O amanhecer em Rabat perdeu o brilho. O canto alegre dos pássaros no jardim após a partida de Hafiz fere os ouvidos revelando profunda tristeza. As noites frias em Rabat se tornaram mais frias e mais negras e sem pressa de chegar ao fim para dar lugar ao dia.
“Evito sair do meu quarto. Tudo no grande palácio da família Zafar lembra Hafiz, o cheiro de seu sabonete e de sua colônia... Vejo o seu rosto e o seu meigo sorriso todos os milésimos de segundos do dia. E se não bastasse a sua essência me perturbar durante o dia acordo a noite falando com Hafiz. É tudo tão real... Ouvir a sua voz gritando por mim na sacada... Surreal. Mas sem pensar, na esperança de vê-lo novamente saí correndo apenas de camisola e minha alma respondia ao seu chamado”.
-Hafiz?! Estou indo! Avaliz responde subindo as escadas que levam a grande sacada.
Doutor Faisal me liberou para passar no jardim, tomar sol e respirar ar puro, mas tudo com muito cuidado. A minha barriga, ou melhor, a ‘nossa’ barriga já está grande. Às vezes me pego pensando em Hafiz.Sinto saudade. Mas me sinto feliz em ter um filho dele. Ainda não sei como vou explicar ao meu filho, ou se ele irá entender pois Abdul será o pai. Eu me acostumei com ele andando nu no meu quarto, insistindo em ficar dentro do banheiro junto comigo enquanto uso o vaso sanitário ou me banhando. E agora que o bebê se movimenta ele passa horas com a mão na minha barriga sentindo os movimentos do bebê. Senti vergonha quando Abdul perguntou ao doutor Faisal se nós poderíamos fazer amor. Se não iria prejudicar o bebê. Às vezes Abdul é só um homem meigo e carinhoso. Doutor Faisal é quase da família e como profissional respondeu que sim, mas sem exageros. E depois é impossível resistir aos olhos do coiote aos
CARMEM APARECIDA GOMESIpameri-Goiás-BrasilFormada em Pedagogia, Bacharel em Direito, Especialista em Ensino superior e Mestre.Obras publicadas e comercializadas no Brasil e Exterior: A menina e o tesouro, A preguiça do cumpade Zé Cochoxi, O colecionador de tatuagens, Os sonhos mágicos de Eloan, O seu Coisa obra publicada especialmente para a participação no FLIC-GO/2016, *Amo eternamente uma única vez um belo romance erótico e Entre o sacro e o profano, primeiro livro poético solo em lançamento. Participações em Obras Antológicas no Brasil e Exterior: Cultive o pólen da vida II e III, Felizes pelo jardim II, Além da terra, além do céu 2017/2018, Tempo de Magia 2017, Luz de Natal 2018, Eu jardineiro, Belas artes, Momento poético, Elas e as letras, Antologia mulheres pela a paz 2018 e edições de Antologias Fênix-Logos, Revista Eisfluênc
Dizem que em Rabat-Marrocos o sol é mais belo e a lua brilha mais e que as paixões são eternas. Bem, isso até pode ser verídico, mas o que ocorre com os irmãos Zafar é tão serio que há algum tempo os filhos e o pai só estão preocupados em correr contra o algoz tempo e consegui um coração saudável para Hafiz Zafar. Um belo rapaz de apenas vinte e nove anos de idade com insuficiência cardíaca grave. -Então doutor, como está meu filho? O velho árabe pergunta ao medico da família Faisal Hanza. -Sabe que eu já me considero da família? Você Hassan é como se fosse meu irmão. Sinto-me no direito de sentir assim, pois, há anos eu cuido de seus filhos. De seus filhos e de suas três esposas. Cuidei também da falecida Aita mãe de Abdul e Hafiz. Desse modo eu vou ser sincero o bastante para que busque providências urgentes. Eu pedi que Abdul também se fizesse presente para saber o quanto gravemente doente está o seu irmão Ha
Abdul Zafar até então não tentou seduzir, paquerar, azarar, nada que se distanciasse e uma bela e rara amizade. Providenciou tudo para o nosso embarque para Rabat. Eu ao lado daquele homem bonito, decidido e misterioso. Seus olhos estavam sempre captando tudo em torno de si. Abdul Zafar é o tipo de homem que toda mulher deseja ao seu lado. Sempre muito gentil, mas quase sempre com a aparência e um rosto sisudo: Eu o vejo como coiote selvagem sempre com os olhos que enxergam tudo a sua volta e destaca a sua presa antes de ela perceber. Abdul Zafar tem olhos de coiote selvagem e destemido. É assim que eu o vejo. Ele embarcou com o figurino meio árabe, terno preto, gravata com o tecido caro e desenhos assimétricos e na cabeça o turbante ou kiffiyeh de tecido xadrez vermelho e branco. Não gosto muito de vê-lo pensativo e girando o grande anel no dedo repetidas vezes. Às vezes eu puxo conversa para interrom
Hafiz Zafar está aparentemente melhor. Esta com a barba e cabelos cortados. Apesar de frágil e um pouco pálido seus olhos ainda têm vida e esperança que Avaliz trouxe. Ela e Hafiz estão sempre juntos, no quarto, no jardim, na sacada... -O que está fazendo? Hafiz pergunta olhando Avaliz se cobrindo na cama pequena. -Aqui é a minha cama. Aqui é a cama para a enfermeira. Avaliz responde e se cobre. -Não. Você sabe que é mais do que uma enfermeira. Hafiz questiona. -Tome o seu remédio que esta ao seu lado e se cobre. Hoje esta frio.Eu estou aqui. É tão perto. Avaliz explica. -Por favor! Hoje está frio.Venha! Por favor! Deite-se aqui. Eu estou implorando. Estou com frio. Hafiz continua. -É só você se cobrir e logo ficará aquecido. Vamos! Pare de se passar por criança mimada. Hafiz é um homem adulto. Qualquer coisa que você sentir é só me chamar. Avaliz fala com voz meiga e
O dia amanheceu agitado na grande casa dos Zafar. As esposas e filhas do senhor Hassan Zafar estavam agitadas, falavam e articulavam mãos e braços.Em língua árabe e falando rápido para Avaliz era somente um monte de mulheres estressadas e barulhentas. Após cuidar de Hafiz Zafar com todo carinho e acompanhá-lo no seu café da manhã a batida na porta seguida da entrada do velho Zafar, o medico doutor Faisal e Abdul Zafar girando o seu grande anel no dedo surpreendeu Avaliz e fez desaparecer o pouco brilho no pálido rosto de Hafiz. -Bom dia! Hafiz respondeu sem animo. -Senhorita Avaliz poderia nos dar licença por uns minutos. Doutor Faizal pede educado. -Sim. Avaliz beija o rosto de Hafiz e sente que ele abaixa a cabeça como se pairasse algo muito ruim no ar. Avaliz passa por aqueles homens que a olham com mistério nos olhos excetuando Abdul, os seus olhos de coiote também estavam sem o bril
O cheiro das manhãs em Rabat e o cheiro vindo da cozinha é inspirador e hoje o dia será bem agitado. Enquanto os cozinheiros cuidam dos salgados, doces e um belo bolo de aniversario para Hafiz as barulhentas e agitadas irmãs de Hafiz e de Abdul ajudam Avaliz na decoração da grande sala. Avaliz resolveu levar Hafiz até a sala para perguntar-lhe sobre o que ele preferia para a decoração se rosas vermelhas ou amarelas.
O amanhecer em Rabat não deixou de brilhar e exalar perfume de vida e esperança, mas a noite para Avaliz havia sido difícil. Hafiz havia sentido-se mal a noite toda e ela havia se esforçado para agir somente como enfermeira mas o seu coração agia sem razão e técnica uma vez que nele Hafiz Zafar não representava apenas um paciente. Avaliz tentava evitar que tudo se misturasse, tentou ser somente uma profissional da saúde, mas infelizmente o seu coração não entendeu sobre pesos e medidas. Para maiores complicações ainda tinha os olhos selvagens de Abdul Zafar que vez ou outra a perseguia no grande palacete da família Zafar. Isso incomodava, Avaliz sentia ser espiada sempre, chegando a olhar para os lados, pois, era hábito do coiote vigiá-la com os seus olhos de fera misteriosa. Às vezes se pegava arrependida de ter aceitado a proposta de Abdul Zafar de sair de seu paí