Com muita dificuldade Helena consegue dormir, mas é apenas um cochilo, acorda com a cabeça a mil, torcendo para que Fernando esqueça aquele assunto, e não volte a ligar para ela novamente. O que a fez querer contar para ele, foi unicamente para deixar a filha feliz. Ouvir Aurora perguntando pelo pai a festa inteira, a deixou com o coração destruido, mas quando pensava em falar com Fernando, o pavor a dominava. O seu pai estava certo quanto mais tempo passasse, mais aborrecido ele ficaria, mas agora lhe faltava coragem para lhe contar.
Se ele soubesse a verdade, iria fazer questão de assumir as filhas, mas tomado pela raiva por ela as ter escondido, com certeza pediria a guarda das meninas, já que iria se casar e tinha muito mais recursos financeiros que ela para o tratamento de Aurora.Sem pensar direito ela liga para Murilo.— Helena, que bom que você ligou, pelo amor de Deus, me diga o que está acontecendo.— Murilo, eu conheci alguém e me relacionei com essa pessoa, Aurora é filha dele. — Fala sem mesmo Murilo perguntar sobre a criança.— Meu tio está feito um louco querendo saber de você. Vocês por acaso tiveram um caso e eu não fiquei sabendo?— Deixe de bobagem Murilo, não é nada disso— Você se casou? Aurora é o nome da sua filha?— Eu não me casei, e sim, Aurora é o nome da minha filha, e ela é linda, é a minha princesinha — Helena não consegue deixar de sorrir ao pensar na filha.— Quando eu comentei com tio Fernando que você tinha um filho, ele ficou transtornado — Murilo pensa um pouco — Helena, você conseguiu seduzir o meu tio? Diga a verdade, eu não irei te criticar sabe muito bem disso.— Seu tio nunca iria se render à mim, eu para ele nunca fui nada, além da amiga do sobrinho dele.— Me perdoe, mas eu tive que dar o seu número de telefone para ele, acho que se eu me negasse a dar, ele teria me obrigado, acho não, eu tenho certeza.— Eu não quero falar com o seu tio, diga isso a ele, dele eu só quero uma coisa, distância. Afinal foi o que ele sempre quis de mim.— Helena, você ainda está com o pai da criança?— Eu moro com o meu pai, e estou muito bem assim, sou feliz e isso é o que importa.Eles ainda conversaram mais um pouco e depois de encerrar a ligação Helena, por não conseguir dormir, vai para o quarto das filhas. Quando estava com elas geralmente se acalmava, ao lado das filhas se sentia em paz, se sentia mais forte para tomar decisões.Aurora dormia com a boquinha aberta, e quando Helena faz um carinho em seu rostinho, ela sorri como se sentisse a mãe ao lado dela. Helena deixa algumas lágrimas sairem, ela tinha tanto medo de perder a sua filha, por mais que tentasse ser otimista, o seu coração doía ao pensar na possibilidade de um dia ela não está mais ali, e se ela partisse sem conhecer o pai, jamais se perdoaria, a dúvida do que fazer a estar consumindo.Um dia ela mostrou a foto de Fernando para elas, foi quando lhes disse ser o pai delas, pensou que elas esqueceriam, mas Aurora nunca esqueceu que aquele era o papai dela, mesmo ainda tão pequena não esquecia e sempre pedia a mãe para mostrar a foto dele. Helena preferiu dizer que ele estava viajando, e que não sabia quando voltaria.O que Aurora mais queria no aniversário dela era a presença do pai, e Helena até cogitou procurar Fernando apenas para realizar o desejo da filha de conhecê-lo, mas a insegurança não lhe permitiu.— O que eu faço? O que eu devo fazer, meu Deus? — Se pergunta antes de beijar as filhas e ir para o seu quarto.Antes de adormecer ela toma uma decisão, estava na hora de enfrentar Fernando e lhe contar sobre as filhas....Fernando chega ao endereço já de madrugada, era uma casa bonita, com grades na frente e um jardim iluminado, ainda podia ver vestigios de festa, com balões e um pula‐pula montado. A casa estava as escuras, provavelmente todos dormiam, e ele começa a achar que se precipitou, Helena provavelmente conheceu alguém e o esqueceu, afinal foi exatamente isso que ele pediu que ela fizesse, o esquecesse pois ele nunca ficaria com ela, apenas cedeu por ser homem e quis dar a ela o que lhe pediu, nada mais que isso.Fernando fica olhando para a casa a sua frente e as lembranças do passado vem a sua memória. Ele conheceu Helena quando ela ainda tinha 15 anos e ele já estava com 30 anos, ainda podia se lembrar de quando se conheceram, ele sempre foi muito agradecido a ela pelo que fez pelo seu sobrinho Murilo.A vida de Fernando o obrigou a ser quem era, desde muito jovem aprendeu a ter responsabilidades. Quando perdeu o seu pai não teve muito tempo para chorar a sua falta, pois a sua mãe que sofria de Alzheimer precisava dele, moravam na mesma casa onde ele ainda morava.Fernando via a piora de sua mãe a cada dia, quando ela teve demência aumentou ainda mais o sofrimento de todos, Fernando pagava uma enfermeira para ficar com a mãe, indo contra a irmã que acreditava que uma casa de repouso fosse o melhor para ela, mas Fernando nunca abriu mão de cuidar da mãe, mesmo ela não o reconhecendo mais como filho, mas isso só lhe dava mais vontade de cuidar dela, como se ela fosse uma criança. Aos 24 anos se viu sozinho, a sua mãe também partiu, e por mais que ele soubesse que havia sido o melhor para ela, ele morria de saudade de sua mãe e se sentia só.Mas essa não foi a sua pior dor, pois ele já esperava a sua partida, mas o que quase o destruiu foi o que aconteceu 3 anos depois. Pensou não ter mais forças para suportar mais sofrimentos, mas então se lembrou do que o seu pai sempre lhe dizia, se a luta está grande e você ainda está de pé, é porque ainda tem forças para continuar na batalha. E assim ele fez, não pensou na sua dor, mas sim na dor daquele que precisava dele.Quando a dor de perder a sua mãe estava menor, ele perdeu a sua única irmã, Júlia. Ela era a mãe de Murilo e morava em outro estado, mas isso não impedia deles serem próximos, assim como a diferença de idade entre eles. Quando Fernando nasceu, Júlia estava com 10 anos, mas sempre foram muito ligados um ao outro, e ficaram ainda mais com a morte da mãe, quando Fernando passou visitar a irmã mais vezes e vice versa.Júlia sofreu um acidente de carro, um caminhão desgovernado atingiu o carro onde ela e o marido estavam e o impacto levou os dois a morte, deixando Murilo órfão aos 14 anos.A noticia destruiu Fernando, o seu coração doia tanto que parecia não ser capaz de continuar vivo, mas descobriu ser mais forte do que imaginou ser, afinal precisava ser, o seu sobrinho Murilo, a quem amava, precisava dele, pois só tinha ele para se tornar o seu tutor.Não foi fácil seguir em frente, ele tinha acabado de inaugurar a sua empresa de acessoria, e se não fosse os amigos que estiveram ao seu
Conforme o tempo foi passando, Fernando passou a se sentir atraido por Helena, mas não tinha coragem de reconhecer isso nem para ele mesmo, ficar com Helena seria loucura, ele conhecia Soraia, a tia dela, e ela lhe confiava a sobrinha em sua casa, e isso o fazia se sentir mal pelo sentimento que nascia dentro dele.Helena não lhe dava trégua, insistindo incansavelmente em dizer que gostava dele, e o que ele tentou evitar, lhe aconteceu. Helena passou a morar em seus pensamentos, sentia uma vontade louca de estar com ela de beijá-la, e tê-la em seus braços. Condenava a si mesmo por esses pensamentos, e passou a fugir ainda mais dela, com medo de ceder ao desejo que o consumia.Helena deixou de ser aquela menina magrinha que ele conheceu, e passou a ter as curvas desenhadas, ele pode vê-la se transformar em uma linda jovem, com curvas perfeitas e um rosto de chamar atenção de qualquer um que não fosse cego.Quando estavam a sós, coisa que ele costumava evitar, ela o provocava ainda mais
E assim Fernando lhe obedece. Deixando a camisinha de lado, ele entra nela com cuidado para não machucá-la, mas sem nenhuma proteção, ele também queria a sentir daquele jeito, queria se sentir engolido por ela, queria sentir o seu membro naquela gruta quente e úmida.Aquela noite foi especial para Helena, mas para ele também foi, para ambos foi a realização de um sonho, pois há muito tempo eles se desejavam. Estar com ela em sua cama o fazia querer tê-la sempre ali ao seu lado, mas ao vê-la dormindo ao seu lado, abraçada a ele, não conseguiu se livrar da culpa de ter tirado a sua virgindade, ele era um homem de 33 anos, era vivido e cheio de experiências, não podia dar esperanças a ela, teria que deixar claro que o que aconteceu entre eles foi apenas um momento, nada mais que isso, mesmo sabendo não ser verdadade.Quando Helena acorda pela manha ele a olha, e dá um beijo em sua testa, ele pouco havia dormido, e muito antes dela acordar ele já tinha despertado.— Você está bem? — Pergu
Fernando se recupera rápido, e com um sorriso amarelo ele a cumprimenta, tentamdo pensar em uma desculpa para estar ali.— Bom Dia Soraia — Fernando fica sem saber o que dizer, o que ele estava fazendo atrás de Helena, o arrependimento bate a sua porta e ele fica sem reação.— O que faz aqui? — Soraia pergunta novamente, pensando que Helena enfim, tenha decidido o procurar.— É que... É que... — Fernando não consegue encontrar nenhuma desculpa, até alguém aparecer na porta.— Vovó, a mamãe vai vota? Imã tá dodoi.— Aí meu Deus! — Soraia corre para ver Aurora, deixando Fernando ali parado.Soraia entra as presas e Fernando continua ali parado, vendo a senhora que lhe abriu a porta também lhe virar as costas correndo.— Oi tio — Ágata o cumprimenta sorrindo, Fernando olha para baixo e também lhe sorri, se abaixando em seguida à frente dela e lhe belisca a bochecha. Ele não resistiu, ela era muito fofa e tinha as bochechas rosadas que o deixou encantado.Fernando fica olhando a criança
Ao ouvir as palavras de Helena, Fernando paralisa e a médica ao ver a fisionomia de Helena e a de Fernando, entende o que está acontecendo e confirma com a cabeça. Fernando por sua vez, pensa que ele também irá precisar de um cardiologista, pois o seu coração está tão disparado que parece bater na garganta, tem a sensação de que a qualquer momento o seu coração irá sair pela boca.Não era assim que ele esperava descobrir ser o pai do filho de Helena, em um corredor de hospital com a filha entre a vida e a morte, parecia mais um pesadelo e não algo bom como pensou que seria. É difícil assimilar qualquer coisa naquele momento tem a sensação de não ser verdade o que acabou de ouvir, ou mesmo ser um sonho toda a realidade que está vivendo, era como se toda aquela situação fosse irreal.— Vamos — A médica os chama e os dois a seguem em silêncio.A distância até a UTIP parece ser de vários quilômetros, era como se Fernando estivesse participando de uma maratona sem ver a linha de chegada. A
Fernando explica a Bernardo o que será feito e se desculpa com ele pelo que Helena passou até ali, não queria que Bernardo o julgasse por não assumir Helena, mesmo que ele mesmo já estivesse se condenando.— Me desculpe por deixar Helena passar por tudo isso sozinha, mas confesso que até hoje eu não sabia da existência das meninas, mas prometo que a partir de hoje nada faltará a elas, darei a minha vida se preciso for por elas.— Vejo que Helena não mentiu ao dizer que você era um bom homem, e antes que a julgue, acredite, ela só não queria que pensasse estar usando as meninas.— Com Helena eu converso depois. Eu vou levar Ágata comigo, e não se preocupe, elas estarão bem, e a minha casa estará de portas abertas para o senhor.— Só peço que cuide bem das minhas meninas. Soraia vai com você, pois Ágata não te conhece e pode ficar assustada com toda essa mudança.— Obrigado por confiar em mim.— Eu sei o que é o amor de um pai, um dia poderei te contar a minha história, mas agora vá, as
Fernando ao ver que Ágata ainda dormia, pensou em ir até em casa sem parar novamente, provavelmente Aurora já havia chegado ao hospital e ele queria também estar lá.— Estamos quase chegando, quer que eu pare outra vez?— Ela está dormindo e acredito que poderá aguentar chegar em casa.— Se achar necessário é só avisar. Irei precisar de um tempo para me adaptar a rotina de uma criança.— Não se preocupe, você pegará o jeito. Murilo ainda mora com você?— Sim, e trabalha na empresa comigo também. — Fernando solta um suspiro — Ele não vai entender nada.— As coisas estão acontecendo de forma muito rápida, mas depois tudo se ajeita.— Queria lhe pedir desculpas, quer dizer, eu queria que soubesse que eu sempre respeitei a sua sobrinha, e o que aconteceu... — Fernando decide se justificar com Soraia, mas não sabe o que dizer, a única coisa que ele queria, é que ela soubesse que nunca abusou de Helena, afinal, ela confiava a sobrinha em sua casa.— Soube que você era o pai das meninas ao v
Soraia havia ligado para perguntar de Aurora e dizer que estavam bem, a despreocupando em relação à Ágata que sabia se adaptar as situações e estava brincando em alguns brinquedos que havia na lanchonete onde pararam com Fernando tomando conta dela.Fernando consegue estacionar o carro na garagem de casa no início da noite, ele demorou muito mais do que imaginou. Antes de chegarem em casa Ágata acordou chorando e ele precisou fazer mais uma parada, ela parecia estar cansada e ele a deixou mais tempo do que das outras vezes fora do carro, foi quando a deixou brincar nos brinquedos da lanchonete.Ele não sabia muito bem o que fazer, por isso só ficou a olhando com medo dela cair e se machucar, por sua vez, Ágata o chamava de papai como se já o conhecesse há muito tempo, ela lhe pedia as coisas e ele nada negava, mesmo quando Soraia lhe pediu para não comprar, mas ele jámais teria coragem de dizer não a pequena que lhe sorria com o sorriso mais encantador do mundo, o fazendo babar e lhe