Em uma cidade de Minas Gerais, a psicóloga renomada,
mas cheia de problemas, quebrava seu juramente agindo com
falta de ética profissional, tratando-se com sua colega de profis-
são e amiga pessoal, por entender ser a melhor na área.
Havia acabado sua consulta com a doutora Carla Siqueira,
descia as escadas, após sair da sala, com grandes óculos de sol e
lenço no cabelo para não ser reconhecida, afinal, escrevia para
uma revista de repercussão nacional, poderia ser o fim de sua
carreira, seus conselhos eram comentados por todos. Seria um
furo de reportagem se tal notícia vazasse.
Chegando ao final dos degraus, um homem de terno preto
e gravata vermelha aproximou-se dela com um bilhete na mão,
disse, então, lhe estendendo-o:
— Pertence à senhora. Pegue.
— Quem é o senhor? Se for algum suborno nem adianta, a dr.
Carla é minha amiga, só venho aqui para vê-la. Sei que é hor
Já escurecia quando Franzino chega ao hotel, para o carro,o manobrista sorridente vem até a porta de seu automóvel,abre e diz:— Pode descer, sr., deixa que o estacione, enquanto outrofuncionário leva sua bagagem.— Sim, obrigado — diz, saindo do veiculo, enquanto olha-va para o hotel, lembrando-se de sua infância. De tantas vezesque brincara na praça da frente, encantado como os carros queparavam na frente do luxuoso cinco estrelas.— Como foi de viagem? — Ouviu o moço perguntar, mo-mentos antes de entrar no veículo.— Ham? Ah, sim, fiz sim, obrigado por perguntar. — res-ponde meio distraído, mas em seguida recupera a atenção.O moço sorri já tomando posição para sair, quando Fran-zino diz:— Tem algumas moedas no painel
Sábado às 15h15 como o convite relatava, as portas do salão de festa de Mogi Mirim, se abrem para receber os ilustres con-vidados.Seguranças com terno preto e gravata vermelha circulavam pelo local. Na frente do portão, que também se abriu, duas recepcionistas aguardavam para conferir os convites.Muitos já aguardavam do lado de fora no endereço combi-nado, mas estranharam porque estava tudo trancado e vazio, na hora combinada, cada um foi para o seu posto, então os convidados foram recebidos organizadamente.As mesas, todas bem arrumadas, com tudo que a alta so-ciedade tem direito, garçons que atenderiam por setores, boas bebidas, comidas de muitas variedades.A orquestra sobre o palco começa um som suave deixava o ambiente mais agradável.Aos poucos, os convidados vão chegando com seus fami-liares, ainda faltavam chegar Nanda, Márcia, Harlei e Sergio,
Aproximava-se do meio-dia e alguns ainda não haviam che-gado, com óculos de sol, ressaca e dor de cabeça, esperavam namesa de madeira onde jogaram o jogo da verdade, momentosantes de Fabíola ter a ideia da caixa.Estava ventando forte, as folhas secas se arrastavam na dire-ção norte, criando uma sensação de bem-estar, pois o sol estavaquente.Nanda senta-se ao lado de Franzino, delicadamente colocasua cabeça em seu ombro, como fazia quando eram adolescen-tes, respira fundo e diz:— Esse barulho das folhas me fez lembrar de quando erauma menina apavorada, e que aqui mesmo nesse banco recebiótimos conselhos de um grande amigo.— Os índios acreditam que o vento sempre aparece paranós lembrar que essa vida é passageira, e nada pode deter otempo. Suas virtudes, defeitos, certezas ou incertezas, nada po-dem detê-lo.— Quando ventou, me lembrei que nesse mesmo lugarmeu a
Às 19h15, domingo, começaram a servir o jantar. Um sabo-roso vinho foi servido e ninguém podia fazer desfeitas, afinal,era uma safra especial vinda direta da adega mais famosa detoda região. O único a relutar em saborear o vinho foi Harlei,por causa da sua religião, mas, como a recepcionista da festamuito insistiu, acabou aceitando.O vinho era maravilhoso. Tomavam e repetiam, não deixa-vam de elogiar a dona e amiga que já deixou um convite paratodos irem a Andradas degustar o suco de uva branca, especia-lidade da casa.O jantar foi no mesmo salão da festa de encontro, mas fo-ram feitas várias modificações na decoração. Pensavam ser dedespedida. A mesma mulher que coordenara a festa anteriorestava à frente deste jantar, assim como seus seguranças, gar-
Estacionam o carro e caminharam até o salão onde ocorreua festa, no portão, o segurança indaga com a voz forte:— Posso ajudá-los, senhores?— Pode, sim — responde Diogo. Gostaríamos de falar comos responsáveis pela festa.— Senhorita Letícia é o nome dela, vou chamá-la.O segurança fala no radio com outro:— QAP Maike!— Prossiga! — diz numa voz seca.— Tem dois convidados que desejam falar com a senhorita Letícia.— Convidados?— Positivo, estavam aqui ontem.— Dá um X, vou procurá-la.Após alguns minutos responde:— QAP ponte!— Prossiga, Maike.— Libera os QRAs ai que a QRU está na cozinha e os espera.— Positivo TKS!— QRV.Depois dessa conversa, o segurança abriu o portão, fez sinal com a cabeça para que entrassem, depois disse:— Quem procuram está na cozinha, vão na fé, irmãos.Agradeceram e foram. Já arrumavam todo o salão para rece-berem toda a turma a noite, conforme co
Era 18h45. Franzino foi o primeiro a chegar, sentou-se nacadeira próximo à mesinha de vidro onde estava a caixa, sus-surrava. A festa começou 15h15, depois, às 17h13, a caixa desceu,para, às 17h15 se abrir, o convite a mim chegou a quinze dias dafesta. O que isso quer dizer?Letícia caminhava na sua direção com um vestido vermelho,quando chegou à mesa, pergunta, enquanto ainda sussurrava:— Posso me sentar?— Por favor! — diz, levantando-se para puxar-lhe a cadeiracomo um cavalheiro.— Obrigada. O que faz aqui, não se interessa por velórios?— Não gosto de dizer adeus aos mortos, prefiro dizer sejabem-vindo, mas até lá levo minha vida dessa forma.— Presumo que vai passar a noite toda só, pois com certezaseus amigos não virão.— Tenha paciência, logo estarão aqui, melhor se prepararpara servi-los.— Se tem tanta certeza — diz isso e se prepara para levantarquando ouv
Às 10h25, o carro de Franzino para de frente onde seria aresidência de Mayara, os dois descem do veículo e caminhamao portão lateral que era próprio para pedestres. Ela morava namesma casa, mas, agora, havia muros e portões grandes impos-sibilitando vê-la da rua.O detetive toca o interfone.— Pois não!— Meu nome é Franzino, sou amigo de infância de Mayara,gostaria de falar com ela. Por acaso está?— Franzino? Houve um silêncio, depois continuou. Ah!Sim há quanto tempo não te vejo, espere! Já vou indo. O baru-lho de desligar e em pouco tempo abre o portão.Vou pular a parte de saudações e conversas que não vêm aocaso e transportá-los para a sala, os três sentados no sofá ondeo assunto mais importa.Mas vou dizer que Franzino nunca foi amigo de Mayara,os dois só se conheciam porque ambos eram populares, masnunca se falaram, mesmo porque o rapaz só tinha olhos para 
A fantasia foi alugada, Franzino decidira ir de Chaplin. Tranquilamente deitado em sua cama, mãos atrás da nuca, per-nas esticadas e cruzadas. Dali olhou para a bíblia, estava aberta sobre o criado-mudo, estranho, pois havia fechado. Mas, por outro lado, também deixara o quarto todo bagunçado, talvez fosse obra das arrumadeiras.Preferindo confiar em seus instintos, levantou e foi até a bí-blia, estava aberta num salmo de amarelo grifado; “alegrei-me quando me disseram vamos à casa do senhor”. Na capa da bíblia, escrito de pincel atômico: “comunidade crista de mogi guaçu”.Significava uma coisa: as arrumadeiras tinham feito aquilo, ou alguém entrou no seu quarto.Correu para a sala de monitoramento, um careca de 1,89 de altura, ombros largos e cara fechada encontra-o no corredor e diz, puxando a porta da sala a suas costas:— Hóspedes não podem vir aqui, o andar é rest