Matteo- Luca está de volta – anunciou Tony enquanto olhava pela janela. Seu tom grave, preocupado coadunava com o meu... Aliás, estávamos todos preocupados. Porém, ninguém estava mais do que eu. Nervoso nem chegava perto de descrever como eu estava, nem ansioso. Eu contava os minutos para que o desgraçado do Pienezza contatasse a cadela da Alícia. Os homens de Luca haviam providenciado um equipamento capaz de identificar de onde estava vindo a chamada.A porta se abriu e então Luca entrou. Ele parecia cansado. Como se não tivesse dormido. – Bom dia – cumprimentou.- Bom dia – eu e Tony respondemos em uníssono.- Alguma novidade?- Até agora nenhuma – Tony respondeu. Estamos indo ao escritório esperar a chamada. Aliás, obrigado pelo equipamento.- Não tem problema. Fico feliz em ajudar. Não vejo a hora de ficar cara a cara com o desgraçado do Pienezza. Apenas tenham em mente que ele é um cara morto. Vou mata-lo.- Deus sabe o quanto eu sou um homem que segue a lei. Mas, nesse caso, se
GiovannaDor.Muita dor.Depois de abandonar o carro que havia furtado dos mafiosos e fugir andando até encontrar outro veículo para furtar, Pienezza dirigiu em círculos por horas. Sim, ele trocou de carro outras duas vezes e optou por modelos antigos e em péssimas condições para garantir que não estariam protegidos por GPS nem nenhum dispositivo de rastreamento. Era madrugada quando ele encontrou um galpão abandonado e sujo para passarmos a noite.Eu não me alimentei nas últimas doze horas. Não tínhamos comida e ele não queria sair para comprar. Primeiro com medo de que fosse encontrado, segundo com medo de que eu pudesse fugir se fosse deixada sozinha. Tudo que havia era uma torneira que jorrava água de gosto duvidoso. Eu evitei o máximo que pude tomar aquilo, mas era isso ou morrer por falta de água. Ontem, quando Jeremias puxou uma lona velha e suja para que eu me deitasse hesitei. Estava mais do que óbvio que eu não poderia dormir em nada como isso. Mas o fato era que as minhas
Matteo - NÃAAAAAAO – foi tudo que eu consegui exprimir depois de ouvir um disparo no interior do veículo. Eu soquei o meu irmão e corri em direção ao veículo. A porta do passageiro se abriu e meu coração se encheu de esperança. Mas, então, ela não se moveu e eu senti dificuldade em respirar. Quando alcancei o carro pelo lado do passageiro, Giovanna estava em choque. Ela olhava para Jeremias que agonizava, havia sangue por todo lado e os olhos deles em pleno choque. – Eu o matei – ela disse e desabou a chorar.Os homens de Luca e os meus seguranças estavam a nossa volta. Luca abriu a porta de Jeremias e o puxou pela camisa jogando-o sobre o chão. Eu não podia deixar que Giovanna assistisse mais nada. Eu precisava tirá-la dali.- Querida, tá tudo bem. Vou tirar você daqui.- Eu o matei – repetiu – eu o matei.- Calma. Você não teve culpa. Eu vou cuidar de tudo.Eu a peguei em meus braços e me preocupei que ela estivesse tão leve para o seu estágio de gravidez. Deus! Eu não acredito qu
Luca Sartori- Você sabe que ele tem razão – Antony disse assim que Matteo saiu. – Eu não tenho como te agradecer por isso, meu amigo.- Não tem que agradecer. Eu tinha uma dívida com você.- Você ainda teria feito isso se não achasse que tinha uma dívida comigo. – eu apenas encolhi os ombros – você sabe que teria feito. Você não é um cara mal.- Não. Você está enganado. Eu sou um cara muito mal.- Talvez...mas você também é justo.- Até quando? Às vezes eu tenho que fazer coisas que não são justas para o padrão médio da sociedade e em breve isso vai ser mais comum do que você pode imaginar.- Quem tá dando uma merda para o padrão médio da sociedade.- Pessoas de bem? Pessoas como você, como o seu irmão e a sua cunhada.- Todo mundo tem seus ossos escondidos no armário, você sabe. – ele disse e eu tive a impressão de que se referia a ele mesmo – Quanto ao meu irmão e a minha cunhada, eu tenho certeza que eles estão apenas gratos. Você estourou os miolos do desgraçado.Encolhi os ombro
MatteoO SUV parou no pátio em frente à mansão e eu olhei para Giovanna antes de descer do carro. Esse momento tinha muito significado. Não era por ser essa a primeira vez que o nosso filho entrava em casa agora fora da barriga da sua mãe e também não era por que Giovanna estava voltando para casa depois de alguns dias na maternidade. Não. A verdade é que esse momento é para nós como uma reafirmação da vida. A última vez em que eu e Giovanna estivemos juntos nesta propriedade foi no dia em que embarquei para os Estados Unidos e depois disso... Santo Deus! Dói só de lembrar cada instante do pesadelo que nós vivemos. Posso dizer que nós renascemos no dia em que o nosso filho veio ao mundo. Olhando para Giovanna vi que ela tinha lágrimas não derramadas que brincavam em seus olhos – Parece um sonho que eu esteja de volta. – falou em meio a um suspiro – Em alguns momentos cheguei a pensar que eu não voltaria aqui, nem o veria de novo e, quer saber? De tudo, o que mais me preocupava era vo
A mansão estava iluminada. Durante todo o dia, carros e mais carros de entrega e equipes de serviço entraram e saíram da propriedade. Os vizinhos dos Mazzas haviam visto tantos brinquedos infláveis ao redor da propriedade. Tudo era muito colorido e alegre, em contraste com a sobriedade dos prédios históricos. A mulher havia passado o dia inteiro sentada sobre a grama no Parco Sempione, de onde poderia acompanhar toda a movimentação na propriedade da família Mazza, e o seu estoque de água e sanduíche já havia chegado ao fim. Mas a fome e a sede que sentia não podia ser saciada com comida ou com toda a água do mundo. Suas entranhas clamavam por vingança. Os desgraçados haviam acabado com a sua vida e agora ela os faria pagar. Fora uma amadora no passado, mas alguns longos meses podiam mudar a vida de uma pessoa e, consequentemente, a maneira com ela via as coisas. Tudo havia sido tirado dela: sua irmã, seus pais, seu emprego e sua possibilidade de seguir por uma vida honesta. Não é com
- Que porra foi essa? – eu ouvia Tony gritar atrás de mim, enquanto eu descia as escadas enfurecido. Eu estava com tanta raiva. Como ela pode fazer isso comigo? Era a única pergunta que latejava na minha cabeça. Tony se apressou e atravessou na minha frente. Empurrando o meu peito com as duas mãos – Pare aí, Porra! Eu o empurrei de volta – Saia do meu caminho. Saia agora. – Eu saí da casa e entrei na caminhonete que estava parada ao lado da casa, enquanto Tony batia no vidro e gritava comigo, mas eu não estava mais registrando nada. Eu só queria sair dali. Dei partida no motor o mais rápido que eu consegui e dirigi para fora da fazenda. Havia chovido logo cedo e o caminho de terra que eu precisava passar até chegar à estrada principal estava escorregadio. Mesmo assim, eu não reduzi a velocidade e alcancei em tempo recorde a rodovia. Quando cheguei à cidade, parei na praça principal e me debrucei sobre o volante. Meu peito estava dolorido, eu estava suando e minha cabeça latejava. E
CHOQUE DE REALIDADEA casa estava silenciosa quando retornamos. Não havia sinal de Giovana, nem dos seus pais. Meus pais e Antonella esperavam sentados na varanda. Eu sabia o que estava por vir e era tudo que eu não queria enfrentar agora. Honestamente eu já estava muito consciente da merda que eu havia feito e a última coisa que eu precisava agora era de alguém para esfrega-la na minha cara.- Sem sermão. – cuspi acidamente para a minha família.- O que devemos esperar agora, Matteo? Uma nova fase de rebeldia? – surpreendentemente, a voz era da minha mãe. Sim. Aquela doce mulher que é incapaz de aumentar o seu tom de voz ou de proferir palavras duras para qualquer pessoa, sobretudo para seus amados filhos. Ela, que é sempre tão compreensiva, não está comigo dessa vez.- Mãe, eu não quero discutir com você.- Nem eu. O problema é que você é de extremos. Ou oito ou oitenta. Não há um meio termo com você. Nós não temos que brigar. Nós podemos conversar, Matteo. Giovanna é uma menina doc