A sensação peculiar de estar ressurgindo das sombras me deixou atônita.
Minhas pálpebras ardiam, afunilando-se umas contra as outras, me impedindo de abrir os olhos quão logo percebei que já estava a mim de volta. Respirei fundo, puxando o ar para mim novamente, sentindo toda a extensão de meu peito ardendo ardilosamente com o ato. Reprimi um engasgo. Era como se meus pulmões estivessem deslocados e impossibilitados de funcionar direito. O cheiro de algo muito familiar se ergueu no ar. Eu conhecia esse odor.
Forcei meus olhos a se abrirem, mas eles pareciam terminantemente designados a não me obedecerem. Morta? Em estado de letargia? Existiam bruxas paraplégicas? Revirei minhas lembranças. A última coisa da qual eu me recordava era do castelo de vidro aos pedaços. Steyce murmurando meu nome, todos os olhares at&oc
Tudo o que vemos ou parecemos,Não passa de um sonho dentro de um sonho.Edgar Allan Poe (Sonho Dentro de Um Sonho) Catedral Embaixadora. Quinze anos atrás.
Maryland, dias atuais Ousei uma olhada por baixo dos cílios.Por favor, não.O tic tac do relógio na parede esquerda anunciava que se passavam das 9hrs da manhã. O silêncio na sala do Conselho de Menores de Maryland era tão profundo queeu podia ouvir o ar saindo e entrando em seus pulmões. Meu estômago doíareclamando da carência de um café da manhã descente, já que todas as minhas forças remanescentes haviam sidosubjugadas, se esgotando profun
Quando peguei minhas malas, apertei a alça da mochila sobre o ombro ao caminhar pelo estacionamento do aeroporto do Conroe. Pessoas aos montes de movimentavam para todos os lados como um enxame de abelhas desorganizado. Não havia como não se sentir perdida no meio delas. Meus olhos desesperados varreram a área, e meu coração acelerou.Suspirei de alívio quando avistei um homem, muito jovem e trajado num terno preto e branco parado a frente de um sedan branco, com uma placa a frente do peito intitulada PERSÉPHONE MORGAN.Eu odiava aquele nome. Precisava mesmo escracha-lo tão grande assim?Corri para ele, que abriu um sorriso quando me viu._Como vai, Srta. Perséphone? _ele me estendeu a mão quando me aproximei, com o sotaque carregado._Mal.Ele sorriu, um riso compreensivo, e tomou minhas ma
Com uma tossida catarrenta e mais nojenta que até a própria sopa, ela se arqueou para frente, socando o próprio peito com pressa, sem conseguir puxar o ar. Vovô Brutus imediatamente se levantou, tentando em vão socorrê-la. Quando me dei conta, ela se jogou para trás, caindo com cadeira e tudo e virando a mesa com os pés. Pulei para trás, saindo da cadeira, por pouco, não tomando um banho de sopa quente.O barulho de vidro e porcelana se quebrando invadiu o ambiente, cortando o som da voz da jornalista da TV.O osso saltou de sua garganta, e ela puxou o ar em abundância, quando já estava ficando roxa.Levei as mãos à boca, me condenando mentalmente. Mais uma tragédia. Por minha culpa novamente. Quando é que eu ia parar de machucar as pessoas?Dei com o olhar maci&cce
-Que maldita porcaria é esta? _ Tossi confusa, tropeçando para fora do elevador quando ela me puxou pela camiseta._Bem Vinda à Maça Envenenada._Que droga de nome é este? Um maldito de um bar! _gaguejei enquanto meus olhos lacrimejavam, mal acostumados pela fumaça do cigarro que chegava num fluxo denso até mim._Vou procurar pelo Mitchel. Não se perca e nem arranje encrenca. Trate de se divertir um pouco, ok? Procuro você para voltarmos.Neguei com a cabeça:_Não, quero ir para casa AGORA! _mas Helena já não estava mais ali para me ouvir. Como um camaleão ela já havia se misturado a multidão e se camuflado a ponto de eu não saber mais qual rumo ela havia tomado.Havia um enorme balcão de bebidas e um barman cheio
Os pesadelos estavam acabando comigo, mesmo quando eu acordava na noite e percebia que estava no quarto novamente, com uma Helena dormindo lindamente do outro lado do quarto.Vidros se estraçalhando, o mundo girando, sangue por todos os lados, e principalmente aranhas...Depois de outra e mais outra seção horrorosa de pesadelos, que faziam meu corpo estremecer e meus poros expelirem toda a água de meu corpo, me deixando com apenas alguns poucos por centos, tive meu primeiro sono sem sonhos, completamente em paz. Mas quando mergulhei profundamente nele, finalmente feliz por dormir normalmente pela primeira vez em dias, um chacoalhão atrapalhou minhas divagações.Abri os olhos dopados, fechando-os novamente quando uma cachopa de cachos loiros caiu em meu rosto.Helena estava com o rosto a centímetros do meu, seus olhos azu
Sem mais, senti um toque em meu ombro._Olá.Me virei. Havia um homem de meia idade e óculos quadrados me observando curioso. Estava usando uma camisa social listrada e tinha uma barba rala. O nariz pontudo suavizava suas feições quadradas. Só então notei a maleta em sua mão direita._An... olá?_Você é a aluna nova? _ele perguntou abrindo um sorriso. Afirmei com um movimento mudo de cabeça e ele abriu ainda mais o sorriso _Ótimo. Eu estava mesmo me perguntando isso. Sou o professor Dracomir, Draco. E se você pode me dizer seu nome agora, se quiser._Perséphone _sibilei a contra gosto _Perséphone Morgan. Os cantos de sua boca se baixaram em aprovação._Nossa, mas que nome forte! _ele sorriu novamente _Vamos entrar. Vou apresentar você par
Caminhei por entre os corredores cheios com as mãos nos bolsos e a cabeça baixa em direção ao refeitório.Eu não estava interessada em quem estava ao meu redor. Apenas frustrada com todas as circunstâncias que me obrigavam a estar ali. O mundo, de repente, ficava estranho demais para que pudesse ser compreendido.Uma enorme porta quase ao fim do corredor anunciava em cores opacas como as paredes: Refeitório.Quando entrei, o cheiro de frituras me dominou, e meu estômago se contorceu. Eu não sabia dizer se estava realmente com fome ou apenas nervosa. Apenas sabia dizer que aquele cheiro estava acabando comigo. O enorme balcão com os tanques de comida tomava conta de uma enorme parede aos fundos do refeitório, e mesas redondas se empilhavam de adolescentes por todos os cantos que eu olhasse.Folders fal