.— Tio, peraí, me conte essa história direito. — Mas antes mesmo de terminar a frase, Fernando já havia saído de casa, com a cabeça fervendo e com a raiva o consumindo.Fernando sai de casa disposto a descobrir o paradeiro de Helena, se ela estava se escondendo dele seria por pouco tempo. Iria descobrir onde ela estava e teriam uma conversa. Só havia uma pessoa que podia lhe ajudar, além dele saber do que havia acontecido entre ele e Helena, também sabia dos seus sentimentos por ela.— Luiz, onde você está?— Em meu apartamento, hoje tirei a noite para descansar um pouco já que estou de folga, mas se for para beber, tô dentro.— Logo estarei aí, preciso de um favor seu. Preciso descobrir algo e sei que você poderá me ajudará com isso.— O que o faz vir até aqui com tanta urgência? — Luiz pergunta assim que Fernando entra em seu apartamento transtornado.— Me descubra de onde é esse telefone, o dono da linha, o endereço e tudo o mais que puder.Luiz nunca viu o amigo tão nervoso, parecia querer tirar o pai da forca. Ele olha o número de telefone, sendo a única informação que tem para se conseguir informações sobre o dono da linha.— Posso saber pelo m
Com muita dificuldade Helena consegue dormir, mas é apenas um cochilo, acorda com a cabeça a mil, torcendo para que Fernando esqueça aquele assunto, e não volte a ligar para ela novamente. O que a fez querer contar para ele, foi unicamente para deixar a filha feliz. Ouvir Aurora perguntando pelo pai a festa inteira, a deixou com o coração destruido, mas quando pensava em falar com Fernando, o pavor a dominava. O seu pai estava certo quanto mais tempo passasse, mais aborrecido ele ficaria, mas agora lhe faltava coragem para lhe contar.Se ele soubesse a verdade, iria fazer questão de assumir as filhas, mas tomado pela raiva por ela as ter escondido, com certeza pediria a guarda das meninas, já que iria se casar e tinha muito mais recursos financeiros que ela para o tratamento de Aurora.Sem pensar direito ela liga para Murilo.— Helena, que bom que você ligou, pelo amor de Deus, me diga o que está acontecendo.— Murilo, eu conheci alguém e me relacionei com essa pessoa, Aurora é filha
Quando a dor de perder a sua mãe estava menor, ele perdeu a sua única irmã, Júlia. Ela era a mãe de Murilo e morava em outro estado, mas isso não impedia deles serem próximos, assim como a diferença de idade entre eles. Quando Fernando nasceu, Júlia estava com 10 anos, mas sempre foram muito ligados um ao outro, e ficaram ainda mais com a morte da mãe, quando Fernando passou visitar a irmã mais vezes e vice versa.Júlia sofreu um acidente de carro, um caminhão desgovernado atingiu o carro onde ela e o marido estavam e o impacto levou os dois a morte, deixando Murilo órfão aos 14 anos.A noticia destruiu Fernando, o seu coração doia tanto que parecia não ser capaz de continuar vivo, mas descobriu ser mais forte do que imaginou ser, afinal precisava ser, o seu sobrinho Murilo, a quem amava, precisava dele, pois só tinha ele para se tornar o seu tutor.Não foi fácil seguir em frente, ele tinha acabado de inaugurar a sua empresa de acessoria, e se não fosse os amigos que estiveram ao seu
Conforme o tempo foi passando, Fernando passou a se sentir atraido por Helena, mas não tinha coragem de reconhecer isso nem para ele mesmo, ficar com Helena seria loucura, ele conhecia Soraia, a tia dela, e ela lhe confiava a sobrinha em sua casa, e isso o fazia se sentir mal pelo sentimento que nascia dentro dele.Helena não lhe dava trégua, insistindo incansavelmente em dizer que gostava dele, e o que ele tentou evitar, lhe aconteceu. Helena passou a morar em seus pensamentos, sentia uma vontade louca de estar com ela de beijá-la, e tê-la em seus braços. Condenava a si mesmo por esses pensamentos, e passou a fugir ainda mais dela, com medo de ceder ao desejo que o consumia.Helena deixou de ser aquela menina magrinha que ele conheceu, e passou a ter as curvas desenhadas, ele pode vê-la se transformar em uma linda jovem, com curvas perfeitas e um rosto de chamar atenção de qualquer um que não fosse cego.Quando estavam a sós, coisa que ele costumava evitar, ela o provocava ainda mais
E assim Fernando lhe obedece. Deixando a camisinha de lado, ele entra nela com cuidado para não machucá-la, mas sem nenhuma proteção, ele também queria a sentir daquele jeito, queria se sentir engolido por ela, queria sentir o seu membro naquela gruta quente e úmida.Aquela noite foi especial para Helena, mas para ele também foi, para ambos foi a realização de um sonho, pois há muito tempo eles se desejavam. Estar com ela em sua cama o fazia querer tê-la sempre ali ao seu lado, mas ao vê-la dormindo ao seu lado, abraçada a ele, não conseguiu se livrar da culpa de ter tirado a sua virgindade, ele era um homem de 33 anos, era vivido e cheio de experiências, não podia dar esperanças a ela, teria que deixar claro que o que aconteceu entre eles foi apenas um momento, nada mais que isso, mesmo sabendo não ser verdadade.Quando Helena acorda pela manha ele a olha, e dá um beijo em sua testa, ele pouco havia dormido, e muito antes dela acordar ele já tinha despertado.— Você está bem? — Pergu
Fernando se recupera rápido, e com um sorriso amarelo ele a cumprimenta, tentamdo pensar em uma desculpa para estar ali.— Bom Dia Soraia — Fernando fica sem saber o que dizer, o que ele estava fazendo atrás de Helena, o arrependimento bate a sua porta e ele fica sem reação.— O que faz aqui? — Soraia pergunta novamente, pensando que Helena enfim, tenha decidido o procurar.— É que... É que... — Fernando não consegue encontrar nenhuma desculpa, até alguém aparecer na porta.— Vovó, a mamãe vai vota? Imã tá dodoi.— Aí meu Deus! — Soraia corre para ver Aurora, deixando Fernando ali parado.Soraia entra as presas e Fernando continua ali parado, vendo a senhora que lhe abriu a porta também lhe virar as costas correndo.— Oi tio — Ágata o cumprimenta sorrindo, Fernando olha para baixo e também lhe sorri, se abaixando em seguida à frente dela e lhe belisca a bochecha. Ele não resistiu, ela era muito fofa e tinha as bochechas rosadas que o deixou encantado.Fernando fica olhando a criança
Ao ouvir as palavras de Helena, Fernando paralisa e a médica ao ver a fisionomia de Helena e a de Fernando, entende o que está acontecendo e confirma com a cabeça. Fernando por sua vez, pensa que ele também irá precisar de um cardiologista, pois o seu coração está tão disparado que parece bater na garganta, tem a sensação de que a qualquer momento o seu coração irá sair pela boca.Não era assim que ele esperava descobrir ser o pai do filho de Helena, em um corredor de hospital com a filha entre a vida e a morte, parecia mais um pesadelo e não algo bom como pensou que seria. É difícil assimilar qualquer coisa naquele momento tem a sensação de não ser verdade o que acabou de ouvir, ou mesmo ser um sonho toda a realidade que está vivendo, era como se toda aquela situação fosse irreal.— Vamos — A médica os chama e os dois a seguem em silêncio.A distância até a UTIP parece ser de vários quilômetros, era como se Fernando estivesse participando de uma maratona sem ver a linha de chegada. A
Fernando explica a Bernardo o que será feito e se desculpa com ele pelo que Helena passou até ali, não queria que Bernardo o julgasse por não assumir Helena, mesmo que ele mesmo já estivesse se condenando.— Me desculpe por deixar Helena passar por tudo isso sozinha, mas confesso que até hoje eu não sabia da existência das meninas, mas prometo que a partir de hoje nada faltará a elas, darei a minha vida se preciso for por elas.— Vejo que Helena não mentiu ao dizer que você era um bom homem, e antes que a julgue, acredite, ela só não queria que pensasse estar usando as meninas.— Com Helena eu converso depois. Eu vou levar Ágata comigo, e não se preocupe, elas estarão bem, e a minha casa estará de portas abertas para o senhor.— Só peço que cuide bem das minhas meninas. Soraia vai com você, pois Ágata não te conhece e pode ficar assustada com toda essa mudança.— Obrigado por confiar em mim.— Eu sei o que é o amor de um pai, um dia poderei te contar a minha história, mas agora vá, as