Será que agora vai? Torcendo pra nosso Caleb ter uma vida melhorzinha.
Fazia uma semana que eu tinha mudado completamente minha rotina. Eu estava na empresa do Lúcio como secretaria auxiliar. E tinha uma coisa, uma não, varias coisas que estavam me deixando louca. Primeiro delas, Lúcio, segundo, Phenelope e terceiro o trabalho. Achava que conhecia o Lúcio mas eu não conhecia nada dele no trabalho. Um homem focado no trabalho, extremamente preocupado com os setores e inclusive o de produção. Era dificil acompanha-lo sem pedir para repetir novamente tudo que ele falava.E se tinha uma coisa que eu tinha percebido é que ele não estava nem aí pra mim, mas esse fato eu reconhecia que era tudo graças a minha boca grande e respondona. Mas no fim eu não podia reclamar, o que eu ganhava eu nunca tinha tido a oportunidade de conseguir em toda minha vida de trabalho. Era reconhecida, recebia bem o suficiente pra pagar uma casa de verdade, bancar o Caleb até mesmo pagando uma escola pra ele. Na verdade esse era só meu pensar, ainda não tinha feito isso.O horário de
O despertador tocou. Era hora de levantar. Eram 6 horas da manhã, era realmente a hora de acordar. Acordar para mais um dia que me aguardava. Saí da cama num pulo. Era uma rotina puxada, de fato. Deixar tudo pronto para que minha avó não tivesse tanto trabalho. Afinal, ela já dava um duro em cuidar do Caleb por mim. Falando no Caleb, aquele pimpolho tinha que acordar para ir à escola. Enquanto preparava o café da manhã e boa parte do almoço para ajudar minha avó, percebi a figura do Caleb na soleira da porta da cozinha. — Bom dia, mãe. — Caleb falou, abafando a boca com um bocejo logo em seguida. — Bom dia, meu amor! — Me aproximei dele bagunçando seus cabelos loiros. — Corre pra o banho, senão vai se atrasar, hein! Ele me abraçou rapidamente e seguiu para o banheiro, que não ficava tão distante. Na verdade, nossa casa era, tecnicamente, uma "caixa de fosforo". Dois quartos muito pequenos. Mal cabia a cama e o nosso guarda-roupas, que por sinal, estava balançando. Eu preciso dar
Embora Marie estivesse todos os dias na casa da avó na parte da tarde, ele pouco vinha busca-la, a não ser seu motorista, Teodoro. Talvez fosse azar de Cecília. Ela tinha outro filho, o Carlos. Esse que não era visto, mesmo. Ele era afamosa "ovelha negra" da casa dos ricos e renomados Martins. Carlos vivia aos luxos, em viagens exuberantes e lugares luxuosos. Pobre Cecília. Já a vi ter discussões sérias com Carlos pelo telefone. Carlos superara Lúcio, com toda certeza. Após deixar a mesa pronta para o café da manhã, esperei que dona Cecília viesse tomar café, mas não a encontrei. Alguns minutos mais tarde, ouvi à voz de Cecília vindo do lado da lavanderia. Ela estava conversando com Jorge sobre uma lista de compras a serem feitas no Supermercado do Messias. Ele tinha um supermercado no condomínio o qual dona Cecília morava. Senti-me um pouco tonta. Estava faminta, mas eu tinha que me acostumar àquilo. Voltei à cozinha para beber uma xícara de café. Encontrando Cecília, fiz isso o m
Eu senti um impulso, foi como um susto. Ergui o corpo para frente me fazendo acordar imediatamente. Era aquele famoso susto que nos dizem que estamos crescendo, mas de uma forma mais intensa, eram como espasmos. Ergui meu corpo passando as mãos sobre meus cabelos soltos. Demorei um pouco pra raciocinar, pra entender onde estava. Aos poucos flashes e memórias começaram surgir, e foi devastador lembrar o que tinha acontecido. Minha primeira reação foi levantar da cama com um pulo, mesmo ficando tonta e caindo logo em seguida. Não conseguia e não podia acreditar no que tinha acontecido, não conseguia aceitar que fui testemunha ocular da morte da minha patroa, eu não posso negar, estou com medo. Uma enfermeira abriu a porta e quando percebeu meu estado ela veio correndo em minha direção logo que me viu sentada tentando erguer meu corpo que parecia pesado e fraco. — O que aconteceu? A senhorita está bem?— Ela questionou segurando-me passando meus braços por seu pescoço. Meu estômago do
— Olha garota!— Ele voltou puxar meu braço direito. Seu telefone tocou. Vi ele fazer uma careta e resmungar soltando meu braço pra encarar o visor do chamador. — O que é?— Sua voz saiu grave e séria. Lúcio parecia totalmente sem humor algum. — Eu já disse que não Gabriela. Siga a sua vida e me deixe com os meus problemas, não era isso que você queria? Enquanto ele falava o que parecia ser com sua esposa ou ex-esposa , Eu não entendia ao pé da letra o estado atual dele e a mãe da Marie. Percebi o curto período em que ele deu atenção fixa ao que ouvia no telefone. Aproveitei a oportunidade para finalmente fugir daquela situação, mas Lúcio ao contrário do que eu pensei me puxou novamente pelo pulso me virando contra a parede novamente enquanto praticamente pedia em pensamento que a ligação finalizasse logo. Minhas costas doeram no exato momento em que senti ser presa contra a parede. — Hum!— Resmunguei. Usei a mão esquerda que estava livre para puxar os cabelos que estavam sobre meu r
Os dias estavam passando de pressa, já se passara uma semana desde em que fui detida. Eu não tinha notícias de meu filho, muito menos de minha vó, também não tive condições de pagar se quer um advogado. Quanto mais o tempo passava pior se tornava a situação ao meu respeito. Por mais que insistisse que não sou culpada, que falasse por detalhes tudo que aconteceu naquele dia, parecia asneira aos ouvidos dos investigadores e promotores. Eu não imaginava que a situação ficaria tão desesperadora. Minha vó estaria angustiada com tudo aquilo, eu tinha certeza. Eu precisava pensar no que fazer no que falar. Mas era praticamente "ridículo" como o próprio investigador ácido me falara á uns dias atrás. — Isso está ridículo Samira, o tempo tá passando e quanto mais você insiste em negar menos tempo e chance você tem, veja bem... — Ele puxou a cadeira sentando a minha frente. — Você se safaria muito melhor se aceitasse as acusações, seria ré primária, ficha criminal linda e limpa, você conseguir
— Você está enganada, antes de acusar eu preciso de provas e antes de defender provas também. O que te faz achar que apenas palavras bastam quando os acontecimentos levam a outra direção? Se quiser ajuda você mesma precisa se ajudar. Comece raciocinando, o que de diferente aconteceu aquele dia, antes do trágico final. Isso já pode ser de ajuda.— O cara era bom de verdade, ele conseguiu me persuadir. De forma calma branda e inexpressiva ele conseguiu me vencer na batalha e raciocinar, que foi algo que eu não fiz durante essa semana inteira. Eu estava tão desesperada em dizer que era inocente que não tive nem ideia de raciocinar e tentar desvendar o que aconteceu, porque se Cecília foi envenenada, isso porque alguém fez isso, porque eu não tinha feito aquilo. Eu tinha que me concentrar no mistério, no diferente, no inesperado e não no óbvio que era a minha inocência. Embora as provas estivessem me incriminando eu precisava achar o elo frágil dessa investigação, ele me traria brecha qu
Dois dias depois eu fui chamada sendo informada que tinha uma visita. Eu estava tão eufórica! Por um momento imaginei que fosse a minha vó. Mas quando adentrei a sala vi que se tratava do Carlos. Meu semblante passou de alegria e euforia para desconforto e medo. Sinceramente Carlos não me fazia bem, sentia-me assustada, desde a última vez fiquei apreensiva, nosso encontro não foi dos melhores. Minha cabeça ainda doía daquela batida na mesa, mas resolvi ouvi-lo, quem sabe ele peça desculpas. Percebi que não tinha nada a ver com o que eu pensei, quando vi ele dispensando o policial que era obrigado a fazer vigia no lado de fora da porta. Também percebi que ele aproximou-se mais do que o necessário daquele homem, o que aparentou que estava pagando para o policial nos deixar sozinhos. Eu permaneci com minha expressão a mesma, não mostraria que estava com medo daquilo. Eu sempre soube que Carlos deu trabalho a Cecília, e era óbvio pra mim, visto que sempre ouvia as discussões de ambos ao