Vejo novamente essa luz que tanto me instiga a seguir por essa trilha de pedras roladas. É um lugar tão calmo. Vegetação rasteira, pássaros de diversas cores e com uma variedade de cantos infinitos. O que será que tem do outro lado dessa colina? Sinto que devo ir até lá.
Por que tenho tanta ansiedade em chegar lá?
Continuo caminhando e seguindo lentamente essa luz.
Cheguei ao topo do monte mais próximo. Que visão maravilhosa! Um vale entre colinas com um enorme lago no meio. Nesse lago tem três pequenas ilhas e uma espécie de construção em cada uma delas, pontes as interligam. Apesar do vento suave, dá para perceber que a água do lago permanece plácida.
Caminho até a beira do lago, a luz se afasta na direção da água, internamente percebo que devo aguardar. De repente tal ponto luminoso entra na água causando suaves ondas na superfície, e do epicentro dessa perturbação surge aos poucos um ser majestoso que vem em minha direção, estou tão absorto que não consigo olhar para outra coisa senão para ele.
Vestido numa espécie de vestido de tecido finíssimo, muito parecido com seda, levemente translúcido, revelando um corpo masculino perfeito, cada músculo devidamente delineado. Seus cabelos muito longos, totalmente lisos e prateados tocam a água. Sua pele é alva, levemente rosada e imaculada.
Continua vindo em minha direção com os olhos permanentemente fechados. E ao chegar a uma distância que seria de apenas um passo, ainda na superfície d’água, pára. Não consigo parar de olhar para seu rosto perfeito, de traços finos e delicados como o de um príncipe tirado dos contos de fadas.
Seus olhos vão se abrindo vagarosamente revelando duas orbes completamente douradas, não há íris, não há pupila, parecem duas bolas de ouro brilhante...
Mais uma vez este sonho.
Estava começando a anoitecer em Londres, as luzes dos prédios e das ruas aos poucos iam se acendendo enquanto, em um clube estava um jovem de pouco mais de quinze anos, um pouco mais baixo para o padrão de sua idade, cabelos negros e compridos na altura do ombro e olhos verde esmeralda, lendo um livro particularmente longo. Ao seu lado estava uma mulher mais velha, belíssima, com longos cabelos castanhos e olhos bem vivos, vestia ainda sua roupa de ginástica e lia uma revista sobre decoração.Apesar de estar no auge da adolescência, ele não sofria dos seus efeitos indesejados, o que despertava inveja na maioria das moças e rapazes de sua idade, inclusive de sua irmã mais velha, que estava no momento em sua aula de natação. Ela vivia reclamando sobre a injustiça de sua condição. “Isso é muito injusto! Não dá para você
Quase uma hora depois, uma vez que Elizabeth havia demorado uma eternidade tomando banho e Adriana aproveitou o momento que foi chamá-la para se trocar também, pois ainda vestia sua roupa de ginástica. Depois de um longo tempo onde ambas estavam se arrumando, se maquiando, estavam finalmente no restaurante iniciando a comemoração.Richard e mais dois amigos, no ano em que Damien nasceu, abriram uma agência de propaganda com um conceito inovador e arrojado, vários experts na área diziam que a empresa não duraria um ano. Contradizendo todas as predições, a agência não só foi um sucesso, conquistando diversos prêmios importantes nos seus primeiros anos, como expandindo seus negócios em outros países.Desde o início, a intenção de Richard era bem clara, conquistar sua estabilidade financeira e conseguir viver da
“Nenhum grupo terrorista conhecido assumiu a autoria do atentado a diplomata Anastasia Krivorsky ontem à noite em Bloomsbury Square, quando ela se dirigia para Victoria House, para assistir à uma apresentação musical de amigos da família. Sra. Krivorsky e sua comitiva saíram ilesos do ataque graças à blindagem de seu veículo oficial, os dois policiais locais que escoltavam o veículo levaram sofreram vários disparos morrendo no local, e dois de seus seguranças, ao saírem da viatura da diplomata para dar apoio aos policiais, levaram alguns tiros de raspão apenas...” O noticiário da manhã seguia na sala, enquanto Damien estava sentado na varanda do apartamento olhando para o nada, seu pai preparava algo para o café-da-manhã, auxiliado por sua mãe, Virginia. Elizabeth era amparada pelo avô e por sua amiga em seu quarto.&
Na manhã seguinte, Damien retomou seu lugar na varanda, desta vez acompanhado pela irmã. Ambos olhavam para a praça, e perceberam que o mendigo que Damien tinha ajudado estava sentado no mesmo lugar lendo o livro que ele havia emprestado.-Liz.-Diz, pirralho.--sempre chamava Damien de pirralho.-Nossos pais esconderam alguma coisa de nós durante todo esse tempo.-E o que era? Como sabe?--lançou-lhe um olhar curioso.-Escutei a conversa do papai com nossos avós. Eu não queria, mas acabei ficando do outro lado da porta escutando tudo...-O que você ouviu?-Nada concreto, mas algumas coisas me deixaram sem dormir... falaram sobre Deuses, visões... algo sobre não sermos humanos comuns.-Acha que devíamos perguntar?-Não acredito que vai adiantar, e além do mais, acho que ficariam chateados se soubessem que
Embora não fossem mais para a mesma escola, e provavelmente graças à diferença de início de ano letivo ser de seis meses entre as escolas do Reino Unido e do Brasil, em Londres faltava apenas uma semana para o reinício dos estudos e Damien ainda tinha a sensação de que o fim das férias se aproximava.A rotina na casa dos Forst estava totalmente alterada, empacotando apenas os pertences necessários para levar para o Brasil, cobrindo os móveis e equipamentos que ficariam no apartamento, definindo roteiros e outras coisas mais.Os irmãos eram pegos às vezes parados olhando para o nada, tristes e pensativos, no entanto esses momentos estavam ficando ainda mais escassos.-Estou tão curiosa para saber o que há de tão importante entre nós dois.-Liz... acho que não devíamos falar... eu escutei por acidente, não q
Acordaram muito cedo no dia seguinte. James dizia o tempo todo para uma Elizabeth mal-humorada, que teriam tempo para dormir assim que zarpassem. Em poucos instantes estavam entrando na minivan, com Richard no volante.-Todos preparados? Aqui vamos nós.--falou animado. Elizabeth deu um sorriso amarelo, em seguida deu partida no carro e foram para a marina.Atravessaram os estreitos corredores de madeira até chegar em um dos maiores barcos do local. Tinha cinco dormitórios, todos suítes, e uma grande cozinha no mesmo andar. No andar superior havia um grande salão dividido em dois ambientes e uma varanda onde havia uma mesa de carteado e um living, ainda nesse andar havia um acesso à proa e ao deck de popa que ficava ao nível do mar, lugar predileto de Elizabeth. Subindo mais um andar estava a cabine de controle e navegação.O DreamDolph
Richard e seus filhos estavam no deck inferior, sentados com as pernas na água. Os três em completo silêncio. Todos agiam normalmente como se nada tivesse acontecido perto deles. No entanto, quando estavam sozinhos, mal se olhavam, especialmente Richard e James.-É impressão minha, ou vocês estão evitando falar qualquer coisa comigo?--ambos permaneceram em silêncio absoluto, apenas mirando a água.--Ótimo. Acho que fiz por merecer.-Você sabe o que queremos saber, pai.--falou Liz.-Tudo bem... acho que chegamos a um ponto sem saída, certo? Tudo bem, mas antes eu quero que vocês entendam que isso pode mudar drasticamente tudo aquilo que acreditam, por favor, me perdoem e perdoem sua mãe também, pois nossa preocupação com a segurança de vocês nos fez tomar essa decisão...De repente um
Tudo naquele lugar me transmite paz, calma e tranqüilidade. A brisa suave no rosto, balançando suavemente meus cabelos, a fragrância das flores que trazia uma mistura de sensações, contudo...Eu não conseguia parar de mirar aqueles olhos de ouro daquele homem enorme, belo e sereno. Só sua presença já irradiava uma sabedoria infinita, talvez por isso cultivasse lá no fundo um pequeno receio.De repente ele estende suas mãos para mim, percebo que era para tocá-la. Nossa que mão macia e quente. Ele envolve minhas mãos com tanto cuidado e carinho. Me sinto tão protegido e seguro.-Onde estou?--pergunto meio sem jeito.De qualquer forma eu já imaginava que não teria resposta, pelo menos não nesse momento. A figura limitou-se a continuar emitindo seu inebriante sorriso.Continuava a segurar m