DESEJO TINTO - PAIN: Série Seco e Suave - Livro 2
DESEJO TINTO - PAIN: Série Seco e Suave - Livro 2
Por: Cris Silva
CAPÍTULO 1

- Que porra foi essa? – eu ouvia Tony gritar atrás de mim, enquanto eu descia as escadas enfurecido. Eu estava com tanta raiva. Como ela pode fazer isso comigo? Era a única pergunta que latejava na minha cabeça. Tony se apressou e atravessou na minha frente. Empurrando o meu peito com as duas mãos – Pare aí, Porra!

Eu o empurrei de volta – Saia do meu caminho. Saia agora. – Eu saí da casa e entrei na caminhonete que estava parada ao lado da casa, enquanto Tony batia no vidro e gritava comigo, mas eu não estava mais registrando nada. Eu só queria sair dali. Dei partida no motor o mais rápido que eu consegui e dirigi para fora da fazenda. 

Havia chovido logo cedo e o caminho de terra que eu precisava passar até chegar à estrada principal estava escorregadio. Mesmo assim, eu não reduzi a velocidade e alcancei em tempo recorde a rodovia.  Quando cheguei à cidade, parei na praça principal e me debrucei sobre o volante. Meu peito estava dolorido, eu estava suando e minha cabeça latejava. Eu estava tomado por uma raiva indescritível. Tão parecida com a que eu senti no dia que eu descobri sobre Anabela e sobre Tony. Eu só ergui a cabeça quando a porta da caminhonete se abriu do lado do passageiro e Tony entrou e se sentou ao meu lado. 

Ele parecia mais calmo do que quando tentou me impedir de sair de casa à cerca de meia-hora – Se veio...

- Não – ele disse simplesmente me acalmando – Só vamos tomar uma bebida. Não tem que falar nada, ainda.  

Uma bebida era tudo o que eu precisava. Desci do carro, ele também e nós caminhamos para o bar do outro lado da praça em silêncio. Não havia outros clientes no local. Com exceção de uma garçonete, e o dono do bar que estava por trás do balcão e já era um conhecido, não havia mais ninguém. 

A ruiva se aproximou da nossa mesa trazendo duas doses de Whisky – Sei que não pediram, mas basta olhar para as suas caras para saber que um desses ainda é pouco – Então, sem mais, ela calmamente se afastou, me deixando a sós com Tony. 

Meu irmão apenas segurou seu copo na mão e brincou com o gelo. Ele não me perguntou nada e nem eu queria falar. Estava revoltado demais, decepcionado demais, desesperado demais para conseguir falar qualquer coisa coerente. Sabia que bastava abrir a boca e sairia todo tipo de atrocidades. Era a maneira como as coisas aconteciam comigo. Eu era um poço de calma, mas me transformava em um furacão quando magoado.

Quando eu tomei todo o conteúdo do meu copo de uma vez, a mulher voltou trazendo uma garrafa e colocando sobre a mesa e, ao lado dela, um balde de gelo. Tony ainda brincava com o conteúdo do seu copo, sem ter tomado sequer um gole. Eu estava na terceira dose quando as palavras apenas pularam da minha boca – Como ela pode? – mais silêncio depois disso – Qual o meu problema com as mulheres? Eu fui legal para elas – Meu irmão arqueou as sobrancelhas e, finalmente, deu o seu primeiro gole – No entanto, parece que eu só atraio sua traição. Que porra é essa? Uma competição de fodam o Matteo?

- Matteo – Tony começou a falar, seu tom cuidadoso demais como se não quisesse que eu me fechasse – com todo o respeito a sua falecida ex-mulher, ela era uma cadela. Mas Giovanna pode ter cometido um erro, eu confesso que não entendi muito bem qual foi o motivo de vocês terem brigado, mas ela não é como Anabela e você sabe disso, porra! O que há de errado com você? Eu não acredito que você ouse compará-la a Anabela – Eu estava com muita raiva dela, mas eu não poderia me referir a ela como uma cadela. 

- Ela me enganou, cara. Eu a admirava por sua honestidade. Depois que eu descobri sobre as traições de Anabela e sobre toda a minha família mentir pra mim – sem ofensas – Mas eu meio que me agarrei a sua honestidade como a um bote salva-vidas. Giovanna não mentia pra mim, nem escondia as coisas em hipótese alguma e prometeu que jamais o faria. No entanto, ela usou um perfil falso nas redes sociais para me manipular.

Eu podia ver o choque no rosto de Antony. Ele não acreditava que Giovanna seria capaz de fazer isso. Inferno! Nem mesmo eu conseguia acreditar. Virei mais um copo da minha bebida e comecei a contar tudo para Tony. Esse era eu no “modo desabafo”. Eu estava fodido. Terminei minha narrativa com a pergunta que não quer calar: - Por que ela fez isso comigo?

- Talvez, se você tivesse esperado para ouvi-la, tivesse a sua resposta. De qualquer maneira, ao que parece, ela não devia ter ideia de quem você era no começo. Talvez ela tenha descoberto e tenha ficado com medo, ou então ela tenha te dado sugestão antes de ter descoberto a sua identidade. O fato é que você não esperou para saber. 

- Ótimo! Agora eu sou o culpado.

- Eu não estou colocando a culpa em você. É evidente que ela tem alguma responsabilidade. Mas tenho certeza que ela teve razões para agir assim, tudo que você tinha a fazer era dar a oportunidade para ela explicar.

Silêncio se instalou mais uma vez. Aos poucos a ficha ia caindo – Foda-se!

- O que foi?

- Eu a acusei de estar grávida de outra pessoa. Talvez você.

- Porra! Eu ouvi isso. Foi a pior coisa que você falou. Precisa conversar com ela imediatamente. 

- Ela não vai querer me ouvir... exagerei, não é?

- Honestamente? – ele perguntou, mas não esperou resposta – Você exagerou. Tenho certeza que ela pode explicar isso, cara. Você apenas a tratou como a uma vagabunda. Pelo pouco que eu sei sobre essa autora, Gi, ela era anônima e isso devia ser importante pra ela ou quem sabe era uma exigência da editora como uma jogada de marketing... vai saber. Talvez ela quisesse apenas ter certeza de que as coisas estavam sérias entre vocês para contar pra você o seu segredo. Não justifica, mas talvez explique.

Antes que eu pensasse em uma resposta, a porta do bar se abriu e uma cara conhecida apareceu. O homem hesitou na entrada por alguns segundos, mas em seguida, estufou o peito e caminhou através da mesa na minha direção – Mazza – ele cumprimentou em falso tom de surpresa – O que tem feito? Enganando mais casais de velhos idiotas para roubar suas terras?

Eu senti o aperto do meu irmão na minha perna, ao mesmo tempo em que a minha raiva crescia em velocidade exponencial – Eu se fosse você, não o provocava, Pienezza. Hoje não é um bom dia. Além disso, essa história é velha. Ninguém aguenta mais isso. Apenas suma.

- Sou um homem livre e estou aqui para tomar uma bebida.

- Então vá tomar a porra da sua bebida do outro lado do bar.

O dono do bar se aproximou quando percebeu a tensão – Vocês não vão brigar, vão? Por que eu vou querer cada centavo pelo que for destruído aqui e pelo que eu vou deixar vender. Para os dois homens Mazza isso não será um problema, mas e quanto a você Jeremias? Todo mundo sabe que você não tem aonde cair morto.

Eu podia ver a linha dura do seu maxilar e ouvi seus dentes rangerem enquanto ele desviava o olhar de mim para o dono do bar. Esse homem me odiava e era apenas inacreditável como isso ainda não acabou em tragédia. O cara era um parasita filho da puta que passou a vida inteira dando golpes em seus próprios tios. Tudo que eu fiz foi comprar uma propriedade e assumir legalmente a porra de um negócio e, no entanto, tenho que suportar esse chato no meu saco – Eu me ergui e dei um passo em sua direção – Eu não vou ser legal com você hoje, Jeremias. Não estou em um bom dia e essa merda apenas tem que acabar em algum momento. Se você me fizer perder a paciência não vai sobrar nada de você.

- Não tenho medo de você, otário. Mas eu não estou aqui para brigar. Como eu disse, estou aqui apenas para tomar uma bebida. Eu não vou despedaçar seu rostinho bonito. Vou atacar aonde dói mais.

- Não me ameace – ele apenas ergueu as mãos e se afastou para o outro lado do bar. O proprietário do estabelecimento voltou ao trabalho e eu fiz um esforço sobre-humano para não atravessar o salão e arrebentar a cara daquele imbecil. Meu irmão nos serviu outra dose.

- Bom que você não caiu na provocação dele. Honestamente eu achava que isso já tinha sido superado.

- Eu também. Mas nos encontramos raramente, o que torna impossível pra mim saber o quanto ele me odeia, até que temos um encontro inesperado e eu fico consciente da raiva que ele ainda nutre por mim.

- Isso é apenas irracional.

- Sim, mas diga isso a ele. Ele me odeia e ponto. Não importa que os seus próprios tios tenham sido claros sobre a venda da vinícola ser uma decisão consciente. Os velhos apenas não queriam deixar nada para esse bastardo.

- Bem, eu acho que você tem problemas maiores para se preocupar. O que você vai fazer sobre Giovanna.

- Nada. Eu não quero vê-la. Eu posso até ter errado na medida, mas o fato é que ela me enganou e sabe disso.

- Você sabe que vai acordar pela manhã e se arrepender de toda a merda fodida que você falou pra ela, não é?

Ele tinha razão. Eu já estava arrependido. Eu ainda estava muito puto, mas mesmo assim, eu não acho que ela jamais me perdoaria depois de tudo que eu disse. Aos poucos as palavras iam voltando pra mim. Deus! Eu a acusei de estar grávida do meu irmão – Eu não acho que ela me perdoaria. – Eu espero que você me perdoe pelo que eu disse. Foi uma merda envolver você naquilo, mas eu estava magoado. Eu precisava magoá-la na mesma medida.

Meu irmão assentiu – Eu sei quem você é Matteo. Você é apenas uma bomba relógio. Em noventa e nove por cento do tempo, você é o cara mais amável do mundo e no outro instante você apenas perde o controle e faz coisas estúpidas quando se sente traído. Eu sei que não é um tema bom para ser trazido à tona, mas eu me pergunto como você pode aguentar tanto tempo as coisas que Anabela fazia pra você tendo esse seu temperamento.

- Eu não queria enxergar, justamente por causa do meu temperamento. Eu não sabia das traições nem dela dando em cima de você, mas sabia que ela não me amava. Eu apenas não quis admitir isso. Achava que o que eu sentia era o bastante para nós dois. 

- Então no fundo você sabe que Giovanna não é como ela. 

- Ela mentiu pra mim e me manipulou esse tempo todo.

- Você nunca falou pra ela sobre quem você era. Talvez ela tenha descoberto isso no meio do caminho e não tenha encontrado uma maneira de te falar. Coloque-se um pouco em seu lugar.

A verdade era que eu, naquela altura dos acontecimentos, já estava arrependido pela maneira como eu explodi para Giovanna. Ela não me perdoaria. Mesmo ela, que é sempre tão calma, paciente e compreensiva, não iria deixar isso passar. Eu a acusei das coisas mais absurdas e levantei a suspeita sobre o meu filho. Porra! Fodi tudo – Eu fodi tudo, cara. Ela não vai me perdoar.

- Ela te ama. Dê-lhe tempo então.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
capítulo anteriorcapítulo siguiente

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP