— O quê?Fiquei completamente atordoada com a pergunta repentina dele e continuei lutando com mais força para me soltar.— Estou perguntando. — Ele sussurrou, mordiscando levemente o meu lóbulo da orelha. — Você já levou a sério o casamento arranjado?Eu admitia que era fraca. Mesmo que não tivéssemos passado muito tempo juntos como marido e mulher, ele já conhecia bem os meus pontos sensíveis.Eu, como se fosse um gatinho com a nuca presa, estava incapaz de fazer qualquer coisa além de gemer em seus braços, perdendo toda a força para resistir.Quando a ponta da língua dele deslizou dentro do meu ouvido, foi como se uma explosão acontecesse na minha mente!— Não faça isso.Fechei os olhos, lutando contra a sensação, mas logo os abri de novo!Percebi que, com os olhos fechados, os sons embaraçosos dos beijos e das sucções dele ficavam amplificados na minha mente, e meu corpo respondeu de forma vergonhosa.Incapaz de suportar, arqueei o corpo contra ele, mas ele se afastou de propósito,
Gisele mordeu os lábios vermelhos, seus olhos úmidos e cheios de sombra.Quando a vi parada atrás de mim e de Bruno, fiquei paralisada de susto. Não sabia há quanto tempo ela estava ali, nem por quanto tempo nos observava. Talvez ela nunca tivesse saído, talvez estivesse assistindo por horas. Isso significava que havia uma grande chance de que, durante todo aquele momento constrangedor entre mim e Bruno, ela estivesse sempre presente!Seus olhos estavam vermelhos, e sua mente, perturbada pela situação, não funcionava direito. Ela abandonou todas as aparências, agindo quase que inteiramente por instinto. Se aproveitando de um momento em que baixei a cabeça, correu até mim e, agarrando a tesoura que estava no chão, cortou mais um mecho do meu cabelo.— Devolva meu irmão! Devolva meu irmão! — Ela gritava, completamente descontrolada.Nesse instante, o tempo parecia ter parado. Ninguém falou, ninguém se moveu. Só o som dos fios do meu cabelo caindo ao chão preenchia o silêncio.Os fios
Os olhos frios de Bruno, como os de uma serpente venenosa, olharam silenciosa e sombriamente para Nelson.— Gisele é suspeita de instigação ao crime, contratação de assassinos para falsa acusação, e temos provas testemunhais e materiais suficientes. Agora precisamos prendê-la para investigação, por favor, Presidente Bruno, colabore conosco!Ao ouvir isso, franzi as sobrancelhas.Esse resultado foi um pouco diferente do que eu esperava!Ainda assim, serviu para aliviar a angústia que eu senti nos últimos dias. Sem deixar meus olhos se encherem de lágrimas, Bruno ergueu os olhos para mim.No entanto, meu corpo estava completamente bloqueado, então, por mais que ele tentasse, seria em vão; seu olhar só conseguia se fixar em Rui.Ele sorriu com arrogância, levantando uma sobrancelha.Nelson tirou sua identificação.— Por favor, Presidente Bruno, não obstrua o cumprimento do dever, caso contrário, meus homens poderão prendê-lo junto.— Você é muito ousado.— Eu não fiz nada, irmão, salve-me
Bruno levantou o braço e o apoiou no meu ombro, puxando-me para perto dele, como se estivesse declarando posse! Quanto mais eu tentava me soltar, mais forte ele me segurava.De repente, uma perna se interpôs entre nós, forçando ele a me soltar. Nelson recolheu a perna e, no instante em que explodiu de raiva, sua postura mudou completamente. Ele parecia ainda mais frio e impiedoso do que antes. Mas sua frieza era diferente da de Bruno. Enquanto um carregava a autoridade de quem sempre esteve no poder, o outro emanava a violência afiada de quem vivia à beira do perigo.Nelson estendeu a mão para desabotoar o uniforme e o tirou cuidadosamente, dobrando-o ao lado. — Vestido de policial, não posso te tocar. Mas sem o uniforme, vou te fazer implorar de joelhos!Assim que terminou de falar, ele avançou contra Bruno, que me empurrou para o lado. A briga entre eles estava em um nível completamente diferente da que tive com Rui; eu não conseguia sequer intervir. Rui, que havia acabado d
Bruno não veio atrás de mim; ele tinha algo mais importante para fazer. Gisele ainda o esperava. Nelson e eu nos despedimos em frente à porta do centro de detenção, e quando me virei, ele me chamou: — Ana. Olhei para trás e vi sua mandíbula afiada tensa, com seus belos olhos escondidos sob a aba do boné. Hesitei por um momento, e um sorriso suave se espalhou pelo meu rosto. — Desta vez, devo muito a você. Quando essa confusão acabar, vou te convidar para jantar. Só não sei se você, com sua agenda lotada, terá tempo. — Claro, terei sim. — Seus olhos brilharam, e a voz era suave. Sorri, compreendendo. — Ótimo, então tem que vir. Traga seus amigos também, eu pago. — Não te ajudei por causa desse jantar. — Ele balançou levemente a cabeça, com uma pitada de resignação na voz. — Claro que sei disso. Caso contrário, não teria sido você a pessoa em quem pensei quando precisei de ajuda. Você me ajudou muito, e eu realmente quero te agradecer. Nelson pareceu perceber minh
— Sra. Henriques, está com tanta pressa de me encontrar assim? — Ele perguntou com um tom de provocação.O vapor quente que ficou no ar depois do banho não conseguia aquecer meu corpo. O tecido gelado do seu terno tocou minha pele, me fazendo tremer violentamente de frio.Levantei os olhos para ele; a mudança brusca de temperatura me fazia estremecer.— Quem te deixou entrar? Você me prometeu que não apareceria mais na minha casa sem avisar!Ele não respondeu. Com uma firmeza fria, agarrou meu pulso e me empurrou para dentro. Minhas costas colidiram fortemente contra a parede gelada.— Bruno, o que está fazendo? — Lutei para me soltar.Ele inclinou a cabeça levemente, na medida exata. Seus olhos, frios e calculados, me encaravam, enquanto seus lábios se apertavam de maneira contida, mantendo um equilíbrio perigoso entre beleza e ameaça.Mas eu não tinha ânimo para apreciar isso.No momento em que nossos olhares se encontraram, ele abaixou a cabeça e me beijou com força. O sabor forte d
Bruno se aproximou de mim, abaixando a cabeça enquanto me lançava um olhar frio e penetrante. — O rancor entre nós dois não pode ser resolvido em uma ou duas frases. Mesmo que pudéssemos resolver o que há entre nós, entre você e Gisele isso nunca seria possível.Eu realmente não conseguia entender a lógica dele. Por que pessoas destinadas a não se amarem nesta vida precisavam continuar se torturando mutuamente? A vida era curta, e se tivessem sorte de viver até os oitenta ou noventa anos, seria ótimo. Mas meu pai morreu aos quarenta e seis, e eu não queria continuar me envolvendo com ele. Afinal, já desperdicei vinte anos da minha vida com ele. Bruno desprezava falar de amor comigo, mas eu tinha que admitir: eu o amei. E seu comportamento atual, essa insistência, me envergonhava e me machucava ainda mais do que todos os anos de amor não correspondido. Ninguém poderia amar uma pessoa para sempre. Eu queria seguir em frente, mas agora parecia impossível.— Entre mim e ela não
Abaixei o olhar, me sentindo envergonhada. Recuperei a calma e procurei a toalha para me cobrir novamente, apenas então senti um pouco de segurança no fundo do meu coração. Bruno já havia chegado à porta nesse momento. Eu o chamei: — Você não tem medo que eu me vingue da Gisele por me tratar assim? Bruno olhou para trás com um sorriso frio. — Sra. Henriques, você nunca me sabia. — Eu o encarei, confusa, e ele continuou: — Quando o gato pega o rato, ele brinca com ele antes. Já viu um gato com medo de irritar o rato? Sra. Henriques, estou esperando você vir me implorar. Assim que terminou de falar, ele bateu a porta com força e saiu. Eu ri ironicamente, me levantei e fui à porta. Enquanto ele esperava o elevador, mudei a senha da porta na frente dele. Quando a nova senha foi confirmada, bati a porta com força! ... Nos dias seguintes, não vi mais Bruno. Passei a frequentar a delegacia e o Escritório de Advocacia X com frequência. Recusei qualquer evento social que f