“Nenhum grupo terrorista conhecido assumiu a autoria do atentado a diplomata Anastasia Krivorsky ontem à noite em Bloomsbury Square, quando ela se dirigia para Victoria House, para assistir à uma apresentação musical de amigos da família. Sra. Krivorsky e sua comitiva saíram ilesos do ataque graças à blindagem de seu veículo oficial, os dois policiais locais que escoltavam o veículo levaram sofreram vários disparos morrendo no local, e dois de seus seguranças, ao saírem da viatura da diplomata para dar apoio aos policiais, levaram alguns tiros de raspão apenas...” O noticiário da manhã seguia na sala, enquanto Damien estava sentado na varanda do apartamento olhando para o nada, seu pai preparava algo para o café-da-manhã, auxiliado por sua mãe, Virginia. Elizabeth era amparada pelo avô e por sua amiga em seu quarto. Damien não tinha ainda conseguido assimilar o que estava acontecendo.
Ao chegar em casa, depois do ocorrido, a primeira coisa que Richard fez foi ligar para seus pais, que chegaram em questão de minutos. Seus filhos choravam silenciosamente, os vizinhos vinham em intervalos oferecendo ajuda, enquanto Richard havia saído com seu pai para iniciar todos os procedimentos para o registro do óbito e enterro de sua mulher.
Quando chegou em casa, já passava de meia-noite e seus filhos haviam adormecido em sua cama, Liz abraçada ao seu coelho de pelúcia cor-de-rosa e Damien com uma foto da mãe. Virginia estava sentada na sala assistindo ao noticiário noturno.
Ele, Richard, não derramou uma lágrima sequer desde o incidente, procurava manter sua cabeça ocupada para dar o máximo de apoio aos seus filhos, apenas algumas horas depois já estava preparando o café-da-manhã para todos, auxiliado por sua mãe.
-Devíamos levá-los para nossa casa.--insistia Virgínia.
-Mamãe. Vocês podem até tentar conversar com eles, mas não vão conseguir convencê-los. Eu digo que não vou, pelo menos não por enquanto.
-Você deveria tentar, afinal é o pai deles e eles vão te ouvir.--Richard respirou fundo.
-Está bem... vou falar com eles.--largou tudo o que estava fazendo e foi até Damien.--Filho?
-...--não falou nada.
-Por favor, sei que estamos passando por um momento difícil...
-A minha resposta é não.--falou direto.--Vovô já tentou,... aqui é o nosso lugar, papai. Não vou sair daqui, e sei que Liz não vai aceitar também... ele está lá tentando convencê-la agora.--Richard virou para retornar para a cozinha, olhou para a mãe que ficou com uma expressão indecifrável. De repente, Damien puxou seu pai pelo braço e o abraçou, retomando o choro.
-Pai...--se afastou um pouco para enxugar as lágrimas e olhou para Richard.--eu... acho que eu não amava a mamãe o suficiente...--James ia chegando na sala no exato momento em que Richard ficava perplexo pelo que tinha ouvido.
-Que absurdo é esse, Damien? Por quê está dizendo isso?--o jovem Forst desatou a chorar, e soluçar em meio às palavras.--Eu vejo as pessoas que perderam pais, mães, filhos... elas sofrem de uma maneira tão forte... eu não sinto da mesma forma. Sinto muita falta da mamãe, mas não da mesma maneira.--o pai de Richard sentou-se na poltrona próxima e fingiu prestar atenção no noticiário.
-Meu filhote... não era assim que sua mãe chamava você?--Damien apenas concordou com a cabeça. Se agachou, fez um carinho no rosto do filho e continuou.--Eu tenho certeza de que você está sofrendo o suficiente pela sua mãe. Não precisa agir como as outras pessoas, cada um reage de uma forma diferente. Não se culpe por não estar sofrendo com a intensidade das outras pessoas, seu sentimento é somente seu, é único e ninguém sente as coisas igual a ninguém.
Richard procurou o olhar do pai no momento, mas este agora estava realmente prestando atenção de fato no noticiário.
“...Somente dois dos terroristas foram encontrados no local. Ambos haviam sido mortos por estrangulamento, e o que deixa o caso ainda mais misterioso é que ninguém recorda do suposto agressor...”--Damien se afastou um pouco e olhou para a televisão perplexo. Richard e James, seu pai, sentiram ao mesmo tempo um arrepio forte na nuca, precisamente no momento que o pequeno Forst entrou em pânico.
-P-pai... eu fiz aquilo.--disse olhando para as fotos dos terroristas.--eu matei eles!!! F-fui eu!!! Eu sou o culpado!!!
-Calma, Damien... como você pode ser responsável...?—Richard, que até então parecia um autômato, olhou para James, que mantinha uma expressão séria no semblante.
-Pai! Estou dizendo, eu... fiz isso na minha mente! Vi exatamente o que aconteceu. Eu estrangulei aqueles homens!!!--ele suava frio e tremia.
-Você não fez nada, Damien...--ele tentava segurar seu filho quando a avó dele chegou logo em seguida com uma xícara de chá que tinha um aroma um pouco diferente do normal. Fizeram ele beber alguns goles e, poucos instantes depois, Damien adormeceu nos braços do pai.
-Obrigado, mãe. Ainda bem que vocês estão aqui.--recostou no sofá com a cabeça de Damien em seu colo.
-Como você está, Richard?
-Como acha que eu estaria, mamãe? Acho que a ficha ainda não caiu. Tenho medo de que quando a ficha cair eu não tenha forças para levantar.
-Ah! Mas você tem que levantar. Seus filhos vão precisar muito de você, especialmente agora...--James chegou mais perto de seu filho, olhou no fundo de seus olhos verdes, idênticos aos de Damien e disse.--temos certeza que você vai dar conta, Rich. Além do mais, você tem à mim, sua mãe e toda a família da Adriana para te ajudar... por falar nisso, você já...
-Já... Xavier e Sandra estão vindo, devem chegar hoje à noite.--Interrompeu James já sabendo qual seria a pergunta.
-Eles autorizaram fazer o enterro dela aqui em Londres?
-Preferiram assim. Disseram que o corpo dela pode estar em qualquer lugar, pois o que importa são as lembranças que carregamos--sua voz ficou um pouco embargada, respirou fundo e continuou.--dentro de nossos corações.
-Não esperava atitude diferente de Xavier e da Sandra... eles são formidáveis.
-Filho... está tudo bem! Pode desabafar...--falou Virginia.
-Não dá... simplesmente não sai. Vou levar esse rapazinho aqui para cama dele. Ficarei um pouco com ele. Vocês poderiam atender os telefonemas para mim enquanto isso?
-Vá, Rich, nós cuidamos do resto.--falou seu pai.
-Filho, você não quer algo para relaxar? Posso preparar um chá mais leve para você.--sua mãe ofereceu.
-Não, mamãe... não é preciso, obrigado.--pegou Damien no colo e saiu da sala arrastando os pés lentamente para não acordar seu filho, nesse momento sua mãe começou a chorar silenciosamente.
Richard entrou no quarto de Damien, colocou-o na cama, puxou a cadeira do computador para perto e ficou acariciando os cabelos do filho, olhando para o nada. Sua mente ainda estava confusa, perdida. Em um momento estava comemorando sua mais recente conquista, no instante seguinte estava se preparando para enterrar o amor de sua vida, sem contar que tinha que ser o suporte de seus dois filhos.
E mesmo assim, quando um sentimento de perda e vazio tomou conta dele, continuou sem derramar uma única lágrima.
Damien abriu os olhos e se não fosse pelo abajur estar à meia-luz não conseguiria enxergar nada, as cortinas do seu quarto estavam fechadas, pegou seu relógio: já passavam das oito da noite. Ficou olhando para o teto, lembrando do dia em que ele e sua mãe subiram em escadas para colocar diversos adesivos fluorescentes em formatos de planetas, estrelas, cometas, asteróides e foguetes espaciais. Apenas um adesivo se destacava dos outros e tinha um lugar especial, que por algum motivo ninguém conseguia reparar, eram dois corações entrelaçados com uma estrela no meio. Uma versão adaptada do pingente do cordão de Adriana, que no lugar dos corações tinham dois círculos perfeitos.
“Esse aqui simboliza nós dois.”--disse ela na ocasião. Damien tinha dez anos.
-Mamãe... te amo.--as lágrimas escorriam silenciosas quando ele sussurrou essas palavras.
Levantou-se rápido, e se sentiu tonto. Sua barriga roncou. Foi até o banheiro de seu quarto, e sem acender a luz lavou o rosto. “Preciso comer algo.”--pensou.
Estava a caminho da sala quando ouviu uma discussão acalorada no escritório. Havia luz na sala, mas não dava para perceber se havia alguém. James, Richard e Virginia estavam lá.
-Richard. É um absurdo o que vocês fizeram com essas crianças até agora!--falou James.
-Pai, já disse que esse não é o melhor momento para conversarmos sobre isso.
-E quando vai ser, Rich?--perguntou Virginia calmamente.--Eles têm o direito de saber!
-Na minha opinião, já passou do tempo.--completou o avô de Damien, este já falava mais exaltado.
-Eu não posso falar sobre isso com eles agora. O mundo deles acabou de desabar... por sinal, o meu também, caso não tenham percebido... mas não sou eu o ponto em questão agora. O fato é que, a cabeça deles já está tendo que lidar com tanta coisa, se eu colocar mais isso...
-Meu filho, pelo amor dos Deuses, eles já são bem crescidinhos. E, por mais que não consiga ver isso, tenho certeza que vão entender. Mais ainda, não apenas nós estaremos por perto para auxiliá-lo, mas ainda tem Xavier...
“Deuses?!”--Damien se surpreendeu com esse detalhe na declaração de sua avó.
-Seria tão mais simples se nada disso tivesse acontecido, se nossas famílias fossem...--lamentou Richard, caminhando de um lado ao outro do escritório, sendo interrompido pela fúria de seu pai.
-Se nossas famílias fossem o quê?! Por acaso, Senhor Richard Forst, está dizendo que não se orgulha de ser o que é e de pertencer a uma das mais nobres famílias...--Virgínia chegou perto, silenciou James.
-Assim vamos acabar acordando as crianças.
-Não, pai. Eu não me envergonho de ser quem sou e como sou, mas tudo poderia ser muito mais simples se algumas coisas fossem diferente, só isso.
-Tudo bem... tudo bem...--bebeu um gole de água e continuou.--Vamos apenas supor que eu me acalme por mais algum tempo. Quando você pretende contar para eles, Richard?
-Pai!--ele parecia ainda mais exausto com essa conversa toda.
-Dois dias, uma semana... um mês, e então?
-Richard, entenda nossa preocupação. Damien já mostrou o primeiro sinal, e certamente você notou isso.
-Eu sei, mamãe... eu sei... vocês não entenderam ainda? Não acredito que possam ser tão insensíveis quanto à nossa preocupação, minha e de Dri.--Ele costumava chamar sua esposa de Dri quando falava dela com outras pessoas.
-Eu ouvi a conversa que você teve com Damien naquela hora do noticiário. Ele está sentindo as coisas como todos nós estamos sentindo... Richard, seus filhos não são humanos comuns!
“Humanos comuns?! Que diabos isso quer dizer?”--o estomago de Damien dava voltas cada vez que surgia uma afirmação estranha. Olhou instintivamente para seu corpo procurando por alguma “anomalia”.
Richard caminhou até a janela, contemplou o céu cinzento daquela tarde como se lá estivesse escrito uma palavra de conforto para a pressão que James e Virginia estavam fazendo nele.
-Filho, você não pode levar a Visão que tiveram como uma verdade absoluta.--James retomou o assunto com um pouco mais de calma.--Você prefere que ele descubra tudo sozinho? Vamos supor que essa Visão que vocês tiveram esteja cem por cento correta, acha que vai conseguir impedir que ela aconteça?
-Pelo menos eu terei tempo para pensar em uma alternativa de impedir, pai.
-Richard, quanto mais cedo eles estiverem preparados é melhor! E além do mais, só eles têm o poder para impedir que essa Visão se concretize.
“Visão... poder... esse papo está ficando cada vez mais esquisito.”--Damien se sentia ainda mais desconfortável, sua cabeça deu várias voltas.--“O que será que existe de tão especial em nós?”
-E então, como vai ser?--perguntou James.--Quem vai contar primeiro? Você ou eu?
-Pai...--com um semblante conformado, deixando seus ombros caírem desolados. Virgínia pegou em sua mão.--tudo bem, eu conto. Mas não por esses dias, vou deixá-los assimilar a perda da mãe... durante a viagem eu prometo que conto para eles.
-Acho justo.--Virginia o abraçou forte.--Só estamos preocupados com vocês três, e essa conversa já foi adiada por muito tempo.
-Eu sei. Sabia que esse dia ia chegar, só nunca estivemos realmente preparados.
Damien cambaleou em direção à sala, sua tontura estava piorando. Sentiu o vazio no seu estômago se revolver, um enjôo forte em seguida.
-Dam?! Você está bem?--apareceu Elizabeth, com a voz rouca, e preocupada.--PAI!
Todos saíram do escritório na hora, Richard e James levaram Damien para a sala, colocaram-no sentado no sofá. Liz sentou-se ao lado dele e o fez apoiar a cabeça em seu ombro, enquanto a avó deles foi para a cozinha, preparar algo para ele, o único que não tinha se alimentado, a única coisa que havia tomado era o chá preparado por ela até então.
Poucas horas depois ouviram a campainha tocar, Richard foi até a porta. Damien, Liz e seus avós estavam sentados na sala de estar, mais calmos e alimentados. A única pessoa que ainda alternava entre a calma e o choro era Elizabeth, que logo era consolada pelo irmão.
-Que bom que chegaram.--falou Richard em tom de alívio. Xavier abraçou Richard, enquanto Sandra correu para os netos. Os pais de Adriana haviam, enfim, chegado.
Na manhã seguinte, Damien retomou seu lugar na varanda, desta vez acompanhado pela irmã. Ambos olhavam para a praça, e perceberam que o mendigo que Damien tinha ajudado estava sentado no mesmo lugar lendo o livro que ele havia emprestado.-Liz.-Diz, pirralho.--sempre chamava Damien de pirralho.-Nossos pais esconderam alguma coisa de nós durante todo esse tempo.-E o que era? Como sabe?--lançou-lhe um olhar curioso.-Escutei a conversa do papai com nossos avós. Eu não queria, mas acabei ficando do outro lado da porta escutando tudo...-O que você ouviu?-Nada concreto, mas algumas coisas me deixaram sem dormir... falaram sobre Deuses, visões... algo sobre não sermos humanos comuns.-Acha que devíamos perguntar?-Não acredito que vai adiantar, e além do mais, acho que ficariam chateados se soubessem que
Embora não fossem mais para a mesma escola, e provavelmente graças à diferença de início de ano letivo ser de seis meses entre as escolas do Reino Unido e do Brasil, em Londres faltava apenas uma semana para o reinício dos estudos e Damien ainda tinha a sensação de que o fim das férias se aproximava.A rotina na casa dos Forst estava totalmente alterada, empacotando apenas os pertences necessários para levar para o Brasil, cobrindo os móveis e equipamentos que ficariam no apartamento, definindo roteiros e outras coisas mais.Os irmãos eram pegos às vezes parados olhando para o nada, tristes e pensativos, no entanto esses momentos estavam ficando ainda mais escassos.-Estou tão curiosa para saber o que há de tão importante entre nós dois.-Liz... acho que não devíamos falar... eu escutei por acidente, não q
Acordaram muito cedo no dia seguinte. James dizia o tempo todo para uma Elizabeth mal-humorada, que teriam tempo para dormir assim que zarpassem. Em poucos instantes estavam entrando na minivan, com Richard no volante.-Todos preparados? Aqui vamos nós.--falou animado. Elizabeth deu um sorriso amarelo, em seguida deu partida no carro e foram para a marina.Atravessaram os estreitos corredores de madeira até chegar em um dos maiores barcos do local. Tinha cinco dormitórios, todos suítes, e uma grande cozinha no mesmo andar. No andar superior havia um grande salão dividido em dois ambientes e uma varanda onde havia uma mesa de carteado e um living, ainda nesse andar havia um acesso à proa e ao deck de popa que ficava ao nível do mar, lugar predileto de Elizabeth. Subindo mais um andar estava a cabine de controle e navegação.O DreamDolph
Richard e seus filhos estavam no deck inferior, sentados com as pernas na água. Os três em completo silêncio. Todos agiam normalmente como se nada tivesse acontecido perto deles. No entanto, quando estavam sozinhos, mal se olhavam, especialmente Richard e James.-É impressão minha, ou vocês estão evitando falar qualquer coisa comigo?--ambos permaneceram em silêncio absoluto, apenas mirando a água.--Ótimo. Acho que fiz por merecer.-Você sabe o que queremos saber, pai.--falou Liz.-Tudo bem... acho que chegamos a um ponto sem saída, certo? Tudo bem, mas antes eu quero que vocês entendam que isso pode mudar drasticamente tudo aquilo que acreditam, por favor, me perdoem e perdoem sua mãe também, pois nossa preocupação com a segurança de vocês nos fez tomar essa decisão...De repente um
Tudo naquele lugar me transmite paz, calma e tranqüilidade. A brisa suave no rosto, balançando suavemente meus cabelos, a fragrância das flores que trazia uma mistura de sensações, contudo...Eu não conseguia parar de mirar aqueles olhos de ouro daquele homem enorme, belo e sereno. Só sua presença já irradiava uma sabedoria infinita, talvez por isso cultivasse lá no fundo um pequeno receio.De repente ele estende suas mãos para mim, percebo que era para tocá-la. Nossa que mão macia e quente. Ele envolve minhas mãos com tanto cuidado e carinho. Me sinto tão protegido e seguro.-Onde estou?--pergunto meio sem jeito.De qualquer forma eu já imaginava que não teria resposta, pelo menos não nesse momento. A figura limitou-se a continuar emitindo seu inebriante sorriso.Continuava a segurar m
Apenas um dia após o sumiço de James, Elizabeth e Damien, Richard estava pousando no aeroporto internacional de Atenas, na Grécia, e não estava só: Virgínia, Xavier e Sandra estavam com ele.-Uma coisa não bate com o comportamento de James.--Xavier tentava voltar ao assunto.--ele jamais passaria por cima da sua autoridade, mesmo depois daquela...-Xavier, eu o respeito e o admiro como se fosse meu pai também, mas eu quero deixar para resolver isso quando chegarmos lá.--tratou de encerrar secamente o assunto.Era um fim de tarde belíssimo quando estavam enfim desembarcando no aeroporto Eleftherios Venizelos em Atenas na Grécia. Um carro oficial já os aguardava.-Espero que tenham feito uma boa viagem.--falou o chofer.-Obrigado, Enothe.As ruas de Atenas estavam pouco movimentadas, uma coisa incomum para essa época do ano. Em pouco ma
Damien sentiu o corpo dolorido, como se um trator tivesse passado por cima dele. Abriu os olhos, mas não conseguiu ver nada, estava tudo completamente escuro. Notou que estava deitado em um lugar muito macio e que estava coberto. Sabia que não estava em sua cama no barco.“Onde será que estou?”--pensou.Estava com muito medo, e sua mente estava confusa, talvez por esses motivos não tivesse tentado se levantar para procurar um interruptor ou algo parecido pra iluminar o lugar. Procurou por algo em sua mente que o fizesse lembrar a última coisa que tinha feito, não lhe ocorria nada, não havia simplesmente nada o que lembrar.“O que será que está acontecendo comigo... Que lugar é esse? Será que estou sonhando?”-Olá!... Tem alguém aí.--falou baixo.-Fique calmo, está tudo bem.--falou
Ao acordarem com a abertura das janelas, ambos fizeram sua higiene matinal e depois de tanto tempo, Damien iria ter seu primeiro desjejum junto com os outros internos.Adam saiu na frente já sendo cumprimentado por Tarik que aguardava do lado de fora para providenciar a limpeza do quarto.-Bom dia, vocês.-‘Dia... Qual será o nosso quarto Tarik?--perguntou Adam saindo do quarto naquele instante.-Seu quarto anterior, vocês dois vão ficar juntos. Algum problema com isso, Damien?-Claro que não! Adam é um ótimo companheiro de quarto. Não queria que fosse diferente.-Ótimo. Agora corram para pegar um bom lugar, vão logo... vejo vocês mais tarde.Adam mostrava tudo. Damien olhou ao redor, vários garotos, todos da mesma faixa etária dele olhavam curiosos para ele. Sentiu-se como um intruso.