Os olhos frios de Bruno, como os de uma serpente venenosa, olharam silenciosa e sombriamente para Nelson.— Gisele é suspeita de instigação ao crime, contratação de assassinos para falsa acusação, e temos provas testemunhais e materiais suficientes. Agora precisamos prendê-la para investigação, por favor, Presidente Bruno, colabore conosco!Ao ouvir isso, franzi as sobrancelhas.Esse resultado foi um pouco diferente do que eu esperava!Ainda assim, serviu para aliviar a angústia que eu senti nos últimos dias. Sem deixar meus olhos se encherem de lágrimas, Bruno ergueu os olhos para mim.No entanto, meu corpo estava completamente bloqueado, então, por mais que ele tentasse, seria em vão; seu olhar só conseguia se fixar em Rui.Ele sorriu com arrogância, levantando uma sobrancelha.Nelson tirou sua identificação.— Por favor, Presidente Bruno, não obstrua o cumprimento do dever, caso contrário, meus homens poderão prendê-lo junto.— Você é muito ousado.— Eu não fiz nada, irmão, salve-me
Bruno levantou o braço e o apoiou no meu ombro, puxando-me para perto dele, como se estivesse declarando posse! Quanto mais eu tentava me soltar, mais forte ele me segurava.De repente, uma perna se interpôs entre nós, forçando ele a me soltar. Nelson recolheu a perna e, no instante em que explodiu de raiva, sua postura mudou completamente. Ele parecia ainda mais frio e impiedoso do que antes. Mas sua frieza era diferente da de Bruno. Enquanto um carregava a autoridade de quem sempre esteve no poder, o outro emanava a violência afiada de quem vivia à beira do perigo.Nelson estendeu a mão para desabotoar o uniforme e o tirou cuidadosamente, dobrando-o ao lado. — Vestido de policial, não posso te tocar. Mas sem o uniforme, vou te fazer implorar de joelhos!Assim que terminou de falar, ele avançou contra Bruno, que me empurrou para o lado. A briga entre eles estava em um nível completamente diferente da que tive com Rui; eu não conseguia sequer intervir. Rui, que havia acabado d
Bruno não veio atrás de mim; ele tinha algo mais importante para fazer. Gisele ainda o esperava. Nelson e eu nos despedimos em frente à porta do centro de detenção, e quando me virei, ele me chamou: — Ana. Olhei para trás e vi sua mandíbula afiada tensa, com seus belos olhos escondidos sob a aba do boné. Hesitei por um momento, e um sorriso suave se espalhou pelo meu rosto. — Desta vez, devo muito a você. Quando essa confusão acabar, vou te convidar para jantar. Só não sei se você, com sua agenda lotada, terá tempo. — Claro, terei sim. — Seus olhos brilharam, e a voz era suave. Sorri, compreendendo. — Ótimo, então tem que vir. Traga seus amigos também, eu pago. — Não te ajudei por causa desse jantar. — Ele balançou levemente a cabeça, com uma pitada de resignação na voz. — Claro que sei disso. Caso contrário, não teria sido você a pessoa em quem pensei quando precisei de ajuda. Você me ajudou muito, e eu realmente quero te agradecer. Nelson pareceu perceber minh
— Sra. Henriques, está com tanta pressa de me encontrar assim? — Ele perguntou com um tom de provocação.O vapor quente que ficou no ar depois do banho não conseguia aquecer meu corpo. O tecido gelado do seu terno tocou minha pele, me fazendo tremer violentamente de frio.Levantei os olhos para ele; a mudança brusca de temperatura me fazia estremecer.— Quem te deixou entrar? Você me prometeu que não apareceria mais na minha casa sem avisar!Ele não respondeu. Com uma firmeza fria, agarrou meu pulso e me empurrou para dentro. Minhas costas colidiram fortemente contra a parede gelada.— Bruno, o que está fazendo? — Lutei para me soltar.Ele inclinou a cabeça levemente, na medida exata. Seus olhos, frios e calculados, me encaravam, enquanto seus lábios se apertavam de maneira contida, mantendo um equilíbrio perigoso entre beleza e ameaça.Mas eu não tinha ânimo para apreciar isso.No momento em que nossos olhares se encontraram, ele abaixou a cabeça e me beijou com força. O sabor forte d
Bruno se aproximou de mim, abaixando a cabeça enquanto me lançava um olhar frio e penetrante. — O rancor entre nós dois não pode ser resolvido em uma ou duas frases. Mesmo que pudéssemos resolver o que há entre nós, entre você e Gisele isso nunca seria possível.Eu realmente não conseguia entender a lógica dele. Por que pessoas destinadas a não se amarem nesta vida precisavam continuar se torturando mutuamente? A vida era curta, e se tivessem sorte de viver até os oitenta ou noventa anos, seria ótimo. Mas meu pai morreu aos quarenta e seis, e eu não queria continuar me envolvendo com ele. Afinal, já desperdicei vinte anos da minha vida com ele. Bruno desprezava falar de amor comigo, mas eu tinha que admitir: eu o amei. E seu comportamento atual, essa insistência, me envergonhava e me machucava ainda mais do que todos os anos de amor não correspondido. Ninguém poderia amar uma pessoa para sempre. Eu queria seguir em frente, mas agora parecia impossível.— Entre mim e ela não
Abaixei o olhar, me sentindo envergonhada. Recuperei a calma e procurei a toalha para me cobrir novamente, apenas então senti um pouco de segurança no fundo do meu coração. Bruno já havia chegado à porta nesse momento. Eu o chamei: — Você não tem medo que eu me vingue da Gisele por me tratar assim? Bruno olhou para trás com um sorriso frio. — Sra. Henriques, você nunca me sabia. — Eu o encarei, confusa, e ele continuou: — Quando o gato pega o rato, ele brinca com ele antes. Já viu um gato com medo de irritar o rato? Sra. Henriques, estou esperando você vir me implorar. Assim que terminou de falar, ele bateu a porta com força e saiu. Eu ri ironicamente, me levantei e fui à porta. Enquanto ele esperava o elevador, mudei a senha da porta na frente dele. Quando a nova senha foi confirmada, bati a porta com força! ... Nos dias seguintes, não vi mais Bruno. Passei a frequentar a delegacia e o Escritório de Advocacia X com frequência. Recusei qualquer evento social que f
Bruno era ainda mais astuto do que eu havia imaginado. Assim como minha mãe, Sofia, havia dito, ele parecia estar esperando o momento certo. Depois que minha negociação com ela fracassou, ele começou a agir sem nenhuma reserva. Mexi no celular, considerando ligar para Bruno. Mas, depois de pensar um pouco, desisti. O que ele poderia me dizer? Provavelmente apenas me ridicularizou, com aquele ar de superioridade, pelo quão impotente eu me sentia. Deslizei os dedos suavemente sobre o mouse, olhando com relutância para os documentos que Juan acabara de me enviar. A amiga de Gisele, chamada Wilma Silva, tinha o mesmo sobrenome que ela. As duas se tornaram boas amigas na faculdade, convivendo em harmonia. Agora, Wilma assumiu a culpa por todo o incidente, alegando que Gisele não tinha nada a ver com aquilo. Wilma, uma universitária com uma história familiar complicada, pais divorciados e carente de afeto, aparentemente preenchia essa lacuna emocional através da amizade com Gis
Assim que ele terminou de falar, o ambiente ficou um pouco mais silencioso. Rui, com um sorriso um tanto provocador, me perguntou:— Ana, o que você disse agora há pouco?— Eu disse que nunca mais teremos contato.Rui balançou a cabeça.— A frase anterior?— Eu te agradeci.Rui apertou os dentes e, com a voz rouca, disse:— Estou no Imperial Court Clubhouse. Se quer me agradecer, venha pessoalmente. Só não sei se você tem coragem de aparecer!Achei aquilo um tanto engraçado, mas, olhando para a expressão de Rui, percebi que ele não esperava que eu fosse até lá para agradecer; parecia mais que ele queria brigar.— Vou. — Respondi com firmeza. Não gosto de ficar em dívida com ninguém, embora soubesse que agradecer a Rui não seria tão simples quanto parecia.Desliguei a videochamada. Ao lembrar da roupa casual que Rui vestia, ficou claro que não era um evento formal, então optei por uma roupa mais descontraída também.Olhei para o reflexo no espelho, para o meu cabelo médio, cortado na al