Então Franzino, com o intuito de cumprir à risca tudo o
que sua amada lhe pediu, chegou em casa, sentou na cama, pe-gou o papel, abriu e leu em alta voz, pois estava sozinho:“Não consigo acreditar como não pude gostar de alguém que me ama tanto quanto você, uma pessoa tão especial a pon-to de deixar qualquer uma com inveja, que droga! Não podia te contar, pois era meu segredo.”Aquela noite foi uma das mais tristes de sua vida, chorou a noite toda e lia aquilo toda hora, como já foi dito; “o cho-ro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. Isso aconteceu. Conformado com a desilusão sofrida, mas feliz por querer a felicidade da mulher da sua vida, decide, por fim que a felicidade de Nanda é o que realmente interessa, ainda que custe a dele, e não seja ele o escolhido para dormir ao seu lado, até se passarem os anos, e os olhos cansem, o cansaço domine todos os órgãos do corpo para assim terminar a trajetória de nossa vida aqui nessa terra, preparados para uma nova que vier.Passou o fim de semana e, no primeiro dia útil subsequen-te, no período noturno, Franzino estava lá, sentado, como sempre, aguardando Nanda chegar, que, da mesma forma quefazia, entra, cumprimenta a todos, e se senta ao lado do rapaz
do coração partido, com aquele nó na garganta e uma vontade
enorme de chorar, mas resiste e dá um sorriso.
Nanda estava triste também, ela o amava, mas não sabia de
que forma, aquele olhar dele acabava com ela, mas não podia
tocar no assunto, pois com certeza ambos chorariam.
Conversaram sobre outros assuntos, assistiram à aula, dis-
cutiram a matéria e tiraram duvidas juntos, claro que a classe
estava normal, os amigos não sabiam o que acontecia, sendo
assim, a vida de cada um seguia conforme deveria acontecer,
brincadeiras, piadas, sarcasmo, animação geral da sala, falavam
sobre o fim de semana, marcavam coisas para fazerem e assim
seguiam. Vez ou outra, Franzino entrava nas brincadeiras, mas
estava visivelmente apático. Foi assim, até que o intervalo foi
anunciado pelo sinal, conversando, todos vão saindo da sala
um a um, até restarem Nanda e Franzino, aí ela pergunta:
— Leu o que escrevi?
— Li sim — responde. Em seguida, um sorriso segura a lá-
grima, lutando contra aquela sensação horrível de fracasso que
parece nunca ter fim, mas no íntimo acredita que vai passar,
com certeza vai passar.
— Você entendeu? — pergunta Nanda, segurando as lágrimas.
— Entendi, sim, vamos continuar de onde paramos, esque-
cer o que aconteceu e “bola pra frente”.
— Não é o que quero, Franzino, eu realmente não sei o que
sinto..
A força para segurar as lágrimas nesse momento se vai, e,
com a voz envolvida ao choro, ele responde, querendo encon-
trar suas forças no orgulho próprio:
— Não sinta pena, Nanda, você deve buscar sua felicidade,
logo estarei bem.
— Você está com o papel que lhe dei?
— Estou.
— Empresta, deixe-me ver.
Franzino tira-o de dentro de seu caderno e entrega em sua
mão. Nanda abre, lê e, olhando para ele, diz, enquanto rasga
o papel:
— Quero que esqueça esse papel, estou sendo uma louca
em deixar você escapar assim.
Há uma esperança além do infinito! Isso que ele pensou, e
agora não há mais espaço para a tristeza. Ele pergunta:
— Tem certeza?
— Sim, e mais, amanhã não venho à aula, vá à minha casa,
daí conversamos. Vamos acertar nossa situação.
É, a garota estava mesmo decidida, pois não faltava da esco-
la, nem com chuva de canivetes. Então o astral da sala melho-
rou, e naquela noite Nanda pegou carona com sua irmã mais
nova e o namorado, pois precisava passar na casa de um amigo
de sua igreja para organizar a festa de um santo que não me
lembro qual é.
Na noite combinada, Franzino vai até a residência da ama-
da com esperança renovada, chama uma vez, bate palma, cha-
ma outra vez e nada. Senta na frente da casa e aguarda por uma hora, chama novamente. Vinte minutos depois que se
senta, chega a irmã mais nova, beija-lhe o rosto e diz:
— A Nanda está na casa do padre, ele ligou aqui pedindo
a ajuda dela. Parece que era coisa urgente. Mas entra, vamos
esperá-la lá dentro. Você pode ver TV enquanto tomo banho e
me arrumo.
— Agradeço muito, mas vou resolver um probleminha e já
volto, se ela chegar peça que, por favor, me espere aqui.
— Como quiser então. Até já.
A garota entra e Franzino ainda fica encostado no postinho
de energia. Ele mentiu, pois achou chato ficarem só os dois na
casa. Ali permaneceu por muito tempo até que a irmã mais
nova acabou de se arrumar e saiu, ainda ajeitando o cabelo. Ao
vê-lo ali, diz:
— Então, liguei na casa do padre e falei com ela, daí ela pe-
diu desculpas e falou para voltar amanhã na parte da tarde que
ela vai te esperar aqui fora.
Franzino sai, meio confuso, mas entende a situação, che-
gando na sua casa, liga para a residência da Nanda.
Quem atende? Exato, a própria.
— Alô.
— Quem fala?
— Nanda...
— Nanda, é o Franzino, tudo bem?
A garota fica um tempo sem falar, gagueja um pouco e fin-
ge uma alegria, “bem fingida” mesmo. Cara de pau.
— Bem, e você? — responde.
— Legal, então quer que eu volte aí para conversarmos?
— Conversar o quê?
— Como assim, o quê? Sobre nós, se vamos ficar juntos
ou não.
— Amizade! Pensei em...
— Mas por que rasgou o papel então? Por que me convi-
dou para ir a sua casa? Para me dar o fora? — diz irritado, cor-
tando-a bruscamente.
— Franzino, eu...
— Já chega, agora tomei minha decisão. Esqueça que existo,
não seremos mais nem amigos, pois isso que fez não se faz.
Como ela não respondeu palavra alguma, com muita raiva,
ele achou melhor desligar o telefone para não ofender a garota.
Que história, hein? Continue comigo e não vai acreditar
onde isso vai dar.
Nanda até que tentava puxar conversa com Franzino, mas
ele nem olhava para a cara dela. E o tempo foi passando e pas-
sando...
Em uma manhã de domingo, os amigos do 3ºB se reuni-ram no parque do horto florestal da cidade. A ideia central erafazer uma festa americana, com dança da vassoura e tudo mais.Quando deu meio-dia, o sol estava forte, então se sentaramem uma grande mesa de madeira à sombra da arvore. Tiveramuma ideia. “Vamos brincar de jogo da verdade”.A mesa era retangular, mas deram um jeito e sentaram emcírculo, colocaram a inicial do nome ou apelido de cada um ecomeçaram a rodar a garrafa de cerveja. Onde a ponta da garrafaapontasse seria o que ia responder a pergunta, o fundo elaboraa pergunta, o castigo de quem mentisse ou recusasse responderera dado pelo próximo sorteado que respondesse a questão a elefeita. O castigo poderia ser qualquer coisa, sem restrição alguma.S
Todos eram maiores de idade pois o tempo passou, haviam terminado o colégio, muitos começaram faculdades, outros cur-sinhos, mas ainda se encontravam, pois a aliança que aqueles jovens tinham era fantástica, inenarrável, é o que posso dizer.Era sábado às 18h25, Márcia estava para se casar, todos já a aguardavam na igreja, e o atraso tradicional da noiva naquele dia também acontecia. O 3ºB em peso estava lá, até mesmo os que não foram citados, atrás, o noivo na frente aguardava o que para ele era tão esperado, enfim se casaria com quem havia conhecido a menos de um ano, mas isso não vem ao caso.O nome do noivo é Rogério, um rapaz muito rico, filho de um fazendeiro de Goiás, que conheceu Márcia em um con-curso de teatro em que ela fazia o papel principal na peça. Ele ficou em penúltimo lugar, mas com certeza ela deveria ter le-vado o troféu de melhor atriz por sua bela inter
Calma, já está quase acabando, mudei o capítulo para não deixá-los com preguiça de ler, pois estava ficando muito gran-de, mas, continuando...Marquinho e Garguinho, sentados na praça em frente ao hotel, pensavam em outra tática, pois quase acabaram presos com a última, então estavam ali. Quando novamente Zumbi se aproxima e diz:— Se quiserem meus serviços, terão que pagar. Sei como te ajudar a ganhar a aposta, mas lembre-se, te darei a ferramenta, só que o trabalho é seu.— Em que está pensando? — pergunta Marquinho, que-rendo saber do plano.— No seu anel e na sua “correntinha” de ouro. — Aponta na sequência o Garguinho, respondendo conforme seu interesse.— Primeiro me diga o plano, aí vejo se entrego o meu anel — diz Marquinho.— Façamos um trato, vocês me entregam as coisas, aí eu conto o plano, se vocês gostarem, fico com as coisas, se não,
Será que todos vão? Eu acho que não vou, tenho muito mais o que fazer, agora que nos abandonamos, não faz sentido, depois de 20 anos, nos reunirmos novamente.Acaba de pensar isso, vai para o centro da sala, quando a ima-gem de Nanda, sorrindo, sai da sua memória e vem ao seu cons-ciente. Então começa a lembrar das coisas boas, momentos ines-quecíveis, mas aquela triste lembrança também veio a sua mente, a tristeza após a grande final do torneio de vôlei feminino inter-cidades, em que Mogi Mirim foi o grande campeão. Lógico que não foi por esse fato, pois isso trouxe muita alegria a todos.Naquele dia, Nanda conheceu um moço estudante de me-dicina, e com ele morou, amigou, ou coisa desse tipo. Esse fato causou espanto não só a Franzino, mas aos amigos, pois a ga-rota sempre foi muito católica, não faltava uma missa, criticava as atitudes erradas das amigas, sempre foi contra
Em uma cidade de Minas Gerais, a psicóloga renomada, mas cheia de problemas, quebrava seu juramente agindo com falta de ética profissional, tratando-se com sua colega de profis-são e amiga pessoal, por entender ser a melhor na área.Havia acabado sua consulta com a doutora Carla Siqueira, descia as escadas, após sair da sala, com grandes óculos de sol e lenço no cabelo para não ser reconhecida, afinal, escrevia para uma revista de repercussão nacional, poderia ser o fim de sua carreira, seus conselhos eram comentados por todos. Seria um furo de reportagem se tal notícia vazasse.Chegando ao final dos degraus, um homem de terno preto e gravata vermelha aproximou-se dela com um bilhete na mão, disse, então, lhe estendendo-o:— Pertence à senhora. Pegue.— Quem é o senhor? Se for algum suborno nem adianta, a dr. Carla é minha amiga, só venho aqui para vê-la. Sei que é hor
Já escurecia quando Franzino chega ao hotel, para o carro,o manobrista sorridente vem até a porta de seu automóvel,abre e diz:— Pode descer, sr., deixa que o estacione, enquanto outrofuncionário leva sua bagagem.— Sim, obrigado — diz, saindo do veiculo, enquanto olha-va para o hotel, lembrando-se de sua infância. De tantas vezesque brincara na praça da frente, encantado como os carros queparavam na frente do luxuoso cinco estrelas.— Como foi de viagem? — Ouviu o moço perguntar, mo-mentos antes de entrar no veículo.— Ham? Ah, sim, fiz sim, obrigado por perguntar. — res-ponde meio distraído, mas em seguida recupera a atenção.O moço sorri já tomando posição para sair, quando Fran-zino diz:— Tem algumas moedas no painel
Sábado às 15h15 como o convite relatava, as portas do salão de festa de Mogi Mirim, se abrem para receber os ilustres con-vidados.Seguranças com terno preto e gravata vermelha circulavam pelo local. Na frente do portão, que também se abriu, duas recepcionistas aguardavam para conferir os convites.Muitos já aguardavam do lado de fora no endereço combi-nado, mas estranharam porque estava tudo trancado e vazio, na hora combinada, cada um foi para o seu posto, então os convidados foram recebidos organizadamente.As mesas, todas bem arrumadas, com tudo que a alta so-ciedade tem direito, garçons que atenderiam por setores, boas bebidas, comidas de muitas variedades.A orquestra sobre o palco começa um som suave deixava o ambiente mais agradável.Aos poucos, os convidados vão chegando com seus fami-liares, ainda faltavam chegar Nanda, Márcia, Harlei e Sergio,
Aproximava-se do meio-dia e alguns ainda não haviam che-gado, com óculos de sol, ressaca e dor de cabeça, esperavam namesa de madeira onde jogaram o jogo da verdade, momentosantes de Fabíola ter a ideia da caixa.Estava ventando forte, as folhas secas se arrastavam na dire-ção norte, criando uma sensação de bem-estar, pois o sol estavaquente.Nanda senta-se ao lado de Franzino, delicadamente colocasua cabeça em seu ombro, como fazia quando eram adolescen-tes, respira fundo e diz:— Esse barulho das folhas me fez lembrar de quando erauma menina apavorada, e que aqui mesmo nesse banco recebiótimos conselhos de um grande amigo.— Os índios acreditam que o vento sempre aparece paranós lembrar que essa vida é passageira, e nada pode deter otempo. Suas virtudes, defeitos, certezas ou incertezas, nada po-dem detê-lo.— Quando ventou, me lembrei que nesse mesmo lugarmeu a