Capítulo 4
No dia seguinte, Naiara levantou-se cedo e, ao ir até a sala de jantar, viu que já havia alguém na cozinha.

Era Afonso, vestindo um avental, cozinhando, com Amélia abraçando-o por trás. Ele não resistia, e até olhava para ela de vez em quando, sorrindo ternamente.

A visão de sua intimidade era clara para Naiara, o que a fez lembrar do passado.

Naquela época, havia muitos empregados na casa, mas ele estava sempre tão ocupado que passava noites fora. Aqueles empregados viam Naiara como apenas uma criança fácil de ignorar e frequentemente deixavam de alimentá-la.

Depois que ele descobriu a negligência dos empregados, demitiu todos e aprendeu a cozinhar para cuidar dela, preparando cada refeição com atenção.

Mas agora, ela não podia mais amá-lo como antes.

Se Amélia fosse realmente a pessoa que pudesse trazer felicidade a ele, Naiara não teria mais nada a fazer além de desejar-lhes felicidades.

Naiara desviou o olhar silenciosamente e, sem perceber, foi novamente até a agenda.

Amélia, sem que Naiara percebesse, se aproximou e, ao ver a agenda, perguntou de repente: — Para que serve essa agenda de contagem regressiva? Por que tem apenas sete páginas?

Ao ouvir a pergunta de Amélia, Afonso também olhou instintivamente e viu a agenda.

Vendo que a atenção deles estava voltada para aquilo, Naiara pensou por um momento e respondeu casualmente com uma desculpa:

— Outro dia, quando estava saindo com amigos, vi essa agenda e achei interessante, então comprei.

A desculpa foi bastante fraca, mas Afonso não fez muitas perguntas e começou a falar sobre outra coisa: — Hoje vou sair para um encontro com a Amélia.

Ele falou de forma direta, esperando que ela fizesse uma cena, mas, surpreendentemente, ela apenas acenou com a cabeça de maneira obediente. — Espero que vocês se divirtam.

Sem a reação esperada, Afonso deveria estar contente, mas, ao olhar para Naiara, sentiu uma certa melancolia.

O ambiente ficou silencioso, e foi Amélia quem quebrou o silêncio, dizendo de repente,

— Você não tem nada para fazer em casa, por que não vem conosco?

Inesperada, a proposta a deixou um pouco surpresa, mas Naiara acabou balançando a cabeça. — Tenho compromissos, hoje vou me despedir de alguns amigos, então não irei com vocês.

Faltavam apenas duas semanas para o início da universidade. Na reunião, enquanto os amigos falavam com entusiasmo sobre o futuro, Naiara sentava-se sozinha, em silêncio.

Afinal, ela só tinha mais cinco dias. Após esse tempo, ela desapareceria para sempre, e qual futuro haveria para alguém nessas condições?

Nesse momento, alguém notou seu silêncio e se aproximou,

— Naiara, você não gosta do seu tio Afonso? Por que não considera se declarar antes do fim das férias?

— Isso mesmo, Naiara, dizem que é fácil para uma garota conquistar um rapaz. Não sejam tímida, vá em frente!

A menção do assunto deixou todos animados, dando-lhe conselhos e até encorajando-a a tomar atitudes mais ousadas, mas Naiara apenas balançou a cabeça.

— Não, não posso mais gostar dele.

A reunião não durou muito. Ao se despedir, Naiara falou com cada um de seus amigos.

— Beatriz, parabéns por entrar na escola que você queria. Tenho certeza de que terá um futuro brilhante.

— Catarina, cuide da sua saúde e não se esqueça de tomar café da manhã todos os dias.

— Elisa, Franciely, sempre sentirei saudades de vocês.

Ela abraçou cada um deles, com uma expressão séria e determinada, o que fez alguns rirem.

— Naiara, que despedida formal, parece que nunca mais nos veremos. Não se preocupe, mesmo que não estejamos na mesma universidade, nunca esqueceremos de você.

Após as despedidas, todos saíram aos poucos, e Naiara foi a última a deixar o local.

Ao olhar para os amigos se afastando, um sentimento de tristeza invadiu seu coração.

No futuro, elas nunca mais se veriam.

— Adeus, meus amigos.

Quando Naiara voltou para casa, Afonso já estava lá. Assim que entrou, viu-o sentado no sofá com uma expressão sombria.

Ela olhou ao redor, mas não viu Amélia, então perguntou casualmente, — Onde está Amélia?

— Ela foi viajar a trabalho.

Ao ouvir a resposta, Naiara não pensou muito e estava prestes a sair quando Afonso a chamou com um tom sério, mostrando-lhe algumas coisas.

— Espere!

— O que é isso, um caixão e roupas?
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