Tudo o que vemos ou parecemos,
Não passa de um sonho dentro de um sonho.Edgar Allan Poe (Sonho Dentro de Um Sonho)
Catedral Embaixadora. Quinze anos atrás.
A madeira rangia ao som áspero do vento acertando as vigas da casa.
Os eucaliptos secos se enroscavam na madeira, produzindo rangidos ocos. A Catedral dos Embaixadores se encontrava totalmente às escuras naquela hora da madrugada, apenas uma sala permanecia iluminada.
Halleman descansou as mãos no encosto da cadeira, fechando os olhos com força. Há muito que o mundo dos bruxos havia se tornado um lugar perigoso demais para qualquer criatura viver. Com sua esposa desertada dos deveres do Pacto _viver na sombra dos humanos _, ele não sabia o que fazer para manter a descrição que por anos, havia garantido a sobrevivência da raça. Lady tinha planos tão obseletos e completamente macabros, que ele nem mesmo reconhecia mais a esposa _ex agora, graças a sua vontade maníaca de erradicar a raça humana da face da terra e desejos absurdos por soberania.
Prostrou-se diante da janela alta de madeira.
Uma névoa fina de outono se arrastava por entre as árvores, levantando-se do chão como fantasmas flamejantes.
Espreitou por entre a mata. Nada. Nenhum sinal de vida, mas ainda esperava más notícias. O mundo dos bruxos estava em guerra, e não havia nada que pudesse para-la agora. Mesmo sendo o supremo Líder do Pacto, ainda temia por sua nação como uma criança com medo. A última vez em que bruxos haviam tentado viver abertamente entre os humanos, havia resultado na caça as bruxas em Salém. A história jamais poderia se repetir. Não sem antes encontrarem o elo perdido, que teria o poder supremo da magia para protegê-los de toda e qualquer ameaça.
Lady estava atrás do elo também. Não havia como se enganar. E assim que o encontrasse, o futuro da humanidade estaria perdido.
Suspirou, chacoalhando a cabeça, uma enorme frustração fazendo seu peito inchar e seus olhos arderem.
_Não vou deixar isso acontecer...
Apesar de saber que sua determinação era enorme, sabia que isso não bastaria. As portas da sala mal iluminada se abriram, e ele conteve outro acesso de nervosismo. Sabia que o que iria ouvir agora não era bom. Sabia que alguma forma, suas esperanças estariam retraídas por um bom tempo se ouvisse o que achava que ouviria.
_Senhor? _ a voz de Jared ecoou fúnebre até ele.
Halleman não ousou se virar. O vento acertava a Catedral com força, ricochetando a copa das árvores e fazendo as vigas da construção ranger.
_Que notícias traz,Jared?
_Não se abale, meu mestre. Mas ele foi morto, Senhor.
_Quem foi morto?
_O Licam. _Jared respondeu ainda tomando ar, ofegando como se tivesse feito uma corrida para chegar até ali. Com um esgar, o coração de Halleman se apertou, mas ele não podia demonstrar fraqueza. Não agora. _Ele foi à caçada nos Alpes, como o Senhor havia ordenado, mas chegou lá ao mesmo tempo em que os Pactantes Negros. Eles estão no mesmo rastro que nós.
Não houve chance para ele...
Halleman balançou a cabeça com pesar. O que mais poderia fazer? Tomas Licam era sem dúvidas seu amigo mais velho. Batendo o manto que lhe descia pelos ombros e chegava aos pés, ele se virou para contemplar o semblante desesperado de Jared. Era ainda muito jovem, mas um dos bruxos no qual ele mais tinha confiança.
Seus ombros largos desciam e subiam numa velocidade alarmante. A capa negra estava surrada, e os cabelos dourados estavam molhados de suor.
_Sinto por ele como um pai sente pelo filho _Halleman o confortou, tentando conter sua mágoa. A esposa que tanto amara havia se transformado em um mostro _E como está a mulher de Tomas? E seus dois filhos? Como eles estão suportando isso?
_Sabe como é uma casa de luto, senhor.
Halleman caiu em seu assento, contemplando a face jovem de seu aliado. Cerrando o punho, ele começou a sentir a chegada de uma frustração e cansaço sem tamanho.
_Já chega de mortes. _ele bradou de repente, _Somos os Embaixadores, os que decidiram ficar com a causa certa. Nossa magia é maior que a deles. Vamos montar nossa elite para sair à procura do elo antes que eles encontrem-no! Se eles têm seu próprio exército, nós também devemos ter o nosso...
Jared arregalou seus enormes olhos prateados para ele.
_Mas como isso será feito, meu mestre?
Respirou fundo. Estava prestes a dar uma ordem suprema. A ordem que talvez os ajudasse como um ponto positivo na guerra, mesmo que estivesse sendo egoísta ao arriscar vidas daquela forma.
Encarou o aliado com determinação.
_De agora em diante, todo aquele que nascer bruxo, será levantado como um Apanhador de Encantados. Eles serão treinados e serão responsáveis a sair à procura do elo perdido e exterminar os Pactantes Negros, que por opção própria, desertaram desse grupo. A magia será usada a nosso favor, e não mais apenas para proteção.
_Sim, meu mestre.
Jared assentiu. Ajoelhou-se, ergueu o punho ao coração como um servo obedecendo às ordens do mestre _um costume muito antigo _, e se levantou, rumando para a saída. Mas antes que pudesse chegar à porta, a dúvida lhe ocorreu, o puxando para trás novamente:
_Meu Mestre?
_Sim, Jared?
_E quanto a sua filha? Ela ainda é muito pequena.
Halleman bufou, pensando na ex-esposa. Estava errado. Seu mundo não se tornara apenas perigoso, mas mortal. Meneou a cabeça.
_Quero ela fora de tudo isso. Ela nunca vai saber o que ela é.
Maryland, dias atuais Ousei uma olhada por baixo dos cílios.Por favor, não.O tic tac do relógio na parede esquerda anunciava que se passavam das 9hrs da manhã. O silêncio na sala do Conselho de Menores de Maryland era tão profundo queeu podia ouvir o ar saindo e entrando em seus pulmões. Meu estômago doíareclamando da carência de um café da manhã descente, já que todas as minhas forças remanescentes haviam sidosubjugadas, se esgotando profun
Quando peguei minhas malas, apertei a alça da mochila sobre o ombro ao caminhar pelo estacionamento do aeroporto do Conroe. Pessoas aos montes de movimentavam para todos os lados como um enxame de abelhas desorganizado. Não havia como não se sentir perdida no meio delas. Meus olhos desesperados varreram a área, e meu coração acelerou.Suspirei de alívio quando avistei um homem, muito jovem e trajado num terno preto e branco parado a frente de um sedan branco, com uma placa a frente do peito intitulada PERSÉPHONE MORGAN.Eu odiava aquele nome. Precisava mesmo escracha-lo tão grande assim?Corri para ele, que abriu um sorriso quando me viu._Como vai, Srta. Perséphone? _ele me estendeu a mão quando me aproximei, com o sotaque carregado._Mal.Ele sorriu, um riso compreensivo, e tomou minhas ma
Com uma tossida catarrenta e mais nojenta que até a própria sopa, ela se arqueou para frente, socando o próprio peito com pressa, sem conseguir puxar o ar. Vovô Brutus imediatamente se levantou, tentando em vão socorrê-la. Quando me dei conta, ela se jogou para trás, caindo com cadeira e tudo e virando a mesa com os pés. Pulei para trás, saindo da cadeira, por pouco, não tomando um banho de sopa quente.O barulho de vidro e porcelana se quebrando invadiu o ambiente, cortando o som da voz da jornalista da TV.O osso saltou de sua garganta, e ela puxou o ar em abundância, quando já estava ficando roxa.Levei as mãos à boca, me condenando mentalmente. Mais uma tragédia. Por minha culpa novamente. Quando é que eu ia parar de machucar as pessoas?Dei com o olhar maci&cce
-Que maldita porcaria é esta? _ Tossi confusa, tropeçando para fora do elevador quando ela me puxou pela camiseta._Bem Vinda à Maça Envenenada._Que droga de nome é este? Um maldito de um bar! _gaguejei enquanto meus olhos lacrimejavam, mal acostumados pela fumaça do cigarro que chegava num fluxo denso até mim._Vou procurar pelo Mitchel. Não se perca e nem arranje encrenca. Trate de se divertir um pouco, ok? Procuro você para voltarmos.Neguei com a cabeça:_Não, quero ir para casa AGORA! _mas Helena já não estava mais ali para me ouvir. Como um camaleão ela já havia se misturado a multidão e se camuflado a ponto de eu não saber mais qual rumo ela havia tomado.Havia um enorme balcão de bebidas e um barman cheio
Os pesadelos estavam acabando comigo, mesmo quando eu acordava na noite e percebia que estava no quarto novamente, com uma Helena dormindo lindamente do outro lado do quarto.Vidros se estraçalhando, o mundo girando, sangue por todos os lados, e principalmente aranhas...Depois de outra e mais outra seção horrorosa de pesadelos, que faziam meu corpo estremecer e meus poros expelirem toda a água de meu corpo, me deixando com apenas alguns poucos por centos, tive meu primeiro sono sem sonhos, completamente em paz. Mas quando mergulhei profundamente nele, finalmente feliz por dormir normalmente pela primeira vez em dias, um chacoalhão atrapalhou minhas divagações.Abri os olhos dopados, fechando-os novamente quando uma cachopa de cachos loiros caiu em meu rosto.Helena estava com o rosto a centímetros do meu, seus olhos azu
Sem mais, senti um toque em meu ombro._Olá.Me virei. Havia um homem de meia idade e óculos quadrados me observando curioso. Estava usando uma camisa social listrada e tinha uma barba rala. O nariz pontudo suavizava suas feições quadradas. Só então notei a maleta em sua mão direita._An... olá?_Você é a aluna nova? _ele perguntou abrindo um sorriso. Afirmei com um movimento mudo de cabeça e ele abriu ainda mais o sorriso _Ótimo. Eu estava mesmo me perguntando isso. Sou o professor Dracomir, Draco. E se você pode me dizer seu nome agora, se quiser._Perséphone _sibilei a contra gosto _Perséphone Morgan. Os cantos de sua boca se baixaram em aprovação._Nossa, mas que nome forte! _ele sorriu novamente _Vamos entrar. Vou apresentar você par
Caminhei por entre os corredores cheios com as mãos nos bolsos e a cabeça baixa em direção ao refeitório.Eu não estava interessada em quem estava ao meu redor. Apenas frustrada com todas as circunstâncias que me obrigavam a estar ali. O mundo, de repente, ficava estranho demais para que pudesse ser compreendido.Uma enorme porta quase ao fim do corredor anunciava em cores opacas como as paredes: Refeitório.Quando entrei, o cheiro de frituras me dominou, e meu estômago se contorceu. Eu não sabia dizer se estava realmente com fome ou apenas nervosa. Apenas sabia dizer que aquele cheiro estava acabando comigo. O enorme balcão com os tanques de comida tomava conta de uma enorme parede aos fundos do refeitório, e mesas redondas se empilhavam de adolescentes por todos os cantos que eu olhasse.Folders fal
Uma pesada névoa cinzenta se arrastava por entre o caminho de árvores retorcidas de casa, agarrando densamente os troncos que se abraçavam no alto de suas copas, dando a estrada um aspecto sombrio de túnel cinzento.Assim que o Neon estacionou a garagem da casa desbotada e retangular, me arrastei para dentro, seguida de Helena, que estava tão acostumada a isto quanto eu.Assim que sai do hall de entrada, o meow lânguido de Mordida anunciou a casa toda que havíamos chegado. Stela estava sentada na poltrona em frente à lareira, assistindo o noticiário do meio dia na teve em preto e branco com uma xícara fumegante de chá nas mãos. Era só isso que ela sabia fazer?Brutus comia biscoitos ao seu lado, com os olhos vidrados na mesma tela.Nem um nem outro teve o trabalho de olhar quand