Abaixei o olhar, me sentindo envergonhada. Recuperei a calma e procurei a toalha para me cobrir novamente, apenas então senti um pouco de segurança no fundo do meu coração. Bruno já havia chegado à porta nesse momento. Eu o chamei: — Você não tem medo que eu me vingue da Gisele por me tratar assim? Bruno olhou para trás com um sorriso frio. — Sra. Henriques, você nunca me sabia. — Eu o encarei, confusa, e ele continuou: — Quando o gato pega o rato, ele brinca com ele antes. Já viu um gato com medo de irritar o rato? Sra. Henriques, estou esperando você vir me implorar. Assim que terminou de falar, ele bateu a porta com força e saiu. Eu ri ironicamente, me levantei e fui à porta. Enquanto ele esperava o elevador, mudei a senha da porta na frente dele. Quando a nova senha foi confirmada, bati a porta com força! ... Nos dias seguintes, não vi mais Bruno. Passei a frequentar a delegacia e o Escritório de Advocacia X com frequência. Recusei qualquer evento social que f
Bruno era ainda mais astuto do que eu havia imaginado. Assim como minha mãe, Sofia, havia dito, ele parecia estar esperando o momento certo. Depois que minha negociação com ela fracassou, ele começou a agir sem nenhuma reserva. Mexi no celular, considerando ligar para Bruno. Mas, depois de pensar um pouco, desisti. O que ele poderia me dizer? Provavelmente apenas me ridicularizou, com aquele ar de superioridade, pelo quão impotente eu me sentia. Deslizei os dedos suavemente sobre o mouse, olhando com relutância para os documentos que Juan acabara de me enviar. A amiga de Gisele, chamada Wilma Silva, tinha o mesmo sobrenome que ela. As duas se tornaram boas amigas na faculdade, convivendo em harmonia. Agora, Wilma assumiu a culpa por todo o incidente, alegando que Gisele não tinha nada a ver com aquilo. Wilma, uma universitária com uma história familiar complicada, pais divorciados e carente de afeto, aparentemente preenchia essa lacuna emocional através da amizade com Gis
Assim que ele terminou de falar, o ambiente ficou um pouco mais silencioso. Rui, com um sorriso um tanto provocador, me perguntou:— Ana, o que você disse agora há pouco?— Eu disse que nunca mais teremos contato.Rui balançou a cabeça.— A frase anterior?— Eu te agradeci.Rui apertou os dentes e, com a voz rouca, disse:— Estou no Imperial Court Clubhouse. Se quer me agradecer, venha pessoalmente. Só não sei se você tem coragem de aparecer!Achei aquilo um tanto engraçado, mas, olhando para a expressão de Rui, percebi que ele não esperava que eu fosse até lá para agradecer; parecia mais que ele queria brigar.— Vou. — Respondi com firmeza. Não gosto de ficar em dívida com ninguém, embora soubesse que agradecer a Rui não seria tão simples quanto parecia.Desliguei a videochamada. Ao lembrar da roupa casual que Rui vestia, ficou claro que não era um evento formal, então optei por uma roupa mais descontraída também.Olhei para o reflexo no espelho, para o meu cabelo médio, cortado na al
Assim que terminei de falar, as expressões das pessoas no quarto eram variadas.Depois de crescer, meus círculos sociais e os de Rui não se cruzavam mais. A maioria das pessoas ali eu não conhecia, mas os olhares de quem estava esperando por um espetáculo eram evidentes demais. Talvez tivessem ouvido falar de mim pelo Twitter de Rui, sabendo da nossa relação hostil.Antes que Rui pudesse responder, uma garota que parecia jovem se levantou. Ela estava sentada ao lado de Rui, bem próxima a ele. Mesmo de pé, o ombro de Rui quase tocava as coxas dela. Fiquei curiosa sobre o gosto de Rui, me perguntando que tipo de garota ele preferia. Acabei observando-a um pouco mais.Ela tinha um rosto impressionante, muito bonito. Mesmo com uma maquiagem leve, havia algo de afiado em suas feições, e suas unhas pintadas em um chamativo tom de rosa brilhante acentuavam ainda mais sua atitude.Seguindo o gesto de Rui, ela também jogou a taça de vinho aos meus pés. Ao contrário de Rui, que conseguia co
— Ouviu dizer algum grande astro que não tenha caído em desgraça após se envolver em escândalos? Está rogando praga para minha empresa falir, é isso?Heloísa, como uma verdadeira veterana da indústria do entretenimento, era hábil em captar as mudanças sutis no tom e nas expressões alheias. Ela assentiu vigorosamente antes de voltar para o lado de Rui, assumindo uma postura de fragilidade.— De fato, eu e o Sr. Rui somos completamente inocentes, então parem de falar bobagens.Apesar de suas palavras, ela entrelaçou o braço de Rui e encostou a cabeça delicadamente em seu ombro. Seu gesto, mais do que palavras, dizia tudo.— Você é a Ana, certo?Transformá-la de namorada de Rui em uma nova estrela emergente do entretenimento havia alimentado o ódio que ela nutria por mim, e suas palavras eram ainda mais afiadas que as de Rui.— Há pouco, ouvi você dizer que queria agradecer ao nosso Sr. Rui. Mas no seu coração, a gratidão pelo nosso Sr. Rui vale apenas uma taça de vinho?...Rui já estav
As palavras de Bruno deixaram todos ao redor surpresos. Não foi uma surpresa que ele estivesse me ajudando, mas sim o fato de que, aparentemente, eu era sua esposa.Heloísa ficou tão abalada que suas pernas fraquejaram, e ela desabou no sofá. — Sra. Henriques? — Sua voz soou incrédula.Para ser sincera, se Rui não estivesse envolvido, eles jamais teriam qualquer contato com alguém do calibre de Bruno. Portanto, era natural que desconhecessem minha verdadeira identidade.Rui, por sua vez, estava com o rosto fechado. Era evidente que ele estava irritado, e sua voz, carregada de ressentimento, confirmou isso: — Presidente Bruno, os problemas entre mim e Ana não deveriam envolver você, não acha?Ele arrastou a última palavra, deixando clara sua insatisfação. Ainda há pouco tempo, eles pareciam se dar tão bem, mas agora a situação havia mudado. Que amizade mais falsa e hipócrita.Eu também olhei fixamente para Bruno, questionando seus motivos. Antes, ele não havia dito nada em minha
E a origem de tudo isso era o homem à minha frente, que fingia estar me protegendo do álcool.Ele tinha calculado tudo, incluindo eu.Furiosa, empurrei Bruno, e ele sorriu gentilmente, dizendo para todos:— Não façam barulho, minha esposa está envergonhada....Bruno me puxou para fora. Uma brisa passou, e o forte cheiro de álcool envolveu meus pensamentos, um nó que eu não conseguia desatar, uma sensação sufocante.Ele foi se apoiando em mim, com um sorriso suave.— Ana, vou precisar que você me leve para casa.Essas palavras quase me fizeram chorar.Bruno sempre lidava bem com a bebida, mesmo quando estava bêbado, ele não fazia escândalos, só dava risadinhas.Quando nos casamos, às vezes ele bebia demais em eventos, e na frente dos outros, ele me ligava:— Ana, bebi demais, preciso que você venha me buscar.Eu ainda me lembrava da felicidade da primeira vez que recebi essa ligação. Pensei se ele finalmente estava me vendo como sua esposa.Eu até me arrumava antes de ele sair para ess
A Sra. Karina, vestida com roupas elegantes, se movia graciosamente, refletindo um brilho deslumbrante sob as luzes da noite. Seu olhar recaiu sobre Bruno, que estava bêbado ao lado, e depois sobre mim. Ela pegou minha mão e me puxou em direção ao carro.— Mãe... Puxei a mão de volta e me mantive firme no chão, usando toda a minha força para me enraizar ali.— Ana, a esta hora, o pai dele já deve estar dormindo na Antiga Mansão da família Henriques, e não posso levá-lo para lá. E a Mansão à beira-mar não tem empregados. Não consigo cuidar dele sozinha. Você poderia me ajudar? — Ela sorriu suavemente. — Ele está bêbado, não se preocupe. Não vou deixá-lo te incomodar.O motorista também interveio:— Isso mesmo, Sra. Henriques, não sei nem fazer chá direito sóbrio.A Sra. Karina continuou:— Logo depois, pedirei ao motorista que te leve para casa.Olhei para seus olhos cheios de expectativa. Uma mãe tão gentil era difícil de recusar, então não tive escolha senão segui-la até o carro.No