Capítulo 6
Ouvindo a pergunta de Afonso, Naiara finalmente recobrou os sentidos. Vendo as cartas em suas mãos, apressou-se em devolvê-las à gaveta, murmurando uma explicação: — Eu só queria ajudar a organizar...

Mas sua explicação não pareceu aplacar Afonso. Pelo contrário, sua voz ficou ainda mais fria: — Você leu o que está lá dentro?

Naiara ficou pasma, não esperando que ele se importasse tanto com essa questão.

Diante de seu olhar cada vez mais sombrio, ela rapidamente balançou a cabeça e respondeu: — Não, não li.

Afonso relaxou um pouco ao ouvir isso, mas ainda havia raiva em sua voz ao falar:

— Saia daqui. E não mexa nas minhas coisas sem minha permissão.

— Desculpe, não farei mais isso.

Naiara abaixou a cabeça, sem argumentar, e deixou o escritório.

De volta ao seu quarto, ela deitou-se na cama, mas sua mente não conseguia evitar lembrar das cartas de amor que vira no escritório.

Nunca ouvira falar que Afonso tivesse alguém especial. Desde que se lembrava, não havia visto ninguém ao lado dele além dela e de Amélia.

Para quem seriam aquelas cartas?

Será que poderiam ser para ela?

Perdida em seus pensamentos, Naiara adormeceu. Ao acordar, era madrugada.

Ao longe, ouviu sons vindos do quarto ao lado; Amélia havia voltado.

Naiara levantou-se de repente, cheia de energia, e dirigiu-se até a porta, de onde podia ouvir claramente a conversa do lado de fora, já que a porta estava entreaberta e a distância era curta.

A primeira voz que ouviu foi a de Amélia, repleta de alegria e entusiasmo, quase gritando de felicidade.

— Eu fiquei fora apenas dois dias e você já me escreveu tantas cartas de amor assim?

Logo após suas palavras, a resposta veio de Afonso, com um tom afetuoso e carinhoso, semelhante ao que ele usava antes de se declarar.

— Por que, você não gostou?

Amélia, sem esconder sua felicidade, deu-lhe um beijo no rosto, — Gostei, quero uma todo dia.

Assim que a última palavra foi dita, sons suaves e íntimos começaram a surgir do outro lado da parede.

Com o som da porta se fechando, Naiara deixou rapidamente o local, voltando para sua cama. Ela fechou os olhos, mas seu rosto estava pálido.

Por um instante, ela se sentiu ridícula e lamentável.

— Naiara, o que você está pensando afinal…

Quando viu o olhar nervoso de Afonso, um pensamento absurdo surgiu em sua mente: aquelas cartas de amor poderiam ser para ela.

Mas ao ouvir a conversa entre Afonso e Amélia, ela finalmente percebeu o quão tolo seu pensamento era.

Faltavam apenas três dias para o aniversário de Amélia.

Afonso gastou generosamente para organizar uma festa de aniversário grandiosa para ela. Muitas pessoas compareceram, pois a festa não era apenas uma simples comemoração de aniversário.

Durante a festa, Afonso anunciou outra grande novidade:

Em breve, ele e Amélia celebrariam seu noivado.

Enquanto todos vinham oferecer suas felicitações, Naiara ficou momentaneamente em choque. Será que o tio gostava tanto assim de Amélia?

Em apenas três meses, ele já havia decidido se casar com ela.

Ela esboçou um sorriso amargo, olhando para o presente em suas mãos. Não imaginava que a lembrança, que pretendia ser uma despedida, se tornaria um presente de felicitação pelo noivado.

Quando os outros convidados começaram a se dispersar, ela se aproximou de Afonso com seu presente. Mesmo tendo decidido que, enquanto seu tio fosse feliz, ela o apoiaria, independentemente de quem ele escolhesse, dizer aquelas palavras de felicitações era doloroso.

— Tio, desejo a vocês um feliz noivado... que vocês sejam felizes para sempre.
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