Matteo
Enquanto eu saia do evento, uma mão me alcançou e, mesmo antes de ver quem era, eu sabia que era Tony. Ele tinha uma expressão simpática. Ele sabia o quanto eu estava destruído depois de falar com ela.
- Eu não deveria ter vindo – eu disse. Desviando meu olhar para a saída onde alguns leitores que não conseguiram o convite e alguns repórteres que não foram selecionados para a coletiva esperavam.
- Sim, você deveria.
- Ela me odeia, Tony. Ela me disse para ficar longe por que eu fazia mal pra ela e para o bebê. Entende isso? Eu não quero machuca-lo, porra! Nem a ela.
- Ela está magoada, Teo, o que é compreensível. Você sabia que essa porra não seria fácil. O que ela te disse não é nenhuma novidade. Você sabia que seria assim.
- Mas talvez ela tenha razão. Talvez fosse melhor para a criança se ela não tiver que conviver com um pai tão fodido como eu estou.
Meu irmão segurou meus ombros, uma mão de cada lado para chamar a minha atenção. – Nem mesmo você acredita nesta merda. É o seu filho. Deixe-a pensar sobre isso e amanhã você a procura. Ela não tem ouvido falar de você durante quinze dias. De todos os momentos que você poderia ter aparecido, este aqui, com certeza, não havia sido cogitado por ela.
- Ela não vai ceder...
- Você deu um jeito de foder tudo isso, então dê o seu jeito de consertar, porra! Agora, vai pra casa e esfria essa cabeça. Vê se dorme um pouco e se come alguma coisa. Você está horrível. Quando eu te incentivei a vir aqui eu, minimamente esperava que você se mostrasse mais apresentável.
Eu ignorei as suas palavras e caminhei pra fora. Uma chamada para Martinelli e ele estava na entrada principal com o carro a minha espera. Tentei ignorar algumas perguntas sobre o evento que os repórteres lançaram para mim enquanto eu esperava e me senti aliviado quando consegui me abrigar no interior do veículo. Eu nem precisei dizer a ele para onde eu estava indo. Ela me levou direto para a mansão. Ele sabia, só de olhar pra mim, que eu estava na merda.
Durante todo o caminho até em casa, eu pensei sobre a noite de hoje. Apesar de estar desesperado com a possibilidade de conseguir que ela me perdoasse e de ter as minhas esperanças frustradas esta noite, eu estava orgulhoso dela. Mostrou-se incrível em todos os sentidos. Linda e confiante até o momento em que eu fui até ela. Eu estava lá há algum tempo. Eu a ouvi falar para todas aquelas pessoas e ela parecia firme. Mas então eu apareci e eu vi toda a vulnerabilidade estampada nos seus olhos, seguida de um rancor que nunca esteve ali, culminando com a convicção ao me dizer que eu deveria sumir da sua vida e da vida do nosso filho. Eu apenas acho que ela tem razão. Eu não sou bom pra ela. Talvez eu só tenha que me convencer a abrir mão deles.
Mais tarde, eu estava sentado junto à janela do meu quarto na mansão segurando sua camisola cinza estampada com corações rosa. Eu adorava essa camisola. Lembrava-me o nosso primeiro final de semana na vinícola. Agora tudo me lembrava dela. Eu lamentava ter deixado que suas coisas fossem levadas daqui e da vinícola. Mas, segundo Antonella, era o melhor a se fazer já que ela precisava das suas coisas e nós não estávamos mais juntos. Eu ainda levei um soco da sua amiga, na reunião da diretoria da Mazza Telecom há dois dias. Eu não a detive. No fundo eu merecia. Ou então, eu apenas queria sentir alguma coisa, ainda que fosse dor.
Uma batida na porta me tirou dos meus devaneios e Tony entrou no quarto sem esperar que eu o convidasse – O que você quer?
- Saber como você está. Mas julgando pela maneira estúpida que está falando comigo, devo supor que não está bem.
- Desculpe. Eu estou sendo um idiota.
- Você geralmente é. Mas hoje é compreensível.
- Como foi depois que eu saí.
- Todos estavam tensos: Seus pais e irmão, os nossos pais e irmã e Penélope. Sobretudo Lucy. Eles achavam que ela desabaria depois. Mas ela se manteve firme até o fim. Embora, quando tudo acabou eu podia dizer que ela não parecia nada bem. Quero dizer, ela parecia triste.
- Ela não vai me perdoar, cara. Eu pensei sobre isso. Ela não vai me dar uma nova chance. Eu estou fodido.
- Seja paciente. Você a quebrou naquele dia. Ela precisa de algum tempo.
- Eu não quero dar-lhe tempo. Eu já dei tempo demais e eu tenho a sensação de que ela só fica mais longe de mim a cada dia. Chega de tempo.
- E o que você vai fazer.
- Giovanna não pode ter tempo demais pra pensar... ela é muito cautelosa. Eu sou a única pessoa que consegue fazer com que ela perca a cabeça e aja com o coração. Eu farei isso.
- Bem, eu estou feliz que você esteja finalmente animado com alguma coisa.
- Cara, honestamente eu não diria isso. Eu não estou animado. Eu estou desesperado. Eu não posso suportar nem mais um dia. Vai ter que ser amanhã.
Giovanna- Você está bem? – Penélope perguntou quando entramos em casa. Eu não disse uma palavra durante todo trajeto. Estava exausta. Minhas pernas doíam, assim como as minhas costas e cabeça.- Sim, apenas com dores por passar tanto tempo sentada.- Eu me refiro a Matteo? Você está bem depois daquilo?- Eu não quero falar sobre isso.- Giovanna, em algum momento nós vamos ter que falar sobre isso. Quinze dias se passaram desde aquela tarde dos horrores e eu tenho tentado ser uma boa amiga e esperar o seu tempo. Mas eu preciso falar...- O que você quer dizer Penny.- Eu quero dizer que Matteo é um imbecil...- Isso eu já sei de primeira mão. Por favor, seja mais original.- Não me interrompa quando estou falando. – Ela bradou com aquela autoridade típica de mãe e o meu cansaço me obrigou a obedecer como uma filha – Eu dizia que ele é um imbecil, mas ele é louco por você. Eu não acho que ele esteja certo, mas eu também acho que você não está.- Ai que ótimo, agora a culpa é minha – A
Giovanna As palavras de Penélope martelavam na minha cabeça. Eu sei que a magoei com as minhas mentiras... quer dizer. Eu não menti, uma vez que eu dizia uma das coisas que eu fazia que era escrever para alguns jornais, sites e blogs. Mas eu omiti um detalhe importante da minha vida e eu não podia ignorar que havia magoado a minha melhor amiga e os meus pais. Sim, todos estavam orgulhosos sobre o meu trabalho, mas eu não perdi nenhum olhar de repreensão. Mesmo minha mãe me perguntou se eu não confiava nela o suficiente para compartilhar essa informação. O desabafo de Penny também não me passou despercebido na noite passada. Eu menti sim e eu magoei as pessoas. Mas com Matteo foi ainda pior por que eu usei a relação que eu criei com ele na rede social para manipulá-lo e convencê-lo a investir em nosso relacionamento e se abrir comigo. Matteo pisou na bola, mas eu também não estava orgulhosa de mim. Eu ainda não havia pedido desculpas por isso, embora não tenha mesmo tido oportunidade
- Então, vocês querem saber o sexo? – Matteo me olhou questionando. Eu sabia o quanto ele estava curioso sobre isso. Segundo ele, não era uma questão de preferência. Era apenas curiosidade. Ele queria pensar em tudo, planejar tudo. E saber o sexo ajudaria. Eu também queria saber, mas não tanto quanto ele. Eu havia pensado sobre manter o suspense até o dia do nascimento. Mas, por outro lado, era bom planejar.- Sim – Eu disse e vi o alívio claro em seu semblante. - Bem então vamos lá. – O gel frio fora espalhado na minha barriga saliente e o aparelhinho começou a deslizar de um lado para o outro. À princípio, o médico apertou alguns botões do teclado, como se estivesse capturando imagens – Só mais um instante... você vê? – ele apontou para uma imagem um pouco disforme – tcham... tcham... tcham... tchammm – Eu queria rir com a empolgação do médico e ao mesmo tempo com todo o clima de suspense que ele criava deixando Matteo ainda mais louco. Eu podia ver que ele adorava o que fazia. Mas
- Como eu estou? – Foi a primeira coisa que Penélope me perguntou quando entrou no quarto que foi designado para que eu me arrumasse na mansão. Ela vestia um modelo lilás de deixar qualquer um de boca aberta. Por que eu não tive tempo de escolher os modelos das madrinhas e deixei tudo ao encargo dela. Claro que ela queria um vermelho ou algo assim, mas teve que se contentar com o lilás, que a organizadora de casamentos designou para não fugir a paleta de cores e também havia as outras madrinhas: Antonella e Juliana, a minha amiga de infância, que veio à Itália especialmente para a cerimônia.- Você está magnífica – eu disse.- Bem, eu aceito o elogio, mas eu sei que não estou como você. Você sim está uma princesa. Eu nem acredito que você vai se casar. Ainda tem aquela sua amiga de infância que eu tive que aguentar.- Owww! Eu adoraria me ver, mas tenho que seguir a tradição de não me olhar no espelho. Juro que eu até pensei em fazê-lo, mas em seguida retirar alguma peça da minha vest
- Oh! Meu Deus, querida – Matteo me tocava em todos os lugares. – Você está bem? - Eu balancei a cabeça afirmativamente para que ele soubesse que fisicamente eu estava bem, mas as palavras apenas não saíam. – Que porra foi isso, Martinelli? – ele começou dizendo, mas então eu vi o seu rosto se transformar. Eu segui a direção do seu olhar e meu coração disparou com o que eu vi. Havia sangue, muito sangue, no braço de Martinelli – Porra! Martinelli. Oddio! Aguente firme. Vou chamar ajuda pra você.- Eu estou bem, senhor. Foi de raspão. Eu vou ficar bem. Eu não tenho ideia de onde isso veio. Eu apenas agi quando ouvi o primeiro disparo e a cobri com o meu corpo. Não tenho dúvidas de que foi direcionado à ela.- Porra! – Matteo pegou o telefone e ligou para a emergência. Tony chegou e nos guiou todos para uma sala reservada à direita da entrada para que os nossos convidados não ficassem mais assustados e onde poderíamos ter mais assistência e privacidade.- Matteo! Fique calmo. Eu estou c
Não sei se era a visão de Matteo ao final do longo corredor, cercado de pilares de mármore branco-rosa da Candoglia, hoje escurecido pelo tempo, que me tirou a capacidade de olhar para a catedral como eu fiz toda a minha vida. eu ficava encantada com a magnitude do templo e, como fiel admiradora de obras de arte, eu repassava uma e outra vez a história da Catedral, os vitrais valiosos, as estátuas que ornamentam a fachadas e os telhados do prédio... Bem, hoje nada disso me chamou atenção, nem mesmo os inúmeros convidados ao longo do caminho. Apenas aquele homem, o meu homem, me esperando ao final, me importava hoje. Apartir de hoje eu seria dele e ele seria meu. Meu pai não pode evitar ficar emocionado, nem a minha mãe pelo que eu podia ver. Com os pais de Matteo não foi diferente e a cerimônia, depois de toda a aventura que passamos hoje, foi linda e curta o suficiente apesar de bem tradicional. Nós cumprimos a maioria das formalidades, como o cumprimento de cada um dos convidados
MatteoFiz um aceno para Ettore quando deixamos a pista de dança. Ele estava atento durante toda a recepção e percebeu meu gesto imediatamente. - Estaremos prontos para partir em instantes. – informei – Vamos apenas nos despedir dos nossos familiares e Giovanna vai jogar o bouquet conforme o programado.- Vou alertar a equipe. O seu irmão providenciou um carro blindado com divisória. Eu e outro colega iremos na parte da frente. Ele vai dirigir para que eu possa estar mais atento e o Senhor e a Sra. Mazza poderão ter mais privacidade e segurança até o local – Já temos dois dos nossos checando o nosso destino.- Obrigado. – eu disse e guiei Giovanna para a nossa mesa, para que ela pudesse beber alguma coisa e em seguida nos despediríamos.- Você realmente acha que tudo isso é necessário? – ela disse quando nos sentamos.Encolhi os ombros. Não queria deixa-la ainda mais preocupada - Não custa prevenir.- Eu fico assustada só de imaginar que as suspeitas podem ser verdadeiras. Eu já pen
MatteoEu acordei cedo, apesar da hora que fomos dormir. Era uma característica minha dormir pouco. Giovanna descansava em meus braços tão inocentemente que era impossível alegar que essa doce menina tinha se transformando na mulher cheia de desejo que me despiu na noite passada e me montou até que nenhum de nós tivesse forças suficientes para mais. Eu li que era algo sobre a gravidez que a deixava com os hormônios em fúria. Isso a havia deixado cansada. Eu olhei para baixo, para a sua barriga. Ela não era mais plana como antes e era incrível apenas constatar que o meu filho estava ali dentro. Como ele seria? Será que se pareceria mais comigo ou com ela. Eu gostaria que se parecesse com ela, com esses olhos azuis que eu amo, mas eu também gostaria que parecesse um pouco comigo, para ouvir as pessoas me dizerem como ele era a minha cara.Eu não queria acordá-la, mas não resisti estender a minha mão e tocar seu ventre arredondado. Ontem, com aquele vestido, não parecia que ela estava gr