Sem mais, senti um toque em meu ombro.
_Olá.
Me virei. Havia um homem de meia idade e óculos quadrados me observando curioso. Estava usando uma camisa social listrada e tinha uma barba rala. O nariz pontudo suavizava suas feições quadradas. Só então notei a maleta em sua mão direita.
_An... olá?
_Você é a aluna nova? _ele perguntou abrindo um sorriso. Afirmei com um movimento mudo de cabeça e ele abriu ainda mais o sorriso _Ótimo. Eu estava mesmo me perguntando isso. Sou o professor Dracomir, Draco. E se você pode me dizer seu nome agora, se quiser.
_Perséphone _sibilei a contra gosto _Perséphone Morgan. Os cantos de sua boca se baixaram em aprovação.
_Nossa, mas que nome forte! _ele sorriu novamente _Vamos entrar. Vou apresentar você par
Caminhei por entre os corredores cheios com as mãos nos bolsos e a cabeça baixa em direção ao refeitório.Eu não estava interessada em quem estava ao meu redor. Apenas frustrada com todas as circunstâncias que me obrigavam a estar ali. O mundo, de repente, ficava estranho demais para que pudesse ser compreendido.Uma enorme porta quase ao fim do corredor anunciava em cores opacas como as paredes: Refeitório.Quando entrei, o cheiro de frituras me dominou, e meu estômago se contorceu. Eu não sabia dizer se estava realmente com fome ou apenas nervosa. Apenas sabia dizer que aquele cheiro estava acabando comigo. O enorme balcão com os tanques de comida tomava conta de uma enorme parede aos fundos do refeitório, e mesas redondas se empilhavam de adolescentes por todos os cantos que eu olhasse.Folders fal
Uma pesada névoa cinzenta se arrastava por entre o caminho de árvores retorcidas de casa, agarrando densamente os troncos que se abraçavam no alto de suas copas, dando a estrada um aspecto sombrio de túnel cinzento.Assim que o Neon estacionou a garagem da casa desbotada e retangular, me arrastei para dentro, seguida de Helena, que estava tão acostumada a isto quanto eu.Assim que sai do hall de entrada, o meow lânguido de Mordida anunciou a casa toda que havíamos chegado. Stela estava sentada na poltrona em frente à lareira, assistindo o noticiário do meio dia na teve em preto e branco com uma xícara fumegante de chá nas mãos. Era só isso que ela sabia fazer?Brutus comia biscoitos ao seu lado, com os olhos vidrados na mesma tela.Nem um nem outro teve o trabalho de olhar quand
Quando entráramos na cidade, os pneus do Neon deslizaram pela Avenida, e talvez eu jamais tivesse conhecido alguém que gostasse de correr tanto quanto Helena. Avaliei minhas opções e sua cara enferruscada. Talvez fosse uma péssima hora para lhe lembrar de meu pavor de veículos depois do acidente.Apesar de achar a vista bonita desde a primeira e única vez que havia viajado para Conroe, havia algo de peculiar nessa cidade que me fazia querer passar por longe. O mais longe possível.Girei o rosto em outra direção enquanto descíamos pela rua de calçamento aglomerada, o vento que entrava pelas janelas abertas sacudindo meus cabelos ritmadamente.Quando acordei para a realidade novamente, o carro deslizava para uma vaga colorida em frente de uma enorme construção quadrangular.Placas
Um balanço fez meu corpo inteiro tremer.Mesmo que eu não soubesse o que estava acontecendo, meu corpo parecia entender algo que minha mente se custava a decifrar. As lacunas de meu cérebro pareciam cheias de informações, mas eu não conseguia acessá-las de forma correta, e isso me fez acabar de estômago embrulhado.Ótima hora para vomitar, claro.Helena recuou quando o raspar se aproximou mais, e no segundo seguinte, as sombras se mudaram rapidamente de lugar.Até estar em todos os lugares ao mesmo tempo.Recuei com ela quando o grunhido atravessou as sombras até chegar a nós._O que é isso? _algo tremulamente fino perguntou a Helena. Era a minha voz._Acredite-me. Você não vai querer saber. _ela respondeu de volta levantando a barra do vestido e levando
Meus olhos se abriram. Inspirei uma quantia modesta de oxigênio que poderia alimentar um país inteiro.Analisei a distribuição irregular a minha volta. Aos poucos, o quarto começou a tomar forma diante de meus olhos. Eu estava em casa, ou pelo menos, até o ponto em que eu poderia dizer que aquilo era um lar, com torradas no café da manhã e piqueniques no fim de semana.Me sentei na cama, levando a mão a nuca. O quarto estava vazio, a não ser pela minha presença. Por mais que ele estivesse da mesma forma que eu me lembrava, havia algo de estranho no ar. Parecia estranho não ser acordada por Helena.Eu estava em casa, acordando _sozinha, _para mais um dia de aula. Completamente normal.Então por que aquilo me parecia errado?Minha mão ardeu, e rapidamente a trouxe de
Endireitei minha coluna, incapaz de ordenar meus pensamentos com clareza. Eu havia mesmo falado com uma aranha? Ou estivera dormindo por alguns segundos acidentalmente no meio da aula? Minha marca de nascença ainda latejava, piorando ainda mais minha dor de cabeça.Eu precisava de uma aspirina.Ou qualquer coisa boa o suficiente para espantar esquisitice. Rolei o lápis quebrado entre os dedos enquanto tentava concentrar minha mente. Meu pensamento estava enevoado demais para que pudesse raciocinar com clareza. Quando acordei para a razão novamente, Draco dava a turma orientação para O Trabalho em dupla. Franzi o cenho. Droga, eu nem mesmo havia ouvido sobre o que era para poder dar conta sozinha.Arqueei as sobrancelhas, subitamente me lembrando de Grei quando ele autorizou que as duplas se mexessem.Mas antes que eu pudesse dar um
_Se você continuar encolhida desse jeito até chegarmos, eu vou te dar um chute no traseiro _Helena ameaçava com seu indicador enquanto o carro de Mitchel, um Ford Evos preto, avançava os sinais vermelhos da Avenida principal do Rio em direção ao Ginásio da escola, cujo nome eu me esforçava, mas nunca conseguia me lembrar.Em alguns poucos minutos, ainda em casa, Helena me dera a notícia de que seu namorado viria nos buscar para a grande festa de Halowheen do ano. É desnecessário dizer que eu queria ficar trancada no quarto a sair com aquela coisa que Helena chamava de fantasia, que ela havia comprado para mim sem meu pleno consentimento. Quando lhe disse aquilo, ela soltou um “não é verdade. Você concordou.”. Mas quando a interroguei sobre esse suposto acordo, e quando ele decor
Ele estava em um canto das escadas do ginasio, seu cabelo cinza tão desgrenhado quanto eu me lembrava. Usava a mesma roupa da noite em que o vi pela primeira vez no Maça Envenenada, a única diferença, era uma capa preta que contornava seu corpo esbelto até o chão, e um par de botas que eu não me lembrava de já te-lo visto usando.Seu traje todo preto parecia colidir bruscamente com o cabelo cinza, os olhos prata e a pele branca. Ele mais parecia um deus sombrio do que um aluno comum. Mesmo em uma fantasia, era o que eu achava, ele parecia estar em roupas comuns. Aquilo combinava com ele. Era estranho. Era certo.Steyce tirou seus olhos de mim quando percebeu que eu o olhava de volta, se virando e sumindo na multidão.“A odeio de um modo devastador” _ suas palavras ecoaram cruas em minha mente.Eu n&