As pupilas de Bruno estavam escuras, e seu corpo tremia. Seu olhar atravessou a multidão agitada, percorrendo todo o espaço da sala até encontrar o meu. Vi sua mão ao lado do corpo lentamente se fechar, como se tivesse ouvido algo inacreditável, e ele me olhou de forma atônita, como se nunca tivesse me conhecido. Sorri para ele, lágrimas cristalinas escorrendo pelos cantos dos meus olhos, e o chamei: — Bruno, eu te odeio! Eu fui empurrada de um lado para o outro, meu corpo já não tinha mais sensibilidade, e tudo o que passava pela minha mente eram as pequenas lembranças de mim e Bruno. No passado, eu gostava tanto de fazer manha para ele. Quando estávamos juntos, eu me esfregava nele como um gatinho, insistindo para chamá-lo de marido. Eu ficava corada, pedindo que ele me beijasse, que me amasse. Eu o amava, e estava disposta a dar tudo de mim para ele. Minhas lágrimas caíram, e Bruno, no fim, não pôde se conter e veio em minha direção a passos largos. Ele deu um chut
Eu o encarava com uma expressão vazia, aguardando que ele completasse a assinatura. Gisele puxou a manga de camisa dele, mas ele não reagiu nem um pouco. O sorriso no rosto dela foi forçado. — Irmão, se você não quiser mais se divorciar de Ana, eu sou a primeira a concordar. Enquanto falava, seu sorriso se ampliou, e ela até deu um salto de alegria. Bruno, no entanto, permaneceu imóvel. Todos na sala prenderam a respiração, esperando que ele assinasse, mas de repente, ele rasgou o acordo em pedaços. Quando falou, sua voz tremia: — Você quer ir para a prisão? Se você se divorciar de mim agora, ninguém vai se importar com você. Eu te pergunto: você quer ir para a prisão? Bruno elevou o tom e soltou uma risada amarga. Respirei fundo. — Não preciso que você se preocupe comigo. Assine logo e suma daqui com ela. Gisele deu de ombros. — Ana, por que você não escuta? Está sendo mais teimosa do que eu. Irmão, se você quiser, eu nem ligo mais, vamos levá-la embora, não fa
Mais uma tesourada e meus longos cabelos foram levados pelo vento até caírem sobre ele, como se fossem correntes quebradas que, por mais que tentassem, não conseguiriam nos prender. Eventualmente, cairiam impotentes ao chão.Meus dedos deslizaram pelas mechas, até as pontas dos fios. No instante em que senti o vazio ao alcançar o final, meu coração também se esvaziou.Pensei silenciosamente: "Está bom assim."Com um novo corte de cabelo, combinaria nova maquiagem e novo estilo de roupas, para viver uma vida em que Bruno não existiria mais.Cortei novamente, mas a tesoura foi arrancada das minhas mãos e jogada no chão.Ele, que sempre foi tão calmo, agora parecia furioso:— Ana, eu não permito! Você está destinada a se enredar comigo por toda a vida!Que maldição cruel!Mas, mesmo sendo uma maldição destinada a mim, alguém ao nosso redor reagiu de forma ainda mais intensa.— Irmão!Gisele avançou de repente, tentando nos separar. Bruno lançou um olhar furioso para ela, perdendo completa
— O quê?Fiquei completamente atordoada com a pergunta repentina dele e continuei lutando com mais força para me soltar.— Estou perguntando. — Ele sussurrou, mordiscando levemente o meu lóbulo da orelha. — Você já levou a sério o casamento arranjado?Eu admitia que era fraca. Mesmo que não tivéssemos passado muito tempo juntos como marido e mulher, ele já conhecia bem os meus pontos sensíveis.Eu, como se fosse um gatinho com a nuca presa, estava incapaz de fazer qualquer coisa além de gemer em seus braços, perdendo toda a força para resistir.Quando a ponta da língua dele deslizou dentro do meu ouvido, foi como se uma explosão acontecesse na minha mente!— Não faça isso.Fechei os olhos, lutando contra a sensação, mas logo os abri de novo!Percebi que, com os olhos fechados, os sons embaraçosos dos beijos e das sucções dele ficavam amplificados na minha mente, e meu corpo respondeu de forma vergonhosa.Incapaz de suportar, arqueei o corpo contra ele, mas ele se afastou de propósito,
Gisele mordeu os lábios vermelhos, seus olhos úmidos e cheios de sombra.Quando a vi parada atrás de mim e de Bruno, fiquei paralisada de susto. Não sabia há quanto tempo ela estava ali, nem por quanto tempo nos observava. Talvez ela nunca tivesse saído, talvez estivesse assistindo por horas. Isso significava que havia uma grande chance de que, durante todo aquele momento constrangedor entre mim e Bruno, ela estivesse sempre presente!Seus olhos estavam vermelhos, e sua mente, perturbada pela situação, não funcionava direito. Ela abandonou todas as aparências, agindo quase que inteiramente por instinto. Se aproveitando de um momento em que baixei a cabeça, correu até mim e, agarrando a tesoura que estava no chão, cortou mais um mecho do meu cabelo.— Devolva meu irmão! Devolva meu irmão! — Ela gritava, completamente descontrolada.Nesse instante, o tempo parecia ter parado. Ninguém falou, ninguém se moveu. Só o som dos fios do meu cabelo caindo ao chão preenchia o silêncio.Os fios
Os olhos frios de Bruno, como os de uma serpente venenosa, olharam silenciosa e sombriamente para Nelson.— Gisele é suspeita de instigação ao crime, contratação de assassinos para falsa acusação, e temos provas testemunhais e materiais suficientes. Agora precisamos prendê-la para investigação, por favor, Presidente Bruno, colabore conosco!Ao ouvir isso, franzi as sobrancelhas.Esse resultado foi um pouco diferente do que eu esperava!Ainda assim, serviu para aliviar a angústia que eu senti nos últimos dias. Sem deixar meus olhos se encherem de lágrimas, Bruno ergueu os olhos para mim.No entanto, meu corpo estava completamente bloqueado, então, por mais que ele tentasse, seria em vão; seu olhar só conseguia se fixar em Rui.Ele sorriu com arrogância, levantando uma sobrancelha.Nelson tirou sua identificação.— Por favor, Presidente Bruno, não obstrua o cumprimento do dever, caso contrário, meus homens poderão prendê-lo junto.— Você é muito ousado.— Eu não fiz nada, irmão, salve-me
No hospital, Bruno Henrique aprumou-se em toda a sua altura, destacando-se na multidão.— Não é da sua conta, pode ir embora.Mal tinha me aproximado quando ouvi ele dizer isso, e o saco que eu segurava foi tirado das minhas mãos. A meia-irmã de Bruno foi levada ao hospital no meio da noite, e minha única função, como cunhada, era apenas trazer algumas roupas, nada além do que uma empregada faria. Estávamos casados há quatro anos, e eu já estava acostumada à frieza dele, então fui falar com o médico para entender a situação. O médico disse que o ânus da paciente estava rompido, causado pelo ato de fazer amor com um parceiro.Naquele instante, senti como se tivesse caído em um poço de gelo, o frio invadindo-me dos pés à cabeça.Que eu soubesse, Gisele Silva não tinha namorado, e quem a levou ao hospital naquela ocasião foi meu marido.O médico ajustou os óculos no nariz e me olhou com certa pena.— Os jovens hoje em dia gostam de buscar novas emoções e procurar por estímulos.— O qu
Minha visão caiu sobre a calça de Bruno, que estava jogada ao lado da cama, com o cós frouxo e distorcido formando um rosto choroso, e um canto de seu celular preto deslizando para fora, parecendo mais triste com as lágrimas.Na vida matrimonial, acreditava que tanto o amor quanto a privacidade eram importantes. Sempre demos espaço um ao outro e nunca mexemos no celular do parceiro.Mas hoje, depois de vasculhar até o escritório, pensei que também deveria olhar o celular dele.Peguei o celular e com pressa, mergulhei debaixo das cobertas até cobrir minha cabeça.Eu estava muito nervosa.Diziam que ninguém conseguia manter um sorriso no rosto após verificar o celular do parceiro. Eu tinha medo de encontrar provas de sua traição com Gisele ou de não encontrar nada e parecer que não confiava nele.Ao pensar no bracelete que ele gostava de usar todos os dias, meus dentes começaram a tremer.“Bruno, o que você está escondendo de mim? O que realmente importa para você?”Errei a senha várias