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Capítulo 4 O CÉU É ETERNO

  O dia amanheceu agitado na grande casa dos Zafar. As esposas e filhas do senhor Hassan Zafar estavam agitadas, falavam e articulavam mãos e braços.Em língua árabe e falando rápido para Avaliz era somente um monte de mulheres estressadas e barulhentas.

  Após cuidar de Hafiz Zafar com todo carinho e acompanhá-lo no seu café da manhã a batida na porta seguida da entrada do velho Zafar, o medico doutor Faisal e Abdul Zafar girando o seu grande anel no dedo surpreendeu Avaliz e fez desaparecer o pouco brilho no pálido rosto de Hafiz.

  -Bom dia! Hafiz respondeu sem animo.

  -Senhorita Avaliz poderia nos dar licença por uns minutos. Doutor Faizal pede educado.

  -Sim. Avaliz beija o rosto de Hafiz e sente que ele abaixa a cabeça como se pairasse algo muito ruim no ar.

  Avaliz passa por aqueles homens que a olham com mistério nos olhos excetuando Abdul, os seus olhos de coiote também estavam sem o brilho costumeiro.

  Enquanto Avaliz foi para o jardim telefonar para a sua tia no Brasil a sua ‘morte’ era discutida no quarto de Hafiz.

    -Senhor Hassan, Abdul e Hafiz eu informo que os exames do nosso anjo de sangue comprovaram a compatibilidade necessária para o transplante do seu coração para Hafiz. Reforço que não sou a favor de tal ‘meio’, cabendo a vocês a providencia do “acidente” em que propiciará a retirada do órgão.

  O velho Hassam demonstrou indiferença, pois o que lhe interessava no momento era salvar a vida de seu filho. Abdul abaixou o rosto enquanto ouvia Hafiz.

  -Não! Não! Eu não quero que aconteça nada com Avaliz. Vamos procurar outros meios. Ela merece o céu eterno mas no seu tempo. Por Alláh papai! Não!

  -Calma! Não pode alterar. Doutor Faisal recomenda.

  -Filho é a sua chance de se salvar. Há outras moças. Você fica bom e casa-se com varias esposas. O velho árabe tenta convencer o filho.

  -Não! Eu a amo e não quero o seu coração no lugar do meu. Eu quero o seu coração vivo e batendo por mim. Hafiz fala e se desespera colocando as mãos no rosto e começando a chorar.

  -Irmão! Não fique assim. Não é bom. Abdul tenta acalmar Hafiz que puxa tudo de um móvel próximo e joga no chão.

  -E você Abdul? Pensa que não percebi? Você também a ama! Eu vejo o seu jeito de olhar para Avaliz. No entanto é um covarde! É um covarde em apoiar que ela seja sacrificada para me dar o seu coração. Eu odeio tudo isso!

  -Eu errei em trazê-la do Brasil. Eu a olho com arrependimento e não amor. Abdul tenta se explicar com voz tremula.

  -É mais complicado do que imaginei. Maldição! As mulheres carregam consigo maldição! O velho árabe fala passando as mãos sobre os cabelos brancos e completa.

  -Meus dois filhos amando a mesma mulher. Oh Alláh!

  -Então? Até papai percebeu. Confessa Abdul! O que sente por Avaliz? Hafiz altera a voz mais uma vez.

  Abdul abaixa e abraça o irmão sentado na cadeira de rodas e fala baixo com voz de choro.

  -Perdão! Mas eu prometo que vou pensar em Avaliz como minha amiga a partir de hoje. Fique sossegado. O abraço entre irmãos é interrompido por doutor Faisal.

  -Concluindo, o assunto anjo de sangue está encerrado.

  -Não vamos nunca mais falar sobre isso. Vamos nos concentrar em outros meios e rápido. Abdul fala abraçando o pai que esta com expressão de tristeza.

  -Vai dar tudo certo papai. Abdul fala beijando o rosto do velho árabe que em seguida caminha para abrir a porta para Avaliz que esta batendo com uma bandeja de copos e chá de hortelã.

 Avaliz coloca a bandeja sobre a mesa e caminha para sair do quarto.

  -Com licença. O chá está muito bom.

  -Espere! O velho árabe fala pegando a mão da moça e completa.

  -Sente-se conosco senhorita Avaliz.

É nossa convidada.

  Abdul se afasta um pouco e a convida a sentar-se entre ele e Hafiz.

  Hafiz pega a mão de Avaliz e beija com ternura enquanto o coiote ali sentado leva o copo de chá na boca cerrando os olhos para não demonstrar emoção.

  -É... A nossa reunião secreta foi para discutir o quanto tem feito bem para o nosso Hafiz. O comentário do doutor Faisal veio no momento exato para quebrar o clima estranho que pairava naquela mesa. Doutor Faisal continua após um gole de chá de hortelã.

  -Só recomendo a senhorita Avaliz que o leve mais para fora de casa. O leve para passear nos jardins. Quem sabe fazer um lanche na sombra de uma bela arvore. Ele está precisando.

  Eu posso ajudá-la se necessário. Abdul oferece colocando a sua mão sobre a mão de Avaliz. Avaliz meio desconfortável agradece e retira a mão devagar.

  -Obrigada! O gelo do momento foi quebrado por doutor Faisal.

 -Bem já está na minha hora. Eu vou entrar em contato com amigos de outros países e vamos encontrar o novo coração para Hafiz. Vai ficar tudo bem. Até mais para todos.

  -Até mais! Responderam juntos.

  Avaliz não estava a vontade com os olhos de coiote de Abdul que a fitava a todo instante, a acompanhava de um lado para outro como se ela fosse a sua presa.

  Enquanto ela preparava tudo para o banho de Hafiz pensava que aquele homem tinha de sair do quarto. Senhor Hassan acompanhou doutor Faisal.

 -Vem querido! Vamos banhar. Hoje está muito calor. Avaliz fala com voz suave levando Hafiz em sua cadeira de rodas para o grande banheiro.

  -Você é meu anjo. O que seria de mim sem os cuidados de minha Avaliz. Hafiz fala e logo percebe que Abdul os seguiram até o banheiro. Aquele homem trazia tanto mistério nos seus olhos de coiote que dificultava saber se ele era bom ou mau.

  -Eu posso ajudar? Abdul fala ajudando Avaliz despir Hafiz.

   - Assim eu vou ficar muito mimado e mal acostumado. Hafiz fala enquanto se ajeita na banheira.

  -Hafiz é muito amado. Você merece todo carinho e cuidado do mundo. Avaliz fala passando champoo nos cabelos de Hafiz enquanto é espiada pelos os olhos de coiote de Abdul.

  -Eu já vou indo.Se precisar é só chamar. Abdul fala saindo e Avaliz respira aliviada.

  Alláh lhe acompanhe irmão. Hafiz se despede e olhando para Avaliz com amor continua: Enfim sós. Eu gosto mais quando não esta usando o seu uniforme de enfermeira. Hafiz com ar de menino carente coloca agua com a sua mão dentro da blusa de Avaliz. Olhando nos olhos de Avaliz repete deixando a agua escorrer entre os seios de Avaliz que se rende ao menino peralta que esta na sua frente e toca os seus lábios devagar.

  -Não. Não podemos! Você não pode se esforçar... Sua pressão... Avaliz tenta escapar, mas Hafiz a puxa para si a beija como um adolescente apaixonado.

  -Eu te amo senhorita Avaliz. Hafiz murmura entre os toques de seus lábios nos lábios de Avaliz qua mais uma vez tenta conter Hafiz.

  -Vamos senhor apaixonado. A agua esta esfriando.Não quero que fique resfriado. Avaliz ajuda a vestir o roupão e o leva para a cama.

  -Sim senhorita ‘meu grande amor’. Você manda eu obedeço.

  -Descanse um pouco. Amanhã vamos tomar café no jardim. Você gosta da ideia? Avaliz pergunta beijando o rosto de Hafiz.

  -Sim. Mas não quero que use uniforme. Coloque uma roupa que combine com a sua beleza e carisma.

  -Esta bem. Tome o seu remédio e durma um pouco. Avaliz fala colocando o remédio na boca de Hafiz que logo adormece como uma criança. Avaliz aproveita para entrar nos sites dos programas de doações de órgãos.

  O amanhecer em Rabat é diferente, o sol com os seus raios brilha mais do que nos outros lugares. É como se anunciasse vida e alegria.

  Avaliz atendeu ao pedido de Hafiz e se vestiu com um longo vestido florido, prendeu os cabelos num longo rabo de cavalo. Ela disputou com o cozinheiro a preparação do café da manhã no jardim que para isso serviçal colocou uma mesa na sombra de uma bela arvore.

  Enquanto Avaliz preparava tudo colocando no centro da mesa em meio de tantos biscoitos, sucos, frutas e o tradicional chá de hortelã. Um belo galho da flor exótica ‘copo de leite’ dava um toque romântico no centro das refeições.

  Os serviçais cuidavam de trazer Hafiz até a bela e radiante Avaliz.

  -Bom dia querido! Desculpe ter deixado você aos cuidados deles hoje.Avaliz fala ao tomar a cadeira de rodas que era conduzida por dois serviçais com vestes árabes.

  -Obrigada senhores.Cuidaram bem dele. Avaliz agradece aos dois homens que se afastam deixando os dois a sós.

  -Confesso que não gostei de mãos masculinas me auxiliando no banho. Eu prefiro as suas. Hafiz reclama enquanto Avaliz lhe ajeita o guardanapo.

  -Mas vai valer a pena. Olhe quantas coisas deliciosas que eu preparei para nós. Com a ajuda do cozinheiro. É claro!

  -A mesa esta linda. Mas... Não está tão linda quanto você. Hafiz elogia mordendo uma tâmara e continua:

  -Senta aqui bem perto. Eu não sei o que seria de mim se Alláh não tivesse enviado você. Minha bela Avaliz! Avaliz é nome de anjo...

  -Prova o morango. Está uma delicia. Avaliz fala levando o morango mordido na boca de Hafiz.

  Estavam tão perdidos naquele momento único de carinho e ternura que não perceberam o aproximar do coiote que chega sorrateiro e já bem próximo de Avaliz e Hafiz demonstra a sua presença com uma falsa tosse.

  -OH... Bom dia irmão Abdul! Junte se a nós. Está tudo maravilhoso. Hafiz convida Abdul Zafar que esta com uma cesta de pães sírios nas mãos.

  -Bom dia irmão Hafiz. Abdul Zafar beija a testa de Hafiz e completa já sentando se a beira da mesa de café da manhã:

  -Trouxe pães sírios para o ‘nosso’ café da manhã ao ar livre. Está tudo muito maravilhoso. Bom dia Avaliz. Você preparou uma bela mesa e delicias. Está digna de deuses.

  -Obrigada Abdul! Avaliz responde tentando não mostrar que não gostou da presença de Abdul Zafar no café da manhã que ela preparou para Hafiz Zafar. Avaliz não estava confortável sentada entre os irmãos Zafar. Ninguém teria convidado o coiote. Com certeza ele os espiou pela a varanda e resolveu impor a sua presença no belo café da manhã que agora está um pouco sem graça.

  -Pegue Avaliz. Esta uma delicia esse pão com geleia de tâmara. Abdul Zafar estende o pão para Avaliz que pega o pão com geleia lenta como se não quisesse aceitar nada vindo daquele homem.

  -A geleia de tâmara não é industrial é feita por nossos cozinheiros. É realmente uma delicia. Hafiz fala enquanto come salada de frutas com iogurte.

  -É mesmo uma delicia. Avaliz responde e ao ver o velho árabe Hassan Zafar teve uma ideia para estragar a inconveniência de Abdul Zafar que agora estava devorando tudo da mesa como um coiote faminto. Ela abana a mão para o velho árabe e grita:

  -Senhor Hassan! Venha se juntar a nós. O velho árabe olha e se dirige rumo a eles.

  -É papai junte se a nós. A manhã esta maravilhosa. Hafiz convida o pai.

  -Obrigada! É um prazer tomar chá de hortelã com os meus filhos e com a bela senhorita Avaliz. A manhã esta uma beleza. Alláh é grande. O velho fala enquanto Avaliz o serve com chá de hortelã.

  -Aceita um pouco de chá de hortelã Hafiz? Avaliz pergunta.

  -Sim. Só um pouco. Acho que exagerei com as frutas.

  -Frutas fazem bem. Pode exagerar bastante comendo frutas. Avaliz completa.

  -Me sirva também senhorita Avaliz. Abdul Zafar fala com o seu olhar de coiote.

  - Ora Abdul peça, por favor. As mulheres gostam de gentilezas. O velho árabe fala.

  -Desculpe. Por favor, Avaliz. Papai tem toda razão. Abdul fala demonstrando que foi contrariado em seu propósito de magoar Avaliz.

  -Eu sei bem como são as mulheres. Ouça o seu velho pai. Eu consigo ser gentil com todas as minhas esposas e Alláh me enviou ainda filhas. Só Alláh para me dar paciência. O velho fala olhando para o céu.

  -Papai sempre que dá presente para uma irmã dá também para as outras. Hafiz completa.

-Alláh, Alláh, não posso dar presente para uma só esposa. E elas ainda comparam valores dos presentes. Tem de ser de valor igual. Esse motivo de meus cabelos brancos. Todos dão risadas.

  -Eu quero casar só com Avaliz. Assim eu a darei presentes valiosos. Só para ela. Se eu escapar... É claro. O coiote engasgou e o velho pegou a mão de Hafiz e o acalmou.

  É claro que você irá se curar, casar e vai ter filhos com a senhorita Avaliz. Alláh é grande e piedoso. Não decepcionará um velho pai árabe.

  -É verdade. Irmão Hafiz ficará bem. Abdul fala olhando com os olhos de coiote furioso para Avaliz que muda de assunto para acalmar os ânimos.

  -Então, eu vou precisar da ajuda do senhor Hassan Zafar para prepararmos a festa de aniversario de Hafiz.

  -Claro minha filha. Pode contar comigo. O velho árabe responde animado.

  -Nada de extravagancia. Algo mais simples. Hafiz recomenda.

  -Eu também posso ajudar à senhorita Avaliz. Abdul fala olhando para Avaliz que responde:

  -Otimo! Vou precisar de toda ajuda possível para que tudo fique perfeito. Hafiz você, Merece e terá uma festa de aniversario linda.

  Hafiz beija a mão de Avaliz e Hassan Zafar percebe o olhar mau de Abdul Zafar para os dois e simplesmente coloca a sua mão sobre a de Abdul Zafar que abaixa a cabeça.

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