Dizem que em Rabat-Marrocos o sol é mais belo e a lua brilha mais e que as paixões são eternas.
Bem, isso até pode ser verídico, mas o que ocorre com os irmãos Zafar é tão serio que há algum tempo os filhos e o pai só estão preocupados em correr contra o algoz tempo e consegui um coração saudável para Hafiz Zafar. Um belo rapaz de apenas vinte e nove anos de idade com insuficiência cardíaca grave.
-Então doutor, como está meu filho? O velho árabe pergunta ao medico da família Faisal Hanza.
-Sabe que eu já me considero da família? Você Hassan é como se fosse meu irmão. Sinto-me no direito de sentir assim, pois, há anos eu cuido de seus filhos. De seus filhos e de suas três esposas. Cuidei também da falecida Aita mãe de Abdul e Hafiz. Desse modo eu vou ser sincero o bastante para que busque providências urgentes. Eu pedi que Abdul também se fizesse presente para saber o quanto gravemente doente está o seu irmão Hafiz.
-Está bem doutor. Mas o que meu irmão Hafiz tem? Abdul pergunta abraçando o pai Hassan Zafar que logo se entristece.
-Lamento muito. Mas Hafiz tem a mesma doença cardíaca que levou sua mãe a nossa querida Aita. O coração de Hafiz está com função de apenas trinta por cento. E isso significa que para se livrar dessa insuficiência cardíaca ou IC ele precisa fazer urgente um transplante de coração.
-Que Alláh nos ajude. Não quero perder Hafiz para essa maldita IC como perdi uma de minhas esposas. A minha bela Aita. O velho árabe Hassan Zafar clama passando as mãos em seus cabelos brancos e em seguida elevando as rumo aos céus.
-Calma papai! Nós precisamos ser fortes para ajudar Hafiz. Abdul Zafar fala colocando as suas mãos no rosto do velho pai para acalma-lo e em seguida questiona ao medico Faisal Hanza que faz anotações.
-E como devemos agir doutor para ajudar meu irmão? O senhor sabe que para nós graças a Alláh dinheiro não é o problema. Só precisamos de suas instruções. E... O rapaz para de falar e coloca as mãos no rosto com ar de desesperado.
-Antes de tudo devemos conscientizar Hafiz de sua frágil saúde para que tome os devidos cuidados e zelos consigo mesmo. No que diz respeito ao trabalho nos escritórios das mineradoras, movimentação, garotas, noitadas e bebidas alcoólicas. Isso eu como medico me encarrego de conversar com ele assim que ele acordar. Recomendei um leve calmante, pois, senti que Hafiz anda um pouco exaltado.
-Sim amigo Faisal e onde vamos conseguir um coração sadio para o meu Hafiz? O velho árabe fala com os olhos cheios de lágrimas e completa:
-Eu pago o que for preciso.
-Pelo os meios legais devemos inscrever Hafiz em todas as bancas de doadores de órgãos ou seja, coloca-lo nas filas de muitas bancas de doações de órgãos e orar para que apareça um coração sadio e compatível o mais rápido possível. O medico fala já acessando o computador.
-Por Alláh! Isso é poucas chances demais de salvar Hafiz. Temos de ser rápidos! Nada de fila de espera! Abdul fala impaciente.
-Bem, vejam que eu falei de meios legais. Eu como medico não poderia jamais estar falando o que eu vou dizer agora. Mas vendo o desespero de vocês...
-Então há outros meios?Abdul fala sentando-se rápido próximo ao medico.
-Além das filas de espera correm uns boatos no meio da comunidade medica mundial de alguns fazendo parte outros não sobre ‘os anjos de sangue.’ O medico dá uma respirada e continua:
-Pessoas de posses vão até países em desenvolvimento onde há pessoas loucas para conseguirem trabalho, emergir-se financeiramente... Bem, usam seus fracassos e seus sonhos e os convence a mudar-se de país no caso de vocês para Marrocos e...E vocês sabem que acidentes acontecem...Então estando a pessoa morta retiram os órgãos necessários e as vezes nem devolvem o corpo para a sua família no seu país natural... Essas pessoas têm sido chamadas pela a mídia que critica muito e lógico é contra, de ‘anjos de sangue’.
-Mas e a compatibilidade? Abdul questiona.
- Antes de trazer a pessoas se arranja uma ‘jeito’ de saber ao menos o seu tipo sanguíneo através de um formulário, entrevistas e exames. Não é muito difícil já que se traz a pessoa para executar um ‘contrato de trabalho’ a priori.
- Não sei quanto a papai, mas eu vou fazer de tudo para salvar meu irmão Hafiz. E para nós que temos negócios em vários países não será difícil conseguir um ‘ anjo de sangue’.
-Vejam bem, isso fica aqui entre nós. Lembre-se Abdul esse é o meio ilegal. Mas mesmo assim vou colocar Hafiz nas filas de espera. O medico explica enquanto o velho árabe levanta os olhos e fala:
-Alláh está vendo que é para salvar o meu Hafiz. Alláh me deu quatro esposas mas só Aila que já partiu para a eternidade me deu Hafiz e Abdul, meus varões. As outras esposas me deram as minhas princesas. Amo minhas filhas mas não suporto a ideia de perder um de meus filhos. O velho árabe fala enquanto o medico o abraça e dá tapas de carinho em suas costas.
- Força! Força amigo Hassan! O medico se despede também de Abdul com um aperto forte de mão.
-Papai, nós vamos tentar parecer que está tudo normal para não desanimar Hafiz. Vamos seguir as recomendações do doutor Faisal Hanza, mas escondendo a tristeza. Nós vamos ajuda-lo. Vai ficar tudo bem.Abdul fala abraçando com o pai Hassan Zafar batendo na porta do quarto de Hafiz.
-Bom dia irmão! Como está? Abdul e o velho árabe beijam a testa de Hafiz que está um pouco pálido e debilitado.
- Se eu disser que estou bem saberás que eu estou mentindo e papai nos ensinou com os seus conselhos que não devemos mentir. Hafiz responde um pouco cabisbaixo.
- Eis que cara de desânimo! Nós vamos encontrar um novo coração para você. Confie em nós e em Alláh. Abdul fala com um sorriso forçado nos lábios.
- Eu pagarei o que for preciso. O pai Hassan Zafar completa.
- Semana que vem estou viajando para o Brasil. Vou dar uma olhada como anda os negócios da Zafar mineradora br e aproveitar e procurar um ‘anjo de sangue’ para você. Eu prometo! Só volto trazendo o seu novo coração. Abdul fala passando a mão nos cabelos de Hafiz que dá um meio sorriso.
- Alláh é grande e vai nos perdoar por isso. Completa o velho Hassan erguendo as palmas das mãos para o alto.
-É... Nunca pensei que ao invés de pensar em casar e ter filhos pensaria em meus poucos meses de vida. Hafiz fala triste.
-Não se deixe abater. Você sempre foi otimista. Abdul fala beijando a testa do irmão.
-Ei mano! Sabe que essa noite passada sonhei com uma moça vestida de branco. Ela era linda! Sonhei com uma pessoa que eu nunca vi e talvez nem veja. Senti paz no sonho. Parecia que estava tudo bem. Hafiz fala e completa:
- Irmão Abdul todos os finais de tarde abre as cortinas para que eu possa ver a lua e as estrelas até eu adormecer. Por favor!
- Claro irmão Hafiz. Peça o que quiser. Abdul abre as cortinas, abraça o pai e os dois saem do quarto deixando Hafiz Zafar com o olhar perdido no céu.
Uma semana depois no Brasil um belo homem alto, cabelos e olhos castanhos, barba por fazer, usando um terno, carregando uma maleta descia de um táxi num restaurante frequentado por homens de negócios. Já sentado uma dúzia de empregados do restaurante se revezavam para tentar agradar e atender bem o ‘árabe bilionário’ que já havia recusado as quatro garrafas de vinhos caros e raros. Com o seu habito de girar o seu caro anel de pedra azul no dedo o homem parecia procurar alguém por toda parte dentro do restaurante e pelas as vidraças.
-Oh! Que prazer senhor Zafar vê-lo em meu humilde estabelecimento. Um senhor com roupas de chefe de cozinha fala com as duas mãos para trás se curvando um pouco. Estão lhe atendendo bem?
-Sim. O prazer é todo meu Ruan. O chefe abaixa a cabeça, responde obrigado e se afasta.
Na mesa de Abdul Zafar se sentou homens de ternos e carregando maletas iguais a sua. Conversaram, jantaram e brindaram com bebidas caras. E assim que fecharam negócios Abdul saiu para tomar um táxi, andando rápido choca-se com uma moça que deixa o capacete cair. Ele num gesto de se desculpar abaixa e ao por a mão no capacete observa o adesivo com um tipo sanguíneo.
-Perdão! Perdão! Você está bem? Aqui esta o seu capacete. Abdul entrega o capacete para uma bela jovem usando roupas de motoqueira de cabelos castanhos com uma mecha loura do lado, sorriso sincero, portando uma bolsa nas costas.
-Esta tudo bem. Foi sem querer. Eu também sou desastrada. A jovem pega o capacete na mão de Abdul que estende a outra mão e fala:
-Abdul Zafar. E o seu nome?
-Me chamo Avaliz.
-Nossa que nome lindo! Você mora aqui por perto?
-Não. Eu vim buscar uma amiga. Mas ela já foi para casa de táxi.Avaliz responde já se afastando. Para, olha e pergunta:
-E você mora aqui por perto?
-Não. Eu moro em Rabat-Marrocos. Estou aqui a negócios e estou meio perdido. Abdul responde aproximando.
-Ah sim, lembrei. Mineradoras Zafar br. É isso? Avaliz pergunta.
-Sim. Sou filho do proprietário. Você aceita tomar um café? Assim você me indica um bom hotel. Já disse, eu estou meio perdido.
-Claro! Anda de moto? Avaliz pergunta sorrindo.
-Posso tentar. Abdul fala acompanhando Avaliz que entrega a ele um capacete.
Abdul Zafar senta na garupa da moto de Avaliz que com a sua gentileza fala para o rapaz que está um pouco sem jeito.
-Pode segurar-se em mim se sentir inseguro. Abdul coloca o braço na cintura de Avaliz e os dois saem entre os carros da grande e estressada cidade de São Paulo-Brasil. Após vinte minutos param numa lanchonete. Entram e ela vai logo falando com o proprietário.
-Olha aí Paolo trouxe um freguês de Marrocos para experimentar o seu famoso café. Trás dois no capricho.
-Avaliz! Princesa você é quem manda. Dois cafés no capricho. Prazer amigo de Marrocos. Fique a vontade. Sentados se à mesa da lanchonete Avaliz e Abdul conversam e sorri como se já se conhecessem de longas datas.
-E você Avaliz o que faz? Seu trabalho? Abdul pergunta.
-Sou recém-formada em técnico em enfermagem e ainda estou desempregada, moro com a minha tia e ganho a vida como moto girl.
Céus! Alláh é grande! Abdul pensou e fixou seus olhos em Avaliz.
-Você está bem? Avaliz pergunta.
-Sim. Só estou um pouco sonolento. Abdul fala e pensa: Acabei de encontrar um ‘anjo de sangue’. Perfeito!
-Eu vou deixar você num hotel. O melhor! Os gringos se hospedam lá. Espero que goste. Avaliz fala tomando o seu café.
-Sim. Vou gostar. Mas eu quero pagar pela a carona. Afinal você está começando a vida. Abdul Zafar fala tomando café.
-Não se preocupe. O café é bom? Avaliz pergunta.
-Sim. Muito bom! É... Olha não me entenda mal. Mas amanhã podemos almoçar juntos? Eu tenho uma proposta de trabalho para fazer a você. Hoje estou um pouco cansado. E depois quero andar novamente na sua moto. Eu adorei a aventura!. Abdul fala sorrindo.
-Claro! Não sei ainda se vou aceitar a sua proposta. Mas almoçar juntos podemos, sim. Agora vou leva-lo até o hotel. E amanhã às onze horas eu passo por lá para irmos ao restaurante. Vou levar você numa casa de massas. Gosta? Avaliz pergunta para Abdul com felicidade no rosto.
-Gosto muito! Abdul responde e completa:
-Então, vamos!
Avaliz deixou Abdul Zafar na entrada do hotel. Eles se despediram com aperto de mãos e ele ficou olhando a moto se afastando. No hotel telefonou para o pai e perguntou sobre a saúde do irmão. Finalizou dizendo: - Eu vou levar ‘boa novas’ meu pai. Fique tranquilo e tranquilize Hafiz. Tudo vai ficar bem. Fé em Alláh.
No dia seguinte no hotel um funcionário interfonou.
-Senhor! Perdão. Mas tem uma jovem aqui dizendo que é sua amiga. O nome dela é Ava. Avaliz.
-Sim. É minha amiga. Avise que já vou descer.
-Ele, o senhor Zafar já esta descendo. Abdul Zafar ficou parado uns instantes olhando Avaliz que estava de costas mexendo no seu celular. Usando um short, tênis e camiseta. Ela estava de cabelos trançados. Abdul andou devagar e colocou a sua mão no ombro da moça que se virou e disse sorrindo.
-Oi! Vamos?
-Vamos! Eu estou bem assim? Eu pedi ajuda aos funcionários do hotel. Achei que calça jeans e camisa polo combinam mais com massas e vinhos.
-Está ótimo! Você vai gostar. Avaliz entrega o capacete para Abdul Zafar que sobe na moto e com mais intimidade coloca os braços na cintura da bela jovem.
Desceram e Avaliz já foi falando com um homem com um chapéu e um avental xadrez na cor branco e vermelho.
-Vitório! Quero o melhor macarrão para o meu amigo árabe aqui. Capricha também no vinho para ele. Ah e suco para a motoqueira aqui.
-Você conhece muitas pessoas? Eu quero dizer é comerciante? Abdul questiona meio sem jeito.
-Sou moto girl. Lembra? Avaliz responde sorrindo.
-Verdade! Lembro. Abdul responde sorrindo.
Enquanto almoçam Abdul fala sobre a frágil saúde de seu irmão Hafiz. E em seguida faz a proposta.
-Então, Avaliz? Aceita trabalhar em Marrocos como enfermeira cuidando de meu irmão Hafiz até o transplante de coração? Avaliz coloca o copo de suco na mesa e responde.
-Olha se eu não gostasse tanto de você. Se não tivesse simpatizado tanto com você a resposta seria ‘não’. E depois eu quero fazer algo para ajudar o seu irmão. Aceito!
-Ótimo! Você tem passaporte? Abdul pergunta eufórico.
-Certa vez providenciei pensando num intercambio. Avaliz responde e completa:
-Vamos brindar! Suco e vinho, tim,tim... Ela sorri para Abdul que sorri, abaixa a cabeça e pensa:
Alláh me dê forças para continuar com isso que estou fazendo. E me perdoe também.
-Quando vamos? Eu preciso providenciar minhas malas. Avaliz fala.
Abdul pega devagar uma florzinha no vaso que esta no centro da mesa entrega-a para Avaliz e responde:
-Amanhã à tarde partimos. Hoje eu vou comprar as nossas passagens.
Abdul Zafar até então não tentou seduzir, paquerar, azarar, nada que se distanciasse e uma bela e rara amizade. Providenciou tudo para o nosso embarque para Rabat. Eu ao lado daquele homem bonito, decidido e misterioso. Seus olhos estavam sempre captando tudo em torno de si. Abdul Zafar é o tipo de homem que toda mulher deseja ao seu lado. Sempre muito gentil, mas quase sempre com a aparência e um rosto sisudo: Eu o vejo como coiote selvagem sempre com os olhos que enxergam tudo a sua volta e destaca a sua presa antes de ela perceber. Abdul Zafar tem olhos de coiote selvagem e destemido. É assim que eu o vejo. Ele embarcou com o figurino meio árabe, terno preto, gravata com o tecido caro e desenhos assimétricos e na cabeça o turbante ou kiffiyeh de tecido xadrez vermelho e branco. Não gosto muito de vê-lo pensativo e girando o grande anel no dedo repetidas vezes. Às vezes eu puxo conversa para interrom
Hafiz Zafar está aparentemente melhor. Esta com a barba e cabelos cortados. Apesar de frágil e um pouco pálido seus olhos ainda têm vida e esperança que Avaliz trouxe. Ela e Hafiz estão sempre juntos, no quarto, no jardim, na sacada... -O que está fazendo? Hafiz pergunta olhando Avaliz se cobrindo na cama pequena. -Aqui é a minha cama. Aqui é a cama para a enfermeira. Avaliz responde e se cobre. -Não. Você sabe que é mais do que uma enfermeira. Hafiz questiona. -Tome o seu remédio que esta ao seu lado e se cobre. Hoje esta frio.Eu estou aqui. É tão perto. Avaliz explica. -Por favor! Hoje está frio.Venha! Por favor! Deite-se aqui. Eu estou implorando. Estou com frio. Hafiz continua. -É só você se cobrir e logo ficará aquecido. Vamos! Pare de se passar por criança mimada. Hafiz é um homem adulto. Qualquer coisa que você sentir é só me chamar. Avaliz fala com voz meiga e
O dia amanheceu agitado na grande casa dos Zafar. As esposas e filhas do senhor Hassan Zafar estavam agitadas, falavam e articulavam mãos e braços.Em língua árabe e falando rápido para Avaliz era somente um monte de mulheres estressadas e barulhentas. Após cuidar de Hafiz Zafar com todo carinho e acompanhá-lo no seu café da manhã a batida na porta seguida da entrada do velho Zafar, o medico doutor Faisal e Abdul Zafar girando o seu grande anel no dedo surpreendeu Avaliz e fez desaparecer o pouco brilho no pálido rosto de Hafiz. -Bom dia! Hafiz respondeu sem animo. -Senhorita Avaliz poderia nos dar licença por uns minutos. Doutor Faizal pede educado. -Sim. Avaliz beija o rosto de Hafiz e sente que ele abaixa a cabeça como se pairasse algo muito ruim no ar. Avaliz passa por aqueles homens que a olham com mistério nos olhos excetuando Abdul, os seus olhos de coiote também estavam sem o bril
O cheiro das manhãs em Rabat e o cheiro vindo da cozinha é inspirador e hoje o dia será bem agitado. Enquanto os cozinheiros cuidam dos salgados, doces e um belo bolo de aniversario para Hafiz as barulhentas e agitadas irmãs de Hafiz e de Abdul ajudam Avaliz na decoração da grande sala. Avaliz resolveu levar Hafiz até a sala para perguntar-lhe sobre o que ele preferia para a decoração se rosas vermelhas ou amarelas.
O amanhecer em Rabat não deixou de brilhar e exalar perfume de vida e esperança, mas a noite para Avaliz havia sido difícil. Hafiz havia sentido-se mal a noite toda e ela havia se esforçado para agir somente como enfermeira mas o seu coração agia sem razão e técnica uma vez que nele Hafiz Zafar não representava apenas um paciente. Avaliz tentava evitar que tudo se misturasse, tentou ser somente uma profissional da saúde, mas infelizmente o seu coração não entendeu sobre pesos e medidas. Para maiores complicações ainda tinha os olhos selvagens de Abdul Zafar que vez ou outra a perseguia no grande palacete da família Zafar. Isso incomodava, Avaliz sentia ser espiada sempre, chegando a olhar para os lados, pois, era hábito do coiote vigiá-la com os seus olhos de fera misteriosa. Às vezes se pegava arrependida de ter aceitado a proposta de Abdul Zafar de sair de seu paí
Avaliz esta trocando os medicamentos de Hafiz e a pensar que esta cada vez mais difícil permanecer junto do coiote que a insulta a todo o momento, suportar o olhar de censura do velho árabe Hassan Zafar e enfrentar com otimismo a frágil saúde de Hafiz. “Por mais que isso vai me doer e eu sei que vou me culpar por todo o resto de minha vida, mas o melhor que eu faço é voltar para o Brasil.”. -Uma flor por seus pensamentos. Hafiz entra em sua cadeira de rodas conduzido por Abdul e seus olhos de coiote. -Obrigada! É uma bela flor. Avaliz pega a flor sem muito entusiasmo. -Esta tudo bem com você? Hafiz pergunta preocupado. -Sim... Esta. Avaliz responde sendo ‘devorada’ viva por Abdul que esta com os seus olhos de coiote a
O sol do amanhecer em Rabat naquela manhã parecia diferente. O sol atrevido e radiante entrava pelas janelas do grande palacete dos Zafar. Desde que cheguei a Rabat o amanhecer de Marrocos desperta o dia com o sol mais alaranjado e radiante do que nos outros lugares do mundo, o cheiro, o canto dos pássaros e até as plantas saúdam esse amanhecer especial que se repete a cada final das noites onde a lua e as estrelas brilham tanto que parece sorrirem para o mundo. Eu não sei, mas curiosamente a cada dia que se aproxima da cirurgia de transplante do coração de Hafiz as manhãs de Rabat estão cinza, o sol não está tão alaranjado e tão pouco radiante. Eu tento deixar a enfermeira técnica agir, mas a ‘Avaliz mulher’ não deixa e me pego olhando para ele como se fosse a ultima vez. Coincidência ou não, mas até o jardim perdeu o seu colorido. Até o balançar das flores pelo o vento me lembra um adeus. Sempre clamo a Deus por Hafiz. E vejo a sua família clamar a Alláh por ele, tenho visto Abdul Zafar na sacada orando com os braços para o alto e em linguagem árabe.Capítulo 9 MANHÃS CINZAS