Embora não fossem mais para a mesma escola, e provavelmente graças à diferença de início de ano letivo ser de seis meses entre as escolas do Reino Unido e do Brasil, em Londres faltava apenas uma semana para o reinício dos estudos e Damien ainda tinha a sensação de que o fim das férias se aproximava.
A rotina na casa dos Forst estava totalmente alterada, empacotando apenas os pertences necessários para levar para o Brasil, cobrindo os móveis e equipamentos que ficariam no apartamento, definindo roteiros e outras coisas mais.
Os irmãos eram pegos às vezes parados olhando para o nada, tristes e pensativos, no entanto esses momentos estavam ficando ainda mais escassos.
-Estou tão curiosa para saber o que há de tão importante entre nós dois.
-Liz... acho que não devíamos falar... eu escutei por acidente, não quero parecer enxerido.
-Acho que não tem nada demais, afinal como você disse eles estavam aos berros, não foi?
-Quem estava aos berros?--entrou Richard no quarto de Damien na hora que sua filha mencionava o fato. Damien e Elizabeth se entreolharam, quase pedindo um ao outro para que tomasse a iniciativa.--Bem, se vocês não querem dizer... para mim tudo bem.
-Pai. Me desculpa.--começou Damien.--Depois do que aconteceu... no dia seguinte eu passei pelo escritório e você e vô James e vó Virginia estavam discutindo... e eu ouvi parte da conversa.--Richard sentiu um arrepio na espinha, mas manteve a calma.--eu não queria ouvir, mas vocês estavam gritando e, bem, acabei ouvindo.
-O que tem eu e Dam, papai? O que pode ser tão importante a respeito de nós dois que não podemos saber?
-Você ouviu o quê exatamente?--perguntou ao filho com a voz levemente trêmula.
-Ah... não me lembro de tudo, mas algumas palavras me marcaram muito como Deuses, visões... o que isso tudo tem a ver com a gente, pai? Pode contar.--Richard sentiu-se tentado a revelar tudo naquele instante, mas seu instinto de proteção e de respeito a decisão que tinha tomado em conjunto com Adriana acabou por desistir naquele momento.
-Crianças, o que há com vocês não é nada grave, mas eu posso pedir uma coisa?--ambos concordaram.--Podemos falar sobre isso só quando estivermos embarcados? Não estou preparado para falar sobre isso agora, sabe... eu prometi à mãe de vocês que só contaríamos juntos e quando soubéssemos que seriam capazes de compreender.
-Papai... eu tenho dezessete, quase dezoito, Damien faz dezessete daqui alguns meses... o que pode ser tão difícil para entendermos?--Liz podia ser lenta de raciocínio para muita coisa, mas quando queria descobrir algo era capaz de dar nó em pingo d'água com muita facilidade.
-Por favor, filha... aguardem só mais um pouco, eu quero explicar para vocês tudo e com muita calma, mas não acho que seja um bom momento agora, assim que estivermos no barco, tudo arrumado e todos calmos prometo contar para vocês tudo o que quiserem saber, e podem ter certeza de que vão querer saber de muita coisa.
Damien sentia o coração bater na garganta. Algo dizia dentro dele que o que estava prestes a saber o tão misterioso segredo de Adriana e Richard sobre ele e sua irmã, mas não somente sobre isso, a perspectiva de descobrir algo ainda mais profundo o deixava inquieto. Elizabeth sentia-se da mesma maneira.
Richard saiu do quarto dando um beijo na testa de cada um. Eles se olharam. A última frase dita pelo pai deles causou um impacto ainda maior do que a descoberta acidental de Damien.
James e Virginia foram para Miami na frente para aprontar tudo o que fosse necessário para a viagem de barco, enquanto Xavier e Sandra ficaram em Londres para ajudar Richard e as crianças.
No dia seguinte, Damien acordou cedo, se arrumou e desceu para ir pela última vez à padaria próxima para comprar pão e algumas coisas para o café-da-manhã e notou que o mendigo Aaron estava já acordado, sentado em seu cobertor e lendo seu livro com tanta concentração que parecia não estar prestando atenção em mais nada.
Ele foi chegando mais perto devagar para não atrapalhar.
-Esse livro é muito bom, Damien.--disse sem sequer olhar para o menino.
-Como você sabia que era eu?--perguntou.
-Eu já tinha te visto sair da portaria de seu prédio antes.--No fundo Damien sabia que era mentira, mas manteve as aparências fingindo se dar por satisfeito pela explicação.
-Que bom que você gostou. Estou vindo me despedir. Estou de mudança.
-Mesmo?! Que pena... acho que não vou poder terminar de ler, não é?--fechou o livro e já ia entregando para Damien, que no mesmo instante o empurrou delicadamente de volta.
-É seu agora. Pode ficar.
-Tem certeza?!--abriu um sorriso largo.--Puxa vida! Muito obrigado Damien. Hoje é um dia muito especial mesmo!!!
-Fico feliz por você. Tenho que ir agora, a viagem é hoje. Queria ter a oportunidade de te emprestar outros livros, mas não sei quando irei voltar.
-Vou ficar aqui esperando por você.
-Mas eu posso demorar, posso até nem voltar mais.
-Vejo em seu rosto que gosta muito daqui, tenho certeza que vai voltar e quando isso acontecer eu vou esperar sua visita.
Damien estendeu a mão para apertar, mas Aaron se levantou e o abraçou. Foi um gesto tão espontâneo que o garoto correspondeu ao abraço.
Embora estivesse todo surrado e com uma aparência suja, Aaron cheirava a flores.
No final da manhã estavam todos no aeroporto, e algumas horas depois, à noite, estavam chegando na casa de veraneio dos pais de Richard, na Flórida.
-Como foram de viagem?--Virginia abriu a porta já abraçando seu filho.
-Liz ficou enjoada, tiveram que dar algo para ela dormir. Damien, você sabe, quando ele enfia a cara em um livro ou no video-game dele, o avião pode se partir no ar que ele ainda vai reclamar que ta atrapalhando a concentração.--Damien escondeu na hora o jogo portátil nas costas e sorriu envergonhado.
-Oi vovó.--falou.
-Olá querido, seu avô está lá embaixo revolvendo o passado.--sempre dizia isso quando queria mostrar que James estava olhando as quinquilharias e lembranças que guardava.
-Vou lá falar com ele.
A casa dos pais de Richard em Miami era bem diferente da inglesa, tinha dois andares, três quartos, sótão e porão, e até garagem. No entanto, era muito menor que a mansão deles em Londres. O objetivo dessa residência era único: estar perto da marina, onde ficava ancorado o barco que era a paixão de James.
Elizabeth e Damien viajaram várias vezes naquele barco pela costa norte-americana e região do Caribe. Para eles seria apenas mais uma viagem, só que desta vez iriam para o Rio de Janeiro.
Damien atravessou a sala largando sua mochila no criado-mudo próximo ao sofá, passou pelo corredor e desceu as escadas que davam no porão.
-Olha só quem chegou!--animou-se James.
-O que você está fazendo?—disse isso já abraçando seu avô.
-Relembrando coisas que não podiam ter sido esquecidas... mas não se preocupe com as maluquices desse velho matusquela, Dam.--sorriu.--Ah! Finalmente encontrei!
James retirou de um canto empoeirado um pequeno baú, revestido em couro vermelho com diversos símbolos em relevo e um fecho dourado. Ele assoprou a superfície e uma nuvem de pó pesado e cinza fez ambos tossirem.
-Pegue aquele pano ali para seu vô.--Damien foi até uma pilastra de madeira próxima onde estava um pano encardido pendurado.
-O que tem aí dentro?--a curiosidade roia seu estômago.
-Ah! Isso você já vai descobrir. Acho que vai gostar muito de ver o que tem aqui.
Limpou o baú com calma e cuidado. Damien olhava para os desenhos na superfície, quase tomando o objeto da mão de seu avô e abrindo ele mesmo. James continuava limpando calmamente e cantarolando algo bem baixinho.
-Mamãe costumava cantar essa música quando íamos dormir. Depois que eu cresci ela parou.
-Ela parou ou você não pediu mais que ela cantasse?
-É... eu não pedi mais. Já tinha me esquecido disso.
-Sua mãe era uma mulher muito especial, Damien. Vários talentos, vários dons e muito habilidosa.
-Vovô?
-Sim, Damien.
-O que há de errado comigo e com a Liz? Eu não entendo. Estou preocupado... é alguma doença ou coisa parecida?
-Não, não, não... não existe nada de errado com vocês e não há motivo para ficar preocupado, meu neto. Mas eu não posso passar pela autoridade de seu pai, mesmo sendo pai dele.
-Mas você o fez prometer que nos contaria... e ele ainda não contou.
-Ele não prometeu que contaria quando estivéssemos embarcados?--Damien concordou com a cabeça.--Então?... Seu pai nunca deixou de cumprir uma promessa, já deixou?
-Não.
-Só nos resta aguardar então... veja! Olhe só isso!--James abriu a caixa e retirou de dentro dois envelopes, cada um com o nome de um dos netos. O velho Forst olhou para Damien e viu que ele percebeu que a letra era de sua mãe.—Tome... esse é seu. Vou lá em cima entregar o da sua irmã.
-Vovô... como?—foi interrompido por Richard chamando por ele.
-Não deixe ele ver esse envelope, Damien, esconda ele e só abra quando estiver sozinho. Esse vai ser nosso segredo.--Damien sorriu e correu para as escadas.
No caminho, enfiou o envelope no bolso de trás da calça e foi até a mesa de jantar, onde estava Richard e Elizabeth sentados.
-Bem... eu não quero mais esperar para fazer isso.--anunciou Richard.--Pegou uma sacola de veludo azul dentro da mala e despejou seu conteúdo na mesa. Eram as jóias de Adriana.--e tem mais essa aqui. Retirou do bolso da camisa um cordão de prata com um pingente de ouro que unia dois círculos e no meio havia uma estrela.
-O cordão que mamãe nunca tirava.--falou Liz.--Eu acho ele muito bonito,...
-Posso ficar com ele?--Damien a interrompeu.--Só quero ficar com ele, o resto pode ficar pra você, Liz... eu realmente gostaria de ficar com ele.
Liz olhou para seu irmão, surpresa. Pegou o cordão, alisou o pingente com carinho, olhou novamente para Damien. Lentamente esticou a mão, estendendo o cordão para ele, que ficou radiante imediatamente.
Se levantou e correu para a irmã, dando um beijo nela e colocando o cordão imediatamente no pescoço.
-É o primeiro homem da família a possuir esse pingente.--falou Virginia chegando perto.--Ele pertenceu à minha mãe, e antes disso à minha avó, e antes à mãe dela e assim sucessivamente.
-Só agora você diz isso, vovó?--reclamou Liz.--Já estou me arrependendo de ter deixado... Brincadeira, o que eu não faço para ver meu pirralho predileto feliz!
-Claro! Sou seu único irmão, óbvio que vou ser seu pirralho preferido.
Damien manteve a palavra, Liz pôde ficar com todas as jóias, deu algumas para as suas avós e Richard ficou apenas com a aliança de casamento, que colocou junto da sua no mesmo dedo da mão esquerda.
Após um lanche rápido, estavam todos cansados pela viagem, se retiraram para seus quartos, exceto Damien e Elizabeth que cederam o quarto deles para seus avós maternos, ficando na sala.
Deixaram apenas os abajures na penumbra, e ao ficarem enfim sozinhos pegaram seus envelopes ao mesmo tempo, ato que provocou uma risada de ambos.
-Vamos abrir juntos também?--falou Liz e alternaram.
-3
-2
-1
-Agora!--falaram juntos e abriram os envelopes.
Dentro de cada um havia uma foto com Richard abraçando Adriana por trás e ela abraçando Damien e Elizabeth. A foto havia sido tirada na última viagem deles, em Cozumel.
A garganta de Damien doía, e sua irmã já estava chorando rios. Tal foto havia sido considerada a melhor já tirada durante uma viagem e estavam todos em um momento muito bom. Ele virou a foto e na parte de trás viu símbolos parecidos com aqueles vistos no baú.
-Eu vi esses símbolos na caixa onde vovô guardava esses envelopes.
-O que será que está escrito?
-Acho que só vamos saber quando papai nos contar tudo.
Ficaram admirando as fotos e alguns minutos depois,
Damien colocou de volta no envelope, colocou dentro do livro virou-se para o lado e fingiu estar dormindo. Na realidade tinha memorizado fotograficamente sem muita dificuldade:
“Dammyen,
Maj wyyenty
Eddath by wlf zyll xorkko syyk myed waaenyah zeld myed waaen jot nyn tayrak dylyd af askard ekd yedl yrdandt yde ekd pretek yed zeld myed teaenyah...
Lwmenerst by ewther wyresch rothan oy myed gymm
Jeed oon
Anweth yed ewther
Jycht
Aaya Leok, waaenyahty."
Acordaram muito cedo no dia seguinte. James dizia o tempo todo para uma Elizabeth mal-humorada, que teriam tempo para dormir assim que zarpassem. Em poucos instantes estavam entrando na minivan, com Richard no volante.-Todos preparados? Aqui vamos nós.--falou animado. Elizabeth deu um sorriso amarelo, em seguida deu partida no carro e foram para a marina.Atravessaram os estreitos corredores de madeira até chegar em um dos maiores barcos do local. Tinha cinco dormitórios, todos suítes, e uma grande cozinha no mesmo andar. No andar superior havia um grande salão dividido em dois ambientes e uma varanda onde havia uma mesa de carteado e um living, ainda nesse andar havia um acesso à proa e ao deck de popa que ficava ao nível do mar, lugar predileto de Elizabeth. Subindo mais um andar estava a cabine de controle e navegação.O DreamDolph
Richard e seus filhos estavam no deck inferior, sentados com as pernas na água. Os três em completo silêncio. Todos agiam normalmente como se nada tivesse acontecido perto deles. No entanto, quando estavam sozinhos, mal se olhavam, especialmente Richard e James.-É impressão minha, ou vocês estão evitando falar qualquer coisa comigo?--ambos permaneceram em silêncio absoluto, apenas mirando a água.--Ótimo. Acho que fiz por merecer.-Você sabe o que queremos saber, pai.--falou Liz.-Tudo bem... acho que chegamos a um ponto sem saída, certo? Tudo bem, mas antes eu quero que vocês entendam que isso pode mudar drasticamente tudo aquilo que acreditam, por favor, me perdoem e perdoem sua mãe também, pois nossa preocupação com a segurança de vocês nos fez tomar essa decisão...De repente um
Tudo naquele lugar me transmite paz, calma e tranqüilidade. A brisa suave no rosto, balançando suavemente meus cabelos, a fragrância das flores que trazia uma mistura de sensações, contudo...Eu não conseguia parar de mirar aqueles olhos de ouro daquele homem enorme, belo e sereno. Só sua presença já irradiava uma sabedoria infinita, talvez por isso cultivasse lá no fundo um pequeno receio.De repente ele estende suas mãos para mim, percebo que era para tocá-la. Nossa que mão macia e quente. Ele envolve minhas mãos com tanto cuidado e carinho. Me sinto tão protegido e seguro.-Onde estou?--pergunto meio sem jeito.De qualquer forma eu já imaginava que não teria resposta, pelo menos não nesse momento. A figura limitou-se a continuar emitindo seu inebriante sorriso.Continuava a segurar m
Apenas um dia após o sumiço de James, Elizabeth e Damien, Richard estava pousando no aeroporto internacional de Atenas, na Grécia, e não estava só: Virgínia, Xavier e Sandra estavam com ele.-Uma coisa não bate com o comportamento de James.--Xavier tentava voltar ao assunto.--ele jamais passaria por cima da sua autoridade, mesmo depois daquela...-Xavier, eu o respeito e o admiro como se fosse meu pai também, mas eu quero deixar para resolver isso quando chegarmos lá.--tratou de encerrar secamente o assunto.Era um fim de tarde belíssimo quando estavam enfim desembarcando no aeroporto Eleftherios Venizelos em Atenas na Grécia. Um carro oficial já os aguardava.-Espero que tenham feito uma boa viagem.--falou o chofer.-Obrigado, Enothe.As ruas de Atenas estavam pouco movimentadas, uma coisa incomum para essa época do ano. Em pouco ma
Damien sentiu o corpo dolorido, como se um trator tivesse passado por cima dele. Abriu os olhos, mas não conseguiu ver nada, estava tudo completamente escuro. Notou que estava deitado em um lugar muito macio e que estava coberto. Sabia que não estava em sua cama no barco.“Onde será que estou?”--pensou.Estava com muito medo, e sua mente estava confusa, talvez por esses motivos não tivesse tentado se levantar para procurar um interruptor ou algo parecido pra iluminar o lugar. Procurou por algo em sua mente que o fizesse lembrar a última coisa que tinha feito, não lhe ocorria nada, não havia simplesmente nada o que lembrar.“O que será que está acontecendo comigo... Que lugar é esse? Será que estou sonhando?”-Olá!... Tem alguém aí.--falou baixo.-Fique calmo, está tudo bem.--falou
Ao acordarem com a abertura das janelas, ambos fizeram sua higiene matinal e depois de tanto tempo, Damien iria ter seu primeiro desjejum junto com os outros internos.Adam saiu na frente já sendo cumprimentado por Tarik que aguardava do lado de fora para providenciar a limpeza do quarto.-Bom dia, vocês.-‘Dia... Qual será o nosso quarto Tarik?--perguntou Adam saindo do quarto naquele instante.-Seu quarto anterior, vocês dois vão ficar juntos. Algum problema com isso, Damien?-Claro que não! Adam é um ótimo companheiro de quarto. Não queria que fosse diferente.-Ótimo. Agora corram para pegar um bom lugar, vão logo... vejo vocês mais tarde.Adam mostrava tudo. Damien olhou ao redor, vários garotos, todos da mesma faixa etária dele olhavam curiosos para ele. Sentiu-se como um intruso.
Depois daquele dia, Damien evitava estar por perto do grupinho de Edgard. Parecia aos olhos de Adam e de Jules que ele tinha finalmente aprendido como poderia ser ruim enfrentar aquela montanha de músculos.-Para mim são muitos músculos e pouco cérebro.--sempre dizia para Adam e Jules quando estavam longe.As aulas começaram na semana seguinte ao ocorrido. Parecia tudo normal: Matemática, história, línguas, tudo como em uma escola normal.Quando sua vida ainda era normal, antes de entrar no Instituto, ainda que ele não lembrasse, Damien não tinha o costume de estudar com muito afinco, sempre teve muita facilidade em aprender as matérias, contudo, ele estava estudando mais do que nunca, pois tinha colocado secretamente uma meta em sua cabeça: Ele iria conseguir um dos quartos.Enquanto isso, os outros alunos estudavam para ter certeza de que suas not
As semanas passavam voando e até o momento não havia acontecido nada com Damien. A única coisa comum era que Edgard sempre que passava perto dele o ameaçava verbalmente ou atirava pedaços de comida e coisas semelhantes nele.-Cadê sua coragem, novato?--berrava do outro lado do refeitório.-Damien, me ajude a entender uma coisa.-Pergunte, Jules.-Você fez aquele estardalhaço todo, estamos nos quartos especiais, e você não está respondendo às provocações dele. Por quê?-Existe momento certo para tudo, meu obtuso amigo.--respondeu no mesmo tom frio, provocando uma risadinha de Adam.--Não vou sair provocando ele... o que eu queria eu já consegui.-Tudo isso por causa do quarto?-Jules... você me parecia mais perspicaz.--desta vez Adam não agüentou e caiu na gargalhada.--Tamb&e