O amanhecer em Rabat não deixou de brilhar e exalar perfume de vida e esperança, mas a noite para Avaliz havia sido difícil.
Hafiz havia sentido-se mal a noite toda e ela havia se esforçado para agir somente como enfermeira mas o seu coração agia sem razão e técnica uma vez que nele Hafiz Zafar não representava apenas um paciente.
Avaliz tentava evitar que tudo se misturasse, tentou ser somente uma profissional da saúde, mas infelizmente o seu coração não entendeu sobre pesos e medidas. Para maiores complicações ainda tinha os olhos selvagens de Abdul Zafar que vez ou outra a perseguia no grande palacete da família Zafar. Isso incomodava, Avaliz sentia ser espiada sempre, chegando a olhar para os lados, pois, era hábito do coiote vigiá-la com os seus olhos de fera misteriosa. Às vezes se pegava arrependida de ter aceitado a proposta de Abdul Zafar de sair de seu paí
Avaliz esta trocando os medicamentos de Hafiz e a pensar que esta cada vez mais difícil permanecer junto do coiote que a insulta a todo o momento, suportar o olhar de censura do velho árabe Hassan Zafar e enfrentar com otimismo a frágil saúde de Hafiz. “Por mais que isso vai me doer e eu sei que vou me culpar por todo o resto de minha vida, mas o melhor que eu faço é voltar para o Brasil.”. -Uma flor por seus pensamentos. Hafiz entra em sua cadeira de rodas conduzido por Abdul e seus olhos de coiote. -Obrigada! É uma bela flor. Avaliz pega a flor sem muito entusiasmo. -Esta tudo bem com você? Hafiz pergunta preocupado. -Sim... Esta. Avaliz responde sendo ‘devorada’ viva por Abdul que esta com os seus olhos de coiote a
O sol do amanhecer em Rabat naquela manhã parecia diferente. O sol atrevido e radiante entrava pelas janelas do grande palacete dos Zafar. Desde que cheguei a Rabat o amanhecer de Marrocos desperta o dia com o sol mais alaranjado e radiante do que nos outros lugares do mundo, o cheiro, o canto dos pássaros e até as plantas saúdam esse amanhecer especial que se repete a cada final das noites onde a lua e as estrelas brilham tanto que parece sorrirem para o mundo. Eu não sei, mas curiosamente a cada dia que se aproxima da cirurgia de transplante do coração de Hafiz as manhãs de Rabat estão cinza, o sol não está tão alaranjado e tão pouco radiante. Eu tento deixar a enfermeira técnica agir, mas a ‘Avaliz mulher’ não deixa e me pego olhando para ele como se fosse a ultima vez. Coincidência ou não, mas até o jardim perdeu o seu colorido. Até o balançar das flores pelo o vento me lembra um adeus. Sempre clamo a Deus por Hafiz. E vejo a sua família clamar a Alláh por ele, tenho visto Abdul Zafar na sacada orando com os braços para o alto e em linguagem árabe.Capítulo 9 MANHÃS CINZAS
O amanhecer em Rabat perdeu o brilho. O canto alegre dos pássaros no jardim após a partida de Hafiz fere os ouvidos revelando profunda tristeza. As noites frias em Rabat se tornaram mais frias e mais negras e sem pressa de chegar ao fim para dar lugar ao dia. “Evito sair do meu quarto. Tudo no grande palácio da família Zafar lembra Hafiz, o cheiro de seu sabonete e de sua colônia... Vejo o seu rosto e o seu meigo sorriso todos os milésimos de segundos do dia. E se não bastasse a sua essência me perturbar durante o dia acordo a noite falando com Hafiz. É tudo tão real... Ouvir a sua voz gritando por mim na sacada... Surreal. Mas sem pensar, na esperança de vê-lo novamente saí correndo apenas de camisola e minha alma respondia ao seu chamado”. -Hafiz?! Estou indo! Avaliz responde subindo as escadas que levam a grande sacada.
Doutor Faisal me liberou para passar no jardim, tomar sol e respirar ar puro, mas tudo com muito cuidado. A minha barriga, ou melhor, a ‘nossa’ barriga já está grande. Às vezes me pego pensando em Hafiz.Sinto saudade. Mas me sinto feliz em ter um filho dele. Ainda não sei como vou explicar ao meu filho, ou se ele irá entender pois Abdul será o pai. Eu me acostumei com ele andando nu no meu quarto, insistindo em ficar dentro do banheiro junto comigo enquanto uso o vaso sanitário ou me banhando. E agora que o bebê se movimenta ele passa horas com a mão na minha barriga sentindo os movimentos do bebê. Senti vergonha quando Abdul perguntou ao doutor Faisal se nós poderíamos fazer amor. Se não iria prejudicar o bebê. Às vezes Abdul é só um homem meigo e carinhoso. Doutor Faisal é quase da família e como profissional respondeu que sim, mas sem exageros. E depois é impossível resistir aos olhos do coiote aos
CARMEM APARECIDA GOMESIpameri-Goiás-BrasilFormada em Pedagogia, Bacharel em Direito, Especialista em Ensino superior e Mestre.Obras publicadas e comercializadas no Brasil e Exterior: A menina e o tesouro, A preguiça do cumpade Zé Cochoxi, O colecionador de tatuagens, Os sonhos mágicos de Eloan, O seu Coisa obra publicada especialmente para a participação no FLIC-GO/2016, *Amo eternamente uma única vez um belo romance erótico e Entre o sacro e o profano, primeiro livro poético solo em lançamento. Participações em Obras Antológicas no Brasil e Exterior: Cultive o pólen da vida II e III, Felizes pelo jardim II, Além da terra, além do céu 2017/2018, Tempo de Magia 2017, Luz de Natal 2018, Eu jardineiro, Belas artes, Momento poético, Elas e as letras, Antologia mulheres pela a paz 2018 e edições de Antologias Fênix-Logos, Revista Eisfluênc
Dizem que em Rabat-Marrocos o sol é mais belo e a lua brilha mais e que as paixões são eternas. Bem, isso até pode ser verídico, mas o que ocorre com os irmãos Zafar é tão serio que há algum tempo os filhos e o pai só estão preocupados em correr contra o algoz tempo e consegui um coração saudável para Hafiz Zafar. Um belo rapaz de apenas vinte e nove anos de idade com insuficiência cardíaca grave. -Então doutor, como está meu filho? O velho árabe pergunta ao medico da família Faisal Hanza. -Sabe que eu já me considero da família? Você Hassan é como se fosse meu irmão. Sinto-me no direito de sentir assim, pois, há anos eu cuido de seus filhos. De seus filhos e de suas três esposas. Cuidei também da falecida Aita mãe de Abdul e Hafiz. Desse modo eu vou ser sincero o bastante para que busque providências urgentes. Eu pedi que Abdul também se fizesse presente para saber o quanto gravemente doente está o seu irmão Ha
Abdul Zafar até então não tentou seduzir, paquerar, azarar, nada que se distanciasse e uma bela e rara amizade. Providenciou tudo para o nosso embarque para Rabat. Eu ao lado daquele homem bonito, decidido e misterioso. Seus olhos estavam sempre captando tudo em torno de si. Abdul Zafar é o tipo de homem que toda mulher deseja ao seu lado. Sempre muito gentil, mas quase sempre com a aparência e um rosto sisudo: Eu o vejo como coiote selvagem sempre com os olhos que enxergam tudo a sua volta e destaca a sua presa antes de ela perceber. Abdul Zafar tem olhos de coiote selvagem e destemido. É assim que eu o vejo. Ele embarcou com o figurino meio árabe, terno preto, gravata com o tecido caro e desenhos assimétricos e na cabeça o turbante ou kiffiyeh de tecido xadrez vermelho e branco. Não gosto muito de vê-lo pensativo e girando o grande anel no dedo repetidas vezes. Às vezes eu puxo conversa para interrom