Capítulo 8
Estava prestes a falar quando algo inesperado aconteceu: duas crianças brincando com skates vieram em direção à piscina. Não viram as pessoas à frente e, ao perceberem, não conseguiram parar a tempo, empurrando Amélia para dentro da piscina.

A água da piscina levantou-se em grandes ondas, e Naiara ficou paralisada por um momento. Em seguida, reagiu rapidamente, sem se importar com as crianças, e se preparou para pular na água para ajudar. Mas foi ultrapassada por uma figura que passou rapidamente ao seu lado.

Logo, uma força a empurrou para trás, e Naiara, ao se equilibrar, viu que a pessoa que emergiu apressadamente era Afonso.

Ele tirou o casaco sem hesitar e pulou na piscina, salvando Amélia antes de olhar para Naiara com a testa franzida.

— O que aconteceu?

Antes que pudesse explicar, Amélia, envolta no casaco dele, começou a falar.

— A culpa é minha, provoquei a Naiara e ela me empurrou na água. Mas estou bem, não a culpe... — Sua voz frágil e suplicante, junto com seus movimentos trêmulos, era visível para todos.

E ao ouvir sua explicação, que mais acusava do que defendia, o olhar de repreensão de Afonso seguiu na direção de Naiara.

— Eu não a empurrei, não fui eu, foi... — Ela tentou balançar a cabeça para se defender, procurando as crianças que causaram o incidente, mas, ao olhar ao redor, não viu sinal delas. Num instante, Naiara ficou sem palavras.

Essa pausa a deixou sem chances de se explicar mais.

— Se não foi você, então quem foi? Eu? Ou vai dizer que ela caiu sozinha? Naiara, eu achei que você fosse apenas um pouco mimada, mas agora vejo que você não tem educação!

Como um trovão, suas palavras explodiram em sua mente.

Acabara de ouvir isso do tio? Ele disse que ela era mal-educada?

Ele sabia perfeitamente que, após a morte dos pais, a frase que ela mais temia ouvir era essa. Quando estava na escola, as crianças a provocavam dizendo que ela tinha mãe que a deu à luz, mas não que a educou. Naquele tempo, era ele quem tomava as dores dela.

Agora, era ele quem transformava aquelas palavras em um punhal contra ela.

Ela murmurava algo com os lábios, mas ele já não se detinha, pegou Amélia nos braços e saiu.

Com a saída do protagonista, a festa não tinha mais razão para continuar, e as pessoas começaram a dispersar. Naiara, desolada, voltou para casa sozinha.

Ela passou a noite inteira sem dormir, ligou para ele e enviou mensagens, tentando se explicar, mas a noite inteira se passou sem que Afonso lhe desse qualquer resposta.

Somente na madrugada do dia seguinte, ele finalmente retornou à mansão com Amélia.

— Tio, eu realmente não a empurrei. Eram duas crianças brincando e, sem querer, a empurraram.

Ao vê-los de volta, Naiara apressou-se em explicar, mas ele continuou em silêncio, puxando Amélia sem sequer olhar para ela.

Ela acelerou o passo, colocando-se novamente à sua frente, e, com os olhos marejados, começou a falar.

— Você poderia acreditar em mim uma vez? Você costumava... confiar muito em mim.

Sua voz embargada o fez parar.

No passado, Naiara tinha apenas Afonso como parente, e ele era tudo de que ela precisava. Sempre que algo acontecia, ele acreditava incondicionalmente no que ela dizia.

Ela já lhe perguntara por que, quando os outros a acusavam de mentir, ele ainda acreditava nela. E ele respondeu: — Naiara, fui eu quem te criei. Não conheço o caráter dos outros, mas sei quem você é.

Agora, ele permanecia em silêncio por um longo tempo, até que, finalmente, a empurrou de leve.

— Saia do caminho!

Ele não usou força, mas mesmo assim ela tropeçou e caiu. Ao vê-la cair tão facilmente, Afonso se assustou e rapidamente tentou ajudá-la. Quando tocou sua pele, sentiu um frio anormal.

— Por que sua temperatura está tão baixa?

A preocupação em sua voz era evidente, mas Naiara não conseguia explicar. Ele segurou sua mão e, para seu espanto, não conseguiu sentir o pulso dela.

Quando estava prestes a perguntar, Amélia, que estava ao lado dele, interrompeu: — Naiara, mesmo se você se importa que Afonso passe tempo comigo, não deveria fingir estar doente para preocupá-lo!

Essas palavras transformaram toda a preocupação de Afonso em raiva. — Você não só empurrou Amélia para a piscina, como agora finge estar doente para chamar minha atenção? A única maneira de conseguir meu perdão agora é pedir desculpas a Amélia!

O relógio na parede continuava a marcar os segundos, e uma tristeza indescritível invadia seu coração. Seu tempo estava acabando e ela ainda tinha que desperdiçá-lo em um conflito?

Com o rosto pálido, Naiara não tentou mais se explicar. — Certo, eu peço desculpas.

Após se levantar, com os olhos vermelhos, ela pediu desculpas a Amélia e, em seguida, olhou novamente para Afonso.

Desta vez, seus olhos estavam vazios.

— Tio, agora você pode me perdoar?

Embora tivesse recebido o pedido de desculpas que queria, Afonso não se sentia bem.

A garota à sua frente parecia ter sofrido uma enorme injustiça, como se estivesse prestes a chorar a qualquer momento.

Seu rosto estava sombrio, e após um longo tempo, ele finalmente disse com frieza, — Que isso não se repita!
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