Sábado às 15h15 como o convite relatava, as portas do salão
de festa de Mogi Mirim, se abrem para receber os ilustres con-
vidados.
Seguranças com terno preto e gravata vermelha circulavam
pelo local. Na frente do portão, que também se abriu, duas
recepcionistas aguardavam para conferir os convites.
Muitos já aguardavam do lado de fora no endereço combi-
nado, mas estranharam porque estava tudo trancado e vazio,
na hora combinada, cada um foi para o seu posto, então os
convidados foram recebidos organizadamente.
As mesas, todas bem arrumadas, com tudo que a alta so-
ciedade tem direito, garçons que atenderiam por setores, boas
bebidas, comidas de muitas variedades.
A orquestra sobre o palco começa um som suave deixava o
ambiente mais agradável.
Aos poucos, os convidados vão chegando com seus fami-
liares, ainda faltavam chegar Nanda, Márcia, Harlei e Sergio,
Aproximava-se do meio-dia e alguns ainda não haviam che-gado, com óculos de sol, ressaca e dor de cabeça, esperavam namesa de madeira onde jogaram o jogo da verdade, momentosantes de Fabíola ter a ideia da caixa.Estava ventando forte, as folhas secas se arrastavam na dire-ção norte, criando uma sensação de bem-estar, pois o sol estavaquente.Nanda senta-se ao lado de Franzino, delicadamente colocasua cabeça em seu ombro, como fazia quando eram adolescen-tes, respira fundo e diz:— Esse barulho das folhas me fez lembrar de quando erauma menina apavorada, e que aqui mesmo nesse banco recebiótimos conselhos de um grande amigo.— Os índios acreditam que o vento sempre aparece paranós lembrar que essa vida é passageira, e nada pode deter otempo. Suas virtudes, defeitos, certezas ou incertezas, nada po-dem detê-lo.— Quando ventou, me lembrei que nesse mesmo lugarmeu a
Às 19h15, domingo, começaram a servir o jantar. Um sabo-roso vinho foi servido e ninguém podia fazer desfeitas, afinal,era uma safra especial vinda direta da adega mais famosa detoda região. O único a relutar em saborear o vinho foi Harlei,por causa da sua religião, mas, como a recepcionista da festamuito insistiu, acabou aceitando.O vinho era maravilhoso. Tomavam e repetiam, não deixa-vam de elogiar a dona e amiga que já deixou um convite paratodos irem a Andradas degustar o suco de uva branca, especia-lidade da casa.O jantar foi no mesmo salão da festa de encontro, mas fo-ram feitas várias modificações na decoração. Pensavam ser dedespedida. A mesma mulher que coordenara a festa anteriorestava à frente deste jantar, assim como seus seguranças, gar-
Estacionam o carro e caminharam até o salão onde ocorreua festa, no portão, o segurança indaga com a voz forte:— Posso ajudá-los, senhores?— Pode, sim — responde Diogo. Gostaríamos de falar comos responsáveis pela festa.— Senhorita Letícia é o nome dela, vou chamá-la.O segurança fala no radio com outro:— QAP Maike!— Prossiga! — diz numa voz seca.— Tem dois convidados que desejam falar com a senhorita Letícia.— Convidados?— Positivo, estavam aqui ontem.— Dá um X, vou procurá-la.Após alguns minutos responde:— QAP ponte!— Prossiga, Maike.— Libera os QRAs ai que a QRU está na cozinha e os espera.— Positivo TKS!— QRV.Depois dessa conversa, o segurança abriu o portão, fez sinal com a cabeça para que entrassem, depois disse:— Quem procuram está na cozinha, vão na fé, irmãos.Agradeceram e foram. Já arrumavam todo o salão para rece-berem toda a turma a noite, conforme co
Era 18h45. Franzino foi o primeiro a chegar, sentou-se nacadeira próximo à mesinha de vidro onde estava a caixa, sus-surrava. A festa começou 15h15, depois, às 17h13, a caixa desceu,para, às 17h15 se abrir, o convite a mim chegou a quinze dias dafesta. O que isso quer dizer?Letícia caminhava na sua direção com um vestido vermelho,quando chegou à mesa, pergunta, enquanto ainda sussurrava:— Posso me sentar?— Por favor! — diz, levantando-se para puxar-lhe a cadeiracomo um cavalheiro.— Obrigada. O que faz aqui, não se interessa por velórios?— Não gosto de dizer adeus aos mortos, prefiro dizer sejabem-vindo, mas até lá levo minha vida dessa forma.— Presumo que vai passar a noite toda só, pois com certezaseus amigos não virão.— Tenha paciência, logo estarão aqui, melhor se prepararpara servi-los.— Se tem tanta certeza — diz isso e se prepara para levantarquando ouv
Às 10h25, o carro de Franzino para de frente onde seria aresidência de Mayara, os dois descem do veículo e caminhamao portão lateral que era próprio para pedestres. Ela morava namesma casa, mas, agora, havia muros e portões grandes impos-sibilitando vê-la da rua.O detetive toca o interfone.— Pois não!— Meu nome é Franzino, sou amigo de infância de Mayara,gostaria de falar com ela. Por acaso está?— Franzino? Houve um silêncio, depois continuou. Ah!Sim há quanto tempo não te vejo, espere! Já vou indo. O baru-lho de desligar e em pouco tempo abre o portão.Vou pular a parte de saudações e conversas que não vêm aocaso e transportá-los para a sala, os três sentados no sofá ondeo assunto mais importa.Mas vou dizer que Franzino nunca foi amigo de Mayara,os dois só se conheciam porque ambos eram populares, masnunca se falaram, mesmo porque o rapaz só tinha olhos para 
A fantasia foi alugada, Franzino decidira ir de Chaplin. Tranquilamente deitado em sua cama, mãos atrás da nuca, per-nas esticadas e cruzadas. Dali olhou para a bíblia, estava aberta sobre o criado-mudo, estranho, pois havia fechado. Mas, por outro lado, também deixara o quarto todo bagunçado, talvez fosse obra das arrumadeiras.Preferindo confiar em seus instintos, levantou e foi até a bí-blia, estava aberta num salmo de amarelo grifado; “alegrei-me quando me disseram vamos à casa do senhor”. Na capa da bíblia, escrito de pincel atômico: “comunidade crista de mogi guaçu”.Significava uma coisa: as arrumadeiras tinham feito aquilo, ou alguém entrou no seu quarto.Correu para a sala de monitoramento, um careca de 1,89 de altura, ombros largos e cara fechada encontra-o no corredor e diz, puxando a porta da sala a suas costas:— Hóspedes não podem vir aqui, o andar é rest
Um homem de 38 anos acordou essa manhã, estava meiozonzo, estranhou, pois se lembrava de ter dormido na salaapós beber um refrigerante com o gosto diferente. Agora esta-va em sua cama.Sentiu algo no pescoço, então levou as mãos para tatear esaber o que era. Pode sentir, percebeu ser alguma coisa rela-cionada à coleira de cachorro. Assustado, levantou-se e foi aobanheiro, buscando o espelho.Sobre a pia, tinha um envelope escrito: abra e leia comatenção. Sua vida depende disso.Em desespero, abre o envelope e lê com atenção.Do outro lado da cidade...Levanta com a boca com gosto de cabo de guarda-chuva,descalço, caminha até o banheiro, olha para sua imagem, res-saca, dor de cabeça, esfrega o rosto, solta um som da boca en-quanto se espreguiça. Aproximava-se das 9h. Tinha que estarno escritório, pois realizaria um tribunal de júri.Escova os dentes, lava o rosto e se penteia, c
As coisas começam a complicar mais ainda, chega o mo-mento de enfrentar um assassino frio cara a cara, não olho no olho, mas como se fosse.Os seguranças do salão, nesse dia, estavam aflitos, suas famílias tinham sido ameaçadas se abandonassem a festa, só restava ficar lá e cumprir as exigências que receberam de um homem que che-gou apavorado, segurando um envelope endereçado a Letícia. Era por volta das 16h10 quando chegou, em seu pescoço trazia uma bomba, a carga era só para sua cabeça, mas o que amedrontou a todos foram essas palavras trazidas em uma folha, a qual leu pe-rante todos os funcionários da organizadora da festa:“Caros colaboradores (cita o nome de cada um e dos fami-liares que ameaça. Ex: fulano de tal, casado com... filho de... pai de... irmão de...), agradeço até agora o trabalho prestado, vocês são ótimos, podem terem a certeza que serão recomen-da